ARTIGO ORIGINAL
Efeito agudo da
manipulação visceral em pacientes hipertensos
Acute effects of visceral manipulation in hypertensive patients
Leandra Navarro Benatti* Carolina Dal Fabbro
Carvalho*, Cíntia Raquel Lot*, Valéria Dorte Buzan*, Ivan Luiz
Pavanelli**, Bruno Gonçalves Dias Moreno**
*Centro Universitário de Adamantina, **Escola Brasileira de Fisioterapia Manipulativa
(EBRAFIM)
Correspondência: Bruno Gonçalves Dias
Moreno, Rua Berlim, 34 Qd F2 Golden Park Residence 15135-820 Mirassol SP
Leandra Navarro Benatti: leandrabenatti@gmail.com
Carolina Dal Fabbro Carvalho: caroldalfabro@gmail.com
Cíntia Raquel Lot: lot.cin@hotmail.com
Valéria Dorte Buzan:
valeriadorte@hotmail.com
Ivan
Luiz Pavanelli: ivanluiz_p@hotmail.com
Bruno Gonçalves Dias
Moreno: bruno@ebrafim.com
Resumo
A manipulação visceral
é aceita como uma opção de tratamento para a hipertensão arterial. Esta técnica
é trabalhada sobre as vísceras com o intuito de aliviar pontos anormais de
tensão, para promover melhora de sua mobilidade e tonicidade para adequar suas
reais funções. As vísceras como os rins, fígado e pericárdio, exercem papel
importante no controle da pressão arterial, devido a suas funções fisiológicas,
mecânicas e relações nervosas do sistema nervoso autônomo. O objetivo deste
estudo foi investigar os efeitos imediatos da manipulação visceral em pacientes
hipertensos, que apresentaram valores pressóricos em repouso ≥ 140/90
mmHg. Neste estudo experimental participaram pacientes do Estágio de
Fisioterapia Cardiorrespiratória, no ambulatório de Fisioterapia das Faculdades
Adamantinenses Integradas, atendidos no período de junho a setembro de 2015.
Dos 33 pacientes atendidos 10 apresentaram descompensação da pressão arterial e
foram atendidos utilizando técnicas de manipulação visceral de rim, fígado,
pericárdio e uma técnica de CV4. Os atendimentos foram realizados pelos
próprios estagiários do setor, após treinamento com os pesquisadores. Os
resultados do tratamento, dados pessoais e informações de prontuários foram
descritas em uma ficha separada e individual para tabulação dos dados. Foi
observado que as manipulações viscerais exercem efeito agudo de diminuição dos
níveis pressóricos dos pacientes hipertensos, com diferença estatisticamente
significante, em comparação com os valores iniciais (P < 0,05). Pode-se
concluir que as técnicas utilizadas, nos pacientes atendidos neste estudo,
mostram uma melhora nos valores da pressão arterial, portanto espera-se uma
sequência de utilização das técnicas, para uma melhor compreensão de seus
efeitos a médio e longo prazo.
Palavras-chave: hipertensão arterial,
manipulação osteopática, vísceras.
Abstract
The
visceral manipulation is accepted as a treatment option for hypertension. This
technique is worked about viscera with the aim of relieving abnormal points of
tension, to promote the improvement of their mobility and tonicity to suit
their real functions. The viscera as kidneys, liver and pericardium play an
important role in blood pressure control, due to their physiological functions,
mechanical and nervous relations of the autonomic nervous system. The objective
of this study was to investigate the immediate effects of visceral manipulation
in hypertensive patients, who presented blood pressure values at rest ≥
140/90 mmHg. In this experimental study participated patients in stage of
Cardiorespiratory Physiotherapy in the ambulatory of Physical Therapy of Faculdades Adamantinenses Integradas, attended in the period from June to September
2015. Of the 33 patients treated 10 presented imbalance of blood pressure and
were treated using techniques of visceral manipulation of kidney, liver,
pericardium and a technique of CV4. The appointments were made by the trainees
of the sector, after training with the researchers. The results of the
treatment, personal data and information from medical records were described in
a separate file card and individual for tabulation of data. It was observed
that acute visceral manipulation is decreasing the BP levels of hypertensive
patients with a statistically significant difference in comparison with the
initial values (P < 0.05). It can be concluded that the techniques used in
patients seen in this study, show an improvement in BP values, therefore it is
expected a sequence of use of techniques, for a better understanding of its
effects in the medium and long term.
Keywords: hypertension,
manipulation osteopathic, viscera.
A manipulação visceral
é aceita como uma opção de tratamento para a hipertensão arterial, embora os
mecanismos responsáveis por essas alterações não estejam muito esclarecidos
[1].
Na hipertensão arterial
(HA) ocorre a elevação sustentada da pressão em valores maiores que 140/90mmHg.
Conhecida como o mal silencioso, é uma das principais causas de doenças
cardiovasculares. Estima-se que aproximadamente 13 milhões de brasileiros
tenham HA e que cerca de 40% das aposentadorias precoces, ocorram devido as
suas consequências [2,3,4].
Normalmente, o controle
da HA é obtido através de terapia medicamentosa com uso diário de fármacos como
anti-hipertensivos, diuréticos, mas também pode ser realizado com tratamento
não farmacológico, que embora normalmente executado de forma complementar é de
extrema importância. Entre as formas complementares destacam-se as mudanças de
hábitos de vida, controle de peso, diminuição da ingestão de álcool, tabagismo
e incentivo a prática de atividade física. Recursos fisioterapêuticos, como os
exercícios aeróbicos, realizados na reabilitação cardiovascular, promovem
alterações hemodinâmicas e autonômicas sobre esse sistema promovendo resposta
sobre a pressão arterial. Uma das alternativas utilizadas é a manipulação visceral,
que se baseia sobre as aderências fasciais e
estímulos sobre o sistema nervoso autônomo (SNA) [5-7].
Técnicas de manipulação
visceral podem ser aplicadas em qualquer segmento do corpo humano, com objetivo
de aliviar pontos anormais de tensão, promover melhora da mobilidade e
tonicidade, auxiliando no restabelecimento de suas funções. As vísceras como os
rins, fígado e pericárdio podem influenciar o controle da pressão arterial,
considerando a importância de sua localização anatômica e repercussões sobre o
retorno venoso e sobre o SNA [8].
O SNA executa funções
fora da influência do controle voluntário, regulando processos importantes do
organismo humano para manter a homeostase. É dividido em sistema nervoso
simpático (SNS), que secreta como neurotransmissor noradrenalina e sistema
nervoso parassimpático (SNP), que secreta acetilcolina. Quando ocorre um
aumento da resposta simpática, há o aumento de noradrenalina na corrente
sanguínea, gerando vasoconstrição, provocando aumento da resistência periférica
e da pressão arterial. Já a resposta parassimpática, promove a liberação de
acetilcolina na corrente sanguínea, que provoca vasodilatação nas redes
vasculares, diminuindo a pressão arterial [9-11].
Além disso, as
manipulações viscerais visam explorar as tensões que residem nos órgãos e
tecidos, com o objetivo de melhorar a circulação global, proporcionando a
diminuição das barreiras e assim a melhora da atividade funcional [6].
Os rins são vísceras bilaterais que atuam
sobre a excreção urinária de sódio e no equilíbrio hídrico, proporcionando o
controle da pressão arterial pelo mecanismo de natriurese
pressórico e pelo sistema renina-angiotensina-aldosterona. Alterações nestes
mecanismos podem ser responsáveis pelo aumento da reabsorção ou de retenção de
água no organismo [12,13].
O
fígado é um órgão
complexo responsável por várias funções
vitais, pois recebe aproximadamente 25%
do débito cardíaco. Para a nutrição e
execução de suas funções, temos o sistema
venoso portal, constituído por veias que coletam sangue da
porção
intra-abdominal do trato alimentar, pâncreas, vesícula
biliar, baço, e que
conduz o sangue venoso até a veia cava inferior. Uma
alteração dos valores
pressóricos neste sistema pode acarretar a hipertensão
portal, podendo
interferir na hipertensão arterial [14].
O coração é um órgão
cuja função é de bombear o sangue oxigenado proveniente dos pulmões para todo o
corpo e direcionar o sangue venoso, que retornou ao coração, até aos pulmões. É
envolto pelo pericárdio, cuja principal função é de proteger o coração de
sobrecargas de alterações do estado emocional. Quando está alteração ocorre
pode se obter uma compressão, um estiramento ou até a torção do pericárdio,
podendo ocorrer transtornos cardiovasculares, como a hipertensão arterial
[14-16].
O aumento da PA provoca
danos às artérias tornando-as mais espessas e estreitas. Podendo levar ao
acúmulo de gordura na parede do vaso, dificultando o fluxo sanguíneo, e sua
elasticidade. Então, quanto mais elevada for a PA e quanto maior o tempo desse
desequilíbrio, mais difícil será seu controle futuro [17].
A proposta desse estudo
é de deixar clara a importância de tratar a hipertensão arterial e suas
manifestações, pois, quanto maior o nível pressórico, maior a chance de ocorrer
eventos mais graves
como Acidente Vascular Cerebral e o Infarto Agudo do Miocárdio, e problemas
crônicos nos rins, olhos e artérias periféricas [18].
Portanto os efeitos
imediatos da manipulação visceral em pacientes hipertensos poderão ser
utilizados como forma alternativa para diminuir os níveis elevados da pressão
arterial, diminuindo os riscos a complicações, sendo também, uma forma
alternativa de tratamento quando houver alterações na pressão arterial no setor
de fisioterapia cardiorrespiratória onde foi realizada a pesquisa.
Assim, o objetivo da
pesquisa foi investigar os efeitos imediatos da manipulação visceral do rim
esquerdo, fígado e pericárdio em pacientes hipertensos que apresentaram valores
pressóricos ≥ 140/90 mmHg em repouso.
Foi realizado um estudo
experimental no Setor de Prática Supervisionada de Fisioterapia
Cardiorrespiratória na Fisioclinica da Faculdades
Adamantinenses Integradas (FAI), localizada na cidade de Adamantina/SP, no
período de junho a setembro de 2015.
Os dados foram
coletados somente após obtenção do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
(TCLE) de cada paciente.
Foram inclusos no
estudo todos os cardiopatas e pneumopatas em
tratamento no setor, no período de setembro a novembro de 2015, que
apresentaram episódios de PA em repouso ≥ 140/90 mmHg.
Foram considerados como
cardiopatas pacientes com alterações nas funções e estruturas do coração, que
apresentassem sintomas como dispneia, fadiga, sensação de enjoo, cianose e
elevação da PA. Já os pneumopatas, que apresentaram
alterações nas funções e estruturas dos pulmões, com sintomatologia de dispneia,
fadiga, cianose, PA elevada, cansaço a pequenos e médios esforços e
hipersecretividade. Foram inclusos também pacientes que possuem fatores de
risco, como tabagismo, sedentarismo, obesidade e estresse.
Foram excluídos
pacientes com sintomas de descompensação mais graves, como vertigens, cefaleia
e dor precordial.
Foram utilizados
esfigmomanômetro aneroide e estetoscópio para aferição não invasiva da pressão
arterial, e as informações colhidas foram registradas em ficha de avaliação
contendo dados como: número do prontuário, nome, idade, gênero, contato,
diagnóstico, medicação para hipertensão, início de tratamento
cardiorrespiratório, profissão, raça, escolaridade, estado civil, massa
corporal, altura, Índice de Massa Corpórea (IMC), e PA inicial/final ao
atendimento.
Os atendimentos tiveram
duração máxima de cinco minutos e as técnicas foram repetidas por três vezes
nas vísceras: rim esquerdo, fígado e pericárdio. Para complementar o trabalho
de manipulação visceral foi realizado no final do atendimento uma técnica de
CV4, sobre o osso occipital, com objetivo de equilibrar as respostas
autonômicas dos pacientes.
1- Rim -
Paciente deitado em decúbito dorsal, com joelhos flexionados, e o terapeuta
posicionado com sua mão dominante na região tenar e hipotenar, próxima ao pólo
inferior, três centímetros lateralmente à linha da cicatriz umbilical. O
terapeuta testa a mobilidade dos tecidos em sentido superior, inferior,
direita, esquerda, horário e anti-horário. Inicialmente foi aplicada uma tensão
nos parâmetros de facilidade e posteriormente de restrição [19].
2- Fígado –
Paciente sentado em posição de flexão e terapeuta posicionado posteriormente a
ele, com a polpa dos dedos abaixo das últimas costelas da região do hipocôndrio
direito e epigástrio, aprofundando os dedos em sentido interno do abdome, desde
que não seja doloroso ao paciente. Posteriormente, foram realizados movimentos
de flexão, extensão, latero-flexão direita/esquerda e
rotação direita/esquerda. Inicialmente, foi aplicada uma tensão nos parâmetros
de facilidade e posteriormente de restrição [19].
3- Pericárdio –
Paciente em decúbito dorsal, terapeuta com a região tenar
e hipotênar da mão sobre articulação manúbrio esternal,
a seis dedos do sentido do processo xifoide. O terapeuta vai testar a
mobilidade dos tecidos em sentido superior, inferior, direita, esquerda,
horário e anti-horário. Inicialmente, foi aplicada uma tensão nos parâmetros de
facilidade e posteriormente de restrição [19].
4- CV4 –
Paciente em decúbito dorsal, terapeuta sentado na cabeceira da maca com os
braços descansados sobre ela, e dedos entrelaçados para se formar uma concha. O
paciente se deita com a cabeça de modo que a região do occipital externa,
medial aos ângulos laterais do occipital se encaixe na mão do terapeuta para o
sucesso do método. Foi esperado até que ocorresse sintonia com o ritmo do
movimento craniano, durante a fase de extensão (expiração), aplicando uma
pressão medial muito leve, mas persistente. A pressão não deve ser gerada pela
ação das mãos e sim pela contração dos músculos flexores e profundos do
antebraço do terapeuta [20].
A avaliação inicial
ocorreu quando os pacientes apresentaram PA ≥ 140/90 mmHg em repouso. Em
seguida, foram realizadas as técnicas de manipulação das vísceras descritas
acima e no final do procedimento foram colhidos os dados finais (PAS/PAD) do
paciente. Para averiguar efeitos imediatos, e assim avaliar se os resultados
foram eficazes.
Os dados
sociodemográficos foram tabulados e apresentados em forma de estatística
descritiva. Os resultados dos valores de PAS e PAD, coletados antes e após o
tratamento, foram comparados pelo teste Wilcoxon,
após testada sua distribuição pelo teste de Shapiro wilk.
Foram considerados significantes valores de p < 0,05. Todos os procedimentos
de análise estatística foram realizados pelo programa Instat
3.01.
Durante o período da
pesquisa, 10 dos 30 pacientes atendidos no setor foram selecionados para o
tratamento proposto. Não houve perda amostral por nenhum tipo de intercorrência
durante as avaliações ou atendimentos. Os aspectos sociodemográficos foram
descritos na tabela abaixo.
Tabela I - Características
dos pacientes segundo faixa etária, sexo, escolaridade, profissão, estado
civil, raça e IMC.
Assim, conforme
descrito na metodologia, os pacientes com PA elevada foram submetidos às
técnicas de CV4 e de manipulações viscerais, sendo relacionados na tabela II os
resultados de média significância dos valores pressóricos pré
e pós intervenção, sendo os valores PAS e PAD de p < 0,0001.
Tabela II - Resultados de
média significância.
Além disso, foi
possível observar que quatro (40%) dos pacientes atendidos não utilizavam
medicamentos para o controle da PA, e somente os demais seis (60%), faziam uso
contínuo dos seguintes medicamentos relacionados na figura 1.
Figura 1 – Tratamento
farmacológico dos pacientes.
Os dados deste estudo
evidenciam aspectos importantes para a utilização das técnicas de manipulações
viscerais em indivíduos hipertensos como forma de tratamento não farmacológico
e/ou complementar ao tratamento farmacológico para diminuição imediata da PA
elevada.
Apesar do uso contínuo
de medicamentos pela maior parte dos pacientes que participaram desse estudo,
isto não estabeleceu nenhuma influência sobre o real efeito agudo das técnicas
aplicadas, pois os pacientes mesmo utilizando medicamento contínuo apresentaram
picos de PA, podendo assim utilizar as técnicas de forma complementar sem
nenhuma interferência [18,21].
Segundo Veras e
Oliveira [22] a HA é considerada um risco para a saúde, caracterizada pelo
aumento persistente da pressão sanguínea nos vasos arteriais que provêm
principalmente das alterações dos mecanismos vasodilatadores e
vasoconstritores, resultando em alterações na irrigação tecidual e provocando
consequentemente danos aos órgãos.
Como demonstrado por
Montano-Loza e Meza-Junco [23] o fígado possui um
sistema de fluxo sanguíneo único, denominado de sistema portal. Qualquer
alteração nesse sistema, não somente provocada pelo próprio sistema
circulatório hepático, mas também pelo sistema sistêmico, acarretará um
descontrole da pressão do sistema portal, causando sua descompensação.
Já o estudo realizado
por Martinelli [14] relata que no fígado a hipertensão portal pode surgir a
partir de um quadro de HA. Neste caso é observado que a HA favorece o aumento
da resistência periférica das artérias pós-hepáticas (veia cava inferior), que
gera um aumento da pressão no sistema circulatório hepático, e consequentemente
provocará alterações não somente no fígado, mas também afetará a funcionalidade
dos outros órgãos.
Segundo Martelli [12] a regulação da PA depende de ações integradas
entre os sistemas cardiovascular, renal, neural e endócrino. O sistema renal é
considerado o único sistema com eficiência máxima para efetuar o controle da
PA, pela relação direta na capacidade de eliminar ou reter sódio. Sendo assim
quando o volume de sódio é eliminado acima do volume ingerido ocorre o
resultante de um balanço negativo de sódio levando a queda da pressão e quando
o volume ingerido é maior que o volume eliminado, ocorre um balanço positivo de
sódio, e a PA se eleva. Qualquer descompensação nesse mecanismo sendo de forma
direta ou indireta provocada pelos rins proporcionará uma alteração nos valores
da PA.
Já Lima, Hatagima e Silva [13] relatam a importância do sistema
renina-angiotensina (SRA) também para efetuar o controle da PA, por influenciar
no controle do sal, da água e do tônus vascular, através de proteínas que são
formadas nos rins e também em outros órgãos como o fígado, com a atuação do SNC
e SNA.
No entanto, segundo Angeliz et al. [24], qualquer desequilíbrio dos
sistemas antagônicos (simpático e parassimpático), provoca uma hiperatividade
simpática e redução da função parassimpática na fisiologia da hipertensão. Essa
hiperatividade simpática provoca aumento do tônus simpático, gerando efeito
mais intenso de agentes simpatolíticos ou dos bloqueadores adrenérgicos na
diminuição dos níveis da PA, e para que isso ocorresse foi utilizado uma
técnica de CV4 para normalizar o tônus neurovegetativo.
Além disto, segundo
Ferreira [26], as alterações biomecânicas e a presença de lesões em tecidos
moles de conexões com a fáscia que os revestem, podem ativar o SNA e produzir
mudanças tróficas, vasomotoras, viscerais e metabólicas, dando assim a importância
da técnica de liberação miofascial sobre o coração para equilibrar o pericárdio
e manter a homeostase desses tecidos e funções, que vem a desencadear um
aumento da PA.
Segundo Santos et
al. [18], 50% dos hipertensos não fazem nenhum tratamento
anti-hipertensivo, e os demais que fazem a utilização principalmente de
fármacos como forma de tratamento. Poucos apresentam a PA controlada, sendo
este fator dos grandes desafios para os profissionais que fazem o
acompanhamento da PA destes indivíduos.
Nesta pesquisa, foram
realizadas técnicas viscerais, com objetivo de diminuir a PA dos pacientes em
treinamento de reabilitação cardiovascular. Mesmo os pacientes hipertensos,
controlados pela medicação e pela rotina de exercícios atendidos no ambulatório,
em algumas sessões chegam para o tratamento apresentando pico de PA e em alguns
casos são impedidos de realizar seus exercícios. Portanto, as técnicas
propostas, colaboram positivamente com a prática da rotina de reabilitação
cardiopulmonar.
Outro ponto importante
deste trabalho foi verificar que técnicas manuais, simples e não invasivas
puderam, nestes casos específicos, substituir o uso de medicamentos para o
controle da PA. Mesmo que sob orientação médica e administrados de forma
correta, qualquer tipo de fármaco pode provocar efeitos colaterais [26].
Embora os exercícios calistênicos resultem em um aumento na temperatura
muscular, que leva a um aumento da necessidade de oxigênio devido a elevação da eficiência da contração muscular, proporcionando
a diminuição dos valores da PA, como demonstrado por Silva e Zácaro [27], seja uma opção terapêutica não farmacológica
benéfica para este fator, as manipulações viscerais apresentadas neste real
estudo também apresentaram resultados satisfatórios, podendo ser realizado
futuras investigações para avaliar não somente o efeito imediato, mas também o
efeito a longo prazo das técnicas.
Embora esse assunto não
seja muito encontrado na literatura, as técnicas de manipulação visceral têm
sido utilizadas para diversas variedades de patologias onde apresentaram
eficácia em seu tratamento [28].
Segundo o estudo Manipulating blood pressure [28], a manipulação pode ser tão benéfica para
a hipertensão quanto para aliviar a tensão muscular. Cientistas estudam atualmente
a compreensão adicional para estas observações examinando vias entre o pescoço
e cérebro para mostrar como os músculos do pescoço podem desempenhar um papel
importante no controle da pressão sanguínea, frequência cardíaca, e respiração.
Com base em estudos
científicos ficou comprovada a eficácia dessas manipulações segundo o estudo de
Muñoz et al. [29] que mostrou que as técnicas
de manipulação não são perigosas, e influência entre outras coisas sobre o
sistema nervoso autônomo. Afirma que os osteopatatas
são melhores profissionais em realizar essas manipulações e são utilizadas
diariamente na terapia de pacientes.
Após o término da
pesquisa, foi possível verificar que para melhores comprovações dos resultados,
os alunos que realizaram as técnicas poderiam ter sido acompanhados para
verificar se as manipulações estavam sendo realizadas corretamente e há a
possibilidade de analisar a efetividade das técnicas em sua significância sobre
a classificação da hipertensão.
Concluímos que o efeito
agudo das manipulações viscerais sobre rim, fígado e pericárdio, em pacientes
atendidos no ambulatório de reabilitação cardiorrespiratória, mostrou uma
melhora significativa de diminuição dos valores da PA, em comparação com a
inicial. Portanto, sugerimos que os procedimentos adotados neste trabalho sejam
feitos de forma complementar ou em substituição aos exercícios metabólicos e calestênicos neste local, para uma melhor compreensão de
seus efeitos a médio e longo prazo.