EDITORIAL
Assistência
ventilatória em pacientes com esclerose lateral amiotrófica. Quando iniciar?
Marco Orsini*, Marco Antonio Alves Azizi**, Acary Bulle Oliveira***, Adriana Leico Oda***, Mauricio de Sant´Anna Jr**
*Universidade
Iguaçu
(UNIG), Programa de Pós-Doutorado em Mapeamento Cerebral e
Funcionalidade – UFPI, **Universidade Iguaçu (UNIG),
***Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), ****Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Rio de Janeiro (IFRJ), Docente do curso de Fisioterapia, Programa de
Mestrado
Profissional para Pesquisa Biomédica do Instituto de
Biofísica Carlos Chagas
Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IBCCF/UFRJ)
Marco Orsini: orsinimarco@hotmail.com
Marco Antonio Alves zizi: marcoazizi@gmail.com
Acary Bulle Oliveira: acary.bulle@unifesp.br
Adriana leico oda: adrileico.oda@uol.com.br
Mauricio
de Sant´Anna Jr: mauricio.junior@ifrj.edu.br
A Esclerose Lateral
Amiotrófica (ELA), também conhecida como doença de Lou Gehrig
ou doença de Charcot, é uma enfermidade
crônico-degenerativa, inexorável, idiopática, que acomete neurônios motores do
neuro-eixo (córtex cerebral, tronco encefálico e medula espinal). Apresenta
manifestações clínicas características de lesões da via piramidal (hiperreflexia, espasticidade, clônus,
sinal de Babinski) e da ponta anterior da medula espinhal (arreflexia
\hiporreflexia, hipotonia, fasciculações,
paresia, amiotrofia) [1].
O comprometimento do
sistema respiratório é a causa mais comum de morte em pacientes portadores de
ELA. Em uma análise cronológica, todos os pacientes, num dado momento evoluirão
com deterioração desse sistema. Em virtude de ainda não haver cura, a
terapêutica destina-se ao suporte, visando a sobrevida e melhor qualidade de
vida dos pacientes [2,3].
A troca gasosa nos
pacientes com ELA não é afeta por alterações de ordem pulmonar ou de vias
aéreas. A disfunção ocorre na musculatura ventilatória, levando a um grande
comprometimento de sua função [4,5].
Quando se inicia a
disfunção da musculatura inspiratória, o paciente passa a apresentar maior
risco para o surgimento de colapsos alveolares e hipoventilação.
Neste momento inicia-se a elevação nas taxas de CO2 acarretando dispnéia. Tais mecanismos podem desencadear o surgimento de
insuficiência respiratória em virtude da hipercápnica
[6].
Um dos pontos de corte
sugeridos para o início da ventilação não invasiva (VNI) em portadores de ELA é
quando a capacidade vital forçada (CVF), evidenciada através de espirometria
encontra-se abaixo de 50% do previsto, além da redução da força muscular
respiratória, porém alguns centros têm sugerido a implementação da VNI mais
precocemente. Os efeitos benéficos quanto à qualidade vida assim como sobrevida
dos pacientes com ELA é bem descrito na literatura. Cabe ressaltar que a VNI
não está indicada apenas para pacientes com bulbares e que o modo ventilatório
que oferece maior conforto é o BI-level
Positive Airway Pressure (Bipap) [6-8].
Normalmente a VNI,
inicia-se como suporte noturno, sendo estendido ao período diurno com o avançar
da ELA [9,10]. Algumas características como alteração do humor, cefaleia,
aumento da fadiga e sonolência diurna, podem indicar alterações de oxigenação
no período noturno e consequentemente a necessidade de utilização de VNI por um
período mais prolongado.
Com o avanço da doença,
o comprometimento bulbar torna-se o grande responsável pela falha ventilatória
e o paciente, mesmo na vigência de VNI por longos períodos, evolui com a
necessidade da utilização de uma via aérea artificial, a cânula de
traqueostomia. Porém esse é um assunto que merece ser discutido em outro
momento. Quando sugerir a traqueostomia...