RELATO DE
CASO
Uso da micropigmentação como método de camuflagem para cicatriz de
estrias
Use
of micropigmentation as a camouflage method for stretch mark scarring
Deise Mirian
Guimarães*, Francielle de Oliveira Lima*, Katley Adriele Laurencio
de Carvalho*, Kamilla Alves de Sousa*, Keila de Souza
Ferreira*, Maria Izabel Maciel Pereira*, Nara Santos Neves*, Valeria Alves dos
Santos Resende*, Paula Lima Bosi**
*Tecnóloga
em Estética e Cosmética Centro Universitário UNA, **Mestre em Fisioterapia
UFSCar, Docente do Centro Universitário UNA
Recebido 5 de janeiro
de 2019; aceito 15 de maio de 2019.
Correspondência: Deise Mirian
Guimarães: deisemirian@hotmail.com; Francielle de
Oliveira Lima: francieleol28@gmail.com; Katley
Adriele Laurencio de Carvalho: katadriele@gmail.com; Kamilla Alves
de Sousa: kamilla.alves.sousa@gmail.com; Keila de Souza Ferreira:
keila.desouzaferreira@yahoo.com; Maria Izabel Maciel Pereira:
izabelmacielpereira@gmail.com; Nara Santos Neves: narasantos800@gmail.com;
Valeria Alves dos Santos Resende: valeriasresende@gmail.com; Paula Lima Bosi:
plimab@gmail.com
Resumo
As estrias são atrofias
cutâneas lineares derivadas de um processo cicatricial. Elas se formam quando a
tensão do tecido provoca uma lesão do conectivo dérmico, ocasionando uma
dilaceração das malhas, gerando a perda da elasticidade e da compactação. A micropigmentação, também conhecida como dermopigmentação,
dermografia, dermatografia
ou tatuagem é uma técnica que consiste em um procedimento minimamente invasivo,
utilizado para implantar pigmento na camada subepidérmica, para corrigir
pequenas anormalidades ou para fins estéticos. O objetivo deste trabalho foi
verificar a eficácia da camuflagem de cicatrizes de estrias por meio da micropigmentação. Após aplicação da sessão de micropigmentação foi verificado melhora da aparência das
estrias na voluntária que seguiu corretamente as orientações.
Palavras-chave: estrias de distensão,
tatuagem, equipamentos para estética.
Abstract
Striae
are linear cutaneous atrophies derived from a cicatricial process, they are
formed when the tissue tension causes a lesion of the dermal connective,
causing a tear of the meshes, generating the loss of elasticity and compression
causing an injury. Micropigmentation, or also known as dermopigmentation,
dermography, dermatography,
or tattooing is a technique that consists of a minimally invasive procedure,
used to implant pigment in the subepidermal layer, to correct small
abnormalities or for aesthetic purposes. The objective of this case study was
to verify the efficacy of the camouflage of scars by micropigmentation. After
application of the micropigmentation session, it was verified an improvement in
the appearance of the striae in the volunteer who followed the guidelines
correctly.
Key-words: striae, tattoing, esthetics equipment.
As estrias são atrofias
cutâneas lineares derivadas de um processo cicatricial, as mesmas se formam
quando a tensão do tecido provoca uma lesão do conectivo dérmico, ocasionando
uma dilaceração das malhas, gerando a perda da elasticidade e da compactação
ocasionando em uma lesão [1].
As estrias são causadas
por uma atrofia tegumentar adquirida de aspecto linear de um ou mais milímetros
de largura, perpendicularmente às linhas de fenda da pele, indicando um
desequilíbrio elástico localizado, portanto, uma lesão da pele. São ditas
atróficas, pois são causadas pela ruptura das fibras colágenas e elásticas da
pele, e perda da coloração no local. [2]
Os estrogênios causam a
elevação da taxa de ácido hialurônico, de condroitinossulfatos
e de corticoides fluorados tornando a pele mais susceptível a trações cutâneas.
O surgimento dos sintomas iniciais varia, sendo que os primeiros sinais
clínicos podem ser caracterizados por prurido, dor em alguns casos e erupção papular e levemente eritematosa. As estrias são denominadas
na fase inicial de rubras (striae rubrae),
na fase seguinte, onde o processo de formação já está praticamente
estabelecido, as lesões tornam-se esbranquiçadas, quase nacaradas, sendo denominadas
de estria alba (striae albae).
Suas formas são variadas, podendo ser retilíneas, curvilíneas ou em ziguezague
e a extensão pode variar de um a dois centímetros, podendo chegar até uns cinco
centímetros de largura. A cor, normalmente, é caracterizada de acordo com o
período de instauração, quanto mais avermelhadas, mais recentes, e quanto mais
esbranquiçadas, mais antigas [3].
A estria evolui
clinicamente em estágios semelhantes à formação de uma cicatriz: as lesões
iniciais são ativas, caracterizadas por eritema e nenhuma aparente depressão de
sua superfície, gradualmente a cor vai diminuindo e as lesões ficam mais claras
que a pele normal. É possível que a aparência inicial, com hiperemia e edema
seja decorrente de respostas inflamatórias associadas à vasodilatação que vai
progressivamente diminuindo, dando lugar a uma lesão atrófica. Quanto à
localização das estrias, pode-se observar uma incidência maior nas regiões que
apresentam alterações teciduais como glúteos, seios, abdômen, coxas, região lombosacral, que é muito comum em homens, podendo ocorrer
também em regiões pouco comuns, como fossa poplítea, tórax, região ilíaca,
antebraço, porção anterior do cotovelo [4]
A patogênese das
estrias é desconhecida, mas provavelmente está relacionada a alterações nos
componentes da matriz extracelular, incluindo fibrilina,
elastina e colágeno. Tem havido ênfase nos efeitos da distensão da pele na
patogênese das estrias, pois as lesões são perpendiculares uma as outras. Um
possível papel dos glicocorticóides na patogênese das
estrias tem sido sugerido devido ao aumento dos níveis de hormônios esteróides e outros metabólitos encontrados em pacientes
que exibem estrias. Existem estudos que sugerem o papel dos fibroblastos na
patogênese das estrias.
Comparado aos
fibroblastos normais, a expressão de fibronectina e
do procolágeno tipo I e tipo III foi
significativamente reduzida nos fibroblastos das estrias, sugerindo que existe
uma aberração fundamental do metabolismo dos fibroblastos nas estrias distensivas.[5]
O processo de formação
das estrias se dá incialmente por um estiramento da pele por motivos diversos,
esse estiramento da pele irá ocasionar na liberação de citocinas inflamatórias
(IL-1alfa). Essas citocinas vão gerar a ativação de uma enzima chamada PRO-MMP9
que é uma enzima proteolítica que degrada colágenos tipo IV e VII. Com o
rompimento do colágeno irá ocorrer um processo inflamatório onde posteriormente
o tecido irá sofrer um processo de remodelamento a gerar uma cicatriz atrófica
que é a estria [6].
O objetivo do
tratamento é reduzir a vermelhidão, o inchaço e a irritação nas estrias rubras
e aumentar a produção de colágeno e fibras elásticas, melhorar a hidratação e
reduzir a inflamação nas estrias albas [7].
A micropigmentação
pode ser uma grande solução para recuperar a autoestima de pessoas que sofrem
com as discromias ou anormalidades da cor da pele, já
que os resultados tem sido bastante satisfatórios para
uma transparência e uma melhora significativa no aspecto da região acometida
[8].
Para realização do
procedimento de micropigmentação, o profissional deve
ser devidamente capacitado através de conhecimento e treinamento profissional
na área. Como todo tratamento estético devem ser usados os equipamentos de
proteção individual e do paciente [9].
O aparelho de utilizado
para esse procedimento é o dermógrafo que consiste em
um motor que confere movimento a um conjunto de agulhas não perfuradas e
descartáveis, podendo variar de 1 a 14 agulhas dependendo do caso e dá área a
ser tratada. No processo de camuflagem das estrias as agulhas circulares de 3
pontas ou lineares de 5 pontas, que irão fazer movimentos rotativos que realiza
a camuflagem das estrias com a deposição de pigmento não delimitando a extensão
de contorno. Neste procedimento o pigmento e introduzidos na fermentação pelo
movimento dá agulha com profundidade de 0,5 a 2 mm, conforme a espessura dá
derme. Para amenizar o desconforto em caso de dor em pacientes mais sensíveis,
pode ser usa um anestésico tópico a base de lidocaína a 5% em base de gel e uma
prévia esfoliação física para penetração do mesmo [8].
Foram selecionadas duas
voluntárias, com idade de 25 e 34 anos, com o fototipo
de pele III, de acordo com a Classificação de fototipos
cutâneos de Fitzpatrick.
Como método de seleção
para a aplicação da técnica, foi realizada a avaliação para verificação dedas
cicatrizes albas, sem procedência a queloide, cicatriz hipertróficas, gestação
e diabetes, e sem histórico de tratamento anterior.
Foi selecionada as
estrias da região superior na lateral da coxa, por um quadrante de 10x10 cm. A
distância da região a ser tratada da câmera foi de 30 cm. As imagens foram
realizadas no laboratório de Estética e Cosmética do Centro universitário UNA.
Posteriormente,
realizou-se a aplicação do pigmento preparado, com o demógrafo acoplado com a
agulha de 5 pontas linear, sobre a pele com pressão mínima e movimentos de
velocidade média a alta até a observação da pigmentação respeitando o
aparecimento de petéquias.
Foi realizada uma
sessão de micropigmentação. O aparelho utilizado para
o procedimento foi Dermomag Júnior. Realizou-se a
escolha da cor dos pigmentos de acordo com o tom da pele das modelos,
previamente sobre o plano superficial sendo avaliado a olho nu, o pigmento
usado foi de natureza inorgânica mineral Marca Meicha,
o mesmo não possui restrições ou histórico de efeitos colaterais.
Após a aplicação foi
orientado não se expor ao sol, utilizar vestuário apropriado para não causar
atrito e não utilizar nenhum cosmético no período de cicatrização.
As duas voluntárias
foram avaliadas antes e após 30 dias da aplicação de micropigmentação.
Foto1: modelo 1, antes.
Figura 1 - Quadrante demarcado na voluntária 1 antes da aplicação de micropigmentação.
Figura 2 - Quadrante demarcado na voluntária 1 após a aplicação de micropigmentação.
Identificou-se certa
pigmentação, a pele da modelo em questão expeliu a maior parte do pigmento,
notou-se uma boa cicatrização após a aplicação.
Figura 3 - Quadrante demarcado na voluntária 2 antes da aplicação de micropigmentação.
Figura 4 - Quadrante demarcado na voluntária 2 após a aplicação de micropigmentação.
A voluntária 2 sofreu
hiperpigmentação na região tratada, durante o processo de cicatrização a mesma
usou calças que causaram atrito durante o processo de cicatrização, o que
possivelmente auxiliou no estimulo de melanina durante o processo cicatricial.
A estria é um problema
cosmético muito desafiador. Várias modalidades de tratamento foram tentadas.
Embora as estratégias terapêuticas sejam numerosas, não há tratamento que
melhore consistentemente a aparência das estrias e seja seguro para todos os
tipos de pele. [10]
Em 2015, Souza [11]
definiu a micropigmentação paramédica como uma técnica
onde uma equipe multiprofissional composta pelo tecnólogo em estética,
fisioterapeuta e o médico com especialização em micropigmentação
desenvolve um novo desenho da aréola. Esta técnica é considerada paramédica
pelo fato de reconstruir uma parte importante do corpo da mulher.
Baseado na literatura
estima-se que a espessura entre a epiderme e a derme superficial varia a cada
tipo de pele e região do corpo entre 0,5 a 1,5 mm [12].
Para melhorar os
sintomas da estria, vários métodos já foram relatados anteriormente, como o uso
de tratamentos tópicos, incluindo tretinoína, cremes
e óleos e terapias a laser (laser corante pulsado de 585 nm)
para aumentar a produção de colágeno, a proliferação celular e a hidratação da
pele. Tem sido relatado que tratamentos tópicos com tretinoína
e ácido glicólico são benéficos apenas no estágio inicial (rubra) de estria,
enquanto a laserterapia é efetiva para o estágio
tardio (alba) de estria. A micropigmentação de
estrias surge como uma nova alternativa para melhorar a aparência das estrias.
[13]
A partir desse
pressuposto, entendeu-se neste estudo que a escolha do tamanho da agulha a ser
penetrada na pele para uma melhor performance do resultado, seria de acordo com
essa proporção. E que o pigmento a ser selecionado torna-se então um fator
variável a cada atendimento, adequando a cor que irá ser usada, ao tom mais
próximo da pele, partindo dos princípios de colorimetria,
e do conhecimento do profissional.
Segundo Brandão [8] o
pigmento deve ser colocado na camada mais superficial da derme, pois
verificou-se que, o pigmento depositado apenas na epiderme foi eliminado com o
processo de renovação celular pela mitose das células da camada basal em poucos
dias. Foi verificado também neste trabalho, que após a cicatrização % do
pigmento depositado na 1°sessão foi eliminado. Pode ocorrer mudança de cor, por
oxidação do pigmento e pela absorção e remoção de componentes solúveis pelo
sistema linfático. De acordo com estes fatos, concluiu-se que os retoques ou a
reaplicação serão necessários para garantia de melhores resultados.
Este fato também pode
ser observado em nosso estudo. Foi observado nas primeiras semanas após a
prática, uma perda quase completa do pigmento depositado por uma inserção um
tanto superficial, e minimamente notou-se mudança de cor da área trabalhada por
pigmento inserido mais profundamente na derme, pois a espessura da pele pode
variar. Por esse motivo o controle manual da profundidade da agulha passando
por toda a área a ser tratada, pela sensação de resistência da pele torna essa
prática uma habilidade muito difícil exigindo uma experiência considerável para
o domínio dessa função [14].
Concluímos que a micropigmentação de estrias pode ser utilizada como métodos
de tratamento de estrias, porém cuidados devem ser tomados no pós-procedimento
para que efeitos adversos não ocorram.