ARTIGO
ORIGINAL
Intervenção
fisioterapêutica no pós imediato de acidente vascular
encefálico em um hospital no sertão da Paraíba
Physiotherapeutic intervention in the immediate post of encephalic
vascular accident in a hospital of Paraíba
Érica de Freitas
Martins*, Célio Diniz Machado Neto**, Luciana Maria de Morais Martins
Soares***, Lavoisier Morais de Medeiros****, Heitor Cadête
Alves Figueirêdo*****
*Fisioterapeuta,
Residente em Assistência Materno Infantil pela Escola Multicampi
de Ciências Médicas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
**Fisioterapeuta e Professor do curso de Fisioterapia das Faculdades Integradas
de Patos, ***Fisioterapeuta e Professora do curso de Fisioterapia das
Faculdades Integradas de Patos e do Centro Univesitário
de João Pessoa – UNIPÊ, ****Fisioterapeuta e Professor do Curso de Fisioterapia
das FIP, *****Acadêmico do décimo período de Fisioterapia das Faculdades
Integradas de Patos – FIP
Endereço
para correspondência:
Érica de Freitas Martins, Rua São José, 5 Centro
58700-015 Patos PB, E-mail: ericafreitasmar@gmail.com; Célio Diniz Machado
Neto: celiodiniz@yahoo.com.br; Luciana Maria de Morais Martins Soares:
luciana_momaso@hotmail.com; Lavoisier Morais de Medeiros:
lavoisier.medeiros@ifpb.edu.br; Heitor Cadête Alves Figueirêdo: heitoracadetef@gmail.com
Resumo
Diante das
incapacidades do Acidente Vascular Encefálico, o fisioterapeuta atua no
aperfeiçoamento do potencial de recuperação do paciente, fazendo-se necessária
uma intervenção imediata. Com isso, objetivou-se analisar a atuação
fisioterapêutica no pós-imediato de Acidente Vascular Encefálico em um hospital
do sertão da Paraíba. Participaram da pesquisa 14 profissionais fisioterapeutas
que trabalhavam na área vermelha do setor de urgência e emergência, na unidade
de terapia intensiva (UTI) e nas enfermarias em um hospital no sertão
paraibano. Os dados coletados foram obtidos através de um questionário que
conteve questões sobre o nível de formação profissional, tempo de primeira
intervenção fisioterapêutica após identificação do AVE,
os recursos fisioterapêuticos utilizados e/ou priorizados por esses
profissionais precocemente, a presença ou ausência de capacitação em
Fisioterapia Neurológica, forma de encaminhamento para a fisioterapia, bem
como, opiniões sobre a importância da assistência fisioterapêutica no
pós-imediato de AVE e o conhecimento acerca das complicações secundárias ao AVE
e sua prevenção. Dos profissionais estudados, 85,7% (n= 12) possui
pós-graduação, sendo 50% (n=7) com especialização em Fisioterapia em
UTI/Hospital, dentre os quais, 92,9% (n=13) não apresentam nenhuma capacitação
ou curso direcionado ao conhecimento específico em Fisioterapia Neurofuncional; 64,3% (n= 9) foram formados em IES
particular com tempo de formação entre 6 a 10 anos (35,7; n= 5). Todos os
profissionais concordam que é necessária uma atuação fisioterapêutica precoce,
sendo preconizado os recursos manuais, a cinesioterapia,
posicionamento no leito e ajustes dos parâmetros ventilatórios. Sendo as
complicações motoras e respiratórias as mais citadas dentre as complicações
secundárias. Pode-se concluir que nenhum dos profissionais relatou nada a
respeito das complicações sensitivas e que não apresentam capacitações para
atendimento específico a esse coletivo, com isso verifica-se assim, a
necessidade de educação permanente em saúde para a renovação desses
conhecimentos e prestação de cuidado adequado.
Palavras-chave: acidente vascular
encefálico, intervenção fisioterapêutica, pós imediato
de acidente vascular encefálico
Abstract
In front of the incapacities of the Stroke, the physiotherapist works to
improve the recovery potential of the patient, requiring an immediate
intervention. Thus, the objective of this study was to analyze the
physiotherapeutic action in the immediate post-stroke in a hospital of the sertão da Paraíba (Brazil). A
total of 14 professional physiotherapists working in the red area of the
emergency and emergency sector, in the intensive care unit (ICU) and in the
wards in a hospital in the hinterland of Paraíba
participated in the study. The data collected were obtained through a
questionnaire that contained questions about the level of professional
training, time of first physiotherapeutic intervention after stroke
identification, the physiotherapeutic resources used and/or prioritized by
these professionals early, the presence or absence of training in Neurological Physical
Therapy, referral form for physiotherapy, as well as opinions about the
importance of physiotherapeutic assistance in the immediate post-stroke and
knowledge about complications secondary to stroke and its prevention. Of the
professionals studied, 85.7% (n = 12) had postgraduate studies, of which 50.9%
(n = 7) had a specialization in Physiotherapy in ICU/Hospital, of which 92.9%
(n = 13) no training or course directed to the specific knowledge in Neurofunctional Physiotherapy; 64.3% (n = 9) were formed in
HEI with a training time of 6 to 10 years (35.7; n = 5). All the professionals
agreed that it is necessary an early physiotherapeutic action, being
recommended the manual resources, the kinesiotherapy,
positioning in the bed and adjustments of the ventilatory
parameters. The motor and respiratory complications being the most cited among
the secondary complications. It can be concluded that none of the professionals
reported anything regarding the sensory complications and that they do not
present capacities for specific care to this collective, with this it is
verified, therefore, the need of permanent education in health for the renewal
of this knowledge and provision of care appropriate.
Key-words: vascular
brain accident, physiotherapeutic intervention, immediate post- stroke
O Acidente Vascular
Encefálico (AVE) é descrito como uma síndrome neurológica de início súbito,
proveniente de uma interrupção do fluxo sanguíneo gerando lesão ao Sistema
Nervoso Central (SNC). Quando causado por obstrução sanguínea denomina-se AVE
isquêmico (AVEi) e quando
for por extravasamento de sangue, caracteriza o AVE hemorrágico (AVEh) [1,2].
Diversas deficiências
podem ocorrer após o AVE, dentre elas, danos às
funções motoras, sensitivas, mentais, perceptivas e da linguagem. Durante a sua
fase aguda, o paciente pode vir a apresentar algumas complicações tais como:
padrões anormais de movimento, presença de reflexos primitivos, perda das
reações automáticas (endireitamento, equilíbrio e
proteção), falta de coordenação, dor no ombro, alteração na atividade motora
voluntária, dificuldade na marcha e mudanças na mecânica respiratória [3,4].
Logo após o AVE o
individuo apresentará alterações de tônus, o qual no dimídio
afetado se encontrará em um estado de flacidez, que impossibilita o individuo
de manter o membro em qualquer posição. Desta forma ocorrerá a perda de padrões
de movimento no dimídio afetado, gerando uma série de
mecanismos compensatórios [5].
Além das
manifestações supracitadas, secundariamente podem surgir algumas complicações,
tais como: encurtamentos miogênicos, deformidades, síndrome ombro-mão, ombro
doloroso, subluxação de ombro, edema de mão e a
síndrome de Pusher [6].
Mediante a inserção do fisioterapeuta na
atenção primária a saúde, a atuação, vem com o intuito de promover a saúde
através de atividades coletivas, havendo conhecimento prévio dos grupos de
risco, educação popular e permanente, que venha a trazer impactos favoráveis
para a saúde da comunidade [7,8].
Os primeiros três
meses após o episódio são considerados os mais críticos, no entanto é nesse
período que são alcançados o melhor resultado do cuidado fisioterapêutico.
A cinesioterapia, o
posicionamento e manuseio correto no leito que se faz importante principalmente
na fase aguda, trazendo benefícios como: prevenir deformidades, prevenir
problemas circulatórios, dar estímulos normais ao dimídio
comprometido e promover reconhecimento e consciência corporal do lado
hemiplégico, além de estimular o alinhamento e simetria corporal, sendo um
grande facilitador para lidar com os riscos associados [9,10].
Além da intervenção
na parte motora, se faz necessário um acompanhamento da Fisioterapia
Respiratória (FR), cujo objetivo é otimizar a
ventilação e a oxigenação alveolar, que em decorrência das alterações da
musculatura, resulta em um déficit na função respiratória, evoluindo para a
utilização de ventilação mecânica (VM), que pode se fazer necessária tanto na
fase aguda como na fase crônica da doença [11].
Diante disso, faz-se
necessário que os profissionais que trabalhem com o paciente acometido pelo AVE, conheçam a fisiopatologia da doença assim como os
problemas associados, tendo em vista que tais problemas podem ser minimizados
de acordo com a conduta realizada pela equipe. Assim, a presente pesquisa teve
como objetivo analisar a atuação fisioterapêutica no pós-imediato de Acidente
Vascular Encefálico em um hospital de um município de Patos (Paraíba/Brasil).
O estudo trata-se de
uma pesquisa descritiva, de abordagem quanti-qualitativa que foi realizada na
cidade de Patos (Paraíba/ Brasil), após aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa
CAAE Nº 51277115.2.0000.5181, e assinatura do termo de consentimento livre e
esclarecido (TCLE).
Participaram do
estudo 14 fisioterapeutas que correspondem a 70% do número total de
profissionais contratados para os setores da área vermelha do setor de urgência
e emergência, na unidade de terapia intensiva (UTI) e nas enfermarias em um
Hospital no alto sertão paraibano, desses, 78,5% (n=11) são do sexo feminino e
57,2% (n=8) com idade entre 20-30 anos.
Os sujeitos foram
convidados a participar do estudo, constituindo uma amostra por conveniência.
Foram excluídos da pesquisa: professores e alunos que prestam serviço neste
hospital, e, profissionais que recusaram a responder o questionário.
Aos profissionais que
aceitaram participar voluntariamente desse estudo foi entregue um questionário
semiestruturado contendo três domínios: identificação sóciodemográfica,
aspectos profissionais e cuidados ao paciente no pós-imediato de AVE, dentre as
quais se destacam: nível de formação profissional, tempo de primeira
intervenção fisioterapêutica após identificação do AVE,
os recursos fisioterapêuticos utilizados e/ou priorizados por esses
profissionais precocemente, a presença ou ausência de capacitação em
Fisioterapia Neurológica, forma de encaminhamento para a fisioterapia, bem
como, opiniões sobre a importância da assistência fisioterapêutica no
pós-imediato de AVE e o conhecimento acerca das complicações secundárias ao AVE
e sua prevenção.
A análise dos dados
de caráter quantitativo foi realizada através do software Statistical Package for the
Social Sciences (SPSS) 20.0. Quanto aos dados
qualitativos, esses foram organizados de acordo com as temáticas estabelecidas
no questionário (aspectos profissionais e cuidados ao paciente no pós-imediato
de AVE), sendo reescritas as falas em documento do Word, de modo a expressar o
pensamento de cada sujeito acerca de determinada temática. Ao final, foram
utilizadas as falas que refletiram a concepção da maioria dos entrevistados.
Ao que concerne aos
aspectos profissionais, na Tabela I pode-se observar que 85,7% (n= 12) dos
profissionais possui pós-graduação, sendo este em sua
maioria em Fisioterapia em UTI/Hospital (50%; n=7), dentre os quais 92,9%
(n=13) não tem nenhuma capacitação ou curso direcionado ao conhecimento
específico em Fisioterapia em Neurologia ou Neurofuncional,
haviam tido formação em universidades particulares (64,3%; n= 9) e tempo de
formação de 6 a 10 anos (35,7; n= 5).
Tabela
I - Aspectos profissionais dos entrevistados
participantes do estudo.
Fonte: Dados da
pesquisa, 2016.
Ao participante que
possuía especialização em Fisioterapia em Neurologia ou Neurofuncional,
questionou-se o impacto dos conhecimentos específicos adquiridos para o desempenho prático:
“Mostrou-se
útil uma capacitação detalhada e específica no momento em que o pós imediato de AVE existem muitos procedimentos que
realizados seriam danosos a lesão neurológica” (Sujeito 1, sexo masculino, 37
anos).
Quadro
I - Respostas obtidas com relação aos cuidados
ao paciente no pós-imediato de AVE.
Fonte: Dados da
pesquisa, 2016.
Verificou-se que
85,7% dos participantes, possuem alguma pós-graduação. Estudos demonstram que
nos últimos anos houve um aumento significativo na quantidade de profissionais
que buscam se especializar, no qual caracteriza-se
como fundamental para a formação profissional [12,13].
Pôde-se constatar que
os profissionais, em sua maioria, possuem pós-graduação em UTI/Hospital,
concordando com os estudos de Feltrin et al. [12], no
qual, afirmam que os profissionais atuantes em Unidades de Terapias Intensiva,
estão se aprimorando cada vez mais em sua profissão. Contudo, quando se trata
do acometimento neurológico decorrente do acidente vascular encefálico, Moreira
e Modenese [14], afirmam que se os profissionais não
estiverem capacitados para lidar com esses pacientes, de nada adianta chegarem
rapidamente ao hospital.
Stiller [15], afirma
que o fisioterapeuta precisa de aprimoramento e educação
especializada para se fazer frente ao avanço dos cuidados. Concordando
com a afirmação do Sujeito 01, ao enfatizar que existem procedimentos que podem
ser danosos aos indivíduos com acometimento neurológico.
Segundo Morin [16], a inteligência precisa ser alimentada por
acontecimentos e fortalecida por provas para se reafirmar e se desenvolver.
Os sinais e sintomas
apresentados pelo indivíduo no momento do AVE, podem
ser: Dificuldade/incapacidade de se expressar verbalmente; diminuição de força
e sensibilidade da musculatura da face, braço e perna, unilateralmente, de
forma súbita; desvio da comissura labial; alterações da visão e dificuldade de
compreensão; perda de equilíbrio e/ou coordenação e cefaleia intensa, sendo
estes, de instalação súbita, sem causa aparente. Compreender os sintomas, e
reconhece-los, é indispensável para a prestação e socorro desses pacientes, uma
vez que, quanto mais rápido é atendido, menor os riscos advindos da doença [17,18].
Essa afirmação
confirmou a necessidade dos profissionais reconhecerem os sintomas apresentados
por esses pacientes, sendo essencial o exame de imagem apenas como um
instrumento de confirmação de diagnóstico.
O profissional
fisioterapeuta tem sua autonomia profissional resguardada pelo Conselho Federal
de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO), onde afirma que este
profissional tem conhecimentos próprios, que se baseia nas condições
psicofísico, com o intuito de promover, aperfeiçoar ou adaptar através de uma
relação terapêutica. Sendo este, competente para obter todas as informações
acerca do tratamento do indivíduo por ele atendido [19]. No entanto, pôde-se
constatar que a maioria dos profissionais trabalha apenas na condição de prescrição
médica, exceto aqueles que estão na unidade de AVE.
Oliveira [20] explica
que a forma de encaminhamento para a fisioterapia varia de acordo com a
organização das ações de cada instituição, dependendo do setor em que o
paciente está inserido.
É importante que este
paciente tenha atendimento fisioterapêutico imediato, para a reabilitação
imediata dos indivíduos que tiveram sua funcionalidade comprometida,
estimulando diversas formas de neuroplasticidade
[21,22].
Motta, Natalio e Waltrick [23],
realizaram um estudo onde foi possível constatar que 30,16% dos pacientes
atendidos em uma rede hospitalar da região Sul do país, receberam entre 5 ou 6 atendimentos fisioterapêuticos, e estes tiveram uma
média de tempo de internação de 8,7 dias. Enquanto os pacientes que não
receberam intervenção fisioterapêutica, tiveram uma média de tempo de
internação de 16 dias. Sugerindo a influência da falta de intervenção
fisioterapêutica, em retardo na alta hospitalar. Firmando, mais uma vez, a necessidade
de uma intervenção imediata.
A cinesioterapia é
uma terapia utilizada na reabilitação do paciente acometido por AVE, atuando na
prevenção de deformidades e de reeducação neuromotora
[24]. A mobilização passiva, como um recurso cinesioterapêutico,
quando iniciada nas primeiras 24 horas, pelo menos duas vezes ao dia,
mostrou-se segura e confiável, mesmo em casos graves, onde, após a
estabilização do quadro clínico, não apresentará riscos a estes pacientes. Além
de trazer benefícios futuros, como o ganho de independência nas atividades
básicas de vida diárias [25,26].
Além da
cinesioterapia, podemos citar alguns métodos que podem ser utilizados na
reabilitação imediata após o episódio de AVE: 1) teoria neuroevolutiva
que consiste na facilitação de padrões normais do movimento e na inibição de
padrões anormais do movimento; 2) facilitação neuromuscular proprioceptiva que
visa alcançar a execução do movimento funcional através de padrões básicos de
movimento; 3) posicionamento e manuseio correto do paciente no leito, atuando
na prevenção de complicações secundárias ao AVE; 4)
fisioterapia respiratória, objetivando-se otimizar a ventilação e oxigenação
alveolar, além de técnicas de remoção de secreção brônquica e de reexpansão pulmonar [3,11,12,27].
Oliveira [20]
constatou que os profissionais que prestam atendimento em um hospital no
litoral paraibano, preconizam a cinesioterapia: alongamento,
mobilização passiva e mobilização ativo-assistida; e o posicionamento no
leito. E tratando-se de fisioterapia respiratória, as manobras de reexpansão pulmonar e procedimentos de ventilação mecânica
foram as mais citadas.
No entanto, o quadro
clínico apresentado pelo paciente após o AVE, não se
detém apenas às alterações motoras e respiratórias. Este paciente apresenta
déficits como: disfagia, paralisia facial, fraqueza muscular, déficits de
sensibilidade (alterações de dor, tato e sensação térmica) e alterações
visuais. Além de complicações que alteram a comunicação, como: afasias, dispraxia oral e dispraxia da
fala, disartria e déficits cognitivos [18].
As respostas obtidas
nessa pesquisa não concordam com a literatura, uma vez que os profissionais
citaram a utilização de recursos manuais para tratamento/prevenção de
complicações motoras e respiratórias, deixando de citar as complicações
sensoriais e de comunicação, assim como seus respectivos tratamentos.
O sujeito 12 afirma “...Quanto mais rápido a atuação (fisioterapêutica) melhor a
recuperação e menor a comorbidade”, concordando com Perlini e Faro [28], que afirma que a reabilitação tem
contribuição no que diz respeito a diminuição de sequelas causadas pelo AVE. No
entanto, é preciso que a intervenção seja iniciada o mais rápido possível, logo
que houver uma estabilidade do quadro clínico, garantindo êxito numa
recuperação eficaz.
O tratamento
fisioterapêutico quando iniciado precocemente, pode trazer benefícios, tais
como: prevenção de alterações musculoesqueléticas secundárias como atrofia e
dor, prevenção e/ou inibição do aprendizado de movimentos anormais e da
inutilização do membro acometido, prevenção da subluxação
de ombro e síndrome de pusher. Havendo evidências,
que a mobilização precoce no pós AVE, reduz a
incidência de complicações, como: pneumonia, úlceras de decúbito e trombose
venosa profunda [29].
Góis, Araújo, Silva e
Araújo [30], constataram em sua pesquisa, que fisioterapeutas neurofuncionais afirmam conhecer a síndrome de pusher, porém, entraram em contradição quando se trata de
diversos aspectos da doença, incluindo a conduta terapêutica. Concordando com o
presente estudo, pois nenhum dos sujeitos entrevistados
citaram a síndrome quando perguntado sobre as complicações secundárias.
Quando perguntado
sobre as complicações secundárias, o sujeito 1
respondeu: “[...] subluxação de ombro/”ombro
congelado [...] ”, isso porque a dor no ombro é uma complicação grave no pós
AVE, a mecânica do ombro encontra-se afetada, causando mudanças como alterações
dos tecidos desta articulação, que pode acarretar em subluxação
da articulação glenoumeral [31]. Pesquisas
constataram que a prevenção e a redução desta subluxação,
pode e deve ser iniciada ainda na fase aguda [32].
Para Monteiro, Guedes
e Júnior [33], a soma da reabilitação precoce representa um fator que tem uma
relevância significativa e de grande contribuição para a melhoria na qualidade
de vida dos pacientes.
A literatura alerta
que as complicações resultantes do episódio de AVE, não estão restritas apenas
as complicações motoras e respiratórias, tendo particularidades no que diz
respeito às condutas realizadas. O perfil dos profissionais que prestam cuidado
fisioterapêutico ao coletivo de pessoas acometidas por AVE não corresponde ao
esperado, uma vez que os mesmo necessitam de cuidados especifícos
devido às particularidades fisiopatológicas dos danos neurológicos.
Diante disso, faz-se
necessário um maior conhecimento acerca dessas complicações, sendo importante
um programa de educação permanente em saúde para renovação e capacitação dos
conhecimentos.