REVISÃO
Uso da
oxigenoterapia em pacientes agudos: uma revisão sistemática
Use
of oxygen therapy in acute patients: a systematic review
Francisca Soraya Lima
Silva, Ft.*, Carlos Augusto de Souza Moreira, Ft.*, Maria Bruna Madeiro da
Silva**, Natalia Jacinto de Almeida Leal**, Thiago Brasileiro de Vasconcelos, Ft.,D.Sc.***
*Especialista
em Terapia Intensiva, Faculdade Farias Brito, Fortaleza/CE, **Fisioterapeuta
graduada pelo Centro Universitário Católica de Quixadá, Quixadá/CE, ***Centro
Universitário Uninassau Fortaleza, Fortaleza/CE
Recebido em 24 de
fevereiro de 2019; aceito em 25 de novembro de 2019.
Correspondência: Prof. Dr. Thiago
Brasileiro de Vasconcelos, Rua Aveledo, 501/201 Torre
II, 60871-210 Fortaleza CE
Thiago Brasileiro de
Vasconcelos: thiagobvasconcelos@hotmail.com
Francisca Soraya Lima
Silva: soraya.lima2@gmail.com
Carlos Augusto de Souza
Moreira: guto19271@hotmail.com
Maria Bruna Madeiro da
Silva: madeirobruna@gmail.com
Natalia Jacinto de
Almeida Leal: ntl.leal1993@gmail.com
Resumo
A oxigenoterapia é uma
terapêutica eficaz na Insuficiência Respiratória Aguda. Porém, apesar de ser
essencial a vida, o oxigênio, como qualquer medicamento, quando administrado de
forma indevida, pode ser tóxico e ter sérias consequências. O presente estudo
tem a finalidade de realizar uma revisão sistemática sobre o uso da
oxigenoterapia em pacientes agudos. Estudo seccional e documental realizado por
meio de revisão sistemática da literatura disponível na Biblioteca Virtual de
Saúde (Bireme). Os critérios de inclusão foram:
estudos que tratassem sobre oxigenoterapia e sua utilização a nível hospitalar
em pacientes agudos sendo esses temas abordados em conjunto, artigos publicados
em português, inglês ou espanhol, textos completos disponíveis online e datados entre 2004 e 2014. Os
critérios de exclusão foram: artigos repetidos, incompletos e que não
abordassem o assunto. Através desta revisão as evidências mostraram que a
oxigenoterapia foi benéfica na redução da disfunção respiratória e no risco de
morte súbita na epilepsia e em pacientes com diagnóstico clínico de acidente
vascular cerebral agudo, favorecendo uma melhora na recuperação neurológica. Porém,
são necessários maiores estudos sobre esta terapia em pacientes agudos. Foram
evidenciados alguns benefícios terapêuticos, contudo, deve-se destacar a
importância do conhecimento por parte dos profissionais com o intuito de
reduzir o uso indiscriminado e prevenir os efeitos deletérios do oxigênio.
Palavras-chave: oxigenoterapia,
assistência hospitalar, pulmão, insuficiência respiratória aguda.
Abstract
Oxygen
therapy is an effective therapy in acute respiratory failure. However, despite
being essential to life, oxygen, like any drug, when administered improperly,
can be toxic and have serious consequences. This study is a review on the use
of oxygen therapy in acute patients. Cross-sectional and documentary study
conducted through a systematic review of the available literature on the
Virtual Health Library (Bireme). Inclusion criteria were studies that addressed
on oxygen therapy and its use in hospital in acute patients, articles published
in Portuguese, English or Spanish, available online full-text and dated between
2004 and 2014. The criteria for exclusion were repeated articles or incomplete.
Through this review the evidence showed that oxygen therapy was beneficial in
reducing respiratory dysfunction and the risk of sudden death in epilepsy and
in patients with a clinical diagnosis of acute stroke, favoring an improvement
in neurological recovery. But we need more studies on this therapy in acute patients.
Some benefits of this therapy are observed, however,
we highlighted the importance of knowledge by professionals in order to reduce
the indiscriminate use and prevent the deleterious effects of oxygen.
Key-words: oxygen
inhalation therapy, hospital care, lung, acute respiratory failure.
A oxigenoterapia é uma
terapêutica eficaz na Insuficiência Respiratória Aguda (IRpA),
sendo utilizada com o objetivo de manter valores da pressão arterial de
oxigênio (PaO2) adequados, favorecendo o aumento da concentração
desse gás no ar inspirado através da oferta de oxigênio suplementar. Sua
administração pode ser feita através dos sistemas de baixo ou de alto fluxo, de
acordo com objetivo previsto para cada paciente. O sistema de baixo fluxo apresenta
variação do fluxo, ou seja, a fração inspirada de O2 (FIO2)
será determinada por diversos fatores tais como a quantidade de gás entregue,
tipo de interface, bem como a anatomia de cada indivíduo. O sistema de alto
fluxo entrega um fluxo fixo, ou seja, a FIO2 é constante [1].
Os principais
dispositivos utilizados para a terapêutica de oxigênio suplementar são os
cateteres nasais, que apresentam fácil instalação; a máscara simples, que
apesar de fornecer uma FiO2
de até 60%, apresenta difícil fixação,
dificulta a aspiração das vias aéreas,
expectoração e alimentação; máscaras
com
reservatório que proporcionam FiO2 de 60 a 80% a 10 litros por
minuto e a máscara sem reinalação, que evitam a reinalação através de válvulas unidirecionais e permitem uma
FiO2 de 80 a 95% [2].
A oxigenoterapia está
indicada para pacientes que em ar ambiente apresentam uma redução da PaO2
≤ 60 mmHg ou saturação periférica de oxigênio (SpO2) ≤ 90%, infarto
agudo do miocárdio (IAM), SpO2 ≤ 88% em portadores de doenças
cardiorrespiratórias durante a realização de exercício ou na deambulação e
durante o sono, bem como nos casos de intoxicação por gases [3].
Apesar de ser essencial
a vida, o oxigênio, como qualquer medicamento, quando administrado de forma
indevida, pode ser tóxico e ter sérias consequências [4]. Altas concentrações
podem produzir lesão pulmonar e em outros tecidos, com a maior produção de
radicais livres, bem como os efeitos da hiperóxia na
distribuição da perfusão tecidual [5]. Porém, a toxicidade, depende de fatores
como pressão absoluta de oxigênio oferecido, duração da exposição e
sensibilidade individual [4].
Diante do exposto,
percebe-se a contribuição dessa terapêutica em pacientes agudos, sobretudo nos
que apresentam IRpA. A oxigenoterapia representa um
importante componente na recuperação, visto que propicia melhora clínica e
favorece a redução do desconforto respiratório. Sendo assim, o presente estudo objetiva realizar uma revisão sistemática
sobre o uso da oxigenoterapia em pacientes agudos.
Estudo seccional e
documental realizado por meio de revisão sistemática da literatura disponível
na Biblioteca Virtual de Saúde (BIREME). Os critérios de inclusão foram:
estudos que tratassem sobre oxigenoterapia e sua utilização a nível hospitalar
e em pacientes agudos, sendo esses temas abordados em conjunto, artigos
publicados em português, inglês ou espanhol, textos completos disponíveis
online e datados entre 2004 e 2014. Os critérios de exclusão foram: artigos
repetidos, incompletos e que não abordassem o assunto proposto.
A apresentação dos
resultados e discussão dos dados obtidos foi feita de forma descritiva,
possibilitando ao leitor a avaliação da aplicabilidade da revisão sistemática
elaborada, de forma a atingir o objetivo desse método, ou seja, relatar sobre a
utilização de oxigenoterapia a nível hospitalar em pacientes agudos.
A coleta de dados
ocorreu durante o mês de janeiro de 2015, realizada por duas pesquisadoras, de
forma cega. Para a efetivação da busca foram usados dois fluxos de descritores,
de forma combinada:
A primeira leitura foi
exploratória e se deu partindo dos resumos feitos pelos autores. Foram
desenvolvidas duas planilhas: uma contendo as seguintes variáveis: autor, ano
de publicação, país, título, amostra, características da amostra e desfecho
clínico. Assim pôde-se situar todas as variáveis estudadas, que foram
resumidas, e dessa forma permitirão determinar a possibilidade de comparar ou
não os estudos selecionados. Outra planilha foi composta visando descrever as
intervenções propostas em cada artigo e para tanto utilizou-se das variáveis:
condutas adotadas, objetivos, descrição e tempo da intervenção. Tais planilhas
foram organizadas nos Quadros 1 e 2.
Na base de dados
escolhida, no fluxo 1 - "oxigenoterapia" e "insuficiência
respiratória aguda" foram encontrados 53 artigos, no fluxo 2 -
“oxigenoterapia” em associação com “hospitalar" foram encontrados 359
artigos (Fluxograma 1).
Fonte: Os autores (2017).
Fluxograma
1 - Distribuição dos achados de acordo com a
base virtual pesquisada.
A partir da busca
descrita no fluxograma 1 foram selecionados 18 estudos para a leitura completa,
pois tratavam sobre oxigenoterapia, porém, apenas 6 atenderam aos critérios de
inclusão previamente estabelecidos. Dentre os artigos incluídos na revisão
sistemática, nenhum em português, 4 em inglês e 2 em espanhol.
Para melhor análise dos
resultados, o Quadro 1 apresenta a categorização dos artigos recuperados quanto
ao título, autores, ano de publicação, País, cidade, amostra, características
da amostra e desfecho clínico.
Quadro 1 - Descrição dos artigos selecionados. Verificam-se as variáveis listadas
em cada artigo: autor e ano de publicação, país, título, amostra,
características da amostra e desfecho clínico.
USA = United States of America,
em português, Estados Unidos da América; AVC = Acidente Vascular Cerebral;
Fonte: Os autores (2017).
As Intervenções
descritas nos artigos e as variáveis listadas para descrição das intervenções:
condutas, objetivos da intervenção, descrição das condutas e tempo de
intervenção, estão descritas no Quadro 2.
Quadro 2 - Intervenções
descritas nos artigos. Demonstra as variáveis listadas
para descrição das intervenções: condutas,
objetivos da intervenção, descrição
das condutas e tempo de intervenção (ver anexo em PDF).
Através desta revisão
os principais benefícios pontuados foram redução da disfunção respiratória e do
risco de morte súbita na epilepsia e em pacientes com diagnóstico clínico de
acidente vascular cerebral agudo, favorecendo uma melhora na recuperação
neurológica. Quanto ao uso demasiado verificou-se a falta de conhecimento da
equipe sobre os efeitos deletérios da administração de oxigênio. Entretanto, um
fator importante a considerar é eleger melhor o paciente para o uso dessa
terapia, objetivando potencializar seu efeito.
A oxigenoterapia tem
aplicabilidade em diversas condições clínicas [12]. Um estudo piloto realizado
por Roffe et
al. [8] mostrou sua importância em pacientes com lesões neurológicas e
observaram que a saturação de oxigênio noturna mediana durante o tratamento foi
maior no grupo que fez uso de oxigênio via cânula nasal do que no grupo
controle, e que a suplementação de oxigênio de rotina iniciada dentro de 24
horas de internação hospitalar em pacientes com diagnóstico clínico de AVC
agudo favoreceu a uma melhora na recuperação neurológica após uma semana.
Em pacientes com
epilepsia a principal causa de mortalidade está relacionada à morte súbita, e
pode ocorrer principalmente devido à disfunção respiratória (DR), duração de
imobilidade post-ictal (PI), duração da pos-tictal eletroencefalografia generalizada (EEG)
supressão (PGES). Um estudo teve por objetivo avaliar o impacto da enfermagem peri-ictal e suas intervenções sobre a duração do DR, PGES
e PI em pacientes com epilepsia. Através de vídeos gravados durante EEG em
telemetria na unidade de monitorização de epilepsia, os dados foram
retrospectivamente revistos. As condutas incluíam a administração de oxigênio
suplementar, aspiração da orofaringe e reposicionamento paciente. Os
profissionais avaliaram a associação entre o tempo de intervenção e duração de
hipoxemia. A intervenção anterior às crises foi associada com menor duração de
hipoxemia, menor duração do PGES, redução na duração da crise e convulsão. Isso
mostra a importância da intervenção precoce do profissional e o uso prévio do
oxigênio na resolução da hipoxemia nesses pacientes [11].
A hipoxemia é a
indicação mais comum para oxigênio suplementar, porém McMullan
et al. [10] descobriram em seu estudo
que a maioria dos pacientes com traumas civis receberam oxigênio suplementar,
mas só uma minoria realmente apresentou uma indicação.
Gooptu et al. [6] perceberam que é uma prática padrão dos profissionais
que atuam dentro de uma ambulância administrar altas concentrações de oxigênio
para pacientes que estão em dificuldade respiratória e muitas vezes ao chegar
no hospital esses pacientes encontravam-se em acidose hipercápnica
devido ao excesso de oxigênio ofertado. Desta maneira desenvolveram um sistema
de cartões de alerta e Venturi a 24%, em caso de readmissões os pacientes
deveriam mostrar esse cartão na ambulância e era administrado O2 por
Venturi a 24%, então, observou-se que após três anos da implantação desse
sistema o índice de readmissões com acidose hipercápnica
diminuiu, mostrando, assim, que o sistema foi eficaz.
Outro estudo realizado
através de entrevista com enfermeiros constatou que o procedimento mais
frequente em atendimento pré-hospitalar é a oxigenoterapia, o que torna propenso
o uso de quantidades indiscriminadas [7].
O uso demasiado de
oxigênio suplementar pode ser prejudicial. Há cada vez mais evidências de que a
hiperoxemia pode ser prejudicial em algumas condições
clínicas, tais como acidente vascular cerebral, infarto agudo do miocárdio,
prematuridade extrema, doença pulmonar obstrutiva crônica, e após a reanimação
cardíaca, essas observações ao paciente de trauma em geral é difícil, mas é
certamente plausível que a administração rotineira de oxigênio nem sempre seja
benéfica [11].
Os profissionais que
estão diretamente ligados a esta terapêutica devem ter conhecimento sobre a
mesma, principalmente indicações, contraindicações e seus efeitos deletérios
[12]. Cabello et
al. [13] realizaram um estudo com profissionais de saúde sobre a
administração rotineira de oxigênio em pacientes com infarto agudo do miocárdio
(IAM), e suas crenças da clínica. Os profissionais que trabalham com IAM
preencheram um questionário on-line na web. Os pesquisadores verificaram que 86%
dos entrevistados usam rotineiramente oxigênio em simples IAM, (44%) acreditam
que melhora a dor, (54%) acreditam que tenha qualquer efeito benéfico sobre a
mortalidade e cerca de 29% não têm conhecimento das recomendações e
orientações. Portanto, a oxigenoterapia em IAM consiste em uma prática
generalizada, onde parte pela crença, sendo necessário que tais crenças devam
tornar-se futuros projetos de pesquisa.
A manutenção dos
parâmetros de normalidade cardiorrespiratória através de uso de oxigênio suplementar
pode favorecer a toxicidade de forma iatrogênica, deste modo, a hipoxemia
permissiva (oxihemoglobina ≤ 88%) propicia a
redução de possíveis lesões, porém fazem-se necessárias formas de monitorar a
hipóxia tecidual de forma efetiva [5].
Além de conhecer os
efeitos do uso de oxigênio suplementar é importante que os profissionais
conheçam os dispositivos utilizados para administrá-lo, dentre eles estão:
tubos nasais, máscaras de nariz e máscaras de rosto [12]. Tais dispositivos têm
sido utilizados como tratamento de primeira linha para insuficiência
respiratória hipoxêmica. No entanto, o oxigênio
fornecido por estes sistemas convencionais tem várias limitações. Por
exemplo, fraca tolerância por causa de umidificação e aquecimento do fluxo insuficiente,
o fluxo de oxigênio fornecido por esses dispositivos geralmente não é mais do
que 15 L/min (o máximo fluxo emitido por máscaras de rosto). Outra
desvantagem dos dispositivos convencionais de oxigênio é a diferença entre o
fluxo de oxigênio e a quantidade exata de fluxo inspiratório ofertada ao
paciente [14].
Ultimamente tem se
estudado a oxigenoterapia de alto fluxo por cânula nasal, Rello
et al. [15] avaliaram a eficácia
dessa terapia em pacientes adultos com Síndrome da Angustia Respiratória Aguda
(SARA) por infecção por influenza. Neste estudo a cânula nasal de alto fluxo
foi indicada na presença de insuficiência respiratória aguda, quando o paciente
estava incapaz de manter a oximetria de pulso maior que 92%, com mais de 9
L/min de oxigênio com uma máscara facial padrão no sistema de administração
convencionais. Os resultados mostraram que 25 pacientes adultos não intubados
foram admitidos para SARA sendo 21 com pneumonia, 20 eram incapazes de manter a
oximetria de pulso acima de 92% com a administração através de dispositivos
convencionais de oxigênio. A oxigenoterapia através da cânula nasal de alto
fluxo foi bem sucedida em 9 (45%), deste modo, os
autores acreditam que a terapia O2 cânula nasal de alto fluxo parece ser uma
modalidade inovadora e eficaz para o tratamento precoce de adultos com SARA.
Alguns autores
relataram que o uso de oxigênio de alto fluxo pode trazer bons resultados,
principalmente em recém-nascidos com síndrome do desconforto respiratório, para
evitar falha de extubação e como suporte respiratório em
prematuros. Posteriormente, começou-se a estender a sua indicação para
crianças mais velhas [9].
Os principais
benefícios identificados com esta técnica incluem diminuição do espaço morto
anatômico, geração de uma pressão positiva nas vias áreas, variando de
acordo com o paciente, se mantém a boca aberta ou fechada, além disso, a
umidificação do gás produz um efeito benéfico sobre a atividade muco ciliar
[9]. Evidências recentes [16], indicam o uso da oxigenoterapia de alto fluxo
nasal em pacientes sob cuidados paliativos. Os autores relataram redução do
desconforto respiratório e da hipoxemia, além de permitir uma maior
tranquilidade para a família angustiada.
Nesse sentido, Parke et al.
[17], em um estudo realizado em 2011, compararam a oxigenoterapia nasal de alto
fluxo (ONAF) e a máscara padrão rosto de alto fluxo (MPRAF) em pacientes com
insuficiência respiratória hipoxêmica leve a
moderada, em uma unidade de terapia intensiva cardiotorácica e vascular. Estudo
comparativo prospectivo e randomizado, no qual 60 pacientes com insuficiência
respiratória hipoxêmica leve a moderada foram
randomizados para receber ONAF ou MPRAF. A taxa de ventilação não invasiva no
grupo ONAF foi de 10% comparado a 30% no grupo MPRAF. Com relação à dessaturação foi significativamente menor nos pacientes que
utilizaram ONAF. Portanto no tratamento de insuficiência respiratória hipoxêmica leve a moderada a ONAF pode ser mais eficaz do
que MPRAF.
Recentemente um estudo
com 38 pacientes com insuficiência respiratória causada por pneumonia adquirida
na comunidade, o uso de terapia de oxigênio de alto fluxo por cânula nasal
aquecida foi associado com uma significativa diminuição da frequência
respiratória e cardíaca, escore de dispneia, retração supraclavicular,
assincronia toracoabdominal e melhora significativa
da frequência cardíaca e saturação periférica de oxigênio. Tais melhorias foram
vistas a partir de 15 a 30 min após o começo dessa terapia e 6h após a
frequência cardíaca. A PaO2 foi significativamente mais elevada
do que depois de 1h antes da utilização do dispositivo. A PaO2/FiO2
foi significativamente melhorada em 1 e 24h quando em comparação com o valor
observado antes da sua utilização do alto fluxo, porém não houve aumento
significativo no pH e na PaCO2 antes, após 1 e 24h de terapia na
gasometria arterial [18].
Devido aos novos
estudos e surgimento de novas maneiras de administração de oxigênio é
indispensável que os profissionais da saúde estejam constantemente se
aperfeiçoando, além disso, é necessário conhecer a importância da
oxigenoterapia e principalmente as consequências do seu uso inadequado,
evitando, assim, que maiores danos sejam causados ao paciente e tornando a
terapia mais efetiva.
O presente estudo
apresentou algumas limitações, tais como: a disponibilidade de artigos
completos, a escassez de estudos sobre a temática e principalmente ensaios
clínicos randomizados que especifiquem o uso do oxigênio em pacientes agudos.
Foram evidenciados
alguns benefícios dessa terapia, contudo, deve-se destacar a importância do
conhecimento por parte dos profissionais com o intuito de reduzir o uso
indiscriminado e prevenir os efeitos deletérios do oxigênio. Embora as
pesquisas mostrem que a oxigenoterapia é parte integrante no tratamento de
pacientes agudos, mais estudos que avaliem essa terapêutica são necessários.