Fisioter Bras
2021;22(5):625-36
ARTIGO
ORIGINAL
Investigação
da qualidade de vida dos cuidadores de crianças com paralisia cerebral
Quality of life investigation of
caregivers of children with cerebral palsy
Afrânio
Agapito Bomba Gomes, M.Sc.*, Micheli Martinello, D.Sc.*, Claudia
Mirian de Godoy Marques, D.Sc.*
*Universidade
do Estado de Santa Catarina (UDESC)
Recebido
em: 28 de abril de 2020; aceito em 15 de agosto de 2021.
Correspondência: Cláudia Mirian de Godoy Marques,
Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC – CEFID), Departamento de Ciências
da Saúde, Rua Paschoal Simone 358 Coqueiros 88080-350 Florianópolis SC
Afrânio Agapito Bomba Gomes: gomesafranio@yahoo.com.br
Micheli Martinello:
michelimartinello@yahoo.com.br
Claudia Mirian de Godoy
Marques: claudia.maques@udesc.br
Resumo
Introdução: Alterações motoras frequentemente
estão presentes e se relacionam com o desempenho funcional limitado nas
atividades de vida diárias de crianças com Paralisia Cerebral (PC), exigindo a
necessidade de ajuda total e/ou parcial de cuidadores, os quais tendem a
assumir múltiplas responsabilidades, ocasionando cansaço, isolamento,
sobrecarga e estresse. Objetivo: Identificar a qualidade de vida de
cuidadores primários de crianças com PC nos centros de reabilitação neurofuncional da Grande Florianópolis/SC. Métodos:
Estudo transversal, com cuidadores primários de crianças com PC que frequentam
pelo menos um dos centros de reabilitação neurofuncional
utilizando os seguintes instrumentos: Short Form
Health (SF-36), Gross Motor Function Classification System (GMFCS), Manual Ability Classification System
(MACS) e a Parte I do Pediatric Evaluation of Disability
Inventory (PEDI). Realizou-se análise descritiva,
teste Shapiro Wilk e teste de Spearman com nível de
significância quando p < 0,005. Resultados: Foram incluídos 32
cuidadores primários de crianças com PC. Observou-se predominância de crianças
com PC do tipo quadriparesia espástica, com grave e
moderado grau de funcionalidade, segundo o GMFCS (87%) e o MACS (54,4%),
respectivamente. Nas atividades de vida diárias, maior comprometimento
funcional foi proporcional a maior dependência e, portanto, maior necessidade
de auxílio, especialmente relacionado ao autocuidado. Em relação a qualidade de
vida, observou-se comprometimento na saúde física e consequentemente a
diminuição na inserção social dos cuidadores. Conclusão: O nível de
funcionalidade de crianças com PC foi proporcional a sua independência de seu
desempenho nas atividades diárias, especialmente relacionado aos aspectos de
autocuidado, porém a necessidade de auxílio para locomoção e/ou tarefas manuais
não interferiram significativamente na qualidade de vida dos cuidadores.
Palavras-chave: qualidade de vida; cuidadores;
crianças; desempenho físico funcional; paralisia cerebral.
Abstract
Introduction: Motor changes
are frequently present and are related to the limited functional performance in
the daily life activities of children with Cerebral Palsy (CP), requiring the
need for total and/or partial help from caregivers, assuming multiple responsibilities
leading to tiredness, isolation, overload, and stress. Objective: To
identify the quality of life of primary caregivers of children with CP in
neurofunctional rehabilitation centers of Florianópolis/SC.
Methods: Cross-sectional study with primary caregivers of children with
CP who attend at least one of the neurofunctional rehabilitation centers
utilizing the following instruments: Short Form Health (SF-36), Gross Motor
Function Classification System (GMFCS), Manual Ability Classification System
(MACS) and Part I of the Pediatric Evaluation of Disability Inventory (PEDI).
Descriptive analysis, Shapiro Wilk test and Spearman test were performed with
significance when p < 0.005. Results: We included 32 primary
caregivers of children with CP. Most of children were with spastic
quadriparesis CP, with severe and moderate degree of functionality, according
to GMFCS (87%) and MACS (54.4%) respectively. In daily life activities, a
higher degree of functional impairment was proportional to higher dependence,
and therefore, greater need for help, especially related to self-care.
Regarding quality of life, there was impairment in physical health and
consequently a decrease in the social insertion of caregivers. Conclusion:
The level of functionality of children with CP was proportional to their
performance in daily activities independence, especially related to aspects of
self-care, however, the need for mobility assistance and/or manual tasks did
not interfere significantly with caregivers’ quality of life.
Keywords: quality of life; caregivers;
children; physical functional performance; cerebral palsy.
A Paralisia Cerebral (PC) caracteriza-se pelo conjunto de
alterações do desenvolvimento do movimento e da postura, resultante de uma
lesão cerebral não progressiva, ocorridos no feto ou nos primeiros anos do
desenvolvimento encefálico [1,2,3,4,5]. Frequentemente é acompanhada de limitações
nas atividades psicomotoras, como consequência de desordens sensoriais,
cognitivos, comportamentais e de comunicação [3,6,7,8].
Entre as disfunções, as alterações motoras normalmente
estão presentes e se relacionam com o desempenho limitado de atividades
funcionais e prejuízos na realização de atividades de vida diária [6,7,8,9]. A
dependência funcional em tarefas do dia a dia inclui atividades como:
alimentação, higiene, vestuário e locomoção [10,11,12]. Quando evidenciadas
demonstram a necessidade de serem desempenhadas com ajuda total e/ou parcial de
cuidadores, os quais tendem a assumir múltiplas responsabilidades [8,10,11,12]. O
aumento de responsabilidades que essa função promove, pode levar ao cansaço,
isolamento, sobrecarga e estresse dos cuidadores [10,13].
Visto que o modo como o cuidador percebe problemas físicos,
psicológicos, emocionais, sociais e financeiros, é influenciado pela demanda
necessária de suporte à criança [10,11,12,13,14], a responsabilidade vivenciada pode gerar
sobrecarga física e emocional, e, consequentemente, a uma diminuição de sua
qualidade de vida [9,10,11,12,15]. Dessa maneira, o objetivo deste estudo foi
identificar a qualidade de vida de cuidadores primários de crianças com PC nos
centros de reabilitação neurofuncional da Grande
Florianópolis/SC.
Trata-se de um estudo com caráter transversal realizado com
crianças em atendimento fisioterapêutico por pelo menos três meses,
independentemente de seu nível de funcionalidade manual e de locomoção, nos
centros de reabilitação neurofuncional da Grande
Florianópolis/SC (Centro de Reabilitação da Clínica Escola de Fisioterapia do
Centro de Ciências da Saúde e do Esporte - CEFID/Universidade do Estado de
Santa Catarina (UDESC); Fundação Catarinense de Educação Especial (FCEE) e
Centro Catarinense de Reabilitação (CCR), no período de setembro de 2017 e
março de 2018. Foram incluídos os cuidadores primários de crianças com PC
apresentando de zero a quatorze anos de idade e que passavam mais da metade do
dia prestando assistência à criança. Foram excluídos os cuidadores de crianças
com faixa etária de zero a quatorze anos que apresentassem alterações do
desenvolvimento neuropsicomotor, porém sem diagnóstico clínico de PC.
Instrumentos
Para avaliar a qualidade de vida dos cuidadores, foi
aplicada a versão brasileira do questionário Short Form
Health (SF-36), que compreende 36 itens, dos quais 35 questões são agrupadas em
oito dimensões, a saber: capacidade funcional, dor, aspectos físicos, aspectos emocionais,
aspectos sociais, saúde mental, vitalidade e estado geral de saúde; o último
item avalia a mudança de saúde no tempo. Para cada dimensão, os itens do
questionário são codificados, agrupados e transformados em uma escala, onde 0
(zero) representa o pior estado de saúde e 100 (cem) representa o melhor estado
de saúde. O questionário foi traduzido para língua portuguesa e adaptado para a
cultura brasileira [16,17].
Para a caracterização da amostra foi utilizada uma ficha de
anamnese destinado aos cuidadores de crianças com PC, com itens referentes a
dados pessoais, dados gestacionais, neonatais e em relação a saúde atual da
criança. Caracterizaram-se as habilidades motoras finas e grosseiras, a partir
do Gross Motor Function Classification
System (GMFCS) e o Manual Ability Classification
System (MACS), que compreendem cinco níveis e retratam, em ordem decrescente, o
nível de independência e funcionalidade das crianças com PC [16,17]. Ainda,
aplicou-se a Parte I -Habilidades Funcionais do Pediatric
Evaluation of Disability Inventory (PEDI), que
corresponde as atividades de vida diária [18].
A
classificação pelo GMFCS ocorre de acordo com a idade da
criança e as distinções entre os níveis de
função motora são baseadas nas
limitações funcionais, na necessidade de tecnologia
assistiva, incluindo
aparelhos auxiliares de locomoção (tais como andadores,
muletas e bengalas) e
cadeira de rodas, e, em menor grau, na qualidade de movimento. O
nível I indica
que ela consegue locomover-se sem restrições,
porém com limitações para
atividade motora mais complexa como correr e pular; no nível II
a criança
apresenta limitações de marcha em ambiente externo, ou
seja, mas limitações em
marcha comunitária. Para o nível III são aquelas
crianças que necessitam de
apoio para locomoção, também com
limitações na marcha comunitária. Já o
nível
IV há uma necessidade de equipamentos de tecnologia assistiva
para mobilidade,
ou seja, a mobilidade é limitada, necessita de cadeira de rodas
na comunidade;
e, no nível V a criança apresenta restrição
grave de movimentação, mesmo com
tecnologias mais avançadas [16]. Sugere-se um bom grau de estabilidade ao longo
dos anos, ou seja, a criança geralmente permanece no mesmo nível de
classificação [6,19,20].
O MACS classifica crianças com PC a partir de uso de suas
mãos, na manipulação de objetos nas atividades de vida diária e na iniciativa
voluntária de movimento dentro do espaço pessoal do indivíduo [16]. Crianças
capazes de manipular objetos facilmente são classificadas em nível I e aquelas
que manipulam objetos com menor qualidade pertencem ao nível II. Já as crianças
do nível III manipulam objetos com dificuldade necessitando de ajuda ou
adaptações da atividade e, no nível IV, estão aquelas que executam atividades
manuais com êxito limitado, necessitando de supervisão contínua. O nível V
enquadra as crianças severamente comprometidas nas habilidades manuais,
necessitando de assistência [16,21].
O teste PEDI possui três dimensões: autocuidado, mobilidade
e função social. A escala de autocuidado abrange alimentação, higiene pessoal,
o uso de toalete, vestuário e controle esfincteriano. Os itens funcionais de
mobilidade informam sobre transferências, locomoção em ambiente externo e
interno e o uso de escadas. A dimensão função social reflete as questões
relativas à comunicação, resolução de problemas, interação com os colegas,
entre outros. Estudos consideram ser um teste válido e confiável para ser
aplicado em crianças com PC no Brasil [18,21,22,23].
A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa
Envolvendo Seres Humanos da Universidade do Estado de Santa Catarina –
CEPSH-UDESC (CAAE 69680117.3.0000.0118). Todos os participantes foram
esclarecidos sobre os objetivos e procedimentos do estudo e assinaram o Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), tanto o questionário como as
avaliações funcionais foram respondidos de forma presencial para o mesmo
pesquisador.
Análise
dos dados
As variáveis foram digitadas e consolidadas em planilha do
Excel (Office Microsoft ®). Para as análises utilizou-se o pacote estatístico Statistical Package for
the Social Science (SPSS®) versão 20.0. Após a
definição dos níveis de classificação funcional das crianças, estas foram
divididas em dois blocos para facilitar a diferenciação entre elas: um bloco de
três grupos (leve – I, moderado – II e III, e grave – IV e IV) a partir da
classificação pelo GMFCS, e um bloco de três grupos (leve – I e II, moderado –
III e IV, e grave – V) de acordo com a classificação pelo MACS. Os dados foram
tratados por meio da estatística descritiva (média, desvio padrão, mínimo,
máximo, frequência absoluta, frequência relativa). O teste Shapiro Wilk foi
utilizado para verificar a normalidade dos dados. Diante da distribuição não
normal, a comparação do desempenho funcional (PEDI) das crianças com PC e da
qualidade de vida dos pais e/ou cuidadores de acordo com os níveis de
classificação funcional a partir do GMFCS e do MACS foi utilizado o Teste U de
Mann Whitney. A relação da funcionalidade (PEDI) das crianças com PC e
qualidade de vida dos pais e/ou cuidadores foi avaliada pelo Teste de Spearman. Considerou-se estatisticamente significante
quando p < 0,001.
Foram incluídos no estudo, 32 cuidadores primários de
crianças com PC, com variação de idade entre 16 e 56 anos, sendo 27 do sexo
feminino e 5 do sexo masculino. Na Tabela I estão representadas as
características referentes as crianças participantes, quanto ao tipo de PC,
tipo de tônus, níveis de classificação funcional a partir do GMFCS e MACS,
estando separados de acordo em leve, moderado e grave.
Tabela
I - Características
referente ao tipo de PC, tônus, de acordo com o nível de GMFCS e MACS de
crianças com PC (N = 32)
GMFCS = Gross Motor Function Classification System; MACS = Manual Abilities
Classification System; L = leve; M = moderado; G =
grave; N = frequência absoluta; % = frequência relativa; PC = Paralisia
cerebral
De acordo com os dados de saúde atuais, dentre as crianças
avaliadas, sete (21,9%) fizeram algum tipo de procedimento cirúrgico, todas
realizavam fisioterapia de 2 a 6 vezes por semana, 22 (68%) afirmaram seguir
orientações passadas na terapia pelos profissionais, quando em domicilio; 25
(78,1%) apresentam alterações secundárias, tais como: bronquite asmática,
crises convulsivas, deficiências visual e auditiva, entre outras; no que se
refere ao uso de medicamentos, 19 (59,4%) crianças fazem uso de alguma
medicação, como relaxantes musculares e anticonvulsivantes e 17 (53,1%)
crianças possuem capacidade de compreender ordens simples. Em relação ao
desempenho funcional nas atividades de vida diária das crianças, os níveis
moderado e grave de funcionalidade direcionaram para maiores alterações quanto as
atividades de vida diária (Tabela II).
Tabela
II - Desempenho
funcional de acordo com o nível de GMFCS e MACS de crianças com PC (N = 32)
GMFCS = Gross Motor Function Classification System; MACS = Manual Abilities
Classification System; L = leve; M = moderado; G =
grave; M = média; DP = Desvio padrão
Em relação à qualidade de vida dos cuidadores primários de
crianças com PC, nota-se que a capacidade funcional dos pais e/ou cuidadores
das crianças com moderado nível de funcionalidade (GMFCS) e os aspectos
emocionais dos pais e/ou cuidadores das crianças com grave nível de
funcionalidade (GMFCS) apresentou a menor média de pontuação. A capacidade
funcional dos pais e/ou cuidadores das crianças com leve nível de
funcionalidade (MACS), dor dos pais e/ou cuidadores das crianças com moderado
nível de funcionalidade (MACS) e os aspectos emocionais dos pais e/ou
cuidadores das crianças com grave nível de funcionalidade (MACS) apresentaram a
menor média de pontuação, o que demonstra maior comprometimento na saúde física
desses cuidadores e consequentemente a diminuição na inserção social. No
entanto, não se observou diferença estaticamente significativa na qualidade de
vida dos cuidadores de crianças de acordo com o GMFCS e MACS (Tabela III).
Tabela
III - Qualidade de
vida dos cuidadores primários de acordo com o nível de GMFCS e MACS de crianças
com PC (N = 32)
GMFCS = Gross Motor Function Classification System; MACS = Manual Abilities
Classification System; L = leve; M = Moderado; G =
Grave; m = Média; DP = Desvio padrão
Buscou-se neste estudo identificar a qualidade de vida de
cuidadores de crianças com PC. A fim de caracterizar o nível de funcionalidade
das crianças avaliadas, verificou-se que os níveis moderados e grave de comprometimento
funcional repercutem em maiores limitações nas atividades de vida diária de
criança com PC e, consequentemente, seus cuidadores apresentam maiores
comprometimentos em relação a qualidade de vida, sendo especialmente referidos
a dor corporal e os aspectos emocionais, que indicam maior comprometimento na
saúde física, e, portanto, menor inserção social.
Crianças com PC apresentam alterações funcionais que se
refletem principalmente nas práticas de atividades de vida diária. Essas
alterações podem repercutir na realização de tarefas simples, bem como em
tarefas complexas, afetando sua rotina e de seus familiares [24,25]. Na maioria
das vezes, os cuidadores primários de crianças com PC são as mães, as quais se
dedicam exclusivamente aos cuidados de seu/sua filho/filha [26], mudando sua
rotina de vida em função de melhorar a condição de sua criança e passa a não
desenvolver os papeis fundamentais da sua vida, como o de cuidar de si própria,
estudar e ter uma profissão, ou até mesmo necessitar abandonar o emprego [10].
De acordo com a dependência funcional da criança com PC, os
cuidadores vivenciam uma sobrecarga física e emocional que pode levar a uma
diminuição da sua qualidade de vida [9,15,26,27]. Neste estudo, quando
investigada isoladamente a relação entre o nível de dependência e
funcionalidade das crianças com PC e a qualidade de vida dos seus cuidadores,
nos resultados encontrados os níveis funcionais não interferiram na qualidade
de vida desses cuidadores.
De maneira geral, classificou-se a qualidade de vida dos
cuidadores primários em boa ou muito boa. Em relação aos domínios de dor e de
limitação por aspecto físico, a classificação da dor corporal foi de moderada a
muito grave, destacando dificuldade para realizar atividades de vida diária e
diminuição de capacidade funcional em consequência da saúde física, bem como
uma menor inserção nas atividades sociais, com aspectos emocionais presentes,
uma vez que se sentem deprimidos e/ou ansiosos. Isto pode estar associado ao
fato de que cuidadores de crianças com PC apresentam uma pontuação mais baixa
quanto a qualidade de vida, se comparados a cuidadores de crianças saudáveis
[27,28]. Apesar de não haver significância estatística nos resultados, de
acordo com o desempenho funcional, sugere-se que a maior independência nas
atividades de vida diária foi dependente do nível de funcionalidade, uma vez
que houve o predomínio de crianças com quadriparesia
e, portanto, com comprometimento de moderado a grave. Considera-se ainda o fato
de a gravidade e a desordem motora estar relacionadas com a qualidade de vida
do cuidador [25,27].
A qualidade de vida tem uma definição de caráter
multidimensional, de acordo com a percepção individual da sua posição na vida,
no contexto da cultura e dos sistemas de valores em que vive e na relação com
seus objetivos, expectativas, padrões e interesses [8,25,27,28,29,30,31]. Dessa maneira,
é necessário que o cuidador pratique atividades que proporcionam prazer e ao
mesmo tempo estimulem o desenvolvimento e aprendizado da criança, necessitando,
portanto, que estejam física e psicologicamente bem para melhor cuidar [23]. A
falta de cuidado pode repercutir na redução da qualidade de vida, uma vez que é
preciso estar bem e gostar da vida, tendo o cuidado não só como uma meta, mas
como algo que se atinge a cada momento e que acompanha o ser humano em sua
história [32].
De acordo com os resultados obtidos neste estudo, o nível
de funcionalidade de crianças com PC foi proporcional a sua independência de seu
desempenho nas atividades de vida diárias, especialmente relacionado aos
aspectos de autocuidado. No entanto, a maior necessidade de auxílio para
locomoção e/ou tarefas manuais não interferiram consideravelmente na qualidade
de vida dos cuidadores primários de crianças com PC.
Financiamento
A pesquisa não recebeu recursos financeiros institucionais
e/ou privados para sua realização.
Agradecimentos
Agradecemos a todos os cuidadores e pacientes que
voluntariamente fizeram parte deste estudo.
Conflito de interesse
Não existe conflito de interesse.