ARTIGO ORIGINAL
Uso de prancha de baixo
custo para avaliação do equilíbrio de indivíduos hemiparéticos
Use of low-cost plank for balance assessment in patients with chronic
hemiparesis
Ana Caroline dos Santos
Barbosa*, Caroline Prudente Dias*, Marta Caroline Araújo da Paixão*, Regina da
Rocha Corrêa*, Larissa Salgado de Oliveira Rocha, D.Sc.**
*Discentes do curso de
Fisioterapia da Universidade do Estado do Pará, Belém/PA, **Docente do Curso de
Fisioterapia da Universidade do Estado do Pará, Belém/PA
Recebido em 27 de
janeiro de 2020; aceito em 22 de setembro de 2020.
Correspondência: Caroline Prudente
Dias, Passagem Isabel, 517 Belém PA
Ana Caroline dos Santos
Barbosa: anacarolines64@gmail.com
Caroline Prudente Dias:
carold493@gmail.com
Marta Caroline Araújo da
Paixão: martacaroline18@gmail.com
Regina da Rocha Corrêa:
reginaaroocha@gmail.com
Larissa Salgado de Oliveira
Rocha: lari1980@gmail.com
Resumo
Introdução: Na hemiparesia há uma
inadequada descarga de peso nos membros inferiores que geram déficits de
equilíbrio, sendo as pranchas de equilíbrio imprescindíveis para avaliação. Objetivo:
Verificar a aplicabilidade clínica de uma prancha de baixo custo e da Escala de
Equilíbrio de Berg (EEB) na avaliação do equilíbrio e a distribuição de peso
nos membros inferiores de pacientes hemiparéticos. Métodos:
Estudo piloto, transversal, quantitativo, de inovação tecnológica que realizou
avaliação de 21 indivíduos acometidos com Acidente Vascular Encefálico (AVE)
por uma prancha de baixo custo. Resultados: Houve predominância de AVE
isquêmico e hemiparesia direita. Na avaliação com a prancha, participantes com
hemiparesia direita descarregaram maior peso na região do retropé,
tanto com os pés juntos quanto na largura do quadril, enquanto os que possuem
hemiparesia esquerda houve diferenças nas posições, com os pés juntos, pois a
maioria descarregou o peso na região do antepé,
enquanto com os pés na largura do quadril descarregaram na região do retropé. Quanto a avaliação pela EEB, as atividades
funcionais que necessitavam de maior sustentação obtiveram menores médias,
porém não houve correlação estatisticamente significativa com as posições sobre
a prancha. Conclusão: A avaliação em saúde por meio da prancha de baixo
custo torna-se um instrumento importante para identificar as alterações do
equilíbrio e realizar intervenções apropriadas, entretanto não se correlaciona
com a Escala de Equilíbrio de Berg.
Palavras-chave: acidente vascular
cerebral, equilíbrio postural, fisioterapia, paresia, tecnologia de baixo
custo, avaliação em saúde.
Abstract
Introduction: In hemiparesis the inadequate weight-bearing in the lower limbs generate
balance deficits, and balance planks are essential for evaluation. Objective:
To verify the clinical applicability of a low-cost board and the Berg Balance
Scale (BBS) in the assessment of balance and weight distribution in the lower
limbs of hemiparetic patients. Methods: A pilot, cross-sectional,
quantitative, technological innovation study carried out an evaluation of 21
individuals affected by stroke with a low-cost plank. Results: Ischemic
stroke and right hemiparesis were predominant. In the evaluation with the
plank, participants with right hemiparesis unloaded more weight in the hindfoot
region, with both feet together and hip width, while those with left
hemiparesis showed differences in positions, with feet together, as most
unloaded the weight in the forefoot region, while with feet hip width unloaded
in the hindfoot region. As for the assessment by BBS, the functional activities
that needed more support obtained lower averages; however, there was no
statistically significant correlation with the positions on the board. Conclusion:
Health assessment using the low-cost plank can be an important tool to identify
changes in balance and carry out appropriate interventions, however it does not
correlate with Berg Balance Scale.
Keywords: stroke, postural balance, physical therapy, paresis, low cost
technology, health evaluation.
A hemiparesia, definida
como uma capacidade anormal de gerar força muscular é uma das sequelas mais
predominantes nos indivíduos pós-lesão encefálica e que surge no hemicorpo
contralateral à lesão. Indivíduos com esse tipo de sequela podem apresentar
déficits sensoriais e motores como fraqueza muscular, alteração da
sensibilidade, mudanças de estratégias estabilizadoras e alterações nas
transferências [1,2].
As perturbações geradas
pela hemiparesia, como a inadequada descarga de peso nos membros inferiores,
geram déficits em habilidades posturais, tais como no equilíbrio postural
estático e dinâmico [3,4]. Tais sequelas são resultados de alterações nos
fatores que contribuem para o equilíbrio e o controle postural, em que a lesão
afeta a integração adequada entre os sistemas musculares, sensoriais,
nervosos centrais e esqueléticos [5].
Além disso, a condição
de assimetria, acarretada pela hemiparesia, promove sobrecarga de peso em um
dos pés, em resposta, há uma menor eficiência nas estratégias de quadril e
tornozelo para o ajuste postural [6]. Tais alterações diminuem ou anulam a
capacidade do indivíduo na realização de atividades de vida diárias. Ademais, a
instabilidade da postura causada pelo desequilíbrio pode acarretar quedas que
tem efeitos diretos e/ou indiretos na independência funcional e na autonomia do
indivíduo [7].
Na avaliação
fisioterapêutica do equilíbrio é possível identificar precocemente os
distúrbios posturais por meio do uso de testes, como a Escala de Equilíbrio de
Berg (EEB), a qual fornece dados da capacidade de mobilidade do paciente
revelando possíveis déficits de equilíbrio, contudo não se observam alterações
discretas ou medições quantitativas como a descarga de peso corporal [8,9].
Para a avaliação mais
especifica da estabilidade no equilíbrio, é calculado o centro de pressão
corporal uma vez que se aproxima da oscilação corporal feita pelas plataformas
de força e pressão que são o padrão ouro para verificar a capacidade de
equilíbrio, em muitos laboratórios e clínicas, entretanto, por possuírem
sistemas específicos para a mensuração dessa variável, apresentam valores altos
para sua aquisição [10].
Dentre as plataformas,
estão as pranchas de equilíbrio, encontradas com mais facilidade e um menor
custo em videogames, como o Wii Balance Board do Nintendo. A realidade virtual
promovida por tais instrumentos possui eficiência para a recuperação do
equilíbrio, pois a partir do feedback visual, aumentam a motivação para a
terapia, contudo possuem limitações quanto seu uso para avaliação terapêutica,
pois não captam dados para posterior análise e por serem planejados para
pessoas saudáveis, podem possuir riscos para o paciente [11].
Desse modo, o
fisioterapeuta pode desenvolver essas tecnologias de maneira segura e rentável,
utilizando-se de conhecimentos acerca dos recursos existentes da computação e
da engenharia, com a finalidade de expandir e auxiliar os seus métodos de
avaliação e intervenção. A utilização de softwares associados aos equipamentos,
como a prancha, possibilita o monitoramento remoto dos parâmetros, promove a
interação entre o profissional e o paciente, além de oferecer um feedback para
o usuário [12].
Ao considerar que esses
equipamentos são pouco difundidos em ambulatórios da rede pública, seja pelo
alto custo, seja pela baixa eficiência na prática, o presente estudo tem como
objetivo verificar a aplicabilidade de uma prancha de baixo custo na avaliação
do equilíbrio e da distribuição de peso em pacientes hemiparéticos
com predomínio crural e a sua correlação com a Escala de Equilíbrio de Berg.
Trata-se de um estudo
piloto, transversal, descritivo, quantitativo e de inovação tecnológica,
desenvolvido no Ambulatório Neurofuncional Adulto na
Unidade de Ensino e Assistência de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (UEAFTO),
na cidade de Belém/PA, no período de outubro a novembro de 2019. O projeto foi
aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado do Pará
(UEPA), sob o protocolo n° 3.549.936, de acordo com as normas e diretrizes da
resolução nº 466/12 do Conselho Nacional de Saúde.
A prancha de equilíbrio
foi planejada e construída a partir da Aprendizagem Baseada em Projetos (PJBL)
na disciplina Atividade Integrada do curso de Fisioterapia. Para sua
fabricação, foram utilizados quatro sensores de peso (50 kg cada), um módulo
conversor HX711 e um Arduino Integrated Development Environment (IDE)
com suporte de entrada/saída embutido. Além disso, os materiais foram
adquiridos por lojas virtuais, devido a seu baixo preço e montados em cima de
um arcabouço de notebook reutilizado, deixando o mais baixo custo possível. O
equipamento foi fabricado com a ajuda de um engenheiro de controle e automação.
A amostra foi
constituída por 21 indivíduos hemiparéticos, com
idade entre 40 e 75 anos, selecionados aleatoriamente, de forma voluntária,
devidamente esclarecidos e orientados quanto à natureza e ao significado do
estudo proposto por meio do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Os critérios de inclusão foram usuários acometidos por hemiparesia com
predomínio crural, de ambos os sexos, sem comprometimentos traumato-ortopédicos
e com idade entre 40 e 75 anos. Os critérios de exclusão foram os que não
conseguiam ficar sobre a prancha, recorrências de AVE, cadeirantes e sem adoção
da bipedestação.
Os voluntários
receberam uma explicação detalhada sobre os objetivos e procedimentos da
pesquisa e assinaram o TCLE. Para a triagem da amostra, foi realizada uma
entrevista inicial para coleta de dados pessoais (idade, sexo, etnia). A partir
disso, para a avaliação, o indivíduo permanecia na posição ortostática, pés
descalços, e antes da realização do procedimento, a pesquisadora demonstrava a
maneira correta de realizar os posicionamentos sobre a prancha de equilíbrio.
Os indivíduos tiveram tempo para ambientação ao ambulatório e a prancha, bem
como nas diferentes bases de apoio.
O procedimento de
análise do equilíbrio dos voluntários ocorreu sobre a prancha de baixo custo,
adotando as bases de apoio. Assim, por meio dos sensores, foi possível avaliar
a descarga de peso simétrica dos membros inferiores, repassando os valores para
o aplicativo de plataforma cruzada Arduino IDE no computador. A quantificação
dos valores das descargas de peso corporais ocorreu nos sentidos antero-posterior e em duas diferentes bases de apoio de pés
adaptadas do teste de Romberg:
Posição 1- com os pés
juntos
Posição 2- com os pés
na largura do quadril
Posição 3- com o pé
direito e esquerdo com afastamento anterior para identificar o maior lado de
descarga a posição [13], conforme figura 1.
Para posterior
correlação dos resultados obtidos por meio da prancha de equilíbrio, foi
aplicada a Escala de Equilíbrio de Berg (EEB). A EEB avaliou o desempenho do
equilíbrio funcional com 14 testes, sendo estes direcionados para a habilidade
do indivíduo de fazer transferências, alcançar, ficar em apoio unipodal e transpor degraus. A pontuação máxima de 56
pontos e mínima de 0 pontos, e cada teste tinha cinco alternativas que variavam
de 0 a 4 pontos [14].
Fonte: Arquivo pessoal
Figura 1 – Diferentes bases
de apoio de pés adaptados do teste de Romberg:
posição 1 - com os pés juntos; posição 2 - com os pés na largura do quadril; e
para identificar o maior lado de descarga a posição 3 - com o pé direito e
esquerdo com afastamento anterior.
Os dados obtidos com a
pesquisa foram digitados e tabulados em banco de dados no Microsoft Excel 2010.
Para identificação e descrição dos dados desta pesquisa, foi empregada análise
descritiva, sendo informados os valores percentuais, de médias e de desvio
padrão dos resultados obtidos. Para correlação entre as variáveis escore total
da escala de equilíbrio de Berg e teste em prancha com pés unidos e afastados,
utilizou-se o teste de correlação de Pearson (r Pearson). O estudo adotou o
valor de p < 0,05 para a significância estatística. Em seguida, os dados
foram apresentados na forma de gráfico e tabela.
Foram avaliados 21
indivíduos acometidos com o Acidente Vascular Encefálico (AVE), sendo a faixa
etária predominante entre 61 e 75 anos, com média de idade de 61 anos, homem,
acometido pelo tipo isquêmico, com hemiparesia direita, como pode ser visto na
tabela I.
Tabela I – Registro dos
valores Percentuais, de média e desvio padrão das características da amostra.
Fonte: dados da
pesquisa.
A figura 2 demonstra a
descarga de peso dos participantes com hemiparesia direita, os quais durante a
avaliação pela prancha notou-se maior descarga de peso no retropé
tanto com os pés juntos, como também na largura do quadril.
Fonte: dados da pesquisa.
Figura 2 – Valores médios
percentuais da comparação da distribuição de frequência da descarga de peso
corporal no antepé e retropé
com a base de sustentação diferenciada em indivíduos com hemiparesia direita.
Na figura 3 estão os
participantes com hemiparesia esquerda, que diante da avalição, apresentaram
maiores oscilações, sendo maior a descarga no antepé
com os pés juntos, no entanto, quando estão com os pés na largura do quadril, a
descarga de peso é maior no retropé.
Fonte: dados da
pesquisa.
Figura 3 – Valores médios
percentuais da comparação da distribuição de frequência da descarga de peso
corporal no antepé e retropé
com a base de sustentação diferenciada em indivíduos com hemiparesia esquerda.
Ao realizar a posição
com o pé direito ou esquerdo com afastamento anterior sobre a prancha, os
sensores captaram maior peso quando o pé que estava sendo avaliado era aquele
em que a hemiparesia estava presente, como apresentado na figura 4.
Fonte: dados da pesquisa.
Figura 4 – Valores médios
percentuais da comparação da distribuição de frequência da descarga de peso
corporal nos pés, segundo a hemiparesia.
Quanto a avaliação pela
Escala de Equilíbrio de Berg, os participantes foram avaliados em diferentes
situações, totalizando 14 tarefas, as quais estão representadas na tabela II. O
item permanecer sentado sem apoio obteve maior média, entretanto, a menor média
corresponde a permanecer em pé sobre um pé.
Tabela II – Média, ± Desvio
Padrão e Mín-Máx da Escala de Berg.
Fonte: dados da
pesquisa.
Observou-se que ao
correlacionar as variáveis entre a EEB e teste da prancha não houve resultado
estatisticamente significativo em relação aos posicionamentos sobre a prancha,
como pode ser observado na tabela III.
Tabela III – Correlação entre as
variáveis da prancha e o score total da Escala de Equilíbrio de Berg.
Fonte: dados da
pesquisa.
A amostra
caracteriza-se com predominância de indivíduos do sexo masculino, com média de
61 anos, e esse perfil epidemiológico corrobora Barbosa et al. [15] que associa
esse resultado a negligência masculina quanto ao autocuidado e aos fatores de
risco. Além disso, Oliveira et al. [16] afirmam que apesar de o AVE ocorrer em
qualquer faixa etária, o declínio do funcionamento dos principais sistemas do
corpo e a associação de comorbidades aumentam a suscetibilidade para
desenvolver a patologia.
Em relação a etiologia,
predominou-se a forma isquêmica (85,7%), quando comparada a hemorrágica
(14,2%), o que corrobora os achados de Medeiros et al. [17] o qual em
seu estudo identificou que (61,54%) dos indivíduos foram acometidos pelo AVE
isquêmico. Tal predominância está diretamente associada com a prevalência dos
principais fatores de risco como: histórico familiar, colesterol e outros
lipídios altos no sangue, hipertensão arterial, diabetes mellitus, sedentarismo
e síndrome metabólica, que contribuem para a interrupção do fluxo sanguíneo
[18].
Independente da
etiologia, o paciente com AVE de um lado do cérebro terá sequelas no lado
oposto do corpo, com fraqueza muscular, espasticidade e padrões motores
atípicos. Além disso, algumas consequências podem variar de acordo com o
hemisfério cerebral acometido, que de acordo com Araújo et al. [19], no
hemisfério esquerdo, podem dificultar o controle postural e no hemisfério
direito podem apresentar problemas de percepção, negligência para o espaço
extracorpóreo e inicialmente há maior descarga de peso no hemicorpo não
acometido. No presente estudo, houve comprometimento do alinhamento na postura
e os resultados demonstraram que (42,80%) dos indivíduos possuíam hemiparesia
esquerda e (57,20%) hemiparesia direita.
A característica do
equilíbrio estático em pé em uma plataforma após o AVE é a assimetria da
distribuição do peso corporal, caracterizado por sobrecarregar a perna não
afetada e subcarregar a perna parética, entretanto neste estudo observou-se que
a descarga de peso foi maior no membro parético, da mesma forma De Kam et al. [20] encontraram que durante perturbações
do equilíbrio, a descarga das pernas ocorreram para o lado parético, o que
estaria relacionado a maior assimetria da distribuição, pois quando essa
aumentou resultou em maior descarga na direção ao lado parético.
Pollock et al.
[21] constataram em seus estudos que indivíduos pós AVE apresentam diminuição
na força de reação vertical, tal fato que compromete a capacidade de ficar em
pé, sendo necessário um aumento da base de sustentação e deslocamento do centro
de pressão quando comparado com adultos saudáveis. Neste estudo foi possível
verificar a mesma realidade, haja vista que ao permanecer em pé com a base
maior no escore na EEB atingiram média alta (3) e quando os pés estavam juntos
tiveram uma média de (2,9), além disso, observou-se dificuldade ainda maior em
manter o equilíbrio postural na tarefa de permanência unipodal.
Na balança houve também
essa heterogeneidade, na qual a descarga de peso, em hemiparéticos
com predomínio crural direito, foi maior no retropé
com (72%) e (83,3%), com os pés juntos e na largura do quadril,
respectivamente. Os pacientes com hemiparesia do lado esquerdo incluíram ainda
mais oscilações, pois, com os pés juntos, a maioria descarregou o peso na
região do antepé, enquanto que com os pés na largura
do quadril houve predominância maior de peso na região do retropé,
resultados que Bonan et al. [22] e De Kam et al. [20] também obtiveram com diferenças
entre a hemiparesia direita e esquerda, além de associarem os mesmos à
gravidade basal da assimetria, que também aumentou a frequência de pisar com a
perna parética nas direções anteroposteriores.
As oscilações causadas
pela descarga de peso do indivíduo alteram o equilíbrio, o que segundo uma
revisão sistemática realizada por Sherrington et
al. [23] caracteriza um maior risco de quedas em idosos. Assim esses
comprometimentos em pacientes pós AVE também podem levar a consequências não só
funcionais, como também psicológicas para os indivíduos e suas famílias.
Esse risco de quedas
pôde ser observado na avaliação com a EEB, em que na presente pesquisa
obtiveram-se as menores médias nas atividades: Posicionar os pés alternadamente
no degrau (2); Permanecer em pé com um pé à frente
(2). Segundo Medeiros et al. [24] os movimentos compensatórios e padrão
motor específico acarretam um equilíbrio postural deficiente e, como os membros
inferiores (MMII) são responsáveis pela locomoção e sustentação de peso,
correspondem à extremidade chave para o equilíbrio, desse modo, as atividades
em que tiveram maiores dificuldades foram as que mais exigiam estratégias dos
MMII que estava comprometido.
No entanto, na presente
pesquisa não se obteve correlação entre os resultados obtidos na prancha de
equilíbrio com os dados da Escala de Equilíbrio de Berg, situação também
observada no estudo de Santos et al. [25], o qual ao fazer a comparação
entre seus grupos não demonstrou diferenças significativas. Tal resultado pode
ser reflexo de uma distribuição simétrica do peso nos membros inferiores
durante a tarefa, haja vista que a assimetria impede o bom desempenho do levantar de uma cadeira, realizar transferências e
permanecer em pé sem apoio, atividades essas avaliadas pela EEB.
A respeito da
construção da prancha de equilíbrio de baixo custo, observou-se que a
elaboração de inovações tecnológicas pode contribuir e auxiliar o profissional
da saúde em seu cotidiano, principalmente na realização de uma coleta de dados
rápida e eficaz. Veríssimo, Sampaio e Castilho [8] ratificam que essas novas
tecnologias podem também melhorar o processo de reabilitação, no entanto muitos
profissionais se negam a aderir novos mecanismos em suas condutas,
principalmente devido a condições socioeconômicas, problemática esta que o
presente estudo tentou solucionar ao utilizar apenas materiais de baixo custo.
Desse modo facilitaria o acesso de instituições de saúde pública ao
equipamento, pois a fabricação da prancha custou apenas R$179,79.
Ademais, a utilização
da prancha de baixo custo com o feedback visual possui relevância na avaliação
de pacientes ao obter resultados que podem servir para direcionar os tipos de
condutas propostas de acordo com suas peculiaridades, além de proporcionar o
acompanhamento da progressão do tratamento pelo computador. Najafi
et al. [26] corroboram em seu estudo ao utilizar a terapia de feedback
para melhorar a situação motora da musculatura em indivíduos após AVE, sendo
considerada uma forma de terapia promissora e de bastante eficiência.
Com base nos resultados
apresentados, observa-se a aplicabilidade da prancha de baixo custo para a
rotina do profissional da saúde, tornando-se mais uma ferramenta na avaliação
do equilíbrio e descarga de peso corporal, de modo auxiliar durante a
reabilitação. Em vista disso, muito embora os resultados demostraram que a EEB
não possui correlação significativa do ponto de vista estatístico com a prancha
de equilíbrio de baixo custo, o presente estudo demonstrou que a prancha é
viável para avaliação clínica nos membros inferiores complementando a EEB.
Diante disso, os resultados obtidos fornecem subsídios para linhas de pesquisa
com pranchas de equilíbrio de baixo custo para avalição durante a realização de
tarefas motoras, bem como a evolução do indivíduo após os atendimentos.