RELATO
DE CASO
A
fisioterapia aquática no tratamento de uma paciente com doença de Legg-Calvé-Perthes
Aquatic physiotherapy in the treatment of a patient with Legg-Calvé-Perthes disease
João Euzébio Nóbrega
de Araújo*, Aline Guimarães Carvalho**, Ericka Raiane da Silva***, Tâmara de Araújo Costa***, Thais Sttephane Alves Maia***
*Graduando
do Curso de Fisioterapia pelas Faculdades Integradas
de Patos- FIP, **Professora pelas Faculdades Integradas de Patos- FIP,
***Fisioterapeuta pelas Faculdades Integradas de
Patos- FIP
Endereço
para correspondência:
Aline Guimarães Carvalho, Rua Horácio Nóbrega, S/N Belo Horizonte 58700-000
Patos PB, E-mail: alinecarvalho@fiponline.edu.br
Resumo
O fêmur é o mais
longo e pesado osso do corpo, constituído por uma diáfise e duas epífises. Na
epífise proximal localiza-se a cabeça do fêmur uma estrutura que pode ser
facilmente acometida por algumas doenças. A doença de Legg-Calvé-Perthes é uma osteonecrose idiopática
da cabeça femoral que acomete crianças. Este estudo de caso teve como objetivo
avaliar os benefícios da fisioterapia aquática e incluiu uma paciente do sexo
feminino. A coleta de dados foi realizada por meio dos dados colhidos na
avaliação previa e final. Conclui-se que a realização da fisioterapia aquática
trouxe resultados significativos na melhora da amplitude de movimento, nível de
força muscular e diminuição da dor da paciente, podendo ser uma excelente opção
de tratamento para ser aplicado em pacientes com doença de Legg-Calvé-Perthes.
Palavras-chave: Legg-Calvé-Perthes,
fisioterapia aquática, fisioterapia, tratamento.
Abstract
The femur is the longest and longest bone in the body, consisting of a
diaphysis and two epiphyses. In the proximal epiphysis, the femoral head is a
structure that can be easily affected by some diseases. Legg-Calvé-Perthes disease is an idiopathic osteonecrosis of the
femoral head that affects children. This case study aimed to evaluate the
benefits of aquatic physical therapy in patient with Legg-Calvé-Perthes and included a female patient. The data collection
was done through the data collected in the previous and final evaluation. We
concluded that the performance of aquatic physiotherapy has brought significant
results in the improvement of range of motion, muscle strength level and
decrease of the patient's pain, and may be an excellent treatment option to be
applied in patients with Legg-Calve-Perthes disease.
Key-words: Legg-Calve-Perthes, aquatic physiotherapy, physiotherapy, treatment.
A articulação do
quadril é considerada a maior do corpo humano sendo classificada do tipo esferóidea multiaxial. A cabeça do fêmur, extremidade
superior, articula-se com o acetábulo, cavidade côncava, possibilitando os
movimentos de flexão, extensão, rotações, abdução e adução dos membros
inferiores [1].
A doença de Legg-Calvé-Perthes (DLCP) é uma obstrução transitória da
artéria circunflexa da cabeça do fêmur a qual resulta em uma necrose asséptica
desta estrutura articular, seguida por fratura do osso subcondral,
revascularização e remodelação do osso morto durante o desenvolvimento da
criança [2].
A fisioterapia aquática
é uma das principais intervenções terapêuticas no tratamento de diversas
patologias. Os exercícios que são dificilmente executados em solos, podem ser
realizados no meio aquático com mais facilidade devido as propriedades físicas
e fisiológicas da água, proporcionando analgesia, relaxamento muscular, aumento
da mobilidade articular, diminuição da agressão e do
impacto sobre articulações, resultando em melhora do processo de recuperação
funcional [3-5].
Diante do exposto, o
estudo teve como objetivo, Avaliar os benefícios da fisioterapia aquática em
uma paciente com Legg-Calvé-Perthes.
Apresentação
do caso
Foi realizada uma
pesquisa do tipo aplicada com abordagem quantitativa, observacional e de
intervenção. A amostra foi constituída por uma paciente que possuía os
critérios de inclusão: criança de 4 anos do sexo
feminino que frequentava a instituição com assiduidade, e que apresentava
diagnóstico da doença. Sendo excluídos do estudo indivíduos que não se encaixava
nas normas mencionadas anteriormente ou que, apresentavam alguma recusa no
desenvolvimento do tratamento, alterações dos sinais vitais, dermatite, reação
alérgica, hipersensibilidade tópica aos produtos químicos da piscina,
incontinência urinária ou fecal e fobia à água.
Inicialmente a
paciente foi submetida a avaliação prévia por meio da
fixa que continha os dados demográficos e parte clínica. Para se obter os dados mensuráveis foram realizados circunferência, perimetria, goniometria, teste de
força muscular dos MMII (Membros Inferiores) e a escala de EVA (Escava Visual
da Dor), ainda foi realizado a avaliação postural da criança. Para realizar
esses procedimentos utilizou-se de fita métrica, goniômetro e esfigmomanômetro, no final do tratamento foi realizada a
mesma avaliação com a finalidade de expor os resultados utilizou-se dos dados
obtidos durante a avaliação inicial e após o término do tratamento.
Foram realizadas 10
sessões, hidroterápicas, tendo duração de 45 minutos, três vezes por semana com
intervalo de 48 horas entre as sessões. O tratamento foi composto por Watsu, Bad Ragaz,
Cinesioterapia e exercícios lúdicos. Para a realização foram utilizados
piscina, caneleiras, macarrão flutuador, bolas, brinquedos e step. A intervenção seguiu uma sequência de exercícios
passivo, ativo -assistido e resistidos.
A pesquisa está de
acordo com as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo
seres humanos, a Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde/ Ministério da
Saúde (CNS/MS). Este estudo foi iniciado após a aprovação do comitê de ética em
pesquisa das Faculdades Integradas de Patos sob o parecer de número: 1.907.104
Quadro
1 - Gomiometria dos membros inferiores (Movimentos do
quadril).
Fonte: Dados da
Pesquisa, 2017.
Na análise da ADM
pode-se constar que houve diferença significativa das medidas em todos os
movimentos da articulação do quadril acometido em relação ao não acometido pela
DLCP. Obtendo até 20º de movimento.
A mensuração da força
muscular foi quantificada em milímetros de mercúrio (mmHg)
por meio do Teste do Esfigmomanômetro Modificado
(TEM). A paciente apresentou as seguintes medidas (quadro 2).
Quadro 2 - Dados quanto a força muscular de MMII (Movimento do quadril e joelho).
Fonte: Dados da
Pesquisa, 2017
O quadro a cima
apresenta as medida de força muscular da paciente antes e após o tratamento. É
possível verificar que antes encontra-se diminuída na
perna acometida, na flexão de joelho a paciente apresentava 40 mm Hg a menos
que na perna não acometida, considerando o movimento mais comprometido da
criança. Na adução de quadril 10 mmHg a menos, na
hiperextensão, abdução e flexão de quadril 20 mmHg a menos quando comparado com
a perna não acometida pela doença.
Para a avaliação da
dor foi utilizada a Escala Visual Analógica (EVA) (figura 1). Onde foi visto
que, na primeira avaliação a paciente apresentava EVA: 5, 6 e
7 e na segunda avaliação realizada no término do tratamento apresentou
EVA: 0.
Fonte: Google, 2017.
Figura
1 - EVA
Tendo em vista os
fatos apresentados ao termino do tratamento ficou notório que a fisioterapia
obteve ganhos significativos, principalmente no ganho de força muscular e na
diminuição do quadro álgico da paciente, bem como nos demais itens avaliados.
Este estudo foi
realizado com o objetivo de avaliar os benefícios da fisioterapia aquática em
uma paciente com Legg-Calvé-Perthes. A pesquisa
surgiu com o propósito de mostrar que as técnicas de fisioterapia aquática,
pode diminuir o quadro álgico, assim como melhorar amplitude de movimento e
ganho de força muscular, melhorando padrão de marcha e postura.
Em um estudo feito
por Perry [6] com uma paciente do sexo feminino mostrou ganho de amplitude do
movimento e força muscular no quadril, com melhora no quadro radiológico do
paciente.
Colaborando com a
pesquisa em questão Ziebarth [7] relatou em seu
estudo feito em 2005 que os pacientes acometidos pela DLCP que realizaram
tratamento hidroterapêutico evoluíram no quinto
atendimento de grau de força 2 para grau de força 4 em
todos os eixos de movimento do membro inferior. Posteriormente a flexão e
extensão de joelho esquerdo evoluíram de grau 3 do
inicio do tratamento para grau 5 de força muscular. Este paciente obteve uma
significativa melhora em relação a amplitude de
movimento do quadril em membro inferior esquerdo. A flexão de quadril de 30º
evoluiu para 75º, extensão de quadril de 10º para 20º, de 0º em adução de
quadril evoluiu para 25º.
Um estudo de caso
realizado por Little [8] também mostrou eficácia no tratamento
fisioterapêutico, o qual foi realizado de forma intercalada na hidroterapia e
no solo e os pacientes apresentaram uma boa amplitude de movimento. O protocolo
fisioterapêutico teve em vista melhorar a funcionalidade dos membros
inferiores, a recuperação da ADM e a função dos músculos das articulações do
quadril e joelho.
Kalhor [9] dividiu 20
pacientes com DCLP em grupo controle e grupo de fisioterapia aquática e foram
trabalhados exercícios passivos e treino de equilíbrio, no final o autor
observou que foram alcançados melhores resultados com este grupo. Neste mesmo
ano, Pournot [10] realizou a mesma intervenção com
somente um paciente, onde alcançou efetividade, melhorando a aptidão física do
paciente, diminuição da dor e o mesmo conseguiu manter bons resultados mesmo
após um ano do tratamento.
Esse estudo também
colabora com o estudo de Becker [11] feito em 2007 que realizou tratamento fiisoterapêutico com uma criança de 9
anos e ao final do tratamento a EVA caiu de 8 para 1.
A partir desse estudo
conclui-se que a realização da fisioterapia aquática
utilizando exercícios de alongamento, fortalecimento e proprioceptivos para a
musculatura do quadril, de forma passivo, ativo-assistido e resistido,
trouxeram resultados significativos na melhora da amplitude de movimento, nível
de força muscular e quadro álgico da paciente em questão, podendo ser uma
excelente opção de tratamento para ser aplicado em pacientes com DLCP.
Os exercícios
utilizados na fisioterapia aquática, somados aos benefícios que a água aquecida
proporciona, como o posicionamento e alivio do peso corporal do paciente,
aumento do relaxamento muscular, eliminando a dor, dentre outros, favorece uma
recuperação mais rápida. Logo, o tratamento na piscina terapêutica é efetivo e
extremamente importante para a reabilitação dos pacientes portadores de DLCP,
porém, há poucos estudos que descrevem os programas ou métodos elaborados, bem
como a quantidade e intensidade dos exercícios. Ou seja, é necessária a
realização de outros estudos científicos que também descrevam programas
fisioterapêuticos efetivos e eficazes para a DLCP.