ARTIGO ORIGINAL
Práticas
fisioterapêuticas na acuidade visual com ênfase na miopia e no astigmatismo
Physiotherapic
practices in visual acuity with emphasis in myopia and astigmatism
Jandira Tacca*, Daiane Giacomet Ferreira,
M.Sc.**, Sílvia Lemos Fagundes, Ft., M.Sc.***
*Graduanda em
Fisioterapia, Universidade de Caxias do Sul, **Especialista em Psicomotricidade
pelo Centro Universitário FEEVALE, Mestre em Saúde Coletiva pela Universidade
do Vale do rio dos Sinos, ***Mestre em Engenharia Biomédica, Especialização em
Administração Hospitalar IAHCS
Recebido 4 de outubro
de 2019; aceito 15 de dezembro de 2019.
Correspondência: Jandira Tacca, Avenida Itália, 505/113, 95010-040 Caxias do Sul RS
Jandira Tacca: jandira_ta@yahoo.com.br
Daiane Giacomet Pereira: fisioneuropedi@gmail.com
Silvia Lemos Fagundes:
silvialemosf@gmail.com
Resumo
Na Fisioterapia Oftálmica
são realizados exercícios para aumentar a função ocular. A Miopia e o
Astigmatismo são erros refrativos que causam alteração da visão à distância.
Objetiva-se neste estudo, verificar a influência da Fisioterapia nas alterações
visuais e nas dores e desconfortos musculares. Essa pesquisa qualitativa do
tipo observacional descritivo foi realizada com um grupo de cinco voluntários
que apresentavam Astigmatismo e/ou Miopia. Foram utilizados seis instrumentos
para coleta de dados: um questionário no início e no final da intervenção, uma
avaliação da Acuidade Visual pela Escala Optométrica
de Snellen, um diário de campo, uma ficha individual
do colaborador e laudos médicos. O protocolo consistiu em exercícios, baseado
no método Self-Healing de Meir
Schneider. Com a realização deste estudo, constatou-se um aumento da Acuidade
Visual, efeitos na presbiopia, na satisfação com o corpo, na autoestima, na
diminuição da fadiga ocular, no desapego do uso dos óculos, no aumento da
ampliação periférica, na atenção do olhar, na memória e na aquisição do
conhecimento sobre os cuidados com a visão. Considera-se que a Fisioterapia
Oftálmica, por intermédio do método Self-Healing, é
uma ferramenta de intervenção que pode recuperar e/ou prevenir problemas
oculares e diminuir dores musculares.
Palavras-chave: acuidade visual,
fisioterapia, miopia, astigmatismo.
Abstract
In
Ophthalmic Physiotherapy exercises are performed to increase eye function.
Myopia and Astigmatism are refractive errors that cause changes in distance vision.
The objective of this study was to verify the influence of Physical therapy on
visual changes, muscle pain and discomfort. This qualitative, descriptive and
observational research was performed with a group of five volunteers who
presented Astigmatism and/or Myopia. Six instruments were used for data
collection: a questionnaire at the beginning and at the end of the
intervention, a Visual Acuity assessment by the Snellen Optometric Scale, a
field diary, an individual employee record and also
medical reports. The protocol consisted of exercises based on Meir Schneider's
Self-Healing Method. With this study, we observed an increase in Visual Acuity,
effects on presbyopia, body satisfaction, self-esteem, decreased eye fatigue,
detachment from wearing glasses, increased peripheral magnification, eye
attention, memory and acquisition of knowledge about vision care. Ophthalmic
Physiotherapy, through the Self-Healing method, is an intervention tool that
can recover and/or prevent eye problems and decrease muscle pain.
Keywords: visual acuity, physical therapy, myopia, astigmatism.
A Acuidade Visual (AV)
é essencial para as atividades de vida diária. É notório que os desequilíbrios
musculares e articulares, comuns nos maus hábitos de vida, impactam na
fragilidade da saúde ocular. Os músculos extraoculares possibilitam aos olhos
conduzir uma direção em movimento e ajudam a manter a forma do globo ocular e
sua estabilidade na órbita [1].
Globalmente, estima-se
que 27% das pessoas sofrem com Miopia e com um aumento significativo para cerca
de 50% da população mundial até o ano de 2050 [2]. Na Miopia os defeitos de
foco são causados por uma discrepância entre o tamanho do olho e o poder
refrativo. No Astigmatismo existe uma assimetria dos raios de curvatura de
diferentes meridianos da córnea ou do cristalino [3].
A Fisioterapia ocular é
a atuação do profissional na motilidade ocular, avaliando e fazendo mensurações
apropriadas dos músculos oculares alterados, orientando e tratando através de
exercícios e tratamentos clínicos capazes de melhorar a função ocular. A
Fisioterapia oftálmica ainda é pouco reconhecida, se trata de uma especialidade
recente e não legalizada pelo CREFITO. Mesmo assim, já existem resultados
positivos em relação a sua atuação no tratamento de distúrbios oculomotores
[4]. A perda de visão em algumas partes do campo visual é reversível. O
treinamento de restauração da visão por estimulação não invasiva, por corrente
alternada, melhora a visão em cerca de 70% dos casos sem eventos adversos
graves. Esta prática merece uma reputação na oftalmologia por seu papel na
reabilitação visual [5].
Os exercícios visuais
existem há mais de 100 anos, foram desenvolvidos por William Horatio Bates em 1860. Dr. Bates descobriu por meio de
pesquisa, que quando são usadas células certas, a visão permanece sadia. De
acordo com essa ideia o pesquisador desenvolveu um programa de exercícios para
os olhos, destinado a trabalhar a funcionalidade ocular e obteve resultados com
seus próprios pacientes [6].
Meir Schneider, nascido em
1954 com muitos problemas visuais, tinha Estrabismo, Glaucoma, Astigmatismo,
Nistagmo e Catarata, passou por muitos procedimentos cirúrgicos sem sucesso,
passou a exercitar-se segundo o método de Bates. Aos
17 anos de idade, Schneider teve conhecimento dos exercícios visuais e os
aplicou rigorosamente com muita disciplina, praticando todos os dias por horas.
Surpreendendo a todos, após um ano de realização dos exercícios, percebeu que a
funcionalidade dos olhos melhorou e consequentemente aos poucos a visão
apareceu. Hoje está com uma visão funcional, recuperou boa porcentagem de sua
visão, está curado da cegueira congênita, vive uma vida normal, sem óculos [7].
A partir disso,
descobriu com a própria experiência, que o corpo é capaz de se auto curar,
dedicou a vida para o desenvolvimento do método self-healing
aprimorando os exercícios criados por Bates [7]. Foi
legalmente autorizado a fundar a escola School
for Self-Healing para ajudar as pessoas que
procuram o seu trabalho [6].
Pretende-se desenvolver
uma série de exercícios visuais e corporais para uma possível benfeitoria na
funcionalidade visual, podendo ocasionar mudanças no Astigmatismo e na Miopia.
Considera-se que há pouco conhecimento da maioria da população que a
Fisioterapia pode atuar nos órgãos dos sentidos visuais e colaborar com o
tratamento visual, portanto objetiva-se neste estudo, verificar a influência da
Fisioterapia nas alterações visuais e nas dores e desconfortos musculares
provenientes dessas.
Esta pesquisa qualitativa,
do tipo observacional descritivo, foi realizada com um grupo de participantes
voluntários. Foi aprovada pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Faculdade da Serra
Gaúcha (FSG) sob o parecer 3.136.557, e foi concluído junto ao Comitê de Ética
da Universidade de Caxias do Sul (UCS).
Após divulgação
realizada pela secretaria do Centro Integrado de Saúde de uma instituição de
ensino da serra gaúcha, obteve-se contato com 5 voluntários em tratamento de
saúde nesta instituição, com alteração visual de Astigmatismo e/ou Miopia.
Inicialmente foram assinados os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE) e de gravação. Na sequência os participantes foram avaliados e
aplicou-se as intervenções fisioterapêuticas, totalizando 24 encontros semanais,
com uma hora de duração cada. O período de intervenção ocorreu entre dezembro
de 2017 e julho de 2018.
A amostra foi recrutada
por conveniência incluindo criteriosamente: o diagnóstico clínico de Miopia
e/ou Astigmatismo, período máximo de 3 meses anterior ao início da pesquisa, de
ambos os gêneros, faixa etária entre 25 a 60 anos no qual permitiria uma
amostra maior, que utilizassem ou não lentes de correção e que aceitassem
assinar o TCLE. Sendo excluídos os que se recusaram a assinar o TCLE, com idade
abaixo de 25 anos e acima de 60 anos, os que apresentaram algum comprometimento
neurológico que incapacitasse de responder os questionamentos.
Foram utilizados seis
instrumentos para coleta de dados: um questionário no início e no final da intervenção
desenvolvidos pela pesquisadora, um diário de campo e uma ficha individual do
colaborador desenvolvido pela pesquisadora, uma avaliação da AV antes e depois
da intervenção, através da Escala Optométrica de Snellen criada por Herman Snellen
a uma distância de 6 metros, sem lentes de correção visual e também laudos
médicos referentes aos distúrbios visuais, antes e após a intervenção.
Metodologicamente, o
Protocolo de Tratamento consistiu em exercícios, baseados no método Self-Healing conforme Schneider [8]. Foram aplicados exercícios
de relaxamento corporal, estímulos para a circulação sanguínea, alongamentos
musculares (cabeça, cervical e membros superiores), sequencialmente eram
enfatizados exercícios para os olhos com relaxamento da região ocular,
alongamentos com movimentos oculares, expansão da visão periférica e central
através de estímulos visuais variados e com relaxamento corporal global. Para
melhor entendimento do Protocolo de Tratamento foi desenvolvido um folheto
explicativo ilustrado, contendo os exercícios propostos (Figura 1).
Da análise de conteúdo temático, foram extraídas relações, palavras, frases ou resumos e significâncias pertinentes aos objetivos referenciados na literatura científica, que compiladas, resultaram em categorias.
Primeira categoria:
Perfil socioeconômico dos participantes do estudo.
Dentre os participantes
selecionados para esta pesquisa, a maioria era do gênero feminino (80%), sendo
quatro mulheres e um do gênero masculino (20%).
Em um estudo realizado
na Argentina, foi identificado que a prevalência de Miopia em estudantes foi
maior no gênero feminino com 60% em comparação com o gênero masculino [9].
Dos participantes deste
estudo um era da cor parda e outros quatro eram da cor branca. Segundo a
revista Oftalmo Medgrupo
[10], a raça branca apresenta entre 25 a 30% de adultos míopes e os negros
cerca de 15 à 20%.
Neste estudo os
participantes apresentavam idade mínima de 55 e a máxima de 60 anos.
Correspondendo com a literatura científica, quando o olho começa ter
dificuldade de focar para perto, com o avanço da idade ocorre uma redução na
Acuidade Visual para perto, pela perda da elasticidade da lente do olho [11].
Com relação às profissões
e o grau de instrução dos participantes, variou de função administrativa a
função operacional em fábrica, atividades do lar e de costura. Duas
participantes tinham ensino superior, outras duas o ensino fundamental e um
participante o ensino médio.
Em um estudo com 486
indivíduos, entre 12 e 59 anos de idade, sendo 259 indígenas, constatou-se que
quanto mais alfabetizados eram os povos, maior era a incidência de Miopia. A
alfabetização e suas consequências (forçar o olho, não fazer pausas, pouca
frequência do piscar, trabalhar em ambientes fechados) estão associadas com a
prevalência da Miopia [12].
Segunda categoria: A
sintomatologia dos participantes após a intervenção fisioterapêutica, com
alterações visuais associadas nas dores e/ou desconfortos musculares.
Para a prevenção de
problemas oculares, é necessário treinamento para os olhos, da mesma forma como
se necessita de Fisioterapia para o corpo [13].
Os exercícios visuais
reduzem a fadiga ou dor ocular, umidificando os olhos, reduzindo a tensão dos
músculos ao redor dos olhos e o hábito do piscar suaviza a irritação,
inflamação ou coceira nos olhos [7].
Os exercícios visuais
trouxeram resultados significativos em todos os participantes referentes à
fadiga ocular como conferido nos relatos a seguir (os nomes são fictícios para
preservar a identidade dos participantes):
“[...]
diminuiu a coceira nos olhos, aquela aguinha do lado do olho que me incomodava
[...]”. Rosa.
“[...]
os olhos lacrimejam menos”. Cravo.
“[...]
a coceira melhorou nos dois olhos”. “Nunca mais usei colírio”. “Acordava com o
olho muito seco e parecia que tinha areia [...]”. Margarida.
“[...]
depois de alguns dias me senti bem, os meus olhos que o doutor dizia que estava
sujo, começou a clariar e as bolinhas que eu
enxergava quando tirava os óculos, desapareceu [...]”. Palma.
Resultados semelhantes
foram alcançados, em uma ação social, com práticas visuais em uma escola com
200 educandos e suas famílias, mais 4 educadores, no qual demonstra resultados
positivos na fadiga ocular, na dor de cabeça, no cansaço visual e na AV [14].
Através de exercícios
de alongamento passivo dos músculos reto medial, de fortalecimento isométrico
dos músculos reto lateral, cartelas de exercícios para divergência, cordas de
Brock, régua de divergência e tabelas de Hart em 6 sessões de Fisioterapia, 2
vezes por semana com 5 indivíduos apresentando cefaleia, dificuldade para focar
o texto, falta de concentração, ardência nos olhos e diplopia, resultou em
redução dos sintomas e da produção excessiva de lágrimas [15].
Em outro estudo
realizado com 4 indivíduos todos com sintomas de diplopia, ardência ocular,
sensação de cansaço, desconforto visual e dor de cabeça com frequência, foi
realizado alongamento e fortalecimento ativo dos músculos reto medial, três
séries de 10 repetições e com cartelas de exercícios para convergência com 10
repetições de 3 segundos, 3 vezes em 10 cartelas, em 6 sessões, 2 vezes por
semana. Foi constatado que os indivíduos apresentaram melhora em seu quadro
clínico com diminuição dos sintomas [16].
Primeira subcategoria:
A resposta na ampliação periférica visual dos participantes do estudo.
Ao darmos atenção a
visão periférica, diminuímos o esforço da visão central, obtendo assim mais
clareza dos objetos [7].
Duas participantes do
estudo relataram que ampliou a visão periférica após a intervenção, como segue
de acordo com os relatos das mesmas:
“Agora
para dirigir, consigo olhar para frente e ao mesmo tempo perceber o que está
acontecendo dos lados”. Rosa.
“[...]
ampliou a periferia”. Orquídea.
Em
um estudo com 35
escolares, na avaliação inicial foi constatado que 51,4%
apresentavam ampliação
da visão periférica, após um tratamento com
exercícios visuais por um período
de três meses, aumentou em 94,2%. Ocorreu esta melhora pelos
estímulos da visão
periférica em relação ao ambiente, pela
coordenação motora e a importância do relaxamento
da visão central [17].
Segunda subcategoria: O
bem-estar corporal dos participantes após a intervenção através do método Self-Healing de Meir Schneider.
Conforme o método Self-Healing, as intervenções corporais nos membros
superiores do corpo, principalmente na região da cabeça, exercem um efeito
global sobre o corpo inteiro [7].
Três participantes
referiram satisfação dos efeitos com o corpo, ao passo que após a intervenção
não manifestaram mais algias, como confere nos
relatos dos participantes:
“Não
foi só os olhos que melhoraram, melhorou os braços, ombros, coluna e o nervo
ciático”. Rosa.
“[...]
no corpo também me senti mais relaxado, sem tensão”. Cravo.
“[...]
o equilíbrio melhorou”. “[...] sentia dor nas pernas...”. “Melhorou o
desconforto, sentia fisgadas nos olhos, com mais intensidade no esquerdo [...]
nunca mais senti”. Margarida.
Terceira categoria: O
desapego do uso dos óculos dos participantes do estudo.
Quanto mais usamos
óculos ou lentes de contato, criamos uma dependência deles, por não dar chance
aos olhos de se exercitarem e recuperarem a força e a capacidade natural [7].
Considera-se que todos
os participantes conseguiram realizar suas atividades cotidianas permanecendo
sem o uso de óculos o dia todo ou sem em boa parte do dia, como segue nos
relatos dos mesmos:
“Nunca
mais usei óculos para leitura [...]”. Orquídea.
“[...]
na leitura melhorou, hoje leio e digito no celular sem óculos, antes não
enxergava nada sem óculos”. “...agora os óculos atrapalham a visão [...]”.
Margarida.
“Estou
enxergando melhor sem auxílio de óculos [...]”. Cravo.
“[...]
em poucas sessões estou vendo com mais clareza”. “...começou clarear mais a
visão [...]”. Rosa.
Salienta-se o aumento
da sensação de bem-estar com os exercícios visuais e corporais e que a retirada
definitiva dos óculos só poderá ocorrer após autorização do médico
oftalmologista.
Os óculos servem como
amparo para os olhos. Ao usá-los e manter os antigos hábitos, o grau tende a
aumentar. O método criado por Meir Schneider confirma
que há um aumento da visão, diminuindo as dores e desconfortos [18].
Quarta categoria: A
autoestima após a intervenção dos participantes do estudo.
Um aspecto
influenciador e importante na prática de atividade física é a autoestima e
autoimagem em indivíduos da terceira idade [19].
Foi mencionado por
todos os participantes do estudo que sentiram um aumento na autoestima com ausência
dos óculos como consta nos relatos dos participantes:
“Não
tô mais franzindo a testa
[...]”. Orquídea.
“Melhorou
minha autoestima”. Margarida.
“A
esposa um dia chegou a falar que preferia me ver sem óculos [...]”. Cravo.
Com os exercícios
visuais e corporais, obtém-se um aumento da visão e redução do constrangimento
sentido por alguns usuários pelo uso de óculos nos contextos sociais,
educativos e, nos relacionamentos afetivos [18].
Quinta categoria:
Aquisição do conhecimento dos cuidados com a visão dos participantes do estudo.
O autoconhecimento é um
instrumento de autocuidado que traz um impacto biopsicossocial [20].
Todos os participantes
revelaram que adquiriram um conhecimento para o resto de sua vida e que
desconheciam os cuidados para os seus olhos como demostrado no relato a seguir:
“Fiz
exercícios para os olhos que nunca pensei que existisse [...]”. “No meu
entender é uma fisioterapia para os olhos”. Cravo.
“[...]
estou aprendendo cuidar dos meus olhos como do corpo [...]”. Rosa.
Conforme estudo de Gebrael et al. [14], realizado em uma atividade
social, as práticas visuais trouxeram satisfação aos colaboradores em aprender
sobre a dinâmica dos olhos.
Nos relatos abaixo,
confere em duas participantes a atenção no olhar e na memória após a
intervenção:
“Presto
atenção naquilo que vejo”. Orquídea.
“[...]
o meu esquecimento está melhorando, tenho tido mais atenção nas coisas
diárias”. Palma.
Durante as atividades
físicas realizadas em uma pesquisa com indivíduos acima de 50 anos, mostrou ser
eficiente nos aspectos cognitivos e de memória [21].
A prática de exercícios
oculares se torna importante para a saúde visual, pois são destinados a
melhorar o desempenho dos músculos do olho diminuindo o impacto negativo que se
produz na visão diária, evitam dores de cabeça, reduzem o stress visual,
promovem melhora na concentração e em alguns aspectos da visão, relaxam os
músculos dos olhos, além de que, são benéficos em uma variedade de doenças
oculares, tais como: Miopia, Estrabismo, Nistagmo, Presbiopia, insuficiência de
convergência, entre outros [22].
Sexta categoria:
Análise dos resultados na avaliação da Acuidade Visual realizada pela
pesquisadora e pelos oftalmologistas dos participantes do estudo.
Primeira subcategoria:
Avaliação da Acuidade Visual através da Escala de Snellen.
Na Escala Optométrica de Snellen existem
letras que colocadas a uma distância de 20 pés (6 metros) tem um tamanho que
perfaz um ângulo de 5 minutos, porque cada traço da letra tem 1 minuto e a
distância entre os traços subentende um ângulo de 1 minuto de arco. Os valores
são transformados em forma logarítmica, se o paciente conseguir uma AV de
20/20, quer dizer que a visão está normal [23].
Na avaliação da Escala
de Snellen também é usado um valor positivo (+) entre
parênteses quando é visto mais letras além da linha da escala ou em menos
letras usa-se um valor negativo (-).
Nas Tabelas I e II,
apresentam-se os resultados iniciais e finais dos participantes na avaliação da
AV.
Tabela I - Comparativo dos
resultados da AV inicial e final da participante Orquídea (55 anos).
Os dados iniciais foram
colhidos em 12/12/17 e os finais em 07/04/18. Fonte: Desenvolvida pela autora
(2019).
Para a Orquídea houve
um aumento da visão em ambos os olhos segundo os valores alcançados pela Escala
de Snellen. A Tabela I mostra quando avaliada com
ambos os olhos inicialmente a medida era 20/30 (-2), após o tratamento com 24
sessões de exercícios visuais, foi alcançado um aumento da visão para 20/20
(-2). Na avaliação uni lateral, o olho direito apresentava uma AV de 20/100, ao
final do tratamento ficou com 20/70 (-1) e no olho esquerdo inicialmente era
20/40 (-3) e após o tratamento alcançou 20/30 (-1).
Tabela II - Comparativo dos
resultados da AV inicial e final da participante Margarida (60 anos).
Os dados iniciais foram
colhidos em 23/03/18 e os finais em 19/07/18. Fonte: Desenvolvida pela autora
(2019).
A Tabela II mostra a
avaliação da AV com ambos os olhos, inicialmente consta o valor de 20/25 (-1),
ao final do tratamento alcançou 20/15 (-1). Quando avaliada com o olho direito
apresentou inicialmente a acuidade de 20/25 (-1) e no final 20/15 (-1). Com o
olho esquerdo 20/50 e no final do tratamento ficou com valor 20/50 (+1).
Notou-se que a Margarida conseguiu alcançar um melhor resultado no olho
direito, porém ambos os olhos foram beneficiados.
Em uma intervenção
baseada no método de Meir Schneider foi constatado
que a AV de longe dos participantes, melhorou em média 39,4% em ambos os olhos
segundo a leitura de uma linha na tabela de Snellen
[17].
Segunda subcategoria:
Diagnóstico médico inicial e final da AV dos participantes do estudo.
Segue nas tabelas
abaixo o diagnóstico médico inicial e final dos participantes do estudo dentro
de um programa de exercícios fisioterapêuticos.
Tabela III - Comparativo dos
resultados do diagnóstico médico inicial e final da participante Orquídea (55
anos).
Fonte: Diagnóstico
médico inicial realizado em 18/12/17 e o final em 13/03/18.
A comparação do
diagnóstico médico inicial com o final não houve alterações na Miopia e no
Astigmatismo, porém houve uma melhora do grau na Presbiopia.
No estudo de Oliveira
et al. [17] após um tratamento de exercícios visuais em alunos com déficit
visual de perto houve uma melhora próxima ao dobro.
Tabela IV - Comparativo dos
resultados do diagnóstico médico inicial e final da participante Margarida (60
anos).
Fonte: Diagnóstico
médico inicial realizado em 14/12/17 e o final em 19/07/18.
O diagnóstico médico
mostrou resultados relevantes onde zerou o grau de Hipermetropia do olho
esquerdo e diminuiu consideravelmente o Astigmatismo em ambos os olhos e da
Presbiopia no olho esquerdo. Em contrapartida, houve um pequeno aumento do grau
de Presbiopia e da Hipermetropia no olho direito, resultado oposto comparado da
avaliação da AV realizada pela pesquisadora, não se tem parâmetros com outros
estudos semelhantes que expliquem o fato.
O mesmo resultado de
melhora da Hipermetropia foi alcançado em um estudo com uma paciente com meio
grau no olho esquerdo, ao final de uma intervenção visual com exercícios, em 18
sessões semanais, com duração de uma hora cada, foi zerado o grau do mesmo olho
[24].
Os exercícios do método
Self-Healing de Meir
Schneider para os olhos funcionam como qualquer exercício para o corpo [18].
Limitações do estudo
Salienta-se que há
necessidade da continuidade deste estudo através de novas pesquisas, incluindo
um número maior de participantes, podendo ser também trabalhos quantitativos,
pois há pouco conhecimento do assunto na comunidade e um número reduzido de
evidências científicas.
O método tem eficácia.
Entretanto, mesmo que ainda não alcance, ao que se tem conhecimento, a área da
oftalmologia, a aplicação das práticas do método deveria ser associada e
considerada, pois a contribuição, acompanhada das técnicas médicas, pode gerar
um resultado mais efetivo e satisfatório ao paciente, inclusive com redução do
tempo de tratamento.
Esclarece-se que o fato
de o estudo do Dr. Bates ter ficado parado por cerca de 100 anos não tira a
eficácia do método, sendo que através da leitura de diversos artigos
constatou-se que Bates provavelmente passou por
problemas ligados a medicina, enfrentando dificuldades neste setor para o
aproveitamento das técnicas.
As dificuldades na
aplicação do estudo, nos dias atuais, devem ser enfrentadas também pela ciência
médica, eis que não se objetiva uma substituição de tratamentos, mas sim a
complementação do tratamento médico com as técnicas apresentadas neste estudo,
para que seja somente aperfeiçoado o resultado, o que trará maior bem-estar ao
paciente.
Com a realização deste
estudo, constatou-se um aumento da acuidade visual, efeitos na presbiopia, na
satisfação com o corpo, na autoestima, na diminuição da fadiga ocular, no
desapego do uso dos óculos, no aumento da ampliação periférica, na atenção do
olhar, na memória e na aquisição do conhecimento sobre os cuidados com a visão.
Considera-se que a
Fisioterapia Oftálmica é uma ferramenta com atuação diferenciada como
intervenção que pode recuperar e/ou prevenir problemas oculares, somando ações
efetivamente à interdisciplinaridade para maior eficácia e eficiência no
tratamento da miopia e do astigmatismo.
Figura I - Folheto ilustrativo
dos exercícios realizados no estudo.
Exercícios adaptados do Método Self-Healing
de Meir Schneider. Fonte: Desenvolvido pela autora (2019).