ARTIGO
ORIGINAL
Relação
entre equilíbrio, estado nutricional e pé plano em crianças de 4 a 5 anos
matriculadas em instituição de ensino na cidade de Manaus/AM
Relationship
between balance, nutritional status and flat feet in children aged 4 to 5 years
enrolled in a teaching institution in the city of Manaus/AM
Francisco Roger Coelho
Bier, Ft.*, Ayrles Silva Gonçalves Barbosa Mendonça, D.Sc. Ft.**, Michelle Alexandrina dos Santos Furtado,
Ft.***, Tiótrefis Gomes Fernandes, D.Sc., Ft.****, Lúcio Fernandes Ferreira, D.Sc.*****
*Faculdade
de Educação Física e Fisioterapia – FFEF, **Prof.ª do Curso de
Fisioterapia na Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Faculdade de Educação
Física e Fisioterapia (FFEF), ***Prof.ª do Curso de Fisioterapia na
Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Faculdade de Educação Física e
Fisioterapia (FFEF), ****Prof. do Curso de Fisioterapia na Universidade
Federal do Amazonas (UFAM), Faculdade de Educação Física e
Fisioterapia (FFEF), *****Professor de Educação Física, Prof. da Faculdade
de Educação Física e Fisioterapia (FFEF) e Professor Permanente do
Programa de Pós-Graduação em Educação/FACED/UFAM, Líder do Laboratório de
Estudos em Comportamento Motor Humano/LECOMH/FEFF/UFAM
Recebido em 14 de
janeiro de 2019; aceito em 4 de abril de 2019.
Correspondência: Michelle Alexandrina
dos Santos Furtado, Avenida Rodrigo Octávio, 3200 Campos Universitário –
Coroado I, 69077-000 Manaus AM, E-mail: alexandrinamichelle@gmail.com;
Francisco Roger Coelho Bier: francisco_roger@hotmail.com; Ayrles
Silva Gonçalves Barbosa Mendonça: ayrles@yahoo.com.br; Tiótrefis
Gomes Fernandes: tiotrefis@hotmail.com; Lúcio Fernandes Ferreira: lucciofer@gmail.com
Resumo
Introdução: O equilíbrio é
essencial para o desempenho das atividades cotidianas e funcionalidade. É
dependente da interação entre sistemas visual, vestibular e periférico, dos
comandos do sistema nervoso central e respostas neuromusculares. Objetivo: Verificar a relação do estado
nutricional e padrão de arco longitudinal medial (ALM) de pés com o equilíbrio
de crianças entre 4 e 5 anos de idade. Métodos:
Foram avaliadas 16 crianças, realizando avaliações antropométricas e análise do
estado nutricional; depois, avaliação do ALM, com utilização de pedígrafo e classificação pelo índice de Cavanagh e Rodgers; por fim,
avaliação do equilíbrio pela Escala de Equilíbrio Pediátrica (EEP). Resultados: O escore médio dos
participantes na EEP foi de 53,56, variando entre 50 e 56. Com relação ao
estado nutricional, 6,25% apresentaram obesidade, 18,75% risco de sobrepeso e o
restante apresentou eutrofia. Para a análise do ALM
constatou-se que 62,5% dos participantes apresentaram pé plano, 25% pé normal e
12,5% pé cavo. Conclusão: O estudo
aponta que o sexo masculino, seguido da presença de pé plano, apresentou maior
relação com o déficit de equilíbrio para a população de 4 a 5 anos. Já as
crianças com sobrepeso e obesidade obtiveram escores típicos na EEP, retratando
a necessidade de mais estudos.
Palavras-chave: equilíbrio postural,
pé chato, pré-escolar.
Abstract
Introduction:
Balance is essential for the performance of everyday activities and
functionality. It is dependent on the interaction between visual, vestibular
and peripheral systems, central nervous system commands and neuromuscular
responses. Objective: To relate the
nutritional status and pattern of the medial longitudinal arch (MLA) of the
feet with the balance of children between 4 and 5 years of age. Methods: We evaluated 16 children,
performing anthropometric assessments and analysis of nutritional status; then
MLA evaluation, using pedigree and classification by the Cavanagh and Rodgers
index; finally, evaluation of balance by the Pediatric Balance Scale (PBS). Results: The mean score of the
participants in the PBS was 53.56, ranging from 50 to 56. Regarding nutritional
status, 6.25% presented obesity, 18.75% risk of overweight and the other
presented eutrophy. For MLA analysis, 62.5% of the
participants had flat feet, 25% normal feet and 12.5% foot
caves. Conclusion: The study
indicates that the male sex, followed by the presence of flat feet, presented a
greater relation with the deficit of balance for the population of 4 to 5
years. On the other hand, overweight and obese children had typical scores on
PBS, showing the need for further studies.
Key-words: postural
balance, flatfoot, preschool.
O equilíbrio corporal
envolve a interação de estímulos sensoriais, planejamento e a execução de
movimentos para controlar o centro de gravidade sobre a base de suporte [1]. O
equilíbrio é essencial para o desempenho de todas as atividades da vida diária
e funcionalidade [2]. Este processo complexo depende da interação dos sistemas
visual, vestibular e periférico, dos comandos do sistema nervoso central e das
respostas neuromusculares [3].
A capacidade de
permanecer em posição estática e desenvolver movimentos é decorrente da
presença do equilíbrio e da manutenção da base de sustentação fornecida pelos
pés. Alterações nos arcos plantares têm influência direta sobre as forças de
pressão plantar [4].
O pé apresenta três
arcos plantares, sendo formado pelos ossos do calcâneo, tálus,
tarso, metatarso e falanges. De acordo com esses arcos e bases de apoio no
solo, os pés podem ser classificados em normal, pé plano e pé cavo, sendo suas
classificações obtidas de acordo com índices plantares ou radiográficos,
mediante correlação com a idade do indivíduo [5,6].
Durante a infância os
ossos possuem maior quantidade de colágeno tornando-os mais flexíveis e
suscetíveis às deformações plásticas. Nesse contexto, indivíduos com sobrepeso
ou obesidade apresentam maior vulnerabilidade para o rebaixamento do arco
longitudinal medial dos pés (ALM), em virtude da sobrecarga em suas
articulações [7].
Essa desarmonia entre
as estruturas articulares e posturais dos pés, somada à presença de abdômen protuso desloca anteriormente o centro de gravidade,
reestruturando a coluna vertebral e membros inferiores, o que pode alterar a
postura global do indivíduo e seu equilíbrio [8].
O equilíbrio subjaz
nossa capacidade de empreender um vasto número de tarefas funcionais, seja no
dia a dia ou no contexto escolar. Déficits na capacidade da manutenção do
equilíbrio pode afetar a vivência de novas habilidades motoras, as quais não
necessariamente estão vinculadas a alterações, transtornos ou desordens neuromotoras. Assim, déficits de equilíbrio podem
interferir no desenvolvimento e no processo de aprendizagem acadêmica, mesmo em
crianças típicas [9]. Isto pode marcar o início de um ciclo onde insucessos,
exclusão e autoexclusão se retroalimentam.
Assim, temos como
objetivo principal verificar a relação do estado nutricional e padrão de arco
longitudinal medial (ALM) de pés com o equilíbrio funcional de crianças entre 4
e 5 anos de idade, matriculadas em uma instituição de ensino na cidade de
Manaus/AM.
Trata-se de um estudo
observacional transversal, que visou analisar as variáveis correlacionadas ao
déficit de equilíbrio funcional de crianças típicas de 4 a 5 anos, por meio da
aplicação do instrumento EEP, classificação do ALM e análise antropométrica dos
infantis.
O trabalho foi
desenvolvido no Centro Educacional Maria Andrade (CEMA), escola de educação
infantil na zona norte de Manaus/AM. Todos os participantes assinaram o Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). O estudo foi aprovado pelo Comitê
de Ética em Pesquisa Humana, com número de CAEE: 61617716.4.0000.5020, em
11/12/2016.
A pesquisa utilizou
amostra de 16 crianças, mediante um universo de 20 escolares matriculados no
CEMA, os quais preencheram os seguintes critérios de inclusão: crianças de 4 a
5 anos de idade, devidamente matriculadas na escola selecionada e que
apresentavam adequado desenvolvimento neuropsicomotor. Foram avaliadas apenas
as crianças em que os responsáveis assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido
(TCLE).
Os critérios de
exclusão compreendiam crianças que não desejavam ou não se sentiam à vontade
para participar da pesquisa e aquelas que apresentavam alguma lesão sistêmica;
ortopédica; congênita; neurológica ou adquirida que poderia interferir nas
avaliações da pesquisa. Nesse caso, nenhuma criança foi excluída pelos
critérios mencionados, contudo, quatro alunos não puderam ser avaliados, tendo
em vista que três não possuíam mais vínculo com a instituição e uma por não
estar presente nos dias das avaliações.
Avaliação
antropométrica
As medidas de peso e
altura foram realizadas de acordo com as recomendações internacionais para o
procedimento [10-12]. Como a OMS (Organização Mundial da Saúde) orienta, as
análises do estado nutricional das crianças devem ser realizadas tendo como
base as curvas de Escore-Z, que tem valores mais
fidedignos e, assim, apresentam maior validação para a pesquisa realizada. Para
a obtenção do peso das crianças, utilizamos uma balança digital da marca: Wind
MEA 07730. As medidas de comprimento foram realizadas nas crianças medidas em
pé, descalças, sem enfeites na cabeça, utilizando um estadiômetro
portátil, onde ficaram totalmente apoiadas em um anteparo vertical,
perpendicular ao plano horizontal. Após a coleta desses dados, foi calculado o
Índice de Massa Corporal [IMC = peso (kg) / estatura (m)2] e as
crianças foram classificadas como: magreza acentuada, magreza, eutrofia, risco de peso, sobrepeso e obesidade.
Avaliação
ortopédica plantar
A impressão plantar foi
realizada com o intuito de avaliar quali-quantitativamente
os arcos plantares das crianças. Para tanto, utilizamos um pedígrafo
da marca: Salvape (Prod. Ortopédicos ltda, Modelo:
901-00), o qual fornece a impressão plantar, durante a realização de uma
descarga de peso unipodal e estática, com o pé
descalço sobre o referido aparelho. A partir dessas impressões, os índices de Cavanagh e Rodgers foram
calculados para classificar o tipo de pé (normal, cavo ou plano) [13].
O Índice de Cavanagh e Rodgers (CR) é uma
ferramenta fidedigna para análise do ALM, por meio da impressão plantar. Ele
utiliza a proporção de um terço da área da impressão plantar (mediopé) pela área total do pé, excluindo os dedos. Assim,
segundo a metodologia de Onodera et al. [14], marcações foram realizadas para obtenção das divisões
estruturais dos pés, em que a primeira marcação era feita do centro do
calcanhar até o segundo dedo, sendo denominada “eixo do pé”. Linhas tangentes
foram traçadas tendo como base o ponto mais saliente dos metatarsos e a outra
no mesmo ponto do calcanhar. Posteriormente, estas linhas dividiam o pé em três
partes relativamente similares: antepé, mediopé e retropé (L/3), o que
permitiu a separação dos terços e posterior visualização e cálculo da área com
auxílio do software de imagem ImagePro Plus 6.0.
Segundo o CR,
considera-se um pé plano, quando o resultado entre a área do mediopé pela área total do pé for maior que 0,26;
considera-se arco normal quando o resultado for entre 0,21 e 0,25 e arco
elevado quando for menor ou igual a 0,21 [14,15].
Escala de
equilíbrio pediátrica
A Escala de Equilibro
Pediátrica (EEP) é um instrumento já validado e confiável, com tradução para o
idioma português e que foi desenvolvida por meio da adaptação da Escala de
Equilíbrio de Berg, mas com foco no público infantil. A EEP visa a avaliação do
equilíbrio funcional no contexto das tarefas diárias, sendo composta por 14
itens, separados em 3 dimensões – a posição sentada, em pé e as mudanças
posturais – nas quais o tempo e distância são fatores importantes para a
pontuação total e específica da escala [16]. Os itens da EPP são apresentados
na Tabela I.
Uma pontuação é
atribuída a cada item, variando de 0 a 4 pontos, com zero indicando a
incapacidade de realizar a tarefa sem auxilio e quatro indicando a capacidade
de realizar a tarefa com total independência, uma pontuação maior equivale a
uma eficiência no controle do equilíbrio. A pontuação máxima da escala é 56
pontos, quanto maior o escore, melhor o equilíbrio [2,17].
A EEP não possui um
padrão fixo de estratificação para classificar a tipicidade ou risco de
atipicidade de uma criança. Nesse caso, ela é consistente para verificar o
progresso ou sucesso terapêutico individualmente. Contudo, estudo de Franjoine et al.
[16] fornece valores de referência para aplicação da EEP em diversas faixas
etárias em crianças típicas e atípicas com paralisia cerebral com
comprometimento motor leve a moderado. Nesse caso, foi definido que o valor de
referência para classificar o equilíbrio esperado nessas crianças é de 53
pontos ao todo. Assim, as crianças que apresentaram uma pontuação igual ou
maior que 53 foram consideradas típicas ou dentro do esperado para sua idade.
Tabela I - Itens da Escala de Equilíbrio Pediátrica (EEP).
A versão validada da
EEP, traduzida por Ries et al. [17],
foi utilizada individualmente em cada criança, por meio de uma sessão de
avaliação com duração de 15 a 20 minutos. As avaliações foram realizadas na
própria escola, em espaço adequado e livre de qualquer interferência externa.
Os itens avaliados foram pré-estabelecidos em estações, conforme a Figura 1.
Figura 1 - Estações da EEP distribuídas no pátio da escola.
Análise
estatística
Foi realizada
estatística descritiva das variáveis, sendo as qualitativas apresentadas em
frequência absoluta e relativa, e as quantitativas em média e desvio padrão,
uma vez que as mesmas se mostraram aderentes à distribuição normal (teste de Kolmogorov-Smirnov). Foram utilizados os testes de Qui-quadrado e Exato de Fisher, quando necessário, para
associações entre variáveis qualitativas, e ANOVA para diferença de médias da
pontuação de EPP entre aquelas com pé plano e os demais. Foi utilizado o
software SPSS, versão 22.0, para análises estatísticas.
A
amostra estudada foi
composta por 16 crianças (10 meninos e 6 meninas). A Tabela II
traz os
resultados do perfil da amostra quanto às variáveis sexo,
faixa etária,
equilíbrio pela EPP e classificação nutricional em
relação à classificação do
arco longitudinal Medial, via utilização do índice
CR (ALM-CR) dos
participantes.
A Tabela III aborda os
resultados de médias de pontuação da EPP entre aqueles com ALM-CR Plano e os
demais. Não foram encontradas diferenças significativas.
Tabela II - Dados gerais das crianças avaliadas relacionados com a presença de
ALM-CR Plano.
EEP = Escala de
Equilíbrio Pediátrica; CR = Índice de Cavanagh e
Rogers; ALM-CR = Classificação do arco longitudinal Medial, via utilização do
índice CR.
Tabela
III - Resultados gerais da amostra avaliada.
EEP = Escala de
Equilíbrio Pediátrica; CR = Índice de Cavanagh e
Rogers; ALM-CR = Classificação do arco longitudinal Medial, via utilização do
índice CR.
A escola na perspectiva
inclusiva deve primar pelo atendimento adequado às crianças com diferentes
características. Pensar a escola inclusiva significa pensar em uma escola para
cada um, ou seja, uma escola em que cada aluno seja atendido de acordo com suas
necessidades [18], sejam elas necessidades especiais educativas ou não.
O sobrepeso e a
obesidade tanto na fase infantil e adulta é uma doença crônica e segundo a
Organização Mundial de Saúde (OMS) é considerado um problema de saúde pública e
que tem se difundindo por todo o mundo, gerando altas taxas de morbidade e
mortalidade, pois em sua maioria está sempre associada com outras comorbidades.
Um exemplo disso, é que nos Estados Unidos (EUA) aproximadamente 70% das
crianças entre 2 e 5 anos de idade apresentam essa etiologia e muitas não
realizam atividade física, o que pode favorecer a alteração na instabilidade do
controle postural e déficit em suas habilidades motoras [19,20].
Em nosso estudo, não
identificamos relação entre o excesso de peso e a atipicidade do equilíbrio,
porém, esse resultado inspira cautela, uma vez que apenas três crianças
apresentaram risco de sobrepeso e apenas uma apresentou obesidade. Lembramos
que crianças com sobrepeso e obesidade encontram dificuldades na execução de
tarefas diárias devido à instabilidade postural gerada pelo deslocamento do
centro da massa e das alterações posturais [21,22].
Sabemos
também que
crianças obesas apresentam número maior de
oscilações na manutenção da
posição unipodal e, possivelmente, o excesso de massa corpórea,
sobretudo associada com uma distribuição anormal na região abdominal, seja
tanto a fonte dessas oscilações quanto um fator de instabilidade para que o
corpo recupere e mantenha a postura mais rapidamente em comparação com
indivíduos magros ou eutróficos [23].
Outros estudos
sustentam a ideia que o excesso de peso gera um efeito negativo na estrutura do
pé, causando uma pressão maior na região plantar e rebaixando o ALM [22,24].
Entretanto, nossos
resultados não indicaram associação entre o excesso de peso e o desabamento do
arco plantar. Contudo, foi perceptível que todas as crianças com menor faixa
etária (4 anos) possuíam pé plano, isto implica inferir que quanto menor a
idade da criança, na população analisada, maior a chance de associação com a
presença de pé plano. Tal achado é corroborado pelo estudo de Pfeiffer et al. [25], o qual também analisou
crianças em idade pré-escolar e encontrou forte associação entre uma idade mais
precoce e a presença de pé plano, relacionando o achado com a imaturidade na
formação do ALM e demais estruturas dos pés. Outros estudos também encontraram
resultados similares, com maior prevalência de pé plano no grupo de crianças
com 2 a 4 anos, mesmo utilizando outras metodologias de classificação, como o
índice de Chipaux-Simirak e do índex do arco de Staheli [7,26].
Nosso estudo mostrou
que 50% das crianças que apresentaram atipicidade no equilíbrio também possuíam
pé plano. O mesmo não foi observado nas crianças cujo desempenho no equilíbrio
foi normal. Isto sugere que a presença do pé plano pode interferir no
equilíbrio funcional de crianças, provavelmente relacionado à presença de maior
valgo no retropé e demais alterações
musculoesqueléticas adaptativas à plantificação do
ALM [25].
O estudo de Martinelli et al. [27] corrobora os achados na
pesquisa, por meio da avaliação de 22 indivíduos entre 5 e 9 anos de idade,
identificando que, em sua totalidade, havia a presença de obesidade associada a
alterações musculoesqueléticas nos membros inferiores, indicando que como o
centro de gravidade do corpo encontrava-se modificado, gerava-se um
desalinhamento nas estruturas dos quadris, joelhos, tornozelos e pés, o que era
retratado pela anteriorização da pelve e valgismo nos joelhos e tornozelos destas crianças.
Os resultados revelaram
que a maioria da amostra apresentou equilíbrio dentro do esperado, o que
corrobora estudos de Franjoine et al. [16] para uma população típica sem alterações neuromotoras. Em contrapartida, escores na faixa entre 50 e
53, encontrados em pouco mais de 37% da amostra, foram descritos no estudo de
Ries et al. [17] para crianças
classificadas com atraso motor leve a moderado, o que sugere que investigações
mais criteriosas devam ser realizadas, a fim de aprofundar as causas da
atipicidade no equilíbrio dessas crianças, que podem estar relacionadas não
apenas ao estado nutricional ou rebaixamento do ALM, mas também a fatores
ambientais e culturais, como hábitos escolares e de atividade física.
Em termos gerais, a
hipótese da pesquisa, realizada junto aos escolares de 4 e 5 anos, esperava
verificar a relação do estado nutricional e padrão de arco longitudinal medial
(ALM) de pés com o equilíbrio funcional dessas crianças, todavia, nosso estudo
encontrou limitações relativas ao baixo número amostral, o que não permitiu uma
consolidação da relação direta entre o excesso de peso e a atipicidade do
equilíbrio.
Em termos gerais, os
achados do estudo apontam que os escolares classificados com sobrepeso e
obesidade obtiveram escores típicos na EPP, não sendo o estado nutricional um
fator relacionado à atipicidade do equilíbrio para a amostra analisada. Nosso
estudo também revelou que a maioria da amostra possuía pé plano, entretanto,
essa condição não estava diretamente relacionada com alterações de equilíbrio.
Desse modo, sugere-se que estudos mais aprofundados devam ser empreendidos,
visando confirmar os resultados obtidos e/ou otimizar as possíveis correlações
que podem interferir no equilíbrio desses escolares.