REVISÃO
Cinesioterapia aplicada
ao tratamento da escoliose em adolescentes: um estudo de qualidade metodológica
Kinesiotherapy applied to treatment of scoliosis in adolescents: a
methodological quality study
Samir Emanuel Mesquita
Cordeiro, Ft.*, Emerson Castro da Silva, Ft.*, Luiz Henrique de Araújo Lopes,
Ft.*, Lorena Forte Leão, Ft.*, Hércules Lázaro de Morais Campos, M.Sc.**
*Graduando de
Fisioterapia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Instituto de Saúde e
Biotecnologia (ISB), Coari/AM, Brasil, **Docente da Universidade Federal do
Amazonas UFAM, Instituto de Saúde e Biotecnologia ISB, Coari/AM
Recebido em 31 de
janeiro de 2020; aceito em 13 de maio de 2020.
Correspondência: Samir Emanuel
Mesquita Cordeiro, Itamaraty, 3, 69460-000 Coari AM
Samir Emanuel Mesquita
Cordeiro: mesquitacordeiro4@gmail.com
Emerson Castro da Silva:
castroemerson203@gmail.com
Luiz Henrique de Araújo
Lopes: luizaraujolopes1@gmail.com
Lorena Forte Leão:
lorenna_leao@hotmail.com
Hércules Lázaro de
Morais Campos: herculeslmc@hotmail.com
Resumo
Introdução: Evidências do
tratamento com cinesioterapia direcionada para Escoliose Idiopática do
Adolescente (EIA) continuam a surgir e relatam a eficácia da terapia por
exercícios na correção da deformidade torcional
causada pela escoliose. Objetivo: Identificar e analisar os diferentes
métodos cinesioterapêuticos no tratamento da EIA.
Métodos: Foi realizada uma revisão da literatura sobre ensaios clínicos, com
buscas nos bancos de dados eletrônicos PEDro, PubMed e SciELO. Resultados: Foram identificados e
selecionados 6 estudos que possuíam alta qualidade metodológica alcançando
pontuação média de 7,16 e que aplicaram diferentes exercícios específicos de
fisioterapia para escoliose (PSSE) com um maior número de evidências sobre os
exercícios do método de Schroth. Discussão: Os
estudos encontrados demonstram a eficácia da cinesioterapia no tratamento da
EIA com benefícios a nível funcional na correção da deformidade, como
fortalecimento muscular, melhora da capacidade respiratória e consequentemente
melhora da qualidade de vida dos pacientes, porém devido a variações no tamanho
da amostra, intensidade e frequência de exercícios, é difícil determinar o
método mais eficiente de tratamento. Conclusão: Pelas evidências
encontradas conclui-se que os diferentes PSSE são eficazes na correção da
deformidade trazendo benefícios a nível físico e psicológico, sendo o método de
Schroth o mais estudado e utilizado devido a sua
eficiência no tratamento da escoliose e seus efeitos terapêuticos a curto
prazo.
Palavras-chave: exercícios,
tratamento, escoliose, adolescentes.
Abstract
Introduction: Evidence of treatment with targeted kinesiotherapy for Adolescent
Idiopathic Scoliosis (AIS) continue to emerge and report the effectiveness of
exercise therapy in correcting the torsional deformity caused by scoliosis. Objective:
To identify and analyze the different kinesiotherapeutic
methods in the treatment of AIS. Methods: A literature review on
clinical trials was performed, searching the electronic databases: PEDro, PubMed and SciELO. Results:
We identified and selected 6 studies with high methodological quality reaching
an average score of 7,16 and which applied different physiotherapy scoliosis
specific exercises (PSSE) with a greater number of evidences on the Schroth method exercises. Discussion: The studies
demonstrated the efficacy of kinesiotherapy in the treatment of AIS with
functional benefits in the correction of deformity, as muscle strengthening,
improvement of respiratory capacity and consequently improvement of patients’
quality of life, however due to variations in sample size, intensity, and
frequency of exercises, it is difficult to determine the most efficient methods
of treatment. Conclusion: Therefore, we concluded that the different
PSSE are effective in correcting the deformity, bringing physical and
psychological benefits, being the Schroth method the
most studied and used due to its efficiency in the treatment of scoliosis and
its short-term therapeutic effects.
Keywords: exercise, treatment, scoliosis, adolescents.
De acordo com a Scoliosis Research
Society (SRS) a escoliose idiopática do adolescente (EIA) é uma deformidade
na coluna vertebral de causa não específica com uma curvatura lateral >10º
(ângulo de Cobb) e que acomete jovens entre os 11 e
18 anos, cuja estrutura óssea ainda se encontra em desenvolvimento [1].
Para a Society on Scoliosis Orthopedic and Rehabilitation Treatment
(SOSORT), a escoliose é caracterizada pela lordotização
morfológica das vértebras e assimetria das costas causadas pela má-formação da
coluna vertebral, com progressão durante o surto de crescimento na puberdade,
sendo mais comum em meninas [2]. De fato, diversos estudos encontraram ângulos
de Cobb maiores nas meninas do que nos meninos, o que
indica que a escoliose nas meninas evolui para um grau de gravidade maior [3].
Nesses casos, quando não tratada leva à limitação da capacidade e biomecânica
funcional do tórax, capacidade de exercício, condicionamento geral e capacidade
de trabalhar, fatores esses que pioram a qualidade de vida [2].
A escoliose está longe
de ser fatal, representando pouco ou nenhum risco à vida do paciente. Porém,
fatores sociais, familiares e cirúrgicos podem levar os pacientes a
desenvolverem transtornos mentais e em alguns casos, até mesmo tentar o suicídio
[1]. A EIA é o tipo mais comum de escoliose sendo responsável por mais de 80%
dos casos em todo o mundo [4]. Dados epidemiológicos obtidos em vários estudos
realizados não apresentaram uma alta relevância em prevalência da EIA, e as
informações encontradas através de triagem escolar, cujo método é o mais eficaz
para se obter dados epidemiológicos sobre a EIA, indicaram uma prevalência
mundial de 0,47-5,2% [3]. No Brasil, a prevalência da EIA é de 2 a 4% entre
adolescentes dos 12 aos 16 anos [5]. A prevalência de EIA grave é maior entre
as meninas do que entre os meninos com uma proporção geral de 2:1, elevando
para 3:1 entre os 11 e os 12 anos, progredindo com a idade [3].
Diversos ensaios
clínicos randomizados (ECR) que investigam os efeitos de diferentes abordagens
envolvendo exercícios específicos de fisioterapia para escoliose (PSSE) em
adolescentes já foram publicados, e as evidências do tratamento com
cinesioterapia continuam a crescer [6].
Realizou-se uma busca
na literatura referente aos ECRs, sobre as práticas cinesioterapêuticas aplicadas no tratamento da escoliose,
com o intuito de analisar e debater os diferentes procedimentos utilizados para
determinar por meio da prática baseada em evidência, os métodos mais eficazes
no tratamento fisioterapêutico da EIA.
Para identificar as
práticas cinesioterapêuticas usadas no tratamento da
EIA, foi realizada uma revisão da literatura sobre ensaios clínicos com buscas
nos bancos de dados eletrônicos: PEDro, PubMed e SciELO. As buscas ocorreram no período de 28 de
agosto de 2019 até 20 de setembro de 2019. Como critério de seleção, as buscas
se concentraram em publicações dos últimos dez anos (2009 - 2019), com o idioma
em inglês e português. Como estratégia de pesquisa, para cada base de dados
descritores diferentes foram utilizados. Para as pesquisas na PEDro e PubMed adotaram-se
descritores em inglês. As palavras-chave utilizadas na PEDro
foram: “exercise+scoliosis” e “scoliosis+treatment”,
enquanto na PubMed o termo empregado foi “adolescent+idiopathic+scoliosis’’. Na SciELO usaram-se
termos de pesquisa em português como: “Fisioterapia, Escoliose Idiopática” e
“Cinesioterapia Escoliose”. A maioria dos trabalhos encontrados foram
publicados em inglês nas bases de dados PEDro e PubMed. Estudos cuja temática envolvesse cinesioterapia
voltada para escoliose idiopática do adolescente foram identificados e
selecionados sendo submetidos a um processo de triagem conforme demostrado na
Figura 1.
Fonte: dados da pesquisa
(2019).
Figura 1 - Fluxograma de seleção
dos estudos.
Os estudos selecionados
tiveram sua qualidade metodológica previamente avaliada pela Physiotherapy Evidence Database (PEDro), portanto
não foi necessária uma reavaliação independente por parte dos pesquisadores
devido à confiabilidade dos critérios adotados pela base de dados. A escala de
avaliação crítica PEDro
é composta de 11 critérios
gerais. Tais critérios são avaliados como Sim (1 ponto) e
Não (0 pontos), porém
o 11º critério não é incluído no
cálculo final, de forma que a pontuação total
varia de 0 a 10 pontos. Um estudo de alta qualidade metodológica
possui uma
pontuação PEDro >6/10 enquanto o de baixa
qualidade possui um score <3/10. Publicações com nota inferior a 6 na escala
PEDro, foram excluídas da análise final, por não
obedecerem aos critérios de inclusão/exclusão propostos para metodologia deste
estudo.
Os ECRs
encontrados possuem uma alta qualidade metodológica e empregaram diferentes
métodos de tratamento cinesioterapêuticos para EIA
(Quadro I) com o objetivo de comparar a sua eficácia e determinar quais foram
as intervenções mais eficientes.
Quadro I - Protocolos de
tratamento cinesioterapêuticos para escoliose
idiopática do adolescente.
(suíte)
*ECR = Ensaio Clínico
Controlado Randomizado; *sWBV = Vibração do corpo
inteiro com alternância lateral; mm: músculos; ADM = Amplitude de Movimento;
MMII = Membros Inferiores; Fonte: dados da pesquisa (2019).
Na comparação entre os
diversos resultados obtidos (Quadro II) verificou-se que existem mais
evidências sobre os exercícios de Schroth, sendo um
método bastante utilizado por sua eficiência no tratamento da escoliose. Os
estudos alcançaram pontuação média de 7,16 o que significa que podem ser
reproduzidos na prática clínica fisioterapêutica.
Quadro II - Evidências
encontradas nos estudos comparando intervenções cinesioterapêuticas
na escoliose idiopática do adolescente.
*SRS-22r = Questionário
da Sociedade de Pesquisa em Escoliose; *EIA = Escoliose Idiopática do
Adolescente; *PSSE = exercícios específicos de fisioterapia para escoliose;
Fonte: dados da pesquisa (2019).
Os ECRs
selecionados aplicaram exercícios específicos para escoliose que incluem
exercícios de alongamento e fortalecimento para a musculatura comprometida pela
deformidade, autocorreção ativa que envolve exercícios corretivos com base no
tipo de curva escoliótica, exercícios respiratórios e
exercícios orientados a tarefas. O tamanho da amostra variou de 36 a 110
pacientes em sua maioria do sexo feminino entre os 10 e 18 anos. Em média os
participantes apresentavam um ângulo de Cobb entre
10-60º e sinal de Risser de 0 a 5 para incluir todas
as maturidades esqueléticas. Os estudos apresentaram protocolos de intervenção
de curta a longa duração variando de 3 meses a até 80 meses de tratamento sob
supervisão clínica ou domiciliar.
Kuru et al. [11]
demonstram que a cinesioterapia é importante no tratamento da EIA porque a
alteração estrutural da coluna vertebral pode levar a perda de flexibilidade,
tornando-a rígida, e comprometendo o quadro funcional dos pacientes com essa
deformidade, fazendo-se necessária terapia por exercícios para corrigir e
evitar a progressão da curva escoliótica. Para Diab [7] um dos elementos essenciais na manutenção
estrutural e funcional da coluna vertebral é a postura da cabeça, mantida por
um controle reflexivo e involuntário cujos componentes reflexivos se originam
ou se localizam na região craniocervical. Evidências
sugerem que a má postura da cabeça causa diminuição do fluxo sanguíneo devido a
tensão exercida sobre os músculos da coluna vertebral, forçando-os a utilizar o
metabolismo aeróbico, levando a um acúmulo de metabólitos como bradicinina,
histamina e substância P, ocasionando vários estímulos aferentes nociceptivos
que levam a desaferenciação [7].
Diab [7] ressalta que é
evidente que exercícios de fortalecimento e alongamento alinhados com a
correção da posição frontal da cabeça trazem benefícios adicionais no
tratamento da EIA, mesmo os exercícios sendo por si só eficazes, quando
combinados com exercícios de correção da cabeça para frente, o paciente
apresenta melhorias funcionais significativas. O autor afirma que como os
mecanorreceptores da articulação cervical e os estímulos aferentes de origem
ligamentar e musculotendinosa são responsáveis na
maior parte pelo controle involuntário da cabeça, corrigir distúrbios posturais
que levam ao processo de desaferenciação produz
efeitos positivos no realinhamento do tronco, melhorando de modo significativo
o controle postural. Diab [7] relata que a melhora na
postura da cabeça registrada pelo grupo de estudo em seu ECR é consistente com
os achados de outras pesquisas demostrando a eficácia dos programas de
exercícios na correção postural. Essa melhora pode ser atribuída ao fato de o
desequilíbrio muscular ser considerado um fator etiológico para essa disfunção
biomecânica, fazendo-se necessário trabalhar a correção postural da cabeça
obtendo, através desses exercícios, uma maneira eficaz de melhorar o quadro
funcional de adolescentes com escoliose [7].
Manticone et al. [8]
apontam que o uso de movimentos específicos voltados para o tipo de curva escoliótica
direcionados a obter o realinhamento vertebral
com correção máxima possível da
deformidade, reforçada pela educação
ergonômica
através da prescrição de correções
posturais nas atividades diárias estimulando
o desenvolvimento de habilidades neuromotoras, contribui
na redução significativa das alterações da coluna vertebral e na melhora da
qualidade de vida de pacientes com EIA leve. O ECR de longa duração conduzido
por Manticone et al. [8] revelou a eficiência de
exercícios de reabilitação ativos direcionados a tarefas cotidianas sobre
exercícios tradicionais no tratamento da EIA. Suas descobertas reforçam que a
utilização de terapia reabilitativa com autocorreção ativa e exercícios
orientados a tarefas até à maturidade esquelética diminuem o risco de progressão
da deformidade vertebral aprimorando a capacidade funcional e diminuindo o
quadro álgico.
De acordo com Kumar et al. [9], que também utilizaram terapia
corretiva em seu ECR, a escoliose prejudica as funções pulmonares provocando
anormalidades do tipo restritivo afetando o desempenho dos músculos
respiratórios e comprometendo a capacidade respiratória. Kumar
et al. [9] citam evidências existentes na literatura consistentes com os
resultados encontrados em sua pesquisa sobre a eficácia de exercícios
respiratórios no aprimoramento das funções pulmonares. Para os autores os
exercícios ativos específicos para escoliose, autocorreção ativa, e exercícios
voltados a tarefas prescritos na terapia reabilitativa da escoliose devem ser
combinados com exercícios respiratórios a fim de proporcionar maior eficiência
no tratamento, diminuindo a probabilidade de intervenções cirúrgicas nos casos
de EIA.
Diversos estudos
publicados como o de Diab [7], Manticone
et al. [8] e Kumar et al. [9] relatam a
eficácia dos exercícios específicos de fisioterapia para escoliose (PSSE) e
observou-se uma maior quantidade de pesquisas voltadas para os exercícios do
método de Schroth. Kuru et
al. [11] descrevem o método de Schroth como uma série
de exercícios fisioterapêuticos de isometria, alongamentos, fortalecimento da
musculatura assimétrica, e respiração rotacional além da autocorreção ativa que
segundo Schreiber et al. [10] é um dos
elementos essenciais do método de Schroth onde o
paciente é capaz de diminuir a deformidade da coluna vertebral por meio do
realinhamento postural tridimensional ativo da coluna. Os exercícios de Schroth interrompem a progressão da curva escoliótica, diminuem o ângulo de Cobb,
reduzem a dor, corrigem a postura melhorando a aparência estética, melhoram a
capacidade vital, além de reduzirem o risco de cirurgia [11].
Conforme Schreiber et al. [10], os exercícios do método de Schroth aliados ao padrão de tratamento, durante 24
semanas, fornecem benefícios adicionais aos pacientes melhorando a dor, a
autoimagem e aprimorando a resistência isométrica dos músculos responsáveis
pela extensão da coluna vertebral. Seu ECR foi o primeiro a investigar os
efeitos do tratamento de Schroth aplicado ao
Questionário da Sociedade de Pesquisa em Escoliose (SRS-22r) ao Questionário de
Aparência Espinhal (SAQ) além do teste de Biering-Sorensen,
para avaliar a resistência dos músculos das costas. Outros estudos como o de Manticone et al. [8] e Kuru
et al. [11] aplicaram o questionário SRS-22r
mas não o SAQ. Para os autores estes questionários são adequados para avaliar
resultados subjetivos de dor e autoimagem por também possuírem escalas
subjetivas de avaliação, e foram utilizados para avaliar o efeito terapêutico
do método de Schroth na melhora da qualidade de vida
relacionada a saúde (QVRS) dos pacientes, onde foram constatadas pontuações
basais significativas nos domínios supracitados.
Kuru et al. [11]
afirmam que os exercícios de Schroth são mais
eficazes quando aplicados sob supervisão clínica. Seu ECR procurou investigar a
eficácia da terapia de Schroth supervisionada
comparada a um tratamento Schroth domiciliar e a
nenhuma intervenção em um período de 24 semanas. Foram observadas melhorias
significativas e em geral superiores a favor do método de Schroth
sob supervisão clínica. Em média o ângulo de Cobb
reduziu 2,53º no grupo que recebeu a terapia Schroth
supervisionada, no entanto a curva se elevou 3,53º e 3,15º nos grupos Schroth domiciliar e controle respectivamente. Para Kuru et al. [11] um programa de exercícios em casa,
sem supervisão não é eficiente no tratamento da EIA, pois não há como garantir
a adesão dos pacientes a terapia. Nas evidências encontradas, o método de Schroth supervisionado fornece benefícios como redução do
ângulo de rotação do tronco, diminuição da altura da corcunda, e melhorias na
assimetria da cintura proporcionando uma melhor aparência estética aos
pacientes [11].
No estudo de Langensiepen et al. [12] foi aplicado um protocolo
de tratamento domiciliar combinando o método de Schroth
a plataforma vibratória (sWBV) que utiliza movimentos
oscilatórios em torno de um eixo, e foi feita comparação com o método de Schroth sozinho durante 24 semanas. Segundo os autores a
terapia combinada de Schroth e vibração provoca por
meio de estímulos neuromusculares reflexivos um elevado número de contrações
musculares. Foi constatada uma maior redução no ângulo de Cobb
e na progressão da curva em comparação aos pacientes que receberam apenas o
método de Schroth tradicional. A razão para essa diferença
ainda é desconhecida, mas Langensiepen et al. [12]
supõem baseando-se na literatura que a diminuição no ângulo de Cobb ocorra devido a um aprimoramento da atividade neural e
pela estimulação de receptores sensoriais que consequentemente resultaria em um
melhor desempenho neuromuscular, contudo o autor afirma que isso é apenas uma
hipótese, já que ainda não se conhece o mecanismo exato de atuação da sWBV. Langensiepen et al.
[12] sugerem que ao invés de visitas frequentes a programas de terapia sob supervisão
prescritos no método de Schroth tradicional, um
protocolo de exercícios em casa pode ser vantajoso pela maior possibilidade de
os pacientes aderirem ao tratamento. Os efeitos positivos apresentados no
quadro clínico dos pacientes que receberam a terapia combinada levaram a
concluir que o método de Schroth assistido por
plataforma vibratória pode servir como uma alternativa complementar de
tratamento [12].
Devido a
heterogeneidade dos ensaios clínicos é difícil determinar o método mais
eficiente de tratamento. É importante ressaltar que os estudos além de
abordarem diferentes PSSE também adotaram diferentes procedimentos de
intervenção em suas metodologias de pesquisa, variando no tamanho da amostra,
intensidade e frequência de exercícios, fatores que podem influenciar nos
resultados o que dificulta a comparação. Além disso, alguns dos ECRs exibiram pontos negativos nestes parâmetros. No estudo
de Diab [7] o curto prazo de intervenção é claramente
uma limitação. Para Kumar et al. [9] o tamanho reduzido
da amostra e a curta duração da intervenção foram certamente limitações em sua
pesquisa, embora também não tenham considerado o sinal de maturidade
esquelética de Risser na seleção da amostra. A
amostra reduzida também foi uma limitação na pesquisa de Kuru
et al. [11]. Langensiepen et al. [12]
também não consideraram o sinal de Risser na seleção
da amostra e não avaliaram a QVRS dos pacientes. Apesar das limitações, os
benefícios a nível funcional na correção da deformidade, fortalecimento
muscular, melhora da capacidade respiratória e melhora na qualidade de vida dos
pacientes evidenciam a efetividade da cinesioterapia no tratamento da EIA.
Pelas evidências
encontradas, conclui-se que uma terapia combinada de exercícios voltados para o
tipo de curva escoliótica, exercícios orientados a
tarefas, educação ergonômica com prescrição de correções posturais nas
atividades diárias, exercícios para correção frontal da cabeça e exercícios
respiratórios é eficaz no tratamento da EIA proporcionando benefícios a nível
físico e psicológico.
Entre os diversos PSSE
existentes, o método de Schroth é o mais utilizado
devido a sua eficiência comprovada no tratamento e seus efeitos a curto prazo. A
associação do método de Schroth à plataforma sWBV resultou em dados promissores nos resultados com
benefícios adicionais à terapia convencional. Porém devido à falta de
evidências científicas suficientes que confirmem a eficácia do novo modelo de
tratamento, é necessário haver novos estudos abordando o uso combinado dos
exercícios de Schroth à plataforma vibratória a fim
de confirmarem sua eficiência no tratamento da EIA.