REVISÃO
Efeitos
da autoliberação miofascial com foam
roller ou roller massager sobre a dor e a função musculoesquelética após
exercícios
Effects
of self-myofascial release with foam roller or roller massager on soreness and musculoskeletic function after exercises
Natiele Camponogara
Righi, Ft.**, Iago Balbinot,
Ft.*, Bruno Cesar Correa Arbiza*, Dhayan
Quevedo Ferrão*, Léo José Rubim
Neto*, Antônio Marcos Vargas da Silva, Ft. D.Sc.***,
Luis Ulisses Signori, Ft. D.Sc.***
*Discente
do Curso de Fisioterapia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa
Maria/RS, **Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Reabilitação Funcional da
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria/RS, ***Professor do
Programa de Pós-Graduação em Reabilitação Funcional da Universidade Federal de
Santa Maria (UFSM), Santa Maria/RS
Recebido em 19 de
dezembro de 2018; aceito em 17 de janeiro de 2019.
Endereço
para correspondência:
Luis Ulisses Signori, Universidade Federal de Santa Maria,
Centro de Ciências da Saúde, Departamento de Fisioterapia e Reabilitação, Av.
Roraima, 1000, Cidade Universitária, Camobi 97105-900
Santa Maria RS, E-mail: l.signori@hotmail.com; Natiele
Camponogara Righi:
natirighi@gmail.com; Iago Balbinot: iagobalbinot@hotmail.com;
Bruno Cesar Correa Arbiza: ftbrunocorrea@gmail.com; Dhayan Quevedo Ferrão: dhayan060899@gmail.com; Léo José
Rubim Neto: leojose01@hotmail.com; Antônio Marcos Vargas da Silva:
antonio.77@terra.com.br
Resumo
Introdução: A autoliberação
miofascial com o Foam Roller (FR)
ou Roller Massager (RM)
pode ser uma intervenção que favorece a recuperação após exercícios. Objetivo: Revisar de forma integrativa
os efeitos do FR ou RM sobre a dor e a funcionalidade musculoesquelética de
voluntários saudáveis após a realização de exercícios. Métodos: Revisão integrativa da literatura. A busca foi realizada
nas bases de dados Medline (PubMed),
Cochrane Library, Biblioteca Virtual em Saúde e PeDro,
sem restrições de ano de publicação ou idioma, através dos descritores em
inglês “Healthy Volunteers”;
“Exercise”; “Clinical Trial”; e das palavras-chave “Myofascial
Release”, “Foam Rolling”, “Roller
Massage”. Resultados:
Inicialmente a busca incluiu 84 estudos e posterior análise dos critérios de
elegibilidade foram incluídos apenas quatro estudos. Nestes estudos a
intervenção melhorou a percepção da dor e algumas variáveis funcionais, dentre
estas, a amplitude de movimento, força, resistência, velocidade de reação e a
potência após os exercícios. Conclusão:
Os estudos demonstram que o FR ou RM reduziram a dor e melhoram algumas
variáveis funcionais. No entanto, estes resultados ainda são inconsistentes
pelo baixo número de estudos, carecendo de maior investigação para aumentar o
nível de evidência e a aplicação da técnica nesta condição.
Palavras-chave: autoliberação
miofascial, exercício, foam roller,
voluntários saudáveis.
Abstract
Introduction:
Self-myofascial release with the Foam Roller (FR) or Roller Massager (RM) may
be an intervention that favors recovery after exercise. Objective: To review in an integrative way the effects of FR or RM
on pain and musculoskeletal function of healthy volunteers after exercise. Methods: Integrative literature review.
The study was performed in the databases Medline (PubMed), Cochrane Library,
Virtual Health Library and PeDro, without
restrictions of year of publication or language, through the English
descriptors "healthy volunteers"; "exercise";
"clinical trial"; and the key words "myofascial release",
"foam rolling", "roller massage". Results: Initially the search included 84 studies and subsequent
analysis of the eligibility criteria, only four studies were included. In these
studies, the intervention improved the perception of pain and some functional
variables, among them, the range of motion, strength, resistance, reaction
speed and power after exercise. Conclusion:
Studies show that FR or RM reduced pain and improved some functional variables.
However, these results are still inconsistent due to the low number of studies,
requiring further investigation to increase the level of evidence and the
application of the technique in this condition.
Key-words:
self-myofascial release, exercise, foam roller, healthy volunteers.
Os exercícios físicos
melhoram a saúde da população, pois reduzem a mortalidade e são recomendados
para prevenção e o tratamento de diversas patologias e disfunções orgânicas e
fisiológicas relacionadas ao sedentarismo [1]. Seus benefícios estão
relacionados à prática regular, que promove adaptações sistêmicas, dentre as
quais se destacam as cardiovasculares, pulmonares e neuromusculares [2,3].
Entretanto, os exercícios agudos em especial realizados em alta intensidade
levam a uma resposta inflamatória e ao dano muscular [4-6], que clinicamente se
manifesta pela dor muscular de início tardio e a diminuição da funcionalidade
[7].
A autoliberação
miofascial pode ser uma estratégia para o alívio da dor e a recuperação após a
realização dos exercícios [8]. A utilização da técnica do Foam Roller (FR) ou Roller Massager (RM) tem demonstrado melhorar a
amplitude de movimento (ADM) [9-11], a flexibilidade [12-14], a dor [15-18] e a
força da contração voluntária máxima [10]. No entanto, algumas variáveis
relacionadas à função muscular ainda apresentam resultados contraditórios
[17,19]. A autoliberação miofascial com uso do FR ou
RM são formas de automassagem, em que o indivíduo utiliza o peso corporal para
o rolamento (FR) sobre o rolo [17-19] ou o realiza manualmente, exercendo
pressão sobre o tecido muscular (RM) [11,16]. Os mecanismos para seus efeitos
ainda não estão bem esclarecidos, porém são comumente explicados por vias
neurofisiológicas e mecânicas, principalmente pela propriedade tixotrópica da fáscia [8,20].
Revisões sistemáticas
prévias [8,21] abordaram a utilização da autoliberação
miofascial com resultados favoráveis ao alívio da dor muscular e a melhora de
algumas variáveis funcionais, porém, em seus critérios de inclusão, não era
necessário ter um protocolo de exercícios anterior à intervenção. Devido ao
número reduzido de estudos, os quais não permitem a realização de uma revisão
sistemática, os objetivos do presente estudo foram revisar de forma integrativa
os efeitos do FR ou RM sobre a dor muscular e a funcionalidade musculoesquelética
de voluntários saudáveis após a realização de exercícios. Para norteá-lo,
formulou-se a seguinte questão: “A autoliberação
miofascial, por meio do uso do foam roller ou roller massager pode reduzir a dor muscular e melhorar a
funcionalidade musculoesquelética de indivíduos saudáveis após a realização de
exercícios físicos?”
A presente revisão
integrativa foi conduzida a partir das seguintes etapas: 1) Formulação da
questão de pesquisa; 2) Busca e seleção dos estudos; 3) Extração dos dados; 4)
Análise e discussão dos resultados dos estudos. A busca dos artigos científicos
foi realizada em dezembro de 2018, nas bases de dados Medline
(PubMed), Cochrane Library, Biblioteca Virtual em
Saúde e PeDro, sem restrição de ano de publicação ou
de idioma. Os critérios de elegibilidade incluíram ensaios clínicos que
avaliaram a utilização da autoliberação miofascial
com auxílio do FR ou RM sobre a dor muscular e a funcionalidade
musculoesquelética de voluntários saudáveis após a realização de exercícios. Os
estudos em que a intervenção fosse realizada apenas antes dos exercícios e
estudos que não realizassem algum protocolo de exercícios foram excluídos.
A estratégia de pesquisa
incluiu a combinação dos seguintes termos (Mesh):
“Myofascial Release’’; ‘‘Foam Rolling’’; ‘‘Roller Massage’’;
"Adult"[Mesh] OR “Adults”; "Healthy Volunteers"[Mesh] OR
“Healthy Volunteer” OR “Volunteer, Healthy” OR “Healthy Participants” OR
“Healthy Participant” OR “Participant, Healthy” OR “Participants, Healthy” OR
“Healthy Subjects” OR “Healthy Subject” OR “Subject, Healthy” OR “Subjects,
Healthy” OR “Human Volunteers” OR “Human Volunteer” OR “Volunteer, Human” OR
“Volunteers, Human” OR “Normal Volunteers” OR “Normal Volunteer” OR “Volunteer,
Normal” OR “Volunteers, Normal”; "Exercise"[Mesh] OR “Exercises” OR
“Physical Activity” OR “Activities, Physical” OR “Activity, Physical” OR
“Physical Activities” OR “Exercise, Physical” OR “Exercises, Physical” OR
“Physical Exercise” OR “Physical Exercises” OR “Acute Exercise” OR “Acute
Exercises” OR “Exercise, Acute” OR “Exercises, Acute” OR “Exercise, Isometric”
OR “Exercises, Isometric” OR “Isometric Exercises” OR “Isometric Exercise” OR
“Exercise, Aerobic” OR “Aerobic Exercise” OR “Aerobic Exercises” OR “Exercises,
Aerobic” OR “Exercise Training” OR “Exercise Trainings” OR “Training, Exercise”
OR “Trainings, Exercise”; clinical[Title/Abstract] AND trial[Title/Abstract])
OR clinical trials as topic[MeSH Terms] OR clinical
trial[Publication Type] OR random*[Title/Abstract] OR random allocation[MeSH Terms] OR therapeutic use[MeSH
Subheading].
Dois revisores
treinados (IB e NCR), de forma independente, avaliaram os estudos identificados
por título e resumo conforme os critérios de elegibilidade. Todos os resumos
que não forneceram informações suficientes sobre os critérios de inclusão foram
selecionados para a avaliação de texto completo. Posteriormente, os revisores
avaliaram, de forma independente, os textos completos dos estudos
potencialmente relevantes. As discrepâncias foram resolvidas através da
discussão e do consenso de um terceiro revisor (LUS).
A estratégia de
pesquisa identificou 84 estudos, excluindo duplicatas. Após a exclusão por
título e resumo, foram analisados 25 textos completos, dos quais 18 foram
excluídos por não realizarem protocolo de exercícios, dois por não apresentar
grupo controle e um por realizar a autoliberação
miofascial apenas antes dos exercícios. Ao final, foram incluídos quatro
estudos, como mostra a Figura 1. Salienta-se que o pequeno número de estudos
não permite a realização de uma revisão sistemática.
Figura 1 - Fluxograma do estudo.
As características dos
estudos incluídos estão apresentadas na Tabela I. As pesquisas sobre este tema
são recentes, pois os artigos publicados encontram-se entre os anos de 2014 e
2017. Esta revisão incluiu 80 indivíduos saudáveis, que foram alocados nos
grupos autoliberação miofascial com FR ou RM
pós-exercícios e/ou controle. Os estudos apresentaram design paralelo
[16,17,19] e crossover [16,18]. Os protocolos de exercícios consistiram em
10/10 agachamentos a 60% de 1RM [17,18], 10/10 deadlifts de duas pernas com um kettlebel [16] e
um protocolo de fadiga de curta duração composto por três saltos em contra
movimento consecutivos, 20s de step em uma caixa de
40cm a uma frequência de 220bpm e três agachamentos [19]. As intervenções de autoliberação miofascial com FR [17-19] ou RM [16]
consistiram de sessões de 20min [18], 10min [16] e 5min [17,19], realizadas na
musculatura dos membros inferiores.
Os voluntários
permaneceram passivos à intervenção, que foi padronizada para um ritmo
constante, no sentido distal-proximal da parte de trás da coxa, a uma
velocidade de 1 a 2s e pressão moderada. No estudo de MacDonald et al. [17], a
intervenção foi realizada 0h, 24h, 48h e 72h após o protocolo de exercícios e
consistiu em duas sessões de 60s, os indivíduos utilizaram o peso corporal sem
cadência padrão. Da mesma maneira, os voluntários do estudo de Pearcey et al.
[18] passaram por quatro momentos de intervenção (0h, 24h, 48h e 72h após o
protocolo de exercícios), com duração de 20 minutos (45s, 15s de descanso para
cada grupo muscular). Fleckenstein et al. [19]
randomizaram os voluntários em três grupos, FR prevenção (antes dos
exercícios), FR regeneração (após os exercícios) e controle. A intervenção teve
duração de 5min (30s para cada grupo muscular), com movimentos lentos a
pressões constantes entre a origem e a inserção do músculo. A velocidade foi
padronizada por um metrônomo mecânico (mudança de direção a cada toque do
dispositivo).
A dor muscular foi
avaliada através da escala visual analógica (EVA) [16,19], BS-11 Numerical Rating Scale
(NRS) [17] e pelo limiar de dor à pressão [16,18]. A funcionalidade
musculoesquelética foi analisada pela amplitude de movimento (ADM) [16,17],
pico de força contrátil, atraso eletromecânico, taxa de desenvolvimento de
força e meio tempo de relaxamento, ativação muscular voluntária central e
periférica, [17], força de contração voluntária máxima [17,19], velocidade de
reação (teste de 30m) [18], potência (teste do salto) [17,18], velocidade de
mudança de direção (T-test) [18], força e resistência
dinâmica [18] e índice de resistência reativa [19].
A autoliberação
miofascial reduziu a percepção da dor (0min, 10min, 30min e 60min após a
intervenção) [16] (24h, 48h e 72h após o protocolo de exercícios) [17] e
aumentou o limiar de dor à pressão (0min, 10min, 30min; 0min, 10min, 30min e
60min após a intervenção) [16] (24h e 48h após o protocolo de exercícios) [17]
quando comparada ao grupo controle [16-18] e ao membro controle [16]. Ainda,
melhorou o limiar de dor à pressão 24h e 48h após os exercícios [18].
Entretanto, Fleckenstein et al. [19] não observaram diferença nesta variável.
O
FR demostrou efeitos
benéficos no aumento da ADM de flexão de quadril [16] e
joelho [17] (10min após
a intervenção) em comparação ao grupo
controle. A ADM passiva de quadríceps
aumentou 48h e 72h após o protocolo de exercícios e nos
isquiotibiais aumentou
apenas 72h após. Já a ADM dinâmica dos
músculos isquiotibiais aumentou 24h após
os exercícios [17]. Corroborando esses resultados, estudo
prévio demonstrou
melhora na força, resistência dinâmica, velocidade
de reação e potência
muscular (desempenho em salto) 24h e 72h após os
exercícios [18]. A intervenção
melhorou a força de contração, a velocidade de
reação (duração do atraso
eletromecânico), a taxa de desenvolvimento de força e o
pico de força contrátil
entre 24h e 72h [17]. Entretanto, não alterou a
circunferência da coxa, o meio
tempo de relaxamento, a contração voluntária
máxima [17], a velocidade de
mudança de direção [18], a força de
contração voluntária máxima [17,19] e o
índice de resistência reativa [19].
Tabela I - Características dos estudos incluídos.
H = homens; ER =
exercício resistido; FAST-FP = functional agility short-term fatigue protocol; FR = Foam Roller; s = segundos; ADM = amplitude de movimento; 1 =
pico de força contrátil, atraso eletromecânico, taxa de desenvolvimento de
força e meio tempo de relaxamento; 2 = força de contração voluntária máxima,
ativação muscular voluntária central e periférica e salto vertical.
A presente revisão
integrativa incluiu apenas quatro ensaios clínicos randomizados, que avaliaram
a eficácia da autoliberação
miofascial com o uso do
FR ou RM sobre a dor muscular e a funcionalidade
musculoesquelética de
voluntários saudáveis após a
realização de exercícios. Destes estudos,
três [17-19]
utilizaram o FR e um [16] utilizou o RM. Ambos os instrumentos
demonstram ter
efeitos favoráveis na redução da dor [16-18] e no
aumento da ADM [16,17,22].
Entretanto, a descrição da técnica utilizada
é bastante variada, não havendo um
consenso sobre os parâmetros para a intervenção
[21].
MacDonald et al. [17] e Pearcey et al. [18] realizaram a
intervenção 0h, 24h, 48h e 72h após o protocolo de exercícios. Nos estudos de
Jay et al. [16] e Fleckenstein
et al. [19], a intervenção foi
realizada apenas uma vez, aproximadamente 48h após o protocolo de exercícios e
imediatamente após o protocolo de fadiga, respectivamente. Nos estudos que
fizeram uso do FR para auxiliar a autoliberação
miofascial [17-19], o peso corporal do indivíduo foi utilizado para o
rolamento. No estudo que empregou a técnica do RM [16], os voluntários
permaneceram passivos à intervenção, o que já foi demonstrado previamente [11].
A duração das
intervenções e a musculatura tratada apresentaram uma grande variação. No
estudo de Fleckenstein et al. [19], a autoliberação miofascial
foi feita nos músculos extensores do joelho, isquiotibiais, adutores,
musculatura da panturrilha e o trato iliotibial, por
um período de 5min (30s para cada grupo muscular). Pearcy
et al. [18] realizaram a intervenção
na musculatura do quadríceps, adutores, isquiotibiais, iliotibiais
e glúteos, por 20 minutos (45s, 15s de descanso para cada grupo muscular).
MacDonald et al. [17] avaliaram os
principais grupos musculares do aspecto anterior, lateral, posterior e medial
da coxa, juntamente com os músculos glúteos, após cinco exercícios de 60s cada,
realizados duas vezes. Os voluntários do estudo de Jay et al. [16] receberam a
intervenção somente nos músculos isquiotibiais, por um período de 10min. Em
parte, a variação da musculara tratada se deve a grande variação dos protocolos
de exercícios, mas todos os estudos avaliaram e trataram o membro inferior.
Estudo prévio [11]
comparou os efeitos do RM realizado por 5s e 10s (1 e 2 sessões) e observou que
a melhora da ADM está relacionada ao maior tempo de intervenção (2 sessões de
10s). Bradbury-Squires et al. [14] compararam sessões de 20s e 60s de RM e observaram que
com tempos de aplicação maiores que 20s os voluntários apresentaram maior
percepção de dor. Por outro lado, a utilização do FR para o auxílio da autoliberação miofascial tem demonstrado resultados
positivos com intervenções de 60s [15].
A percepção da dor e o
limiar de dor à pressão [16-18] apresentaram melhores resultados no grupo que
realizou a autoliberação miofascial em relação ao
grupo controle, porém esse resultado favorável não foi confirmado pelos
resultados Fleckenstein et al. [19]. A autoliberação miofascial
apresentou resultados semelhantes à mobilização neurodinâmica[15]
na redução da percepção de dor após
protocolo de exercícios excêntricos. A
comparação da realização da automassagem
com FR guiada por vídeo em relação à
automassagem instruída ao vivo e autoguiada apresentaram
resultados semelhantes
no limiar de dor à pressão e no aumento da ADM de
flexão de joelho [9]. Nos
estudos incluídos, a aplicação do FR e do RM
também melhorou a ADM [16,17],
como já demonstrado em estudos anteriores [11,23], assim como a
associação da autoliberação miofascial com o alongamento [13].
Salienta-se que algumas
variáveis relacionadas à funcionalidade musculoesquelética não apresentaram
diferença entre os grupos autoliberação miofascial e
controle passivo, como a contração voluntária máxima [17], velocidade de
mudança de direção [18] e força de contração voluntária máxima [17,19].
Nesta revisão
integrativa, os quatro estudos incluídos [16-19] relatam que os participantes
foram randomizados, mas apenas no estudo de Fleckenstein
et al. [19] está descrito como foi
feita esta randomização (random.org). Salienta-se ainda que apenas um estudo
[16] descreveu que o examinador foi mantido cego à atribuição dos sujeitos para
os grupos durante o estudo e que os voluntários foram instruídos a não revelar
a intervenção recebida. As pesquisas relacionadas ao uso do FR e do RM para a autoliberação miofascial após protocolos de exercícios
ainda são escassas e o número reduzido e a qualidade dos estudos incluídos são
limitações desta revisão integrativa.
A autoliberação
miofascial com auxílio do FR ou RM reduziu a dor, melhorou a ADM, o desempenho
no salto e a velocidade de arrancada. Dessa forma, com base nos resultados
encontrados, mais estudos com melhor qualidade metodológica, que avaliem os
efeitos da autoliberação miofascial com uso do FR ou
RM após protocolos de exercícios são necessários, a fim de estabelecer
parâmetros mais eficazes da técnica para a aplicação desta intervenção nesta
condição e, assim, estabelecer os reais efeitos da sua utilização.