ARTIGO
ORIGINAL
Avaliação
dos níveis de ansiedade, estresse e qualidade de vida em acadêmicos de
Fisioterapia
Evaluation of the levels of anxiety, stress and
quality of life in Physical Therapy students
Katlyn Laury
Fernandes Costa*, Lorena de Oliveira Simões*, Natã Filipe Lima Souza*, Victória
Stefanie Marques Andrade*, Carolina Marques Carvalho
Mitre Chaves, M.Sc.**, Renata Antunes Lopes, D.Sc.**
*Graduado
Curso de Fisioterapia da Universidade de Itaúna (UI),
Itaúna/MG, **Curso de Fisioterapia da Universidade de
Itaúna (UI), Itaúna/MG
Recebido em 8 de
janeiro de 2019; aceito em 5 de agosto de 2019.
Correspondência: Renata Antunes Lopes,
Universidade de Itaúna, Itaúna MG
Renata Antunes Lopes:
renataaa87@hotmail.com
Katlyn Laury
Fernandes Costa: contatokatlynfernandes@gmail.com
Lorena de Oliveira
Simões: lorena_osimoes@outlook.com
Natã
Souza: reversonata@hotmail.com
Victória
Stefanie Marques Andrade: victoria_stefanie@hotmail.com
Carolina Marques
Carvalho Mitre Chaves: carolinamchaves@uol.com.br
Resumo
Introdução: No âmbito acadêmico,
os universitários, especialmente da área da saúde, estão expostos a diversas
situações estressantes que podem afetar diretamente sua qualidade de vida. Objetivo: Caracterizar a qualidade de
vida, ansiedade e estresse bem como a associação entre esses fatores em
acadêmicos do curso de Fisioterapia da Universidade de Itaúna. Métodos: Foram convidados para o estudo
todos os alunos matriculados no curso de fisioterapia da Universidade de
Itaúna. Para avaliação foi utilizado um questionário sociodemográfico, o Medical Outcomes Study 36 (SF-36) e as escalas IDATE-traço, IDATE-estado
e Escala de Percepção de Estresse – 10 (ESP-10). Resultados: Entre os 227 acadêmicos, a média de estresse foi de
23,53 (± 6,63), qualidade de vida no domínio físico 68,51 (± 18,29) e o mental,
55,17 ± 23,01. Os níveis de ansiedade variaram entre moderado e alto. Conclusão: Os graduandos de fisioterapia
apresentam sintomas de estresse e ansiedade que podem influenciar diretamente
na qualidade de vida.
Palavras-chave: esgotamento
psicológico, ansiedade, qualidade de vida, estudantes.
Abstract
Introduction:
Academic students, especially in health care, are exposed to various stressful
situations that can directly affect their quality of life. Objective: To characterize the quality of life, anxiety and stress
as well as the association between these factors in the academic course of
physical therapy at the University of Itaúna. Methods: All students enrolled in the
course of physical therapy at the University of Itaúna
were invited to the study. For evaluation we used a demographic questionnaire,
the Medical Outcomes Study-Short Form 36 (SF-36) and the scales trait (STAI-T),
state (STAI-S) and Perceived Stress Scale - PSS-10. Results: Among the 227 academics, the average stress was 23.53 ±
6.63 points, quality of life in the physical domain 68.51 ± 18.29 points and
mental, 55.17 ± 23.01. Anxiety levels ranged between moderate and high. Conclusion: The physical therapy
students present symptoms of stress and anxiety and these can influence
directly on the quality of life.
Key-words: burnout,
anxiety, quality of life, students.
No decorrer do ensino
superior, estudantes universitários sofrem por diversas situações estressantes
como redução do tempo para lazer, sono e repouso, necessidade de conciliar
estudo e trabalho, má alimentação, sedentarismo, exigências no desempenho
acadêmico, dificuldades financeiras, busca por estágio e socialização [1]. Além
disso, durante a vida acadêmica, especialmente na área de saúde, os jovens
podem ter que sair de sua cidade, morar sozinhos e lidar com a pressão
psicológica de se recuperar de eventos complexos estando em contato constante
com o processo de saúde, doença e morte. Nesse contexto, deve-se levar em conta
a importância de manter a boa saúde desses futuros profissionais, tendo em
vista que uma de suas funções é voltada para a promoção do bem-estar, superação
de agravos de saúde e manutenção da qualidade de vida [2].
Segundo a Organização
Mundial da Saúde (OMS), qualidade de vida (QV) é definida como a “percepção do
indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores
nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões,
preocupações e desejos”. Alguns autores corroboraram a definição proposta pela
OMS ao afirmarem ser a QV uma combinação de condições objetivas, avaliação
subjetiva e valores pessoais associados a domínios como bem-estar físico,
material, emocional, espiritual e social e à influência externa [3-6].
De maneira genérica,
pode-se dividir a qualidade de vida em aspectos mentais e físicos. No âmbito
mental da qualidade de vida, a ansiedade e o estresse emergem como condições
frequentes na população nos tempos atuais. Podendo definir-se como uma emoção
acompanhada por inquietações, preocupações e subsequentes mudanças físicas.
[2]. A reação que o indivíduo apresenta em determinados momentos dificulta o
desempenho do mesmo durante suas tarefas e consequentemente as incumbências que
serão realizadas sucessivamente, como por exemplo, a realização de provas ou
até mesmo situações normais do dia a dia [7]. O estresse é um processo
psicológico que se dá por fatores variáveis de aspectos cognitivos, resultando
da perspectiva que o indivíduo tem em relação à situação que está vivenciando
[8]. De acordo com dados da OMS, o estresse atinge 90% da população mundial e
desencadeia respostas fisiológicas, cognitivas e comportamentais [6]
Tendo em vista que a população de estudantes
universitários tem crescido nos últimos anos, é necessário o monitoramento
preciso da sua saúde e de fatores que podem interferir no seu desempenho
acadêmico e na sua vida profissional futura [9]. Assim, considerando que o ser
humano é biopsicossocial, que os fatores psicossociais podem influenciar na
saúde e na funcionalidade e que os estudantes estão expostos a demandas
importantes para si e para os outros, torna-se importante investigar a
qualidade de vida, níveis de ansiedade e estresse dessa população durante o
período de formação acadêmica.
Objetivo
Caracterizar a
qualidade de vida, ansiedade e estresse bem como a associação entre esses
fatores em acadêmicos do curso de Fisioterapia da Universidade de Itaúna.
Trata-se de um estudo
observacional transversal. Foram convidados a participar, 245 acadêmicos do
curso de Fisioterapia, matriculados na Universidade de Itaúna. Destes, 18 não
estavam presentes no dia da aplicação ou se recusaram a participar, gerando uma
amostra final de 227 indivíduos.
O projeto de pesquisa
foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade de Itaúna mediante parecer nº
007889/2018. Todos os participantes leram e assinaram o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido.
Os dados foram
coletados pelos pesquisadores previamente treinados durante o período de aula
com cuidado para que não atrapalhasse o cronograma de ensino.
Foi aplicado
primeiramente um questionário sociodemográfico para caracterização da amostra,
contendo dados como nome, idade e estado civil. Os acadêmicos eram questionados
sobre o período do curso, se estudavam e trabalhavam e local de trabalho, se
possuíam bolsa de estudo e o nível de satisfação com a área escolhida para
cursar. Posteriomente, seguiu-se a aplicação dos
questionários de ansiedade, estresse e qualidade de vida.
O Inventário de
Ansiedade Traço-Estado (IDATE) foi traduzido e validado para o Brasil por
Biaggio et al. [10]. O instrumento
faz distinção entre estado e traço de ansiedade. Sendo estado, referente a uma
condição emocional transitória, que podem variar em intensidade ao longo do
tempo, e traço se referindo a uma disposição pessoal, relativamente estável, a
responder com ansiedade a situações estressantes. É composto por duas escalas
distintas de autorrelato para medir os conceitos de
ansiedade, consistindo de 20 afirmações em cada. Na escala de traço requer que
os sujeitos descrevam como geralmente se sentem e na escala de estado como se
sentem num determinado momento, considerando baixo estado ansioso pontuações
finais de 20 a 30 pontos, médio estado ansioso de 31 a 49 pontos e alto estado
ansioso acima de 50 pontos. O instrumento apresenta boa validade e
fidedignidade na população brasileira, tendo consistência interna A-estado (masculino: 0,93 e feminino: 0,88) e A-traço (masculino: 0,93 e feminino: 0,87) [10].
Para avaliação da
qualidade de vida foi aplicado o Medical Outcomes Study-Short Form-36
(SF-36), traduzido e validado para a língua portuguesa, por Ciconelli
et al. [11]. É um instrumento de
avaliação de qualidade de vida de fácil manejo e compreensão, podendo ser
utilizado na população em geral com idade igual ou superior a 14 anos. É
formado por 36 itens, englobados em 2 componentes subdivididos em 8 domínios. O
componente físico inclui: capacidade funcional, aspectos físicos, dor, estado
geral de saúde. O componente mental inclui: saúde mental, aspecto emocional,
aspecto social e vitalidade. Apresenta escore final de 0 a 100, no qual zero
equivale a pior estado de saúde e 100 o melhor estado de saúde. O SF-36 foi
adequado às condições socioeconômicas e culturais da população brasileira,
assim como a confirmação de sua validade com níveis de reprodutibilidade intra e interobservadores de
0,4426< r < 0,8468 e 0,5542 < r < 0,810 sendo estatisticamente
significativos, tornando assim esta ferramenta um elemento adicional e
proficiente durante estudos [11].
A Escala de Percepção
de Estresse (EPS-10) é o instrumento breve mais utilizado para avaliar a
percepção do estresse [12]. Desenvolvida por Cohen et al. [13], avalia a concepção do indivíduo sobre o quão imprevistos e incontroláveis lhe parecem os eventos
de vida, podendo ser utilizada na população geral com ensino fundamental
completo. O instrumento é composto por 10 itens, sendo seis positivos e quatro
negativos, respondidos em uma escala tipo Likert de
frequência, variando de “Nunca” a “Sempre” [13]. A versão utilizada foi
traduzida e adaptada para o português brasileiro por Luft et al. [14] e apresentou níveis adequados de validade e
consistência interna (α = 0,80) [12].
A descrição da amostra
foi realizada por medidas de tendência central e variabilidade (media e
desvio-padrão) e frequência absoluta e relativa para variáveis categóricas.
Para analisar a
distribuição dos dados, o teste de normalidade dos dados Kolmogorov-Smirnov
foi conduzido. O coeficiente de Spearman foi usado
para verificar a correlação entre ansiedade (traço e estado) e estresse com
qualidade de vida (aspect físico e mental),
considerando a distribuição não-normal.
A associação entre
qualidade de vida (aspect físico e mental) e as
variáveis independentes foi avaliada pela análise de regressão linear múltipla.
Para modelos de
regressão linear múltipla, de acordo com critérios teóricos, foram incluídas
inicialmente as variáveis independents:
ansiedade-traço, ansiedade-estado e estresse. A inclusão dessas variáveis no modelos de regressão foi definida por critérios
estatísticos com inclusão das variáveis independentes que correlacionaram
significativamente com o desfecho com p < 0,2. No método Backward,
a contribuição das variáveis independentes foi identificada.
O número de variáveis
selecionadas para a regressão foi apropriado ao tamanho da amostra considerando
a equação 10 x (k + 1), onde k é o número de variáveis independentes. Assim,
seriam necessários 40 participantes para a análise. Todas as análises foram
realizadas utilizando o Statistical Package for
Social Sciences (SPSS) para Windows (Versão 17.0)
e o nível de significância adotado foi de 5%.
Fizeram parte do estudo
227 acadêmicos com média de idade de 21,11 ± 3,36 anos. As características da
amostra estão descritas na tabela I.
Tabela I - Descrições gerais sociodemográficas da amostra.
A média de estresse foi
de 23,53 ± 6,63 pontos. Os níveis de ansiedade pelo IDATE-traço e IDATE-estado
estão expostos gráficos 2 e 3.
Os níveis de estresse e
de ansiedade também foram verificados por período do curso conforme exposto nos
gráficos 1, 2 e 3.
1
– 1º período; 2 – 2º
período; 3 – 3º período; 4 – 4º
período; 5 – 5º período; 6 – 6º
período; 7 – 7º
período; 8 – 8º período
Gráfico 1
- Resultado por período do questionário EPS-10
para avaliação de níveis de estresse.
1
– 1º período; 2 – 2º
período; 3 – 3º período; 4 – 4º
período; 5 – 5º período; 6 – 6º
período; 7 –
7º período; 8 – 8º
período
Gráfico 2 - Resultado por período do questionário Idate-Estado
para avaliação dos níveis de ansiedade.
1
– 1º período; 2 – 2º
período; 3 – 3º período; 4 – 4º
período; 5 – 5º período; 6 – 6º
período; 7 – 7º
período; 8 – 8º período
Gráfico 3 - Resultado por período do questionário Idate-Traço
para avaliação dos níveis de ansiedade.
Em relação à qualidade
de vida, o domínio físico obteve média de 68,51 ± 18,29 pontos e o mental,
55,17 ± 23,01 na amostra total.
A pontuação dos domínios
físico e mental também foram demonstradas por período do curso conforme exposto
nos gráficos 4 e 5.
1
– 1º período; 2 – 2º
período; 3 – 3º período; 4 – 4º
período; 5 – 5º período; 6 – 6º
período; 7 –
7º período; 8 – 8º
período
Gráfico 4 - Aspecto físico da qualidade de vida mensurada pelo SF-36.
1
– 1º período; 2 – 2º
período; 3 – 3º período; 4 – 4º
período; 5 – 5º período; 6 – 6º
período; 7 –
7º período; 8 – 8º
período
Gráfico 5 - Aspecto mental da qualidade de vida mensurada pelo SF-36.
A análise de regressão
demonstrou que o estresse está associado à qualidade de vida, contribuindo para
20% do aspecto físico e 46% do aspecto mental, conforme consta nas tabela II e III.
Tabela II – Associação entre aspecto físico da qualidade de vida e variáveis de
desfecho.
**Correlação
significativa com variável de desfecho; †Associação significativa com variável
de desfecho no modelo final; EEP = Escala de Estresse Percebido.
Tabela
III – Associação entre aspecto mental da qualidade
de vida e variáveis de desfecho.
**Correlação
significativa com variável de desfecho; †Associação significativa com variável
de desfecho no modelo final; EEP = Escala de Estresse Percebido.
Analisando o presente
estudo, constatou-se que a maioria dos participantes era do sexo feminino
(75,7%), solteiros (93,8%), sem filhos (93%) e estudavam e trabalhavam (54,5%).
A renda familiar média ficou entre 2 a 4 salários mínimos. Realizavam os
pagamentos das mensalidades em dia (86%), não eram bolsistas (66,2%), estavam
satisfeitos com o curso (98,7%) e não pensavam em desistência (95,1%) e um
pouco mais da metade residiam em outro município (55,5%). Já em relação à
atividade física, 57,7% responderam que não praticavam regularmente.
No presente estudo, a
média de estresse foi de 23,53 ± 6,63 pontos. Segundo a OMS, 90% da população
mundial sofre com esse sintoma, sendo o Brasil, segundo país com maior nível de
estresse do mundo. O resultado do EPS-10 não é uma medida critério-concorrente,
no entanto, os escores podem ser comparados com a tabela normativa da população
de professores do sul do Brasil descrita por Reis e Petroski
[15,16], que mostra média de pontuação masculina de 16,3 ± 0,6 e feminina 18,3
± 0,3. A pontuação superior do presente estudo pode estar
relacionada à predominância de mulheres na amostra. Segundo Borine et al. [17], o sexo feminino apresenta altos níveis
de estresse devido ao acúmulo de tarefas que devem ser conciliadas ao estudo
como cuidar da casa, trabalhar e estar em constante busca por igualdade de gênero.
Além disso, entendemos que as amostras são diferentes e podem ter necessidades
e sobrecargas distintas [17]. O estresse pode resultar em um quadro de
alteração da capacidade de raciocínio, memorização e no desempenho na
aprendizagem, concluindo então que ele possui grande influência no
desenvolvimento acadêmico do indivíduo quando este não possui grande êxito na
adaptação ao agente de estressante [18].
Observou-se, também,
que os níveis de ansiedade variaram entre moderado e alto. Borine
et al. [17] relacionam resultados
semelhantes à adaptação ao ambiente acadêmico, sobrecarga de atividades devido
à dupla jornada, interações sociais, exigências do curso como carga horária,
atividades extracurriculares e contato constante com o processo saúde, doença e
morte durante os estágios. Como consequência a ansiedade pode acarretar em
universitários alterações como distúrbios do sono, consumo de drogas
psicoativas e ilícitas e problemas psíquicos como transtornos de humor, social
e de personalidade, risco de suicídio e queixas físicas como palpitações e
baixo funcionamento de sistema imunológico [19].
Cabe ainda salientar
que houve maior presença de estresse e ansiedade entre os acadêmicos do
primeiro, sexto, sétimo e oitavo periodo quando
analisados separadamente. Bosso et al.
[20] constataram que, no primeiro ano, ocorre adaptação ao ambiente acadêmico
como mecanismo de ensino-aprendizagem da instituição, formas de avaliação e
novas responsabilidades, podendo levar a altos níveis de estresse e ansiedade.
No estudo de Souza et al. [21] sobre a qualidade de vida relacionada à saúde e
sintomas depressivos de estudantes do curso de graduação em enfermagem, constatou-se
que, no segundo e terceiro anos, ocorre o primeiro contato com o paciente,
desencadeando crises de ansiedade, estresse, inquietações e aflições. No último
ano do curso, emergem expectativas quanto à formatura, sentimentos de inabilidade,
incompetência e inexperiência quanto ao futuro e o mercado de trabalho
[21].
O presente estudo mostrou
que o estresse explicou 46% do aspecto mental e 20% do aspecto físico da
qualidade de vida. Esse achado pode estar relacionado ao fato dos estudantes serem, em sua maioria, muito jovens para
assumirem uma jornada dupla de trabalho e estudo e sobrecarga de incumbências
habituais [22]. Nos domínios do aspecto mental, a vitalidade é associada à
saúde mental e física, sendo apontada como uma condição emocional benéfica e
vivificante e tendo participação ativa na regulação de emoções e ampliando a
eficiência em se adequar aos infortúnios. Segundo Lemos [23], o estresse
crônico, a fadiga, as emoções negativas e as doenças físicas podem atuar sobre
os níveis de vitalidade. Analisando o caso dos acadêmicos, salientando os da
área da saúde, os domínios aspectos emocionais, sociais e saúde mental afetam
tanto no âmbito acadêmico como no rendimento e motivação dos estudantes,
comprometendo assim, todo o desempenho do indivíduo, tornando-o suceptível ao cansaço e esgotamento mental [24,25].
Conjuntamente, no
componente aspecto físico, os domínios dor, capacidade funcional, limitação por
aspectos físicos e estado geral de saúde estão diretamente associados à saúde
física como um todo. A respeito da contribuição do estresse para o aspecto
físico da qualidade de vida, podemos hipotetizar que
preocupação, infelicidade e insegurança podem influenciar a vida dos
universitários desde o ingresso na instituição de ensino superior até a
formação dos profissionais [22].
Os dados apresentados
oferecem subsídios ao planejamento, desenvolvimento e implementação de
estratégias que busquem o aprimoramento do processo ensino – aprendizagem, tais
como promover profissionais mais qualificados para desenvolver suas funções.
Souza et al. [21] propõem programas
pedagógicos que melhorem a relação do professor com o aluno; técnicas de
autocontrole, relaxamento em situações de ansiedade e treinamento para falar em
público. No estudo de Falsaf et al. [26], sugere-se que, mesmo com o excesso de atividades
acadêmicas, esses estudantes busquem as práticas não-farmacológicas como o
Yoga, acalmando o corpo e a mente para ajudar a lidar melhor com o estresse,
ansiedade e depressão. Por fim, Winzee et al. [27] ressaltam a importância de
incluir estratégias de intervenção da saúde mental estimulando pensamentos
positivos, técnicas de enfrentamento e de compaixão, promovendo a saúde e a
qualidade de vida e prevenindo doenças mentais. Além disso, segundo Saadi et al. [2], a prática regular de
atividade física melhora a saúde física e mental em estudantes, já que leva a
aumento de pensamentos positivos e melhora do enfrentamento de situações
estressantes. Dessa forma, destacamos a importância das instituições de ensino
superior no incentivo e promoção da atividade física regular como parte das
estratégias para melhorar a qualidade de vida dos acadêmicos, já que os
próprios estudantes tendem a negligenciar suas próprias dificuldades
psicossociais [28].
Por meio dos resultados
do presente estudo, conclui-se que é necessário o monitoramento preciso de
informações sociodemográficas, níveis de ansiedade, estresse e qualidade de
vida que estão relacionados à saúde do universitário e que podem interferir no
seu desempenho acadêmico e atuação profissional [9]. Estando o indivíduo
estressado e ansioso, a sociedade e o mercado de trabalho receberão um cidadão
e profissional já inapto, com chances menores de contribuir positivamente para
a qualidade de vida dos pacientes e com maiores chances de frustração e
insatisfação com a profissão [26].
É importante ressaltar
possíveis vieses metodológicas deste estudo, como a autoaplicação
dos questionários. Entretanto, considerando que os participantes são estudantes
de ensino superior, entendemos que apresentam plenas condições mentais para o
entendimento e participação na pesquisa. Além disso, sendo um estudo
transversal, não pode ser utilizado para estabelecer relações causais
definitivas. Como pontos positivos da investigação, ressaltamos que, apesar de
existir um número significativo de pesquisas sobre qualidade de vida, estresse
e ansiedade separadamente, são escassos aqueles que integram os três construtos
em estudantes universitários de fisioterapia como foi feito no presente estudo,
o que pode dificultar o melhor entendimento nessa população.
Com o presente estudo
foi possível concluir que graduandos de fisioterapia apresentam sintomas de
estresse e níveis moderados a altos de ansiedade. Além disso, o estresse
contribui para os aspectos físico e mental da qualidade de vida. Frente aos
resultados, percebe-se a necessidade de futuras investigações acerca da
temática, que auxiliem na criação de propostas e modelos de intervenção.