ARTIGO
ORIGINAL
Laserterapia versus
técnica de compressão isquêmica: avaliação comparativa dos efeitos terapêuticos
e funcionais da contratura do músculo trapézio
Laser
therapy versus ischemic compression technique: comparative evaluation of the
therapeutic and functional effects of trapezius contracture
Andréa Costa dos Anjos
Azevedo*, Paulo Henrique Gomes Mesquita*, Leonardo Lobo Saraiva Barros, Ft. M.Sc.**, Giselle Notini Arcanjo,
Ft., M.Sc.***, Denilson de
Queiroz Cerdeira, Ft., D.Sc.****
*Discentes
do Centro Universitário Estácio do Ceará, **Docente do Curso de Fisioterapia do
Centro Universitário Estácio do Ceará, ***Co-orientadora,
Docente do Curso de fisioterapia do Centro Universitário Estácio do Ceará,
****Orientador e Docente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário
Estácio do Ceará
Recebido em 20 de
novembro de 2018; aceito em 25 de março de 2019.
Endereço
de correspondência:
Leonardo Lobo Saraiva Barros, Rua Dr. José Lourenço, 1820/601 Aldeota 60115281
Fortaleza CE, E-mail: llsbarros@hotmail.com; Andréa Costa dos Anjos Azevedo:
andreaanjosazevedo@gmail.com; Paulo Henrique Gomes Mesquita:
paulohm111@gmail.com; Giselle Notini Arcanjo:
gnotini@hotmail.com; Denilson de Queiroz Cerdeira:
denilsonqueiroz@hotmail.com
Resumo
Introdução: A contratura
muscular ocorre quando o músculo se contrai de maneira incorreta e não
volta ao seu estado normal de relaxamento, em resposta a uma sobrecarga de
esforço. Objetivos: Comparou-se a
utilização de duas técnicas e os benefícios proporcionados ao tratamento dos
pacientes acometidos com contratura do músculo trapézio superior. Métodos: Tratou-se de um estudo
transversal, intervencionista, comparativo e quantitativo no período de agosto
de 2015 a junho de 2016, com 49 acadêmicos, que foram divididos em dois grupos
(G1/G2). Os dados foram obtidos através da ficha de avaliação
cinético-funcional desenvolvida para o estudo, que foi aplicada antes e ao
término do tratamento fisioterapêutico, Escala dos Sintomas de Dyrek e Escala Visual Analógica. Resultados: Dos 49 acadêmicos, 80% eram do sexo feminino, sendo 95%
solteiras, todos naturais de Fortaleza, todos cursando o ensino superior, com
média de idade de 23,33 anos. No G1 (Compressão isquêmica) antes da aplicação a
maior predominância foi a de nível de dor 7 e logo depois da aplicação o nível
de maior predominância foi de dor 2, conforme Escala Visual Analógica. No G2 (Laserterapia) o nível de dor antes da aplicação foi de 7 e
logo depois da aplicação, foi de dor 1 conforme Escala Visual Analógica. Conclusão: As técnicas de Laserterapia e a Compressão Isquêmica melhoraram o aporte
sanguíneo da área tratada, porém na laserterapia
houve a diminuição do limiar de dor e restabelecimento da normalidade funcional
local.
Palavras-chave: avaliação, pontos
gatilhos, funcionalidade, Fisioterapia.
Abstract
Introduction:
Muscle contracture occurs when the muscle contracts incorrectly and does not
return to its normal state of relaxation in response to an effort overload. Objectives: We compared the use of two
techniques and the benefits provided to the treatment of patients with upper
trapezius contracture. Methods: This
was a cross-sectional, interventional, comparative and quantitative study
between August 2015 and June 2016, with 49 academics divided into two groups
(G1/G2). The data were obtained through the functional kinetic evaluation
sheet developed for the study, which was applied before and at the end of the
physiotherapeutic treatment, Dyrek Symptom Scale and Visual Analog Scale. Results: Of the 49 students, 80% were
female, 95% single, all of them from Fortaleza/CE, all of them attending higher
education, with a mean age of 23.33 years. In G1 (Ischemic Compression), before
the application, the greatest predominance was pain level 7 and soon after the
application was pain level 2, according to Visual
Analog Scale. In G2 (Laser Therapy) the level of pain before the application
was level 7 and soon after the application was pain level 1 according to Visual Analog
Scale. Conclusion:
Laser therapy and
ischemic compression improved the blood supply of the treated area, and
the laser therapy decreased pain threshold and restored local
functional normality.
Key-words: evaluation,
trigger points, functionality, Physical therapy.
O músculo trapézio é um
músculo grande e superficial, dividindo-se em três porções com diferentes
direções de fibras e que se diferenciaram em funções também. Biomecanicamente, o trapézio fibras superiores faz a
atuação unilateral, realizando a extensão e inclinação lateral da cabeça e
coluna cervical para o mesmo lado, auxiliando na rotação para o lado oposto.
Atua bilateral permitindo realizar a extensão da cabeça e coluna cervical, com
acentuação da lordose cervical se o ponto fixo for inferior ou elevação dos
ombros quando este for superior [1].
Pontos-gatilho (PG) são
pequenas áreas hipersensíveis que se encontram em áreas mais endurecidas e
palpáveis do músculo esquelético (músculos, fáscias ou tendão) que podem estar
presentes ou não em indivíduos sem dor, mas que estará sempre presente naqueles
que apresentam a síndrome da dor miofascial [2]. Os PG podem limitar as
atividades diárias da maioria das pessoas acometidas, eles são extremamente
comuns e podem ter sintomas graves desde dor incapacitante até restrição de
movimento e alteração postural por PG latente que muitas vezes são ignorados.
No cotidiano, os PG latentes, que causam disfunção motora sem dor, são mais
comuns do que os PG ativos que causam dor mesmo em repouso [3].
A excessiva flexão ou
extensão cervical em decorrência de estresses emocionais, a sobrecarga
funcional decorrente do manuseio ou transporte de objetos pesados em um ombro e
a execução de atividades que impliquem na elevação dos membros superiores são,
entre outros, fatores importantes relacionados à instalação de pontos gatilhos
no músculo trapézio. A dor é referida na face póstero-lateral do pescoço,
orelha, região temporal e mastoide. Vários PG destacam-se nas fibras verticais
ou horizontais da porção látero-cefálica deste
músculo, no centro da sua porção média, e na região mais lateral da sua porção
inferior [4].
A identificação do
ponto gatilho miofascial (PGM) é geralmente realizada por palpação, sendo um
método confiável para a detecção dos mesmos, nos músculos do ombro. Para
encontrar o ponto gatilho miofascial do músculo trapézio fibras superiores, o
paciente precisa estar em decúbito dorsal ou sentado, e esse músculo deve estar
ligeiramente relaxado com inclinação da cabeça para o ombro do mesmo lado.
Pegada em pinça da porção inteira em direção ao supraespinhoso,
assim localiza o ponto ou o nódulo de sensibilidade [5].
A terapia com
compressão isquêmica é a aplicação de pressão progressiva crescente sobre um
PG. Esse contato é mantido até que seja encontrada e libertada a barreira de
resistência tecidual, a pressão é aumentada para liberar tensão e
sensibilidade, repetidas vezes no mesmo ponto. O terapeuta deve presumir-se
sempre pela tolerância do limiar da dor do paciente [3].
Tratamentos para os PG
são destacados por vários autores [6] e destaca-se a terapia manual que é uma
área da Fisioterapia na qual o fisioterapeuta aprende a avaliar como um todo
seu paciente, avaliando a dor e disfunção, detectando anormalidades do
movimento e testando tecidos estruturais anatômicos. A terapia manual sempre
foi uma técnica essencial para a cura de diversas disfunções musculoesqueléticas,
atualmente é considerada uma área de especialização da fisioterapia, tem como
objetivo, por meio de técnicas de manipulação, mobilização e exercícios
específicos, estimular a propriocepção, produzir elasticidade a fibras
aderidas, estimular o líquido sinovial e promover a redução da dor [7].
A eletrotermofototerapia
é um dos recursos mais utilizados na prática clínica da fisioterapia, e sua
eficiência foi observada em revisão sobre desordens osteomioarticulares
[8,9]. As intervenções por meio da eletrotermofototerapia
são utilizadas como parte do programa global de reabilitação, principalmente
para alívio da dor [10]. Com a redução da dor, há, consequentemente, aumento na
amplitude de movimento, força muscular, mobilidade, resistência física,
habilidade de andar e estado funcional [9]. Além disso, esses recursos oferecem
muitas vantagens, pois são intervenções não-invasivas e rápidas de administrar,
resultando em poucos efeitos adversos e contraindicações [8].
O laser de baixa
intensidade (LBI) é uma radiação situada na porção visível do espectro das
ondas eletromagnéticas, entre o infravermelho e o ultravioleta, e o comprimento
de onda depende do tipo de substância estimulada [11,12] e suas formas mais
utilizadas estão os lasers que utilizam o Arseneto de
Gálio (AsGa) e o Arseneto
de Gálio e Alumínio (AsGaAl), que têm gerado
resultados favoráveis na terapêutica dos distúrbios musculoesqueléticos devido
ao poder de penetração ser relativamente alto, atingindo estruturas mais
profundas [13].
O
LBI tem demonstrado
uma capacidade em auxiliar no tratamento sintomático da dor,
promovendo um grau
de conforto considerável ao paciente, momentos após sua
aplicação [14]. É uma
alternativa para o tratamento de lesões
musculoesqueléticas, os objetivos
clínicos da utilização do LBI em
situações de lesão muscular visam à
redução de
uso de fármacos anti-inflamatórios, a
diminuição do tempo de imobilização, e
ainda, a inibição ou até mesmo a
resolução do processo inflamatório e a
reparação do tecido muscular, restabelecendo as
características funcionais do
tecido [15], e outros autores descrevem que dentre os efeitos
terapêuticos,
encontram-se: anti-inflamatório, analgésico, cicatrizante
e modulador da
atividade celular, os quais têm sido comprovados em diversos
experimentos
[16,17].
Em estudos realizados
em humanos foi confirmado que a irradiação com LBI foi capaz de aumentar o
fluxo sanguíneo na microcirculação cutânea em 32% após 2 minutos de irradiação,
e em 45% após 20 minutos, bem como a apresentação de uma vasodilatação no
tecido irradiado [18]. Como instrumento de mensuração da dor, a escala
analógica visual (EVA) provou ser eficaz quando comparado a outros instrumentos
[19].
Este estudo tem o
objetivo de avaliar e comparar as técnicas e os benefícios proporcionados por
ambos os métodos para o tratamento dos PG em pacientes acometidos com
contratura do músculo trapézio superior, utilizando como recursos: a laserterapia com LBI e a compressão isquêmica. Baseando-se
nos efeitos proporcionados pelos recursos fisioterapêuticos buscou-se
desenvolver esta pesquisa, visando informar e correlacionar os benefícios
desses métodos.
Tratou-se de um estudo
transversal, intervencionista e comparativo com abordagem quantitativa. A
pesquisa foi realizada no período de agosto de 2015 a junho de 2016, no
laboratório de saúde do Centro Universitário Estácio do Ceará.
A população da pesquisa
foi composta por 60 acadêmicos de Fisioterapia que procuraram atendimento no
Centro Universitário Estácio do Ceará no período de março a maio de 2016
avaliados e com diagnóstico clínico de contratura das fibras superiores do
músculo trapézio, que foram escolhidos de forma aleatória, formando o universo
finito da pesquisa de uma amostra final de 49 acadêmicos, que foram divididos
em dois grupos conforme o protocolo selecionado para a pesquisa científica.
Tais sujeitos do
inquérito foram incluídos, não importando idade, sexo e ter o diagnóstico
clínico de contratura das fibras superiores do músculo trapézio. Foram excluídos
da pesquisa os participantes que apresentaram contraturas em outros músculos do
esquema corporal.
A entrada na
instituição passou pela coordenação da Clínica Escola escolhida para o
desenvolvimento da pesquisa, através do termo de solicitação para entrada no
campo da pesquisa – Carta de Anuência. A fonte de coleta de dados foi primária,
junto aos participantes que eram atendidos na instituição selecionada para o
desenvolvimento do inquérito, seguindo os critérios de inclusão e exclusão do inquérito.
Foram utilizados os termos de consentimento livre e esclarecido, onde constaram
as informações sobre a confidencialidade dos dados e anonimato dos
participantes, conforme preconiza a Resolução 466 / 12 do CNS, que foram
identificados apenas pelas iniciais do nome do paciente e pela idade.
Os dados foram obtidos
através de uma ficha de avaliação cinético-funcional desenvolvida para o
estudo, que foi aplicada antes e ao término do tratamento fisioterapêutico,
constando: nome, idade, sexo, escolaridade, Escala dos Sintomas de Dyrek [20] e Escala Visual Analógica [21]. As avaliações
foram conduzidas individualmente nos laboratórios de saúde, iniciando com a
coleta de dados através do protocolo desenvolvido para pesquisa.
A localização dos sintomas
de Dyrek é uma forma de avaliar a localização da dor
através de um desenho do corpo para suplementar a descrição verbal do paciente
sobre a localização da dor. A localização dos sintomas coincide com a
localização da lesão [20].
A Escala Visual
Analógica (EVA) consiste em auxiliar na aferição da intensidade da dor no
paciente, é um instrumento importante para verificarmos a evolução do paciente
durante o tratamento e mesmo a cada atendimento, de maneira mais fidedigna.
Para utilizar a EVA o profissional de saúde (fisioterapeuta) deve questionar ao
participante quanto ao seu grau de dor sendo que 0 significa ausência total de
dor e 10 o nível de dor máxima suportável pelo participante.
Os participantes do
inquérito foram avaliados antes e ao término da aplicação do protocolo
fisioterápico. No protocolo de atendimento foi utilizada a técnica de
compressão isquêmica [3] e a laser de baixa intensidade nos meses de março a
maio de 2016, sendo realizado um atendimento duas vezes por semana por uma
hora, baseado em um protocolo de atendimento fisioterapêutico desenvolvido para
o inquérito, que constará da utilização da técnica de compressão isquêmica e da
terapia utilizando o laser.
O protocolo de
atendimento fisioterapêutico foi aplicado da seguinte forma:
Tabela I – Resumo do protocolo de intervenção da pesquisa.
Grupo 1: Utilizou
durante o período estabelecido apenas a técnica de compressão isquêmica, duas
vezes por semana durante uma hora no período estabelecido para o tratamento
fisioterápico.
A técnica de compressão
isquêmica baseia-se na aplicação de uma pressão digital local sobre o ponto
gatilho por um tempo prolongado [5,22] conforme o ilustrado na figura 1.
Fonte: Própria
Figura 1 - Demonstração da aplicação da técnica de compressão isquêmica.
Grupo 2: utilizou o
laser de baixa intensidade, de acordo com o diagnóstico clínico selecionado
para a pesquisa e o tratamento foi realizado duas vezes por semana com duração
de uma hora durante o tempo estabelecido.
A laserterapia
de baixa potência aplicado sobre a área de um ponto-gatilho em três aplicações
de 15 segundos demonstrou-se eficaz na normalização da resistência da pele, o
que é uma indicação da normalização de um ponto-gatilho. Essa terapia é em
geral aplicada com um laser de hélio-neônio, utilizando-se luz visível vermelha
de 632,8 nm ou em pulsos de 904 nm
[23].
Para a laserterapia foi utilizado o equipamento de laser de baixa
potência de arsenieto de gálio (GaAs)
previamente calibrado, com comprimento de onda 904 nm
(Laserplus®, KW Indústria Nacional de Tecnologia
Eletrônica Ltda., Amparo, Brasil), com densidade de energia de 6 J/cm2,
densidade de potência média de 0,38 mW/cm2, área do feixe de 0,039 cm2,
potência média de 15 mW, durante 16 segundos por ponto conforme o ilustrado na
figura 2.
Fonte: Própria
Figura 2 - Demonstração da aplicação da técnica de laserterapia,
2017.
Os dados obtidos na
pesquisa foram organizados, tabulados e analisados através do programa
estatístico SPSS na versão 20.0 e os resultados foram apresentados na forma de
gráficos e tabelas, sendo os mesmos confrontados com a literatura existente no
âmbito nacional e internacional sobre os assuntos vigentes no inquérito
científico.
As informações
relacionadas aos entrevistados do presente estudo foram incluídas no protocolo
de pesquisa somente após consentimento por escrito dos participantes. As
aceitações foram registradas através da assinatura do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido, e outorgado aos entrevistados sigilo com relação a sua
identidade, procedimentos, objetivos e tempo de execução. Garantiu-se a estes o
anonimato, o direito de não participação ou a desistência a qualquer momento do
estudo sem despesa ou prejuízo.
Ao término da aplicação
do protocolo selecionado para a pesquisa aconteceu a reaplicação da avaliação
cinético funcional para a reavaliação dos participantes. As informações
coletadas durante o estudo foram arquivadas em pastas e fichas de anotações sob
a tutela do pesquisador responsável e ao término do inquérito científico, as
mesmas serão destruídas, visando o sigilo e a integridade dos participantes.
Dos itens avaliados
foram enfatizados os benefícios das duas técnicas e a comparação entre elas e a
atuação conjunta das terapias na contratura das fibras superiores do músculo
trapézio. Todos os participantes da pesquisa foram avaliados por um único
pesquisador que seguiu rigorosamente a metodologia escolhida.
O inquérito científico
baseou-se na Resolução 466/12 do Conselho Nacional em Saúde (CNS), referente à
pesquisa com seres humanos e foi encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa do
Centro Universitário Estácio do Ceará para apreciação e foi aprovado para o
início da coleta de dados com parecer: 2.093.927- ESTÁCIO.
O diagnóstico dos
pontos gatilhos é essencialmente clínico, sendo extremamente importante a
anamnese e avaliação física bem realizada, a fim de identificar as
características clínicas. Após a coleta das informações relevantes sobre o
inquérito, foram feitas observações importantes sobre cada participante e a
amostragem do inquérito será descrita a seguir. Com participação de 60
estudantes, 12 (20%) do sexo masculino e 48 (80%) do sexo feminino, com idade
média de 23 anos, que se dispuseram a participar do estudo, seguindo os
critérios de inclusão e exclusão estabelecidos para o estudo, conforme tabela
II.
Tabela II – Dados sociodemográficos da amostra. Fortaleza/CE, 2017.
Na inspeção G1
(compressão isquêmica), dentre as variáveis possíveis segundo o formulário de
avaliação, foram encontrados dentre os estudantes 18 (60%) com elevação do
ombro direito, 12 (40%) com elevação do ombro esquerdo. No grupo G2 que foi
utilizado a laserterapia, dentre as variáveis
possíveis segundo o formulário de avaliação, foram encontrados dentre os
estudantes 14 (46,67%) com elevação do ombro direito, 16 (53,32%) com elevação
do ombro esquerdo. Estes resultados encontram-se na Tabela II.
Os resultados relativos
à palpação G1 foram os seguintes: em 30 estudantes, 09 (30%) sentiam dor apenas
no trapézio direito, 04 (13,33%) sentiam dor apenas no trapézio esquerdo, 17
(56,67%) sentiam dor em ambos os trapézios. No G2 foram os seguintes: em 30
estudantes, 09 (30%) sentiam dor apenas no trapézio direito, 09 (30%) sentiam
dor apenas no trapézio esquerdo, 12 (40%) sentiam dor em ambos os trapézios.
Estes resultados são mostrados na Tabela III.
Tabela
III – Distribuição de estudantes por exame
físico/avaliação fisioterapêutica, Fortaleza/CE, 2017.
Os resultados obtidos
através da aplicação da EVA antes e depois da terapêutica de compressão
isquêmica (Grupo 1) estão explicitados no Gráfico 1.
Gráfico 1 - Distribuição de participantes por exame físico (EVA) do G1,
Fortaleza/CE, 2017.
Já os resultados
obtidos através da aplicação da EVA antes e depois da aplicação do Laserterapia (Grupo 2) estão explicitados no gráfico 2.
Gráfico 2 - Distribuição de participantes por exame físico (EVA) do
G2, Fortaleza/CE, 2017.
Ao avaliar a dor
musculoesquelética, utilizando o modelo de localização dos sintomas de Dyrek foram obtidos os seguintes dados do G1, em relação à
sintomatologia dolorosa: o local de maior acometimento da dor foi a região
cervical, o qual foi referido 23 vezes (76,67%), seguido por lombar, com 16
vezes (53,33%), torácica com 15 vezes (50%), ombro com 5 (16,67%), pé com 2
(6,67%), cabeça com 2 (6,67%), quadril e a mão com 2 vezes (6,67%). Os dados
estão no Gráfico 3.
Gráfico 3 - G1 Escala dos Sintomas de Dyrek,
Fortaleza/CE, 2017.
Os dados do G2, na
escala de Dyrek, o local de maior acometimento da dor
foi a região cervical, o qual foi referido 16 vezes (53,33%), seguido por
lombar com 8 vezes (26,67%), torácica, quadril e pé com 6 vezes, (20%), sendo
apontado 2 para cada região, joelho com 1 (33,33%). Os dados estão no Gráfico
3.
Gráfico 4 - G2 Escala dos Sintomas de Dyrek,
Fortaleza/CE, 2017.
Após a coleta de dados,
observou-se uma predominância do sexo feminino com contratura do músculo
trapézio (sem patologias associadas). Acredita-se que isso ocorre devido ao
maior número de pacientes neste estudo serem mulheres e por sofrerem
sobrecargas maiores como fazer trabalhos domésticos, stress do dia a dia e
posturas inadequadas ao carregar a bolsa ou mochila, por exemplo.
Em um trabalho
realizado por Hale [24], as mulheres apresentaram
risco superior ao dos homens para dor nas costas, pois as mesmas combinaram a
realização de tarefas domésticas com o trabalho fora de casa, onde estiveram
expostas a cargas ergonômicas, principalmente repetitividade, posição viciosa e
trabalho em grandes velocidades.
De acordo com o estado
civil dos estudantes entrevistados, percebe-se a predominância do estado civil
solteiro e apenas 3 casados. Em relação à escolaridade dos participantes,
mostrou-se alta neste estudo, com grande porcentagem dos participantes com
superior incompleto. Isso é devido ao grande número de estudantes ainda jovens
e devido à amostragem do inquérito científico ter sido realizado com estudantes
do ensino superior.
Na presente pesquisa
foram avaliados sujeitos que apresentavam dor em pontos gatilhos, localizados
nos músculos trapézio. Alguns fatores podem estar relacionados com o
aparecimento da dor nesses pontos, o que nos permite sugerir que o mau uso da
musculatura e as posturas inadequadas estão relacionados à formação dos pontos
gatilhos.
Na inspeção, os achados
foram: 32 participantes com o ombro direito elevado, 18 deles apresentando dor,
e os de ombro esquerdo foram 28, sendo 13 com elevação e dor. Neste estudo,
utilizou-se a palpação como método diagnóstico para alterações de sensibilidade
muscular. O exame de palpação sobre a região onde o ponto gatilho está
presente, também sugere aumento da rigidez local, e isso foi notado durante a
preparação dos indivíduos para a avaliação deste estudo [5].
Após 2 atendimentos, a
evolução do limiar de sensibilidade muscular evidenciou diferença significativa
para o grupo G2 (laserterapia); e no grupo G1
(compressão isquêmica) a evolução da sensibilidade muscular não evidenciou
resultados significativos para o músculo trapézio superior, no qual, embora
tenha ocorrido redução da dor, esta não apresentou significância.
A dor é algo subjetivo,
precisa ser realizado pela descrição do paciente, costuma ser de difícil
precisão em relação às variáveis interferentes, como limiar individual,
percepção, aspectos emocionais e o incômodo de cada um. Com a intenção de
quantificar a intensidade da dor, existem algumas escalas confiáveis, como a
Escala Visual Analógica (EVA) que é de fácil aplicação e entendimento pelo
paciente [25].
De acordo com a escala
de EVA, todos os estudantes (100%) referiram dor, sendo a maioria dor de nível
7, escala essa que é quantificada de 0 a 10, onde mostra alto limiar de dor, sendo
subjetivo.
As técnicas de
compressão isquêmica é uma ampla fonte de pesquisa nas diversas áreas da saúde,
e suas ações nas diversas patologias ainda não estão bem esclarecidas. Neste
estudo buscou-se esclarecer a utilização de técnicas de compressão isquêmica,
no tratamento da dor em pacientes com contratura do músculo trapézio superior,
patologia extremamente comum nos consultórios de fisioterapia [26].
Conforme o estudo, a
aplicação das técnicas de compressão isquêmica foi positiva na normalização da
função do músculo trapézio, já em relação ao limiar de dor do paciente
mostrou-se menos efetiva que a técnica da laserterapia.
No grupo compressão isquêmica, o nível de dor na escala de EVA, antes da
aplicação foi o de 7 e logo após a aplicação, o nível de maior predominância
foi 2.
Acredita-se que os efeitos fisiológicos da compressão isquêmica se deve à
resposta hiperêmica após o período de compressão, a
qual restabelece o fluxo sanguíneo do tecido suprindo o oxigênio [27], e a
dessensibilização das fibras aferentes, conduzindo assim ao alívio da dor [28].
A principal meta da pressão digital (desativação de pontos gatilhos) é aliviar
a dor e rigidez dos nódulos. O aumento do fluxo sanguíneo e a permeabilidade da
membrana celular parecem aliviar a irritabilidade ocasionada pelos nódulos. A
expiração passiva ajuda o relaxamento muscular [29].
Podem-se observar os
benefícios do laser em relação à melhora da dor e a maleabilidade do tecido nos
pacientes acometidos por contratura do músculo trapézio, devido ao stress do
dia a dia, má postura e atividades repetitivas. No estudo foi comprovado que o
limiar de dor foi mais reduzido no grupo de laserterapia,
o nível de dor na escala de EVA, antes da aplicação foi o de 7 e logo após a
aplicação, o nível de maior predominância foi 1.
A laserterapia
de baixa potência apresenta o mecanismo de ação analgésica local, atuando
diretamente na redução da inflamação, favorecendo a eliminação de substâncias alogênicas, estimulando uma ação reflexa e levando à
produção de substâncias como a endorfina, no bloqueio da dor; assim, sanando
problemas como a microcirculação local e o aporte sanguíneo nas áreas com
tensão muscular [22].
Com base nos resultados
encontrados, comprova-se a necessidade de uma boa avaliação em pacientes com
dor de origem não traumática no músculo trapézio, com o objetivo de conduzi-lo
a uma melhor conduta, onde pontos gatilhos nessa região gera quadro de dor e
quadro clínico parecidos com outras etiologias, dificultando o diagnóstico e o
tratamento.
Diante deste estudo com
população, maioria mulheres, jovens, solteiras, estudantes acadêmicas, com
apresentação de pontos gatilho no músculo trapézio, foi possível avaliar as
técnicas e os benefícios proporcionados por ambos os métodos para o tratamento
desses pacientes acometidos. Houve melhora do aporte sanguíneo na área afetada
e o resultado obtido na intervenção com a laserterapia
teve um feedback mais positivo em comparação com a técnica de compressão isquêmica,
constatando-se a diminuição do limiar de dor e restabelecimento da normalidade
funcional local. O processo de reabilitação dependente do desenvolvimento de
parceria entre fisioterapeuta e paciente, baseada na confiança mútua e na troca
de informações, também foi positivo. A conduta não reside apenas no tratamento
dos pontos-gatilhos, mas também na identificação e modificação dos fatores
contribuintes, uma vez que estão relacionados aos aspectos biopsicossociais do
paciente. É importante estudos transversais sobre a temática e sugerem-se novas
pesquisas para comprovação e esclarecimento deste protocolo terapêutico.