Efeitos
do método Pilates sobre variáveis de aptidão física
em adolescentes
Effects of the Pilates method on physical ability variables in
adolescents
Marcos Roberto Torres
Welter*, Simone Lara, D.Sc.**, Antônio Adolfo Mattos de Castro, D.Sc.**, Rodrigo de Souza Balk**
*Acadêmico
do curso de Fisioterapia, Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA) - Campus
Uruguaiana/RS, **Docente do curso de Fisioterapia da UNIPAMPA - Campus
Uruguaiana/RS
Recebido em 12 de
dezembro de 2017; aceito em 9 de agosto de 2018.
Endereço
para correspondência:
Simone Lara, Universidade Federal do Pampa (UNIPAMPA), Campus Uruguaiana, BR
472, km 592, 97508-000 Uruguaiana RS, E-mail: simonelara@unipampa.edu.br;
Marcos Roberto Torres Welter:
marcoswelter@outlook.com; Antônio Adolfo Mattos de Castro:
antonioamcastro@unipampa.edu.br; Rodrigo de Souza Balk:
rodrigo.balk@gmail.com
Resumo
O objetivo deste
estudo foi analisar os efeitos do Método Pilates
sobre variáveis de aptidão física relacionada à saúde em adolescentes. O estudo
foi realizado com dois grupos, Grupo Pilates (GP) n =
28 que praticou o método Pilates por 21 semanas,
sendo 2 vezes por semana com duração aproximada de 1 hora,
e o Grupo controle (GC) n=23, que recebeu palestras em temas sobre saúde. Para
verificação dos níveis de aptidão física pré e
pós-intervenção, utilizou-se da análise de composição corporal por
antropometria, incluindo a massa corporal, estatura, Índice de Massa Corporal
(IMC), Circunferência da cintura, Relação cintura-quadril; bem como os testes
de força de preensão palmar, por meio da dinamometria
manual. Como resultados, houve um aumento da Relação cintura-quadril no GC, e
manutenção dessa variável no GP. Quanto ao perfil de força palmar, houve
aumento em ambos os grupos pós-intervenção. Portanto, a prática do método Pilates apresentou efeitos positivos na manutenção das
medidas de adiposidade centrais em adolescentes, constituindo-se um fator
relevante na perspectiva de perfil de saúde cardio-metabólico
em adolescentes. Contudo, os efeitos do método sobre a força palmar não puderam
ser destacados, possivelmente, pelos seus exercícios enfatizarem os músculos
estabilizadores centrais, e não os músculos mais distais.
Palavras-chave: adolescente,
exercício, composição corporal, força muscular.
Abstract
We aimed to assess the Pilates method over physical fitness variables in
teenagers. We divided our sample into two groups, the Pilates group (PG) n=28
who practiced the Pilates method for 21 consecutive weeks (comprehending 2
twice per week with 1 hour duration) and the Control group (CG) n=23, who
received lectures on health education. In order to assess participants
physical fitness, pre and post intervention, we used the body composition
analysis by means of the anthropometry measure, including mass, height, body
mass index, waist circumference, waist-hip ratio; as well as the palmar grip
strength by means of the manual dynamometry. We found an increase in waist-hip
ratio in CG and maintenance of this variable in the PG and an improvement in
the palmar grip strength for both groups post intervention. However, the
Pilates method practice showed positive effects in the maintenance of central
fat measurements in these teenagers; this is important since this is relevant
measure for cardio metabolic profile in this subjects. Nevertheless, the
effects of the Pilates method on palmar grip strength were not emphasize,
possibly due to the executed exercises empathizes central body muscle strength,
not peripheral.
Key-words: teenagers,
exercise, body composition, muscle strength.
Conforme a
Organização Mundial de Saúde, a adolescência é definida como um período da vida
compreendido entre 10 e 19 anos [1], correspondendo, no Brasil, a 20,8% da
população geral nessa faixa etária [2]. Na adolescência, a predominância de
atividades de lazer sedentárias e o consumo de alimentos hipercalóricos tornam
essa fase da vida um período favorável para o desenvolvimento da obesidade [3],
e, consequentemente, das doenças cardiovasculares [4].
Desta forma, é
relevante considerar que os componentes de aptidão física relacionados à saúde
representam os mais importantes indicadores de saúde, haja vista sua relação
inversa com diversos fatores de risco cardiovascular [5]. Tais componentes
compreendem, segundo o American College of Sports Medicine
(ACSM) [6], os fatores motores (flexibilidade e força/resistência muscular
localizada), funcionais (aptidão cardiorrespiratória), morfológicos (análise da
composição corporal), fisiológicos e comportamentais.
A atividade física
regular promove benefícios sobre os níveis de aptidão física, uma vez que
apresenta relação inversa com peso corporal e com doenças crônicas, além de
maximizar o pico de massa mineral óssea, melhorando, desta forma, a qualidade
de vida de adolescentes [7]. Corroborando, Barros e Silva [8] reiteram que a
atividade física na adolescência contribui para a melhoria no perfil lipídico e
metabólico, e para a redução do percentual de gordura corporal. Complementam que o jovem ativo fisicamente tem maiores
chances de levar esses hábitos para a vida adulta, momento da vida em que as
doenças crônicas começam a aparecer.
Nesse contexto, é
importante investigar os efeitos da atividade física regular sobre os níveis de
aptidão física em jovens. De fato, o método Pilates
consiste em um programa de atividade física que considera o corpo e a mente
como uma unidade [9], e apresenta como princípios a concentração, controle,
fluidez, precisão, respiração e centralização [10]. Estudos
tem evidenciado efeitos positivos do método Pilates
sobre a melhora da flexibilidade corporal [11], força muscular [12] e redução
da adiposidade corporal [13] em sujeitos.
Farias Junior et al. [14] reiteram que a prevalência de
inatividade física em adolescentes é elevada, e esse fato justifica a
realização de trabalhos reportando os efeitos da prática de exercício físico
envolvendo esses sujeitos. Diante do exposto, o objetivo do estudo foi analisar
os efeitos do método Pilates sobre variáveis de
aptidão física relacionadas à saúde em adolescentes.
Seleção
da amostra
Esse estudo
experimental e prospectivo foi realizado com adolescentes de uma escola pública
localizada na periferia de um município no interior do Rio Grande do Sul. Os
critérios de inclusão do estudo foram: estudantes de ambos os sexos,
matriculados no 5° e 6° ano dos anos iniciais do Ensino Fundamental, não
praticantes de outra modalidade de exercício físico regular. Os critérios de
exclusão adotados pelo estudo foram: doença traumato-ortopédica
ou neurológica, atestada através de laudo médico, que impedisse o estudante de
participar do estudo.
O projeto foi
aprovado no Comitê de Ética e Pesquisa institucional (registro número 457.088),
e os responsáveis pelos jovens assinaram um termo de consentimento livre e
esclarecido (TCLE), concordando na participação voluntária do menor no projeto.
Após os critérios
estabelecidos, 51 estudantes (32 do sexo feminino e 19 do sexo masculino)
iniciaram o estudo, e, foram divididos, através de sorteio, em dois grupos:
Grupo Controle (GC), constituindo 23 estudantes (14 do sexo feminino e 9 do sexo masculino, com média de idade de 10,9 ± 0,9 anos),
e Grupo Pilates (GP), com 28 estudantes (18 do sexo
feminino e 10 do sexo masculino, com média de idade de 10,4 ± 0,8 anos).
Instrumento
de coleta de dados
Para verificação dos
níveis de aptidão física pré e pós-intervenção,
utilizou-se da análise de composição corporal por antropometria, incluindo a
massa corporal, estatura, Índice de Massa Corporal (IMC), Circunferência da
cintura, Relação cintura-quadril; bem como os testes de força palmar, através
da dinamometria manual.
Assim, a massa
corporal foi verificada com uma balança digital (marca Filizola,
com sensibilidade de 0,1 kg), e a estatura foi medida com um estadiômetro de parede, com precisão de 0,5 cm. O IMC foi
calculado pela fórmula massa (kg)/estatura2 (m).
Foram verificadas a
circunferência da cintura e a circunferência do quadril, com o auxílio de uma
fita métrica inelástica (TBW Importadora Ltda.). A circunferência da cintura foi
avaliada no nível da menor circunferência entre as cristas ilíacas e as
costelas inferiores, a circunferência do quadril foi verificada ao nível do
ponto de maior circunferência da região glútea e a Relação cintura quadril foi
calculada dividindo-se a medida da circunferência da cintura pela
circunferência do quadril [15].
Para a mensuração da força palmar, foi utilizado o dinamômetro hidráulico da
marca Jamar®, cujo instrumento apresenta maior
coeficiente de confiabilidade [16]. Conforme Madrid et al. [17], o teste mais utilizado para avaliação da força estática
é a preensão palmar porque é representativa da força geral dos indivíduos. Para
o teste, o estudante permaneceu na posição sentada, sem apoio para os braços,
com os pés totalmente apoiados no chão e o quadril junto ao encosto da cadeira.
O braço permaneceu paralelo ao corpo, ombro aduzido, cotovelo fletido a 90º e
antebraço em posição neutra, punho entre 0º a 30º de extensão e 0º a 15º de
desvio ulnar [18]. A calibração dos dinamômetros foi realizada
previamente ao início de cada coleta dos dados. Foram realizadas três
mensurações consecutivas das mãos para cada preensão palmar, alternadas entre
os lados dominantes e não dominante, com intervalo mínimo de um minuto entre
elas para evitar fadiga muscular, realizadas em uma única ocasião, e
realizou-se uma média dos 3 resultados obtidos [18].
Protocolo
de intervenção
Os jovens
participantes do GP iniciaram a prática dos exercícios do método Pilates solo e acessórios (bola), durante 21 semanas, 2 vezes por semana, cerca de 1 hora cada intervenção. Os
pesquisadores dividiram as sessões em três etapas: a preparação (alongamentos
musculares), a parte específica (exercícios do método Pilates)
e a volta à calma (relaxamento muscular). Uma breve descrição dos exercícios do
método Pilates utilizados, propostos por Page [19]
estão descritos na tabela I.
Tabela
I - Protocolo de exercícios do método Pilates.
Fonte: Page [18].
Os estudantes do GC
receberam palestras em saúde (com frequência de uma vez por mês, por
aproximadamente 1 hora de duração), envolvendo temáticas sobre a promoção de
hábitos de vida saudáveis na adolescência.
Para análise dos
dados, foi utilizado o programa estatístico GraphPadINSTAT®. Após testagem de normalidade dos
dados, o teste t de student pareado foi utilizado
para a comparação pré e pós-intervenção dos valores
antropométricos do GP e do GC. Do mesmo modo, o teste t de student
não pareado foi utilizado para comparar as médias entre os grupos Pilates e Controle. Foi considerado como significante um p ≤
0,05.
Foram incluídos 28
estudantes do GP e 23 do GC, e os dados referentes ao perfil antropométrico e
de força palmar dos estudantes estão dispostos na tabela II. A análise intragrupos permitiu destacar que houve um aumento da
estatura no GC, e não houve modificações antropométricas no GP após a
intervenção. Quanto ao perfil de força palmar, houve aumento tanto no membro
dominante quanto no não dominante em ambos os grupos pós-intervenção.
Na comparação
intergrupos, percebemos que nos dois momentos avaliados (pré
e pós-intervenção), os grupos diferiram quanto à estatura, e nas demais
variáveis não houve diferenças entre os grupos.
Tabela
II -
Variáveis antropométricas e de força
palmar pré e pós-intervenção.
IMC = Índice de Massa
Corporal, GC = grupo Controle, GP = grupo Pilates,
dados expressos como média e desvio padrão ±DP; p 1 = diferença intragrupo no GC, p 2 = diferença intragrupo
no GP, p 3 = diferença intergrupos no pré-teste, p 4 = diferença intergrupos no
pós-teste.
Com relação ao
comportamento da Relação cintura quadril, foi possível evidenciar na análise intragrupos,
que houve um aumento no GC (p<0,01), e
manutenção no GP, após a
intervenção. Já na análise intergrupos,
não houve
diferenças entre os grupos nos dois momentos testados (pré
e pós-intervenção).
GC - grupo Controle,
GP = grupo Pilates.
Figura
1 - Relação Cintura Quadril dos grupos pré e pós-intervenção.
O presente estudo
evidenciou que o método Pilates contribuiu para a
manutenção das medidas de adiposidade centrais nos adolescentes, uma vez que
houve manutenção da Relação cintura quadril nos adolescentes do GP e aumento nos
adolescentes do GC, pós-intervenção.
Considerando que a
Relação cintura quadril permite uma rápida identificação de crianças com
fatores de risco cardio-metabólicos em idades
precoces, de acordo com a meta-análise realizada por Lo
et al. [20], o controle dessa variável de
distribuição de gordura central torna-se fundamental na perspectiva de perfil
de saúde em adolescentes. Corroborando, Bauer et al.
[21] inferiram que a Relação cintura quadril apresenta um bom poder
discriminatório para identificar adolescentes com risco cardio-metabólico.
Nesse contexto, a
revisão sistemática proposta por Junges, Jacondino e Gottlieb [22] encontrou que a prática do método Pilates foi eficaz para reduzir medidas de adiposidade
corporal, incluindo a Relação cintura quadril, e concluiu que tal redução têm um impacto clinicamente relevante na
morbimortalidade por doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, porém quando
esse método for praticado durante 45 a 60 minutos por dia, de duas a quatro
vezes por semana, em um período compreendido entre oito e 10 semanas. Essas
considerações vão ao encontro da metodologia realizada em nosso estudo, no qual
o método Pilates foi aplicado durante 21 semanas, com
frequência de 2 vezes semanais, e com duração
aproximada de 60 minutos, e, dessa forma, obtivemos a manutenção da Relação
cintura quadril nos adolescentes que participaram da pesquisa.
No estudo de Freitas
[23], a autora comparou os efeitos do método Pilates
sobre variáveis de aptidão física relacionada à saúde, em 39 mulheres
sedentárias (46,07 ± 4,82 anos). Estas foram subdivididas em 3
grupos: grupo que praticou o Mat Pilates
(exercícios no solo), grupo que praticou o Pilates
com os aparelhos tradicionais do método, e grupo controle, que não praticou o
método. Os dois primeiros grupos praticaram os exercícios três vezes por
semana, cada sessão com 50 minutos de duração, durante 5
semanas. Como resultados, houve redução significativa da porcentagem de gordura
corporal e dos valores de circunferência da cintura, nos dois grupos que
praticaram o método pós-intervenção, evidenciando que, independente da
modalidade praticada, o método trouxe benefícios sobre a redução da adiposidade
central, e, no grupo controle, esses efeitos não foram percebidos. Esses dados
vão ao encontro do presente estudo, em que foram utilizadas as modalidades de
solo e acessórios (bola), no qual a medida da Relação cintura quadril
permaneceu constante nos praticantes do Pilates, e
aumentou nos adolescentes que não realizaram tal prática.
Assim como encontrado
no presente estudo, outros trabalhos evidenciaram efeitos importantes do método
sobre variáveis antropométricas e/ou de adiposidade corporal, conforme apontam
os trabalhos de Savkin e Bas
Aslan [24], Kibar et al. [25], Vaquero
et al. [26] e Jago
et al. [27].
Savkin e Bas Aslan [24] avaliaram os
efeitos do método Pilates sobre variáveis
antropométricas e de composição corporal em 37 mulheres adultas, sendo
praticado durante oito semanas (com frequência de três vezes semanais e duração
de 90 minutos), que foram divididas em: grupo controle (GC), composto por 18
mulheres, e grupo intervenção (GI), composto por 19 mulheres. O estudo
identificou que as participantes do GI obtiveram redução das variáveis de
adiposidade central, enquanto que as do GC obtiveram aumento, após a
intervenção. O estudo controlado e randomizado de Kibar
et al. [25] avaliou o efeito do método em
jovens universitárias, ao longo de oito semanas (praticado durante duas vezes
por semana, com uma hora de duração), e identificou que houve redução
significativa de medidas de adiposidade central, através da circunferência
abdominal, pós-intervenção.
Vaquero et al. [26] avaliaram o efeito do método Pilates
sobre o perfil antropométrico de mulheres, após 16 semanas de prática
(praticado durante duas vezes por semana e uma hora de duração), e observaram
redução de variáveis de composição corporal, como o IMC e pregas cutâneas após
a prática do método. O trabalho de Jago et al. [27] identificou uma redução do
percentil do IMC após quatro semanas de prática do método Pilates,
em 30 meninas adolescentes (com 11 anos de idade), evidenciando, dessa forma,
ser uma ferramenta promissora para a redução da obesidade na adolescência.
Cabe ressaltar que os
quatro estudos supracitados, abordando os efeitos do método Pilates
sobre variáveis de adiposidade, foram realizados apenas com mulheres jovens,
diferentemente do presente estudo, em que foram considerados adolescentes de
ambos os sexos. Desta forma, o nosso estudo se torna relevante ao abordar os
efeitos desse método, sobre as variáveis de adiposidade, também no sexo
masculino, no qual os dados da literatura são limitados.
No entanto, apesar
desses estudos apresentarem efeitos positivos do método sobre variáveis de
adiposidade corporal, autores reportam que existe a necessidade de avaliar
esses efeitos com uma maior qualidade e rigor científico. Nesse contexto, em
uma revisão realizada por Oliveira et al. [28], os
autores encontraram que os efeitos do método Pilates
sobre as variáveis de composição corporal em mulheres são limitados,
necessitando de estudos com maior qualidade científica. Corroborando, em uma
revisão sistemática de Aladro et al. [29] houve pobres evidências dos efeitos do método Pilates sobre a composição corporal, e há a necessidade de
maiores projetos experimentais, com controle nutricional dos participantes.
Ademais, Segal et al. [30]
identificaram, em seu estudo, que os efeitos do método Pilates
sobre variáveis de composição corporal são limitados e difíceis de estabelecer.
Em nosso estudo,
optamos por trabalhar com a variável de força de preensão palmar, tendo em
vista que é um teste representativo para força geral dos indivíduos [18], e a
sua aplicação em praticantes de Pilates é escassa [31].
Contudo, apesar de autores inferirem que o método Pilates
aumenta a força muscular em sujeitos [12], inclusive a força palmar [23], no
presente estudo, esses efeitos não foram destacados, uma vez que houve aumento
dessa variável em ambos os grupos avaliados (controle e pilates).
Corroborando tais
considerações, o estudo de Souza [31] objetivou avaliar o efeito da prática de
30 sessões de Pilates em 21 mulheres sedentárias,
sobre a força de extensores de tronco, e sobre a força palmar, sendo essa
escolhida como representativa da força geral e de forma a complementar a força
dos extensores do tronco. Como resultados, foram percebidos ganhos somente
sobre a força muscular de tronco, e a força de preensão palmar não foi
modificada pós-intervenção. Os autores reiteram, a partir desses resultados
que, as sessões do método Pilates praticadas, não
foram suficientes para que o método possa ser apontado como um promotor de
saúde enquanto única estratégia, e inferem que o método pode atuar enquanto
técnica complementar em um treino de força.
Com base em nossos
resultados, e também percebidos no estudo de Souza [31], sugere-se que os
estímulos proporcionados pelos exercícios do método Pilates
apresentem maior efeito sobre os músculos estabilizadores centrais, do que
sobre os músculos distais, conforme orienta Oliveira [28]. Esse autor reitera
que o principal foco do método é a centralização (powerhouse),
que envolvem contrações dos músculos abdominais, extensores do quadril,
flexores do quadril e assoalho pélvico. Assim, através dessa característica e
de forma a explicar nossos resultados, sugere-se que os efeitos do método Pilates estejam associados a maior estabilidade do complexo
lombo-pélvico, devido ao princípio de centralização, do que a maior força de
músculos distais.
Como limitação do
estudo, destaca-se a não homogeneidade entre os grupos pré-intervenção,
em relação à medida da estatura, uma vez que o grupo controle era mais alto que
o grupo Pilates, e esse achado deve ser levado em consideração no que concerne aos resultados obtidos no
presente estudo.
Com base nos achados
deste estudo, podemos inferir que a prática do método Pilates
apresentou efeitos positivos sobre a manutenção da medida de adiposidade
central relacionada à Relação cintura quadril, em adolescentes, constituindo-se
um fator relevante na perspectiva de perfil de saúde cardio-metabólico
nesses sujeitos. No entanto, não podemos destacar a influência do método sobre
a força palmar dos jovens, e, sugere-se que os exercícios do Pilates influenciam de uma forma mais expressiva os
músculos estabilizadores centrais, e não os músculos mais distais.
Cabe ressaltar que,
devido a lacuna de estudos na área, há dificuldades
para estabelecer conclusões mais objetivas sobre os efeitos do método Pilates em relação à força palmar, e, portanto, existe a
necessidade da realização de novas pesquisas sobre essa temática.