REVISÃO
Atualização
sobre o uso de fitoterápicos encontrados no Brasil com efeitos cicatriciais e
anti-inflamatórios
Update on the use of herbal remedies found in Brazil with cicatricial and anti-inflammatory effects
Raquel Rodrigues Araujo*, Necienne de Paula
Carneiro Porto**
*Fisioterapeuta formada nas Faculdades Integradas de Patos
(FIP),**Fisioterapeuta, mestre em Fisioterapia pela Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN), docente do curso de Fisioterapia das faculdades
Integradas de Patos (FIP)
Endereço
para correspondência:
Necienne de Paula Carneiro Porto, Rua Horácio
Nóbrega, S/N Belo Horizonte 58704-000 Patos PB, E-mail: necienne@hotmail.com
Resumo
Para reparação de uma
ferida o organismo inicialmente reage gerando uma inflamação, recuperando a
homeostasia e protegendo o corpo de agentes infecciosos, o processo final é sua
total cicatrização e recuperação do tegumento. As plantas medicinais tornam-se
alternativas de grande relevância em tratamentos terapêuticos que envolvem
processos cicatriciais e inflamatórios para reabilitação de afecções cutâneas.
Esta revisão é uma análise sistemática das pesquisas científicas que comprovem
os fatores cicatriciais e anti-inflamatórios de plantas por todo o Brasil. Para
a coleta dos dados foi estabelecido um período relativo a artigos de 1996 a
2017. Inicialmente era feito uma busca no Google Acadêmico, redirecionado para
as plataformas PubMed, SciELO, SIBiUS, Medline. Foram utilizados os seguintes descritores:
fitoterápicos, cicatrização, plantas medicinais, plantas cicatrizantes,
cicatrização de fitoterápico em animais, Sabucus autralis, Myracrodruon urundeuva, Schinus terebinthifolia, Onenocarpus bacba Mart, Oenocarpus bacaba, Aloe vera. Ao todo foram recuperadas 500 artigos
e após a análise foram separados 26 estudos pré-clínicos nos últimos 12 anos
que comprovam os efeitos cicatriciais e anti-inflamatórios. Deste modo pode-se
observar que o Brasil tem uma vasta linha de catalogação e toxólogia
das plantas medicinais, mas ainda exige estudos científicos randomizados para
garantir a segurança da população quanto ao seu uso terapêutico.
Palavras-chave: medicamentos,
cicatrização, inflamação, plantas medicinais.
Abstract
To repair a wound the body initially reacts by generating inflammation,
recovering homeostasis and protecting the body from infectious agents, the
final process is its complete healing and tegument recovery. Medicinal plants
become highly relevant alternatives in therapeutic treatments that involve cicatricial and inflammatory processes for the
rehabilitation of cutaneous affections. This review is a systematic analysis of
the scientific researches that prove the cicatricial
and anti-inflammatory factors of plants throughout Brazil. To collect the data,
a period was established from 1996 to 2017. Initially a search was made in
Google Scholar, redirected to the platforms PubMed, SciELO,
SIBiUS, Medline. The
following descriptors were used: phytotherapics,
healing, medicinal plants, cicatrization plants,
healing of phytotherapic animals, Sabacus
autralis, Myracrodruon urundeuva, Schinus terebinthifolia, Onenocarpus
bacba Mart, Oenocarpus bacaba, Aloe vera. Altogether 500
studies were recovered and after the analysis 26 pre-clinical studies were
recorded in the last 12 years that demonstrate cicatricial
and anti-inflammatory effects. In this way it can be observed that Brazil has a
wide line of cataloging and toxology of medicinal
plants, but still requires randomized scientific studies to guarantee the
safety of the population regarding its therapeutic use.
Key-words: medicines,
healing, inflammation, medicinal plants.
A pele é um órgão que
possibilita a interação do nosso organismo com o meio externo, sendo o maior do
corpo humano. Tem como função: proteção de estruturas internas, manutenção da
homeostase e percepção. Histologicamente falando
apresenta dois compartimentos distintos: epiderme que é composta, em sua
maioria, por células dispostas em camadas (epitélio estratificado, escamoso, ceratinizado); derme (sendo composta predominantemente por
fibras de sustentação, colágeno, fibras elásticas e vasos sanguíneos) [1].
O processo de
cicatrização dos tecidos pode ser dividido de um modo geral, em quatro fases
com episódios bem característicos: primeira fase de coagulação, com início
imediato logo após o trauma, caracterizado pela formação de crosta hemato-fibrinosa; segunda fase inflamatória, com o
encaminhamento de macrófagos e linfócitos para o sítio da lesão; terceira fase
de proliferação, caracterizada pela angiogênese; a
quarta fase reparadora responsável pela remodelagem tecidual e a recomposição
celular da epiderme[2-5].
A inflamação é uma
complexa resposta acionada quando ocorrem lesões traumáticas ou processos
infeciosos que podem limitar a ação do agente causador. Essa resposta
inflamatória envolve a liberação sequencial de mediadores e recrutamento de
leucócitos circulantes que são ativados no local da inflamação [6,7].
A atividade
anti-inflamatória de compostos naturais tem atraído grande interesse científico
devido à capacidade de atuar nos processos inflamatórios com menos efeitos
colaterais do que os medicamentos utilizados comumente [8].
E a utilização dos fitomedicamentos, produtos medicinais cujos componentes
farmacológicos ativos consistem em sua exclusividade de materiais vegetais,
possuindo um sistema complexo, com múltiplos componentes. Também são
constituídos de ingredientes ativos principais que determinam o tipo de ação
produzida, os fitomedicamentos possuem componentes
secundários que podem influenciar e modificar o efeito principal. Isto explica
o fato de fitomedicamentos de ação diferentes podem
ser encontrados em uma mesma planta dependendo da qualidade da droga vegetal,
da parte da planta que é usada, do solvente utilizado no processo de extração
[9].
As pessoas optam pela
alopatia por causa do seu custo benefício comparada a certos aspectos da
medicina ortodoxa, como por exemplo, menos dependência por ser considerada
“natural”. A fitoterapia não é feita com as mesmas substâncias isoladas
derivadas da planta, pois estas últimas são componentes químicos individuais.
Há grande atividade neste segundo campo de pesquisa, pois fabricantes de
medicamentos precisam de substancias para a base de novas drogas. A mídia
publica relatos sobre a corrida para identificar, extrair e investigar
substâncias derivadas de espécies raras encontradas em certos habitats
principalmente dos que estão em extinção [10].
A medicina ortodoxa a
cada dia que passa é um elemento de difícil acesso para a maioria do povo
brasileiro, onde aproximadamente 80% da população não têm acesso aos
medicamentos mais essenciais. Como as plantas medicinais apresentam maior
facilidade quanto ao acesso, custo e manipulação passam a atuar como a primeira
ou talvez única escolha ao acesso à saúde [11].
O fisioterapeuta
conseguiu o aperfeiçoamento utilização e/ou indicação de substancias com livre
prescrição na decisão do Plenário, segundo Conselho Federal de Fisioterapia e
Terapia Ocupacional (2017), considerando o atual contexto científico e social,
para correto emprego das plantas medicinais e medicamentos
fitoterápicos/fitofármacos, medicamentos antroposóficos,
medicamentos homeopáticos, medicamentos ortomoleculares,
florais, medicamentos de livre venda para fonoforese
e iontoforese, fotossensibilizadores para terapia
fotodinâmica nos distúrbios cinético-funcionais, e autorizar a prática de todos
os atos complementares que estiverem relacionados à saúde do ser humano e que
vierem a ser regulamentados pelo Ministério da Saúde, por meio de acórdão nº
611, de 1º de abril de 2017 [12].
Deste modo, a
realização de pesquisas com plantas medicinais pode contribuir para melhorar o
uso dos recursos vegetais pela população local, bem como subsidiar indicadores
para novas e eficazes drogas no combate a diversas patologias, auxiliando assim
na terapia do fisioterapeuta e de vários profissionais da área de saúde.
Partindo desse contexto o objetivo do trabalho foi realizar uma análise
sistemática de pesquisas utilizando plantas medicinais para identificar as
formas de utilização e obtenção das partes que são usadas para remédios com
efeito cicatricial e anti-inflamatório em todo o Brasil.
A presente pesquisa
trata-se de uma revisão sistemática no período de março de 2016 á outubro de
2017, foram recuperadas pesquisas científicas entre os anos de 1996 à 2017. A pesquisa foi feita na plataforma Google Acadêmico,
redirecionadas as plataformas PubMed,
SciELO, SIBiUS, Medline. Utilizou-se os seguintes
descritores: fitoterápicos, cicatrização, plantas medicinais, plantas
cicatrizantes, cicatrização de fitoterápico em animais, Sabucus
autralis, Myracrodruon urundeuva, Schinus terebinthifolia, Onenocarpus bacba Mart, Oenocarpus bacaba, Aloe vera, Archilea milefolium, Solidago chilensis meyen, Sonchus oleraceus l., Tagetes minuta l., Chamomilla.
Como critério de
inclusão, recuperaram-se obras que abordassem plantas medicinais brasileiras
e/ou do Brasil, nos idiomas da língua inglesa, portuguesa e espanhola. Nos
critérios de exclusão analisaram-se obras que não abordassem os assuntos de
cicatrização e/ou inflamação; obras que fossem realizadas no exterior sem
qualquer ligação com o território e/ou autoria brasileira.
O processo de seleção
foi dividido em três fases: a primeira etapa referente à leitura dos títulos; a
segunda etapa relativa à leitura dos resumos escolhidos anteriormente; na terceira etapa é feito à leitura
íntegra dos artigos selecionados na segunda etapa. Ao final os últimos artigos
selecionados foram expressos de forma quali
-
quantitativa e dispostas em quadro (com os seguintes tópicos:
primeiro autor,
ano, sujeitos da pesquisa, nome científico e/ou popular da
planta pesquisada,
modo de aplicação tópica e/ou injetável,
caracterização e/ou comprovação do
efeito cicatricial e anti-inflamatório) feito através do
programa Microsoft
Excel 2010.
Ao total foram
recuperados 500 trabalhos científicos representando (100%), destes
encontravam-se 10 livros (2%), e 490 artigos (98%). Da metodologia aplicada
para seleção das obras que compõem esta análise sistemática, foram selecionados
278 artigos através do título (55,6%), da leitura dos resumos um total de 121
(24,2%), onde foram obtidas 43 obras e incluídas na formação final desta
análise sistemática da literatura, feita através da leitura integral dos
resumos selecionados (8,6%).
A seguir, no quadro1,
apresentam-se 26 estudos experimentais realizados no Brasil e/ ou de autoria brasileira,
nos últimos 12 anos, e que tiveram por objetivo testar cientificamente plantas
com fatores cicatriciais e/ou anti-inflamatórios, por modo de aplicação tópica
e/ou injetável nas lesões.
Quadro
1 - Estudos experimentais com plantas medicinais
cicatriciais e/ou anti-inflamatória nos últimos 12 anos, Brasil.
Modo de aplicação
tópica (T), injetável (I); Efeito cicatricial (C), anti-inflamátório
(A). Fonte: adaptado de acervo pessoal (2017).
A cultura popular na
utilização de plantas medicinais, trazida através dos tempos, colabora para o
contexto da automedicação. Ela é entendida como a utilização de medicamentos
sem prescrição, orientação e/ou o acompanhamento de um profissional de saúde
capacitado. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), 80% da
população mundial utiliza produtos de origem natural para combater afecções
como pressão alta, gripe, queimaduras, prisão de ventre, tosse, entre outros. O
incentivo da busca pelo “medicamento” de plantas medicinais se dá pelo acesso
fácil e custo das mesmas, por uma grande parcela da população. A OMS destaca a
necessidade de promover avaliação desse uso e vigiar o consumo de medicamentos,
obtendo uma melhor racionalidade da população mundial. Deste modo o
desenvolvimento de atividades educacionais de caráter público, o usuário pode
ter acesso a uma informação correta, objetiva e relevante para evitar a
automedicação e o uso indiscriminado [39,40].
A Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (ANVISA) considera como medicamento fitoterápico aquele
obtido exclusivamente de matérias-primas de origem vegetal caracterizada por
levantamentos etnofarmacológicos, documentações
técnico científicos ou ensaios clínicos de publicações. A fitoterapia é
confundida comumente por a população com o uso de plantas medicinais, que não
mantem a eficácia e comprovação exigida, sendo imprescindível que a designação
de medicamentos fitoterápicos seja feita conhecendo os efeitos colaterais e a
espécie origem da espécie abordada para mantendo-se o padrão terapêutico
positivo por mais de 20 anos [41,42].
Analisando os dados
emergentes na presente revisão, e enfatizando o quadro demonstrado, existe uma
variedade de estudos que abordam a fitoterapia no Brasil (de cunho
exploratório, classificatório, bioquímico,
toxicológico, laboratoriais experimentais, entre outros). Como foi demostrado
neste estudo a comprovação de fatores anti-inflamatório e cicatricial é feita
abordando em sua maioria pesquisas de cunho experimentais com um intervalo de
tempo curto, sendo necessários estudos randomizados e técnicas que afunilem os
efeitos terapêuticos para a criação de novos fitomedicamentos,
podendo ser utilizados como forma de tratamento na área de saúde e
acrescentados em políticas públicas brasileiras sem prejuízos e efeitos
colaterais indesejados a população.
Quando nos referimos
ao contexto brasileiro das pesquisas com plantas medicinais, não se pode deixar
de mencionar alguns avanços alcançados nas últimas décadas. É o caso estudado
de cunho experimental em 2005 sobre o extrato aquoso de aroeira-do-sertão , tendo como objetivo verificar a forma tensional e
morfológica que o efeito do extrato aquoso de aroeira-do-sertão a 10% causa na
anastomose colônica por vigência de colite induzida
sobre ácido acético a 10% , que provocou em 48 ratos Wistar
uma evolução do processo cicatricial. Morfologicamente falando, o grupo tratado
com a aroeira foi superior ao grupo veículo, mostrando um processo por
regeneração e não fibrose. A análise feita em relação ao teste de tensão o
extrato aquoso tem atividade cicatrizante em anastomose colônica
na vigência de colite induzida por ácido acético a 10% melhorando a resistência
da tensional na zona da anastomose colônica a partir
do 3º dia [21].
No estudo randomizado
em 2006 sobre as alterações anatomopatológicas e histopatológicas da pleura e
do parênquima pulmonar após a injeção de óleo de copaíba, extrato aquoso de crajiru e polivinilpirrolidona
iodado (PVPI) em 128 ratos Rattus norvegicus
var. Wistar machos, que
foram divididos em quatro grupos sacrificados em 24 h, 48 h, 72 h e 504 h, para
análise macro e microscópica da pleura visceral e pulmão direito com enfoque do
efeito anti-inflamatório ; foi observado que a copaíba mostrou-se muito
irritante ,o PVPI moderadamente irritante, e o extrato aquoso de crajiru apresentou pouca reação inflamatória na pleura e
parênquima pulmonar dos animais de experimentação[25].
A jaqueira (Artocarpus heterophyllus Lam) é atribuída a uma proteína encontrada em sua semente
que na literatura que nos casos de queimaduras de pele proporciona a
regeneração do tecido danificado em vez da substituição por tecido conjuntivo
fibroso. No estudo realizado em 2009 objetivando avaliar macro e
microscopicamente o efeito da pomada formulada com o pó obtido a partir de
sementes de jacada jaqueira na cicatrização de
feridas dorsais em 96 camundongos, mostraram-se resultados estatisticamente não
significativos, deixando uma duvida no efeito cicatricial da planta por
primeira e segunda intenção e exigindo uma abordagem randomizada [33].
No período de 2010
foi feito um estudo utilizando creme tópico de uso comercial em feridas
cutâneas com 36 gatas (sem raça definida), submetidas à ovariosalpingohisterectomia;
distribuídas em três grupos, grupo teste (Triticum vulgare), grupo referência (Helianthus
annus) e grupo controle (água destilada). Observou-se
mediante análise clínica (histológica e bacteriológica) que o grupo teste houve
a aceleração na evolução do processo cicatricial, visto que as feridas
apresentaram aumento do percentual de contração da área, completa repitelização, aumento significativo (P<0,05) do número
de fibroblastos e fibras colágenas em relação aos grupos referência e controle,
no décimo quarto dia pós-operatório [26].
No estudo
experimental de 2011 para avaliar a ação anti-inflamatória da fração lipídica do Ovis aries associado ao ultrassom terapêutico na
tendinite de 50 ratos (Rattus norvegicus);a
fração lipídica do Ovis aries apresenta uma ação anti-inflamatória que acelera
o processo de cicatrização e o ultrassom aumenta o fluxo sanguíneo bem como a
extensibilidade das estruturas de colágeno e tendões. Podendo-se concluir que o
tratamento com UST + Ovis aries é mais efetivo que os outros tratamentos, visto
que consegue reduzir o número de células inflamatórias no tempo de sete e 14
dias [15].
O gel a partir do
extrato liofilizado de Turnera subulata
conhecidas no Nordeste brasileiro pelo nome popular de “chanana”, foi utilizado
em 2013 para avaliar seu potencial cicatrizante em 15 camundongos (Mus musculus) albinos Swiss, onde com
a avaliação macroscópica foi observada a reparação cutânea de feridas
cirúrgicas em camundongos, entretanto são necessários mais estudos a fim de
melhor e elucidar as propriedades farmacológicas da espécie [18].
O processo de reparo
cicatricial de feridas cutâneas abertas no dorso de 32 ratos wiatar machos tratadas com extrato aquoso de urucum
contendo 2,5% de norbixina, foi descoberto que
através de análise histomorfométricaque ele não é
inócuo aos tecidos cutâneos e possui efeitos pró-inflamatórios e pró-angiogênicos durante o processo de reparo tecidual cutâneo
em ratos, interferindo no processo fisiológico de cicatrização [36].
Destaca-se em 2015 um
estudo experimental com objetivo de avaliar a influência do extrato hidroetanólico das folhas de M. oleifera
em lesões cutâneas no dorso de 15 ratos Wistar
machos, que foram distribuídos em três grupos denominados G7, G14 e G21
conforme o tempo de tratamento com extrato de M. oleifera
(7,14 ou 21 dias, respectivamente), com a avaliação histológica mostrou aumento
na colageneização nas lesões extrato de M. oleifera no grupo G21. Desta forma, conclui-se que o
extrato hidroetanólico das folhas de M. oleifera auxiliou no processo de cicatrização em lesões de
ratos por aumentar a colageneização na pele lesada
[31].
Em 2016 foi feito um
estudo experimental observando-se a ação da romã (Punica granatum
L.) na cicatrização de úlceras induzidas por queimadura em dorso de língua de
24 ratos Wistar machos, separados em 4 grupos intercalando o tratamento tópico com o romã obtido
por gafagem e /ou chá de sua casca por 14 dias. Onde
nos resultados obtidos observaram que a romã (Punica granatum
L.) possui ação cicatrizante na mucosa lingual de ratos Wistar
[43].
Estados e municípios
brasileiros vêm realizando a implantação de Programas de Fitoterapia na atenção
primária à saúde, com o intuito de suprir as carências medicamentosas de suas
comunidades. O governo demostra interesse no desenvolvimento destas políticas
que associem o avanço tecnológico ao conhecimento popular em prol de
procedimentos assistenciais em saúde que apresentem eficácia, e menor
dependência à indústria farmacêutica. Apesar disso os estudos acerca da
fitoterapia ainda são precários no Brasil, mostrando a necessidade de pesquisas
com objetivo de ampliar o conhecimento dos profissionais e estudantes da saúde,
para implementação das práticas fitoterápicas no
Sistema Único de Saúde [39].
A aplicação das
plantas medicinais e fitoterápicas é um possível meio de ampliação da área de
trabalho dos profissionais de saúde que ainda estão pouco informados e
preparados para lidar com esses recursos. Para instituir a fitoterapia na
Unidade Básica de Saúde (UBS) é necessário capacitar os profissionais quanto ao
tema, desde o cultivo até a prescrição, melhorando o uso racional desses
medicamentos. Por exemplo, uma pesquisa de cunho exploratório na UBS em Foz do
Iguaçu, a terapêutica foi introduzida, e os profissionais não foram consultados
sobre sua implantação demostrando-se despreparados para a prática clínica [38].
Com isso, apesar do
grande contingente de publicações em nível mundial, observa-se que o Brasil vem
desenvolvendo pesquisas importantes para o avanço do conhecimento das
propriedades medicinais das plantas utilizadas pela população. Outra
constatação é que já existem programas e políticas que estimulam a inserção
deste tipo de terapia no SUS, o que demonstra a busca pela oferta de um
atendimento humanizado e integral.
O Brasil é um país
com uma vasta gama de diferentes espécies vegetais que exigem atenção do seu
governo, devendo incentivar pelos profissionais da área de saúde habilitados a
lidar com terapias como a fitoterapia, gerando um custo benefício positivo e
diminuindo a automedicação com abusivos usos de drogas farmacológicas. Com base
no exposto, as plantas medicinais tornam-se alternativas de grande relevância
para o processo de cicatrização de feridas, e começam a fazer parte da atenção
à saúde brasileira, considerando que seu uso seja validado por estudos que
afirmem seu potencial cicatrizante e anti-inflamatório. Sugerem-se novos
estudos de comprovação clínica randomizados para avaliar os efeitos colaterais
do uso de fitoterápicos por um período prolongado.