ARTIGO
ORIGINAL
Percepção
dos profissionais de saúde sobre a inserção do fisioterapeuta no serviço de
atendimento móvel de urgência (SAMU)
Perception of health professionals about the insertion of the physical
therapist in the mobile emergency care service (SAMU)
José Ilton Pedro
Fernandes*, Polianne Medeiros Brito**
*Acadêmico
do Curso de Bacharelado em Fisioterapia, das Faculdades Integradas de
Patos-FIP, **Fisioterapeuta, Mestre em Saúde Coletiva pela Unisantos/SP,
docente do Curso de Bacharelado em Fisioterapia das Faculdades Integradas de
Patos-FIP
Endereço
para correspondência:
José Ilton Pedro Fernandes, Rua Governador Virgílio Silva, 317 Bairro São
Vicente 58765-000 Piancó PB, E-mail: jose.ilton21@hotmail.com
Resumo
A assistência
pré-hospitalar desempenha importante função na saúde pública, tendo em vista
que diversas patologias cardiovasculares, como também diversos outros eventos emergenciais
atingem frequentemente a população em geral. A pesquisa teve como objetivo
avaliar a percepção dos profissionais de saúde que atuam no Serviço de
Atendimento Móvel a Urgência (SAMU) sobre a necessidade da inserção do
Fisioterapeuta na equipe, visando dessa forma proporcionar um atendimento mais
especializado e ágil, evitando assim o surgimento de possíveis complicações.
Participaram do estudo 50 profissionais que atuam diariamente
no SAMU na cidade de Patos/PB, prestando assistência às vítimas acometidas por
essas patologias. Trata-se de um estudo exploratório, com abordagem
quantitativa. Os profissionais responderam um questionário semiestruturado,
objetivando a coleta de dados quanto as
características sociodemográficas, seus conhecimentos
sobre ventilação mecânica. Para a análise utilizou-se os softwares IBM SPSS Statistics v21 e o Microsoft Office. Os resultados foram
distribuídos em tabelas e discutidos com a literatura existente, percebendo que
a grande maioria dos envolvidos percebeu a necessidade da inserção desse
profissional no atendimento pré-hospitalar, embora alguns discordarem. Nota-se
a partir dos dados obtidos que o fisioterapeuta é visto como um profissional
necessário na assistência pré-hospitalar diante de diversas situações.
Palavras-chave: fisioterapia, Samu, atendimento pré-hospitalar.
Abstract
Prehospital care plays an
important role in public health, since several cardiovascular pathologies, as
well as several other emergency events, often affect the general population. The
aim of this study was to evaluate the perception of health professionals
working in the Emergency Care Service (SAMU) about the need to insert the
Physiotherapist in the team, in order to provide a more specialized and agile
service, thus avoiding the emergence of possible complications. The study
involved 50 professionals who work daily at SAMU in the city of Patos/PB, assisting the victims affected by these
pathologies. This is an exploratory study with a quantitative approach. The
professionals answered a semi-structured questionnaire, aiming to collect data
on sociodemographic characteristics, their knowledge
about mechanical ventilation. For the analysis we used the software IBM SPSS
Statistics v21 and Microsoft Office. The results were distributed in tables and
discussed with the existing literature, perceiving that the great majority of
those involved realized the need for the insertion of this professional in prehospital care, although some disagreed. It can be
observed from the data obtained that the physiotherapist is seen as a
professional necessary in the prehospital care in
front of different situations.
Key-words:
physiotherapy, SAMU, Pre-Hospital Care.
No Brasil a
assistência pré-hospitalar (APH) iniciou-se em meados dos anos de 80, com a
criação do agrupamento do corpo de bombeiros, na cidade do Rio de Janeiro,
sendo realizados as primeiras intervenções de assistência extra-hospitalar, desta maneira diversas complicações que poderiam surgir e agravar o quadro clínico
dos pacientes devido à demora no atendimento, começaram a ser evitadas e
encaminhados a centros especializados mais rapidamente [1].
Esses atendimentos
realizados de APH inicialmente obedeciam a protocolos e modelos
norte-americanos, sendo realizados por paramédicos habilitados em que havia a
priorização de se chegar ao local da vítima no menor espaço de tempo e
executasse o mínimo de intervenções e manobras possíveis, sempre preconizando a
remoção imediata da vítima para uma unidade hospitalar mais adequada de acordo
com suas condições fisiológicas [2,3]
Tendo em vista a
importância do serviço desempenhado no APH e a necessidade de se realizar
melhorias na prestação desse serviço, o Ministério da Saúde resolve normatizar
e criar em 29 de setembro de 2003 por meio da Portaria nº 1.864/GM as Políticas
Nacional de Atenção às Urgências, a implantação dessa maneira nas demais
regiões do país o Serviço de Atendimento Móvel a Urgência (SAMU), buscando dessa maneira oferecer um serviço voltado a urgência e
emergência que reduzir-se as possibilidades de surgimento de complicações no
ambiente extra-hospitalar [4].
A partir desse
momento, a prestação do APH passou por mudanças relevantes com o intuito de não
somente remover o paciente a um centro especializado, mas também realizar
procedimentos que visam preconizar o surgimento de agravos aos pacientes [4].
Sendo desta maneira não utilizados somente os modelos
e protocolos já existentes, porém, unificando-se aos protocolos e modelo
francês, que se baseava em uma centralização em rede de comunicação e regulação
médica. Sendo os atendimentos realizados por médicos, enfermeiros e técnicos
que prioriza não somente a remoção imediata da vítima, mas também a realização
de procedimentos ainda no local, como exemplo a aspiração e ventilação [5,6].
Conforme dados
apresentados pela revista emergência, o serviço de Atendimento Móvel a Urgência
até o mês de junho/2017 possuía 30,79% de bases do serviço, correspondendo a
1.715 cidades. Ou seja, um aumento de 6,39% (103 cidades) em relação a 2015. O
Nordeste é a região que possui a maior cobertura nacional 64,49%, e 37,29% de
bases do serviço. Neste panorama descrito, o estado da Paraíba se encontra na
10º posição com relação a base do serviço (34,53%) e
abrangência de 99,10% em seu território [7].
Nessa perspectiva,
percebendo a crescente relevância desse serviço e de suas intervenções
realizadas na busca por evitar surgimento de complicações e agravos tanto para
as vítimas como para os profissionais envolvidos, devido aos diversos riscos
ergonômicos ou fisiológicos a qual estão expostos durante o APH. Sendo assim, o
presente estudo objetivou-se observar como os demais profissionais veem a
inserção do fisioterapeuta neste serviço, buscando assim oferecer uma
assistência de maneira mais especializada, como também verificar a incidência
de ocorrência, demonstrar a importância da ventilação mecânica e da biomecânica
nos atendimentos pré-hospitalares.
Trata-se de um estudo
exploratório, com abordagem quantitativa, realizados com profissionais da área
da saúde de níveis superior e técnico que atuam diretamente na prestação de APH
no Serviço de Atendimento Móvel a Urgência na cidade de Patos-PB e região, como
também, análise dos prontuários de atendimentos realizados no período de
janeiro a junho 2017, sendo observado os motivos das
ocorrências e os procedimentos realizados durante a assistência
pré-hospitalar.
O
SAMU de Patos
possui em seu quadro de funcionários 145 profissionais,
distribuídos em equipes
de APH, direção, coordenações,
recepção, vigilância e cozinha. A
população
deste estudo foi composta por 68 profissionais de níveis
superior ou técnico. A
amostra foi de 50 profissionais composta por 11 médicos, 30
enfermeiros e 9 técnicos de enfermagem.
Foram adotados os
seguintes critérios de inclusão: profissionais de saúde que atuassem no Serviço
de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) de Patos-PB, com nível superior ou
técnico (Médicos, Enfermeiros e Técnicos de Enfermagem); Profissionais que
aceitassem participar e assinassem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE); Prontuários de atendimentos relacionados a
natureza respiratória, como também prontuários que apontassem a necessidade de
imobilização devido causas osteomusculares. Foram excluídos da pesquisa:
profissionais que não possuíssem níveis superior ou técnico na área da saúde ou
que recusassem participar da pesquisa não assinando o TCLE; quanto aos
prontuários foram excluídos aqueles que não atendiam os motivos e procedimentos
que se buscava-se, bem como os que se apresentavam
incompletos no seu preenchimento ou com caligrafia ilegível.
A metodologia
envolveu a aplicação de um questionário semiestruturado, onde os envolvidos
foram submetidos a 6 questões objetivas relacionadas
às características sociodemográficas dos
profissionais, seus conhecimentos sobre ventilação mecânica, biomecânica e
ergonomia corporal durante a assistência pré-hospitalar.
Os dados foram
analisados por meio dos softwares IBM SPSS Statistics
versão 21 e Microsoft Office (excel
e word - versão 2013) sendo os dados expostos por
meio de tabelas e gráficos estatísticos e discutidos com a literatura pertinente.
O estudo obedeceu a
todas as regulamentações éticas referente a pesquisas envolvendo seres humanos,
de acordo com a Resolução CNS 466/12, tendo sido aprovado pelo Comitê de Ética
e Pesquisa das Faculdades Integradas de Patos sob registro
número do Parecer: 2.106.652 / CAAE: 68726517.0.0000.5181.
Caracterização
da amostra
A amostra deste
estudo foi composta por 50 profissionais de níveis superior ou técnico que
atuam de forma direta na prestação do APH, onde todos que aceitaram participar
assinaram o Termo de Esclarecimento Livre e Esclarecido e responderam ao
questionário da pesquisa.
A tabela I representa
a caracterização da amostra, na qual participaram profissionais médicos,
enfermeiros e técnicos de enfermagem com idade média de 32,9 anos. Quanto o
tempo de formação, a maioria dos médicos com 72,73% (n= 8) foi entre 1 a 3 anos, enfermeiros 50% (n = 15) e os técnicos de
enfermagem 55,56% (n = 5) foi entre 7 a 9 anos. Com relação ao tempo de serviço
no SAMU ambas as profissões apresentam de 1 a 3 anos de serviço no APH.
Tabela
I – Caracterização da amostra do estudo
realizado no SAMU de Patos/PB em 2017.
Fonte: Dados da
pesquisa, 2017.
Caracterização
dos atendimentos
No ano de 2016 foi
registrado 5.194.127 ocorrências em todo o país, representando um aumento para
61% em relação ao ano de 2014. Ou seja, acréscimo de 1.959.655 ocorrências.
Sendo no estado da Paraíba registrado 112.710 ocorrências [7]. Os atendimentos
realizados pelo SAMU de Patos são separados com bases em dois critérios
distintos, sendo clínicos (pediátrico, clínico, gineco-obstétrico,
psiquiátrico, queimadura, queda, agressão, entre outros) e acidentes de
transito. De acordo com os dados obtidos durante o período do estudo de janeiro
a junho de 2017 foram realizadas 4.564 ocorrências. De acordo com a tabela II,
percebe-se que o número de ocorrências clínica é tida
como predominante nas assistências realizadas pelo SAMU, sendo o mês de janeiro
o de maior incidência 92% (n = 929). Já as ocorrências por acidentes de
trânsito mostram números bem menores, em relação aos atendimentos clínicos, com
maior incidência no mês de fevereiro 12% (n = 79), porém, em alguns casos, são
pacientes que requerem maiores cuidados e atenção.
Tabela
II –
Caracterização dos atendimentos
realizados Jan a Jun 2017.
Fonte: SAMU | Patos/PB
2017
De acordo com o
Gráfico 1, a inserção do fisioterapeuta na equipe de
APH foi considerada de extrema relevância pela maioria dos profissionais
participantes do estudo, Desta maneira, 36,36% (n=4) dos médicos e 66,67 (n=6)
dos técnicos de enfermagem concordaram parcialmente, 50,00% (n=15) dos
enfermeiros concordaram totalmente tendo em vista os conhecimentos biomecânicos
e cinéticos pelo fisioterapeuta na assistência ao paciente crítico.
Gráfico
1 – Conhecimentos biomecânicos e cinéticos do
fisioterapeuta na assistência ao paciente crítico.
Com relação ao
manuseio do ventilador mecânico na assistência pré-hospitalar, os técnicos de
enfermagem 44,44%(n=4) acreditam existir outro
profissional mais qualificado que o fisioterapeuta, diferentemente dos médicos
27,27 (n=3) e enfermeiros 30,00% (n=9) os quais discordam que exista outro
profissional mais qualificado que o fisioterapeuta para o manuseio do
ventilador mecânico na APH para realização desse procedimento, como retratado
no Gráfico 2.
Gráfico
2 – Existência de profissional mais qualificado
que o fisioterapeuta para o manuseio do ventilador mecânico.
De acordo com o
gráfico 3, a maioria dos profissionais relataram ter
sofrido algum tipo de lesão durante a realização de APH, sendo os enfermeiros
os profissionais mais acometidos por algum tipo de lesão com 80% (n=24) das
incidências de acometimento. Isso ocorre devido em muitas ocasiões o APH exigir
por parte dos profissionais agilidade na realização
dos procedimentos fazendo em alguns momentos adotarem posturas inadequadas ou
até mesmo devido à sobrecarga da musculatura ocasionada por pacientes pesados.
Gráfico
3 – Acometimento por lesão durante a realização
do APH e locais das lesões.
O Gráfico 4 demonstra que a região mais acometida durante a realização
do APH pelos profissionais especialmente pelos enfermeiros 53,33% (n=16) é a
coluna vertebral, mais precisamente a região lombar, devido as diversas
sobrecargas impostas a essa região, como também das posturas que os
profissionais adotam de forma inadequada para a realização dos atendimentos.
Gráfico
4 – Locais mais acometidos por lesão durante
APH.
De acordo com o
gráfico 5 a maioria dos profissionais médicos 27,27%
(n=3) enfermeiros 60,00% (n=18) e técnico 88,89% (n=8) concordam totalmente com
a inserção do fisioterapeuta, bem como a realização de exercícios laborais com
os profissionais, o que minimizaria o risco de lesões para a equipe, sendo
desta maneira corrigidas possíveis posturas inadequadas adotadas durante o APH
que influenciariam no processo de adoecimento dos indivíduos envolvidos. Como
também, a realização de exercícios laborais com os demais profissionais
preveniria a musculatura de possíveis sobrecargas.
Gráfico
5 – Inserção do fisioterapeuta e a realização de
exercícios laborais no APH.
Percebe-se no gráfico
6, que a inserção do fisioterapeuta é vista por parte
dos médicos 27,27% (n=3), enfermeiros 50,00% (n=15) e técnicos de enfermagem
55,56% (n=5), envolvidos neste estudo, de forma convicta na assistência ao
paciente crítico, influenciando de maneira a proporcionar um atendimento mais
veloz e eficaz, reduzindo os riscos de complicações e agravos a saúde desses
pacientes.
Gráfico
6 – Influência da inserção do fisioterapeuta no
APH do paciente crítico.
Entre os 4.564 portuários de atendimentos realizados pelo SAMU, observa-se
que entre os prontuários selecionados devido ao acometimento do sistema
respiratório ou cardiológico, existe uma grande incidência de casos referentes
a quadros de dispneia, tosse produtiva, traumatismo crânioencefálico
(TCE) e insuficiência respiratória aguda (Tabela III). Os procedimentos
adotados diantes dessas situações foram a oxigenação, intubação naso/orotraqueal, ventilação mecânica, desobstrução das vias
aéreas e imobilização de membros.
Tabela
III
– Motivo das ocorrências entre Janeiro e
Junho de 2017.
Fonte: SAMU | Patos –
PB 2017
De acordo com PHTLS,
o manejo adequado do paciente crítico é um ponto de grande importância no APH,
sendo influenciado por diversos fatores como a identificação das lesões ou do
potencial das lesões. Porém, em algumas situações é difícil determinar a lesão
exata, podendo essas serem graves oferecendo riscos de
vida se não cuidadas de forma correta. Nota-se a partir dos dados obtidos com
os profissionais envolvidos na pesquisa que a inserção do fisioterapeuta na
equipe com base em seus conhecimentos biomecânicos e cinéticos pode contribuiu
de forma satisfatória no APH [8].
De acordo com alguns
profissionais existe o conhecimento dos parâmetros básicos para manuseio, sendo
que em algumas situações existe uma certa dificuldade
quando necessitados a alteração dos mesmos de acordo com o quadro clinico
apresentado, não havendo todo o conhecimento
fisiológico que o profissional fisioterapeuta dispõe sobre o manuseio e os
parâmetros de ajuste que esse adquire durante sua graduação para utilização em
diversas situações.
Em um estudo
realizado com enfermeiros percebeu-se que apenas 15 (34,9%) responderam de
forma correta quando questionados sobre ventiladores a pressão positiva ciclados em volume, 17 (39,5%) responderam de forma errada
e aproximadamente 11 (25,6%) não responderam por não conhecer a resposta. Ao
soma-se as respostas erradas com as deixadas em branco por não saber responder,
nota-se que 28 (65,1%). Ou seja, a maioria dos enfermeiros
trabalham com ventilação mecânica (VM), mas não tem conhecimento sobre
os parâmetros básicos do ventilador. Neste mesmo estudo, é demonstrado que na
definição dos parâmetros do ventilador mecânico o fisioterapeuta possui uma
participação significante nesta definição 41 (95,3%) e apenas uma participação
mínima da enfermagem 2 (4,7%) [9]. Outro estudo
realizado com médicos, fisioterapeutas e enfermeiros relata que 27 (93,1%) dos
profissionais envolvido acreditam que o fisioterapeuta é o profissional mais
qualificado para a aplicação da técnica de ventilação não invasiva (VNI), 12
(41,4%) consideraram o médico e apenas 8 (27,6%)
acreditam que o enfermeiro é o mais apto. Sendo que 13 (44,8%) se consideraram
aptos para a instalação da VNI, enquanto 16 (55,2%) não se consideram capaz de
realizar tal procedimento [10]. Contrapondo dessa maneira os resultados obtidos
neste estudo.
Enfermeiros e
técnicos de enfermagem necessitam com frequência erguer ou carregar pacientes
que não podem sozinhos realizar mudanças de posição ou se deslocar, sendo em
algumas situações difíceis devido ao peso do indivíduo, ou simplesmente pelo
paciente não ser cooperativo, exigindo que o profissional adote posturas inadequadas
[11]. Em um estudo observacional sistemático, ao analisar o comportamento de
uma técnica de enfermagem durante a realização de suas atribuições, percebeu-se
que a profissional permaneceu 211 minutos em pé e 29 minutos
sentada durante a realização de suas atividades, sendo que na maioria do
tempo adotou posturas inadequadas e não utilizou de forma correta a sua
mecânica corporal, podendo resultar em problemas musculoesqueléticos [12].
Em um estudo
realizado com 14 enfermeiros e 4 técnicos de
enfermagem, foi relatado que uma média 3,33 dos profissionais apresentavam
danos físicos relacionados a dores nos MMSS, sendo um dos motivos a escassez de
equipamentos necessários para a assistência, obrigando com que esses
profissionais fiquem expostos a diversos riscos para si próprio como também para o paciente. Além das dores nos MMSS, este mesmo
estudo aponta que entre os danos relacionados ao trabalho, há uma prevalência
nas dores na coluna vertebral e alteração de sono [13]. O levantamento de peso
no momento de colocação das vítimas nas macas e no momento de ser colocados
dentro das ambulâncias é outro fator que contribui para o surgimento de lesões
nos profissionais, em um estudo 18,2% dos profissionais envolvidos, relataram
que a postura inadequada durante esse manejo ou pelas condições de atividades
repetitivas causam problemas osteomusculares, a exemplo de dores lombares e em
MMII [14]. Nota-se ao observar os dados obtidos com este estudo, que a região
de maior acometimento dos profissionais APH é de fato a mesma que mais acomete
profissionais no ambiente hospitalar, tendo uma correlação as
posturas adotadas diante dos pacientes.
A utilização de
exercícios laborais no ambiente de trabalho repercute de positivamente na
qualidade de vida dos profissionais envolvidos, em um estudo experimental com
30 trabalhadores de um escritório foi possível verificar a eficácia na redução
da intensidade e frequência da dor, como também na correção de hábitos
posturais adotados durante o expediente [15]. Em outro estudo realizado com 220
colaboradores de uma unidade hospitalar, a prática de exercícios laborais
contou com o apoio de 84% dos envolvidos, sendo observados que as regiões da
cervical e da coluna vertebral representavam 48,3% das incidências de regiões
acometidas por lesão, onde com a realização de exercícios laborais obteve
resultados positivos com percepção na melhorar da qualidade de vida no ambiente
de trabalho reconhecido por parte dos colaboradores em relação ao seu ambiente
de trabalho antes e após o início das sessões [16].
A influência do
fisioterapeuta diante o paciente crítico pode ser analisado por meio de
diversos meios, em um estudo realizado com 510 pacientes foi avaliado os
efeitos da atuação da fisioterapia diante desses pacientes na dependência do
ventilador mecânico e no tempo de estadia a UTI, onde os pacientes foram
divididos em dois grupos. O grupo intervenção com 227 pacientes foram
submetidos fisioterapia respiratória, exercícios no leito e mobilização. E o
grupo controle com 233 pacientes que não foram submetidos a
fisioterapia. Observou-se que o grupo intervenção permaneceram
em média entre 6 a 10 dias a menos respectivamente em VM e internados na UTI
que o grupo controle, demonstrando dessa forma que a intervenção
fisioterapêutica influência de maneira significante em relação a pacientes
críticos que requer cuidados especializados [17]. Percebe-se que a influência
deste profissional tende a proporcionar benefícios em relação a paciente críticos, sendo fidedignos aos resultados obtidos
pelo presente estudo.
Os agravos clínicos
constituem como a causa de maior incidência nas ocorrências de APH realizados
pelo SAMU, em um estudo realizado em Porto Alegre/RS foram registrados e
classificados como agravos clínicos 7.293 (49,32%), os agravos clínicos que
corresponderam ao maior número de ocorrência foram agravos neurológicos 1.462
(20,04%), cardiológicos 1.275 (17,42%) e respiratórios 946 (12,97%) das ocorrências[18]. De acordo com dados apresentados em outro
estudo realizado no município de João Pessoa no ano de 2014, o
predomínio de atendimento realizados pelo SAMU foram por agravos
clínicos a saúde, no total de 24.183 (54%) [19]. Sendo assim, verificado uma
correlação com a incidência demonstrada no presente estudo.
De acordo com os
resultados obtidos, a maioria dos profissionais participantes da pesquisa
concordou com a inserção do fisioterapeuta na equipe de serviços de APH, embora
esta discussão ainda seja limitada, necessitando a realização de mais estudos
voltados a essa temática. A inserção do fisioterapeuta no serviço de APH
garantiria uma melhor assistência a esses pacientes que necessitam de cuidados cada vez mais qualificado.
Nota-se a partir dos
dados expostos que a inserção do profissional fisioterapeuta a assistência
pré-hospitalar não deve se restringir apenas a procedimentos que envolvam
complicações cardiorrespiratórias. Mas, vale ressaltar que a inserção desse
profissional em uma equipe multidisciplinar deve contribuir para o cuidado
tanto dos profissionais envolvidos por meio de orientações ergonômicas, como
também no cuidado e tratamento do paciente crítico.