ARTIGO
ORIGINAL
Efeito da
realidade virtual na intensidade de tontura e qualidade de vida de idosos com hipofunção vestibular unilateral
Effect
of virtual reality on intensity of dizziness and quality of life in elderly
living with unilateral vestibular hypofunction
Caroline Fernanda Mello Barbosa*, Ivan Luiz Pavanelli*, Tamires de Oliveira Souza Silva*, Paulo Roberto Rocha Júnior**, Guilherme Batista do Nascimento**
*Graduado
em Fisioterapia, UNIFAI - Centro Universitário de Adamantina/SP, **Docente do
Curso de Fisioterapia da UNIFAI, Centro Universitário de Adamantina/SP
Correspondência: Paulo Roberto Rocha Júnior, Rua João Procópio da Silva, 211 casa 160 Jardim Esmeralda 17516-740 Marília SP, E-mail: prochajr@terra.com.br; Caroline Fernanda Mello Barbosa: carolinemello07@hotmail.com; Ivan Luiz Pavanelli: ivanluiz_p@hotmail.com; Tamires de Oliveira Souza Silva: souzatamyres@hotmail.com; Guilherme Batista do Nascimento: guilhermefcav@gmail.com
Artigo selecionado pelo
Congresso Brasileiro de Osteopatia e Fisioterapia
Manipulativa organizado pela Escola Brasileira de Fisioterapia Manipulativa,
www.ebrafim.com, Salvador 2018.
Resumo
Este estudo teve por
objetivo verificar a eficácia da realidade virtual na intensidade de tontura e
qualidade de vida de idosos com hipofunção vestibular
unilateral. A amostra foi constituída por 12 indivíduos com idade média de
70,16 ± 6,86 anos, de ambos os gêneros, referindo sintoma de tontura por dois
meses e apresentaram positividade para hipofunção
vestibular unilateral. Foram excluídos do estudo pacientes que apresentaram
positividade para VPPB. Para avaliação da qualidade de vida foi utilizado o Dizziness Handicap Inventory
- versão brasileira, para a avaliação do sintoma de tontura foi utilizado a
Escala Visual Analógica (EVA). Os participantes foram avaliados e divididos em
dois grupos, grupo A - exercícios vestibulares convencionais - e grupo B -
tratamento com realidade virtual através do Xbox 360 Kinect® da Microsoft. Ao
término da última sessão, foi realizada a reavaliação. Para a análise dos dados
foi utilizado estatística descritiva, os testes de Wilcoxon
para a variável EVA e T de Student para as o DHI de
ambos os grupos. O nível de significância foi de 5%. Ao término do programa,
apenas o grupo B mostrou diferença significativa nos quesitos avaliados.
Conclui-se que a realidade virtual é adequada no tratamento de idosos com hipofunção vestibular unilateral.
Palavras-chave: idoso, doenças
vestibulares, terapia de exposição à realidade virtual, terapia por exercício e
qualidade de vida.
Abstract
This
study aimed to verify the efficacy of virtual reality on intensity of dizziness
and quality of life in elderly with unilateral vestibular hypofunction. The
sample consisted of 12 individuals with a mean age of 70.16 years (± 6.86) of
both genders, who reported dizziness symptoms for at least two months and
presented positivity for unilateral vestibular hypofunction. Patients who were
positive for BPPV were excluded. The Dizziness Handicap Inventory - Brazilian
version was used to evaluate quality of life, and Visual Analog Scale (VAE) was
used for evaluation of dizziness symptoms. Participants were assessed and then
divided into two groups; in group A the intervention was performed through
conventional vestibular exercises; and group B underwent a treatment with use
of virtual reality through the Xbox 360 Kinect® of Microsoft. At the end of
last session, the revaluation was carried out. For data analysis, descriptive
statistics were used, and Wilcoxon, Student's T and Shapiro-Wilk tests were
used to compare variables of groups A and B. The level of significance was 5%.
At the end of the program, only group B showed a significant difference in the
evaluated items, we concluded that virtual reality is an adequate to treatment
of elderly patients with unilateral vestibular hypo function.
Key-words: elderly,
vestibular diseases, virtual reality exposure therapy, exercise therapy and
quality of life.
O equilíbrio corporal
estático é definido como a manutenção da postura adotada com o mínimo de
oscilação e o equilíbrio dinâmico é a manutenção da postura durante certa
atividade que perturbe a orientação corporal [1].
Existem
três sistemas
responsáveis pelo equilíbrio, estes quando em
funcionamento normal, garantem a
manutenção do centro de gravidade corporal. O sistema
visual relata ao sistema
nervoso central a posição do corpo no espaço,
permitindo que o indivíduo se
oriente e reorganize sua postura em relação ao ambiente.
O sistema
somatossensorial fornece informações em
relação aos movimentos do corpo de
acordo com a base de sustentação. O sistema vestibular
tem como função informar
sobre posição e movimentação
cefálica, ou seja, informa sobre a postura de
pescoço e cabeça de forma estática ou
dinâmica e, também indica acelerações
lineares,
que são as mudanças de velocidade decorrentes da
movimentação corporal.
Qualquer perturbação em um dos sistemas que compõe
o equilíbrio pode ocasionar
sintomas de tontura e instabilidade corporal. Na
população idosa, é frequente o
aparecimento de disfunções destes sistemas sensoriais e,
devido a isso, é comum
que estes indivíduos apresentem sintomas relacionados à
falta de equilíbrio e
tontura, sendo que, boa parte das disfunções vestibulares
periféricas se
caracterizam como Hipofunção Vestibular Unilateral
[2].
Com o aumento da
expectativa de vida, aumentou também a ocorrência de tontura e vertigem em
adultos e, principalmente, em idosos. Dentre várias causas que levam a esses
sintomas, as disfunções do aparelho vestibular periférico assumem grande
incidência. Tais disfunções podem ser originadas por várias maneiras:
envelhecimento, reações tóxicas a medicamentos, alterações no fluxo sanguíneo
cerebral, entre centenas de outros fatores [3].
O sintoma de tontura é presente em 5 a
10% da população mundial, sendo a quarta queixa mais encontrada em homens e
sétima em mulheres; acomete 47% dos homens e 61% das mulheres com mais de 70
anos. Trata-se da queixa mais comumente encontrada após os 75 anos de idade,
ele é ainda o segundo sintoma mais comum até os 65 anos e o mais comum após
esta faixa etária, presente em 65% dos indivíduos com 65 anos ou mais. Acomete
de 50% a 60% dos idosos que vivem em comunidade e 81 a 91% dos que são
atendidos em ambulatórios geriátricos [3].
A tontura é caracterizada
pela sensação de movimento do próprio indivíduo ou do ambiente em que se
encontra [4]. Este sintoma pode levar a insegurança psíquica, irritabilidade,
perda da autoconfiança, redução dos relacionamentos interpessoais, insatisfação
consigo mesmo, entre outros sintomas decorrentes da insegurança física gerada
pela tontura [5].
A grande maioria dos
indivíduos acometidos pelos sintomas de tontura restringem suas atividades de
vida diárias com o intuito de reduzir o risco de quedas evitando possíveis
constrangimentos, essa limitação gerada pelo sintoma acarreta em frustração e
consequente impacto negativo sobre a qualidade de vida [4]. Entende-se por
qualidade de vida, segundo a Organização Mundial da Saúde: a percepção do
indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e sistema de valores
nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e
preocupações [6].
A estratégia
terapêutica habitualmente utilizada no tratamento de idosos com disfunção do
aparelho vestibular periférico são os exercícios vestibulares, personalizados
para cada indivíduo, tendo como base a proposta de Cawthorne
e Cooksey que na década de 1940, introduziram
exercícios físicos no tratamento de pessoas com sintomas de característica
vestibular. Os exercícios são de caráter evolutivo e respondem a necessidade de
cada paciente, porém têm como base movimentos cefálicos associados à
estabilização visual e, posteriormente, movimentos dinâmicos que utilizem de
grandes grupos musculares. De modo geral eles objetivam a estabilização visual
durante os movimentos e a melhora da estabilidade estática e dinâmica durante
as situações de conflito sensorial [7].
Os benefícios
alcançados através dos exercícios vestibulares se dão devido ao mecanismo central
de neuroplasticidade, que é a capacidade das células nervosas estabelecerem
novas conexões sinápticas [8].
A realidade virtual é
definida como a conexão homem-máquina, onde ocorrem situações que podem ser
comparadas a aquelas vivenciadas durante o cotidiano, desse modo, o indivíduo
experimenta considerável número de estímulos através da interação com o cenário
proposto. A utilização da realidade virtual é algo que vem sendo aprimorado e,
a cada dia, mais requisitado, pois possibilita o treinamento de pacientes com
diferentes tipos de patologia, outro benefício é a possibilidade de registro da
evolução dos pacientes no próprio recurso terapêutico [9].
O sistema de realidade
virtual na reabilitação do idoso vertiginoso vem com o intuito de aprimorar a
forma de tratamento dos transtornos de equilíbrio através de estímulos visuais,
em diferentes condições somatossensoriais. O uso de vídeogame
terapia proporciona ao indivíduo situações em que ele precise buscar
estratégias para recuperar ou manter o equilíbrio, deste modo, solicitando as
funções do sistema vestibular e consequentemente treinando-o [10].
As desordens
unilaterais podem causar incapacidade física e com isso comprometer a qualidade
de vida, sendo assim, é importante avaliar a eficácia de novos meios de
tratamento como a realidade virtual quando comparado com os métodos
convencionais.
O objetivo do presente
estudo foi verificar a eficácia do uso de realidade virtual no sintoma de
tontura e qualidade de vida de idosos com hipofunção
vestibular unilateral em relação aos exercícios convencionais propostos por Cawthorne e Cooksey.
Trata-se de um estudo
clínico randomizado. A amostra foi constituída por indivíduos com idade igual
ou superior a 60 anos, de ambos os gêneros, que referiram sintoma de tontura
por pelo menos dois meses e apresentaram positividade para hipofunção
vestibular unilateral. Optou-se por não eleger critérios específicos para a
aquisição da amostra no que se diz respeito ao diagnóstico médico.
Foram excluídos do
estudo idosos com doenças restritivas que impeçam a realização dos exercícios
como processos degenerativos, neoplásicos, aqueles que utilizem dispositivos
auxiliares para marcha e/ou que não estejam de acordo com as prerrogativas do
estudo.
Este projeto de
pesquisa foi aprovado pelo CEP via Plataforma Brasil, número do parecer:
2.670.110.
Os pacientes que
obtiveram diagnóstico cinético-funcional de hipofunção
vestibular unilateral foram divididos em dois grupos. A divisão dos grupos e
seleção de exposição ao tipo de tratamento foi através da randomização, os
pacientes elegíveis para o estudo foram inseridos em uma lista e ordenados
alfabeticamente, posteriormente foi produzida uma sequência de números
randômicos pelo software Random Number Generator®, dessa forma separando aleatoriamente os
grupos [11].
Todos os participantes
foram instruídos sobre os procedimentos, objetivos e possíveis riscos do
estudo, assinando um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
As avaliações ocorreram
antes do início da primeira sessão de tratamento e ao término da última. Todos
os participantes passaram por exame oculomotor, testes para Vertigem Posicional
Paroxística Benigna (VPPB), Hipofunção Vestibular
Unilateral (HVU) e foram avaliados quanto a intensidade de tontura e qualidade
de vida.
O exame oculomotor é
realizado através da inspeção dos olhos em movimento ou estaticamente. O
principal achado durante esse exame é o nistagmo, que de acordo com sua
direção, velocidade e frequência nos dão indícios de desordens vestibulares
[12].
Os testes específicos
que foram empregados para a detecção de VPPB são as manobras de Dix-Hallpike, utilizada para encontrar possíveis alterações
nos canais semicirculares anterior e/ou posterior e, o Teste de Girar, para a
detecção de desordens dos canais semicirculares laterais. A manobra de Dix-Hallpike é realizada com o paciente sentado com os
membros inferiores sobre a maca, é realizada uma rotação cervical de 45° para o
lado a ser avaliado, associado a uma extensão com a mesma angulação, então o
paciente é deitado rapidamente de maneira que sua cabeça fique para fora da
maca, é considerado positivo a presença de nistagmo, tontura e possíveis náuseas.
O teste de girar é realizado com o paciente deitado em decúbito dorsal, é
realizada uma flexão cervical de 30° e uma rotação de 90° para o lado a ser
avaliado, tendo como positividade a presença de nistagmo, tontura e náuseas. Os
testes para VPPB podem nos dar dois tipos de labirintopatia,
a canalitíase e a cupulolitíase
[13]. Os pacientes que apresentaram positividade nos respectivos testes não
participaram do estudo.
Para a detecção de HVU,
além dos indícios encontrados no exame oculomotor, foram realizados dois testes
que indicam a presença de função labiríntica reduzida, sendo eles o teste de
Fukuda e o de Romberg.
O teste de Fukuda é
realizado com o paciente em ortostatismo, com os membros superiores elevados e
em extensão ao nível do ombro, então pede-se para que o paciente marche no
lugar durante um minuto com os olhos fechados, caso haja o deslocamento em
rotação maior que 30° é indicativo de HVU para o mesmo lado da rotação [14].
O teste de Romberg é de fácil realização, o paciente deve permanecer
em posição ortostática com os olhos fechados por pelo menos 30 segundos, é
considerado positivo a necessidade de deslocamento da base de sustentação por
conta de instabilidade em relação ao centro de gravidade, geralmente o lado do
deslocamento é igual ao lado lesado [15].
A qualidade de vida foi
avaliada pelo Dizziness Handicap Inventory-
versão brasileira [16]. Trata-se de um questionário que
avalia as
interferências e os prejuízos da qualidade de vida em
pacientes com tontura. É
composto por 25 questões. As questões 01, 04, 08, 11, 13,
17 e 25 avaliam o
domínio físico, as questões 02, 09, 10, 15, 18,
20, 21, 22 e 23 avaliam o
domínio emocional e as questões 03, 05, 06, 07, 12, 14,
16, 19 e 24 avaliam o
domínio funcional. As respostas dadas pelos pacientes
receberão a seguinte
pontuação: as respostas “sim”
receberão quatro pontos, as respostas “não”
foram
pontuadas como zero ponto, e as respostas “às vezes”
receberão dois pontos.
Desta forma, a
pontuação total obtida corresponde a 100 pontos, situação em que se observa um
prejuízo máximo causado pela tontura; e a menor pontuação, zero ponto, revela
nenhum prejuízo provocado pelo problema na vida do paciente.
Da mesma forma,
avaliando-se cada domínio individualmente, quanto maior a pontuação, maior o
prejuízo causado pela tontura.
O sintoma de tontura
foi avaliado pela Escala Visual Analógica (EVA), trata-se de um procedimento
onde o próprio paciente assinala em uma linha enumerada de zero a dez, o ponto
que mais coincide com seu sintoma, sendo que zero corresponde a nenhum sintoma
e, dez corresponde ao máximo de sintoma. O objetivo desse teste é avaliar a
intensidade da tontura nos pacientes [17].
Um dos grupos,
intitulado Grupo A, foi submetido a um protocolo de fisioterapia vestibular
convencional composto por 15 etapas de exercícios de complexidade evolutiva,
com base nos exercícios propostos por Cawthorne e Cooksey, sendo realizadas três vezes por semana, uma etapa
por dia no ambiente clínico em um período de cinco semanas [18].
O Grupo B foi exposto à
realidade virtual através do vídeo game comercial Xbox 360 Kinect® da
Microsoft, trata-se de uma plataforma que possui um sistema de câmeras que
captam o movimento do jogador. Dentre os jogos disponíveis para tal está o
pacote Adventures, onde foi utilizado inicialmente o
jogo Tapa Vazamentos, evoluindo posteriormente para o Salão dos Ricochetes e
Cume dos Reflexos. Tratam-se de jogos que exigem deslocamentos constantes do
centro de massa através de movimentos dinâmicos de membros superiores e
inferiores, dessa forma, solicitando as reações de equilíbrio necessárias para
o tratamento dos pacientes com disfunções vestibulares unilaterais [9]. Os
pacientes foram submetidos a tal procedimento por um período de vinte minutos,
por 15 sessões sendo realizadas três vezes semanais em ambiente clínico [19].
A análise descritiva
das variáveis foi realizada considerado os valores de médias e desvios-padrão.
A variável EVA, que atendeu as pressuposições de normalidade por meio do teste
de Shapiro-Wilk, foi avaliada por meio do teste
paramétrico de T-Student. Nas demais características
foi aplicado o teste não paramétrico de Wilcoxon.
Como os resultados foram colhidos na mesma unidade experimental antes e após a
aplicação do tratamento, em ambas as análises os dados foram considerados como
pareados, sendo adotado um nível de significância igual a 5%.
Trinta e nove
potenciais participantes foram contatados, destes 24 foram excluídos: um
apresentou idade inferior a 60 anos e 23 apresentaram positividade para
Vertigem Posicional Paroxística Benigna nos testes de Dix-Hallpike
e Roll-test, dessa forma, 15 indivíduos foram
selecionados, porém três destes se recusaram a participar do estudo, restando
uma amostra de 12 pacientes que foram divididos em dois grupos de seis
participantes.
A idade média do Grupo
A foi de 68,6 (±5,96) anos sendo que 33,33% dos indivíduos são do sexo feminino
e 66,66% do sexo masculino e, para o Grupo B de 71,6 (± 7,36) anos sendo
composto por 100% de indivíduos do sexo feminino.
A Figura 1 demonstra os
resultados para a intensidade de tontura (EVA) nos grupos A e B, é possível
verificar que apenas o Grupo B demonstrou diferença significativa (p =
0,000662) e, o Grupo A não obteve diferença significativa (p = 0,1152).
Figura 1 - Comparação pré e pós-intervenção dos Grupos em relação ao sintoma de
tontura (EVA).
Os resultados pré e
pós-intervenção em relação ao aspecto Físico da qualidade de vida estão
expostos na Figura 2. Nota-se que apenas o Grupo B demonstrou diferença
significativa neste quesito (p = 0,03603) em relação ao Grupo A (p = 0,05791).
Figura 2 - Comparação pré e pós-intervenção entre os grupos em relação ao aspecto
Físico da qualidade de vida.
A Figura 3 demonstra os
resultados obtidos sobre o aspecto Funcional da qualidade de vida, onde o Grupo
B apresentou melhora significativa (p = 003552) pós-intervenção em relação ao
Grupo A (p = 0,1975).
Figura 3 - Comparação pré e pós-intervenção entre os grupos em relação ao aspecto
Funcional da qualidade de vida.
Em relação ao aspecto
Emocional da qualidade de vida, apenas o Grupo B apresentou melhora
significativa (p = 0,03603) em relação ao Grupo A (p = 0,05676) como
demonstrado na Figura 4.
Figura 4 - Comparação pré e pós-intervenção entre os grupos em relação ao aspecto
Emocional da qualidade de vida.
Os resultados obtidos
em relação à qualidade de vida total, caracterizada pela soma dos três aspectos
esta exposta na Figura 5.
Apenas o Grupo B apresentou diferença significativa (p = 0,03603) em relação ao
Grupo A (p = 0,05917) pós-intervenção.
Figura 5 - Comparação pré e pós-intervenção entre os grupos em relação a qualidade
de vida total.
É válido ressaltar que
no Grupo B, quatro pacientes tiveram remissão dos seus sintomas na avaliação da
EVA e, neste mesmo quesito, apenas um paciente do Grupo A apresentou tal
melhora. Em relação a todos os aspectos avaliados pelo DHI, os pacientes do
Grupo B obtiveram melhor desenvolvimento na reavaliação em comparação com o
Grupo A. Quando avaliado o DHI total, três pacientes do Grupo B apresentaram
nenhum prejuízo na qualidade de vida no momento da reavaliação e apenas um
paciente do Grupo A obteve o mesmo desempenho.
O principal achado do
presente estudo foi a melhora evidente dos pacientes com hipofunção
vestibular unilateral em relação à qualidade de vida e sintoma de tontura
pós-reabilitação através de realidade virtual, estes resultados também foram
encontrados em outros estudos [20-22] e convergem com alguns achados [23]. A
melhora dos pacientes submetidos aos dois tipos de tratamento, exercícios
convencionais e realidade virtual, se dá por conta dos mecanismos de
neuroplasticidade, no qual o sistema vestibular habituou-se em decorrência de
exercícios propostos de forma repetitiva [24].
O foco do estudo na
população idosa baseia-se na necessidade de intervenções referentes à
reabilitação vestibular para esta faixa etária, estudos demonstram que a
população idosa é constantemente acometida por desordens vestibulares, isso se
deve à dificuldade de interação entre os sistemas responsáveis pelo equilíbrio
proveniente da idade, incluindo decréscimo da função vestibular devido
degeneração dos receptores vestibulares periféricos [25-27].
A terapia de realidade
virtual no tratamento da disfunção vestibular esta
cada vez mais difundida, embora ainda apresente poucos estudos em periódicos;
no entanto, os estudos evidenciaram bons resultados, portanto o presente se
mostra de grande importância devido à comprovação de novos meios de tratamento
para o sintoma.
Costa et al. [20], em estudo de caso
utilizando um hardware Nintendo Wii no tratamento de vestibulopatia
periférica analisou melhora da qualidade de vida em todos os aspectos avaliados
pelo DHI, oque condiz com os achados do presente
estudo. Do mesmo modo, Sarac et al. [28], em um
relato de caso que utilizou realidade virtual no tratamento de vestibulopatia periférica, demonstrou que trata-se de um
método agradável e eficaz de reabilitação e que mantém a motivação e o
engajamento do paciente durante o tratamento, em contra partida, Meldrum et al.
[29], demonstrou em seu estudo que é difícil para os pacientes obter um
feedback quando realizam exercícios convencionais, pois podem ser repetitivos e
menos atrativos quando comparados aos de realidade virtual.
Romero et al. [30],
demonstrou em seu estudo a importância da ferramenta DHI para quantificar o
impacto negativo na qualidade de vida de pessoas com sintoma de tontura, bem
como a eficácia do uso de reabilitação vestibular nesta população. Em estudo
realizado por Berticelli et al. [31], que utilizou de exercícios convencionais no tratamento
de idosos vertiginosos, também foi verificada a melhora na qualidade de vida em
todos os aspectos avaliados pelo DHI, estes dados equivalem aos do presente
estudo, em que os pacientes do grupo A demonstraram melhora individualmente nos
quesitos da qualidade de vida.
Em estudo que comparou
exercícios convencionais com um protocolo de estímulos de fixação ocular
utilizando DVD, Manso et al. [21],
encontrou resultados satisfatórios no DHI e EVA em ambos os grupos quando
comparados os resultados pré e pós intervenção, do mesmo modo, no presente
estudo em ambos os grupos foi observado melhora dos mesmos aspectos, embora
apenas no grupo B tenha sido estatisticamente significativo.
Pode-se apontar como
limitação do presente estudo a quantidade reduzida da amostra. Observou-se no
período inicial da intervenção que foi necessária uma média de duas sessões
para a adaptação dos idosos aos jogos de realidade virtual.
O uso da realidade
virtual através do Xbox 360 Kinect® da Microsoft mostra-se eficaz para promover
redução da intensidade de tontura e melhora na qualidade de vida de idosos com hipofunção vestibular unilateral.
Sugerem-se mais estudos
na área com diferentes populações e maiores amostras para melhor comprovação
dos achados do presente estudo.