Fisioter
Bras 2021;2293);318-33
ARTIGO
ORIGINAL
Efeito
da bandagem elástica na atividade eletromiográfica de
músculos periescapulares em indivíduos saudáveis
Effect of the kinesio
tape on the electromyographic activity of periscapular muscles in healthy
subjects
Natália
Miranda Flores*, Alisson de Carvalho Chaves, M.Sc.*, Júlia
Araújo Momo*, Matheus Pitrez da Silva Mocellin*, William Dhein**, Joelly Mahnic de Toledo,
D.Sc.***, Jefferson Fagundes Loss, D.Sc.****
*Curso
de Fisioterapia pelo Centro Universitário Ritter dos Reis (UNIRITTER),
**Docente do Centro Universitário da Serra Gaúcha, ***Doutora em Ciências do
Movimento Humano pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ****Docente da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Recebido
em 19 de maio de 2020; Aceito em 26 de abril de 2021
Correspondência: William Dhein,
Rua Felizardo 950, Escola de Educação Física, Fisioterapia e Dança, Porto
Alegre RS
Natália Miranda Flores: natimflores@gmail.com
Alisson de Carvalho Chaves: alissoncchaves@gmail.com
Júlia Araújo Momo: fisio.juliamomo@gmail.com
Matheus Pitrez da Silva Mocellin: eupitrez@hotmail.com
William Dhein:
willdhein@gmail.com
Joelly Mahnic
de Toledo: joellytoledo@hotmail.com
Jefferson Fagundes Loss:
jefferson.loss@ufrgs.br
Resumo
Introdução: A bandagem elástica é uma fita
elástica adesiva utilizada na prevenção e reabilitação do complexo do
ombro. Entretanto, existem divergências na literatura sobre seus efeitos na
atividade eletromiográfica dos músculos periescapulares durante exercícios com carga. Objetivo:
Avaliar os efeitos da bandagem elástica na atividade eletromiográfica
de músculos periescapulares durante o movimento de
flexão do ombro sem carga e com halter em indivíduos saudáveis. Métodos:
Vinte e seis indivíduos do sexo masculino realizaram o movimento de flexão do
ombro sem carga e com halter com a bandagem elástica sobre o trapézio
descendente. Foram avaliadas as atividades eletromiográficas
de trapézio descendente, trapézio ascendente e serrátil anterior. São
comparados os valores de pico e RMS em percentual da contração isométrica
voluntária máxima através da ANOVA One Way. Resultados:
Na flexão de ombro com halter ocorreu diminuição do pico da atividade eletromiográfica do trapézio descendente (p = 0,035). Não
houve influência sobre os demais músculos periescapulares
(p > 0,05). Conclusão: A bandagem elástica diminuiu o pico da
atividade eletromiográfica do trapézio descendente
durante a flexão do ombro com halter. Pode-se aplicar este resultado na
prevenção de indivíduos que podem tender a aumentar a atividade do trapézio
descendente.
Palavras-chave: bandagem elástica; eletromiografia;
ombro.
Abstract
Introduction: The kinesio tape is an elastic adhesive tape used in the
prevention and rehabilitation of the shoulder complex. However, there are
divergences in the literature about its effects on the electromyographic
activity of the periescapular muscles during load
exercises. Objective: To evaluate the effects of kinesio
tape on the electromyographic activity of the periescapular
muscles during the flexion of the shoulder without load and with a dumbbell in
healthy subjects. Methods: Twenty-six male individuals perform the
flexion movement of the shoulder without load and halter with and kinesio tape over the upper trapezius muscle. The
electromyographic activities of upper trapezius, lower trapezius and anterior
serratus were evaluated. Normalized Peak and RMS through percentage of maximum
voluntary isometric contraction were compared using ANOVA One Way. Results:
During flexion of the shoulder with a dumbbell, the electromyographic activity
of the upper trapezius (p = 0.035) decreased. We did not observe influence on
the other periescapular muscles (p > 0.05). Conclusion:
The kinesio tape decrease the peak value of the upper
trapezius during the flexion of the shoulder with dumbbell. We can apply this
result to individuals who may increase the activity of the upper trapezius.
Keywords: kinesio
tape; electromyography; shoulder.
A bandagem elástica é uma fita elástica adesiva
utilizada na prevenção e reabilitação de lesões musculoesqueléticas com
objetivo de proporcionar diminuição da dor, promover suporte, estabilidade, proteção
e propriocepção durante os movimentos [1,2,3,4,5]. O complexo do ombro vem sendo foco
de estudos com a bandagem elástica e de seus efeitos sobre a atividade eletromiográfica (EMG) dos músculos periescapulares
[6,7,8] e sobre a cinemática escapular [7,8,9,10] de indivíduos assintomáticos, com
discinesia escapular [11,12] ou com síndrome do impacto do ombro (SIO).
Tem sido preconizado o uso da bandagem elástica durante a
reabilitação [5], atividades de vida diária [6,13] e na prática esportiva com o
objetivo de prevenir ou diminuir as alterações biomecânicas comumente presentes
na SIO ou em indivíduos com discinesia escapular. Dentre as alterações EMG tem
sido mencionada na literatura o aumento da atividade do trapézio descendente
[14,15], bem como a diminuição e retardo da atividade do trapézio ascendente
[16,17] e serrátil anterior [18,19].
Nesta perspectiva, o uso da bandagem elástica aplicada
perpendicularmente sobre o trapézio descendente (TD) preconiza justamente o
oposto: diminuição da atividade do trapézio descendente [3,8,11,12,20], aumento
da atividade do serrátil anterior [8] e alteração do onset
dos músculos escapulares [3]. Entretanto, não parece haver ainda um consenso na
literatura sobre os efeitos de inibição e facilitação da bandagem [21,22]. Além
disso, existem divergências de resultados na aplicação da bandagem elástica
sobre o trapézio descendente em saudáveis, assintomáticos e com discinesia
escapular. Pode-se citar nenhuma alteração na atividade EMG [2,20], diminuição
da atividade do TD [6,12,23], aumento da atividade do serrátil anterior [8].
Outra questão que precisa ser melhor explorada é o uso de
carga durante a execução dos exercícios. A literatura ainda se mostra
insuficiente nesse aspecto, listando a utilização de halter com 2 kg [7] durante
a elevação no plano da escápula em atletas com SIO, 20% da RM durante a
abdução, elevação e flexão de ombro com halter em pacientes com SIO [24] e 25%
da força máxima [11] em indivíduos com discinesia escapular. Entretanto, dentre
estas existem também aplicações em outros locais, como sobre o trapézio
inferior [7] e o deltoide médio [24], bem como diferentes movimentos. Sendo
assim, mostra-se relevante avaliar movimentos de flexão com carga externa,
visto sua contribuição funcional e utilização em programas de reabilitação
[25,26] e seu interesse em diversos estudos com bandagem elástica e rígida
[4,10,13,20,27].
Assim, o objetivo do presente estudo foi avaliar os efeitos
da bandagem elástica sobre a atividade eletromiográfica
dos músculos periescapulares durante o movimento de
flexão do ombro sem carga e com halter em indivíduos saudáveis.
Delineamento
do estudo
Trata-se de um estudo semi-experimental
[28] aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul sob parecer nº 908.977.
Amostra
A amostra foi não probabilística composta por 26 indivíduos
do sexo masculino com idade de 23,1 ± 2,5 anos, 176,5 ± 7,4 cm e 72,7 ± 7,9 kg.
Foram estabelecidos como critérios de inclusão a dominância no membro superior
direito, força muscular capaz de elevar o membro superior até uma amplitude de
movimento (ADM) próxima a 120º contra resistência e idade entre 20 e 30 anos.
Foram excluídos indivíduos que apresentassem dor ou histórico de lesão e/ou
cirurgia no membro superior direito nos últimos seis meses, prática de
atividade física por mais de três vezes por semana, utilizar bandagem no ombro
nos últimos 30 dias ou positividade nos testes articulares de Jobe, Hawkins-Kennedy e Neer
[29].
A definição do tamanho da amostra foi feita por meio do
cálculo amostral no software G*Power 3.1.5, baseado em dados EMG de estudo da
literatura [8] com poder de previsão de 85%, nível de significância de 5% e
tamanho de efeito de 0,5.
Coleta
de dados
Todas as coletas foram realizadas no Laboratório de
Pesquisa do Exercício da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, agendadas
conforme disponibilidades dos participantes. Inicialmente todos os
participantes foram informados e assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido. Cada participante realizou uma avaliação inicial confirmando sua
inclusão e foram obtidos dados antropométricos (idade, peso, altura) seguido
por aquecimento, alongamentos e familiarização com os exercícios propostos.
Após esta etapa inicial o participante foi preparado para a coleta de dados eletromiográficos.
Inicialmente foram realizadas a tricotomia e limpeza da
pele com álcool e fixados eletrodos de superfície bipolares (Kendall™)
unilateralmente à direita nos músculos: trapézio descendente (TD), trapézio
ascendente (TA) e serrátil anterior (SA). A preparação da pele e o
posicionamento dos eletrodos (Figura 1) para as duas porções do trapézio foram
realizadas de acordo com as recomendações do SENIAM [30]. Uma vez que o músculo
serrátil anterior não constava nestas recomendações, o posicionamento dos
eletrodos neste músculo baseou-se em um estudo prévio que investigou a
atividade EMG do ombro [31].
Figura 1 - Posicionamento dos eletrodos
para os músculos trapézio descendente (TD), trapézio ascendente (TA) e serrátil
anterior (AS)
Após a colocação dos eletrodos, realizou-se a coleta das CIVMs (contrações isométricas voluntarias máximas). Foram
realizadas 3 repetições de cada músculo com duração de 5 segundos, com
intervalo de dois minutos entre elas. Foram utilizados o eletromiógrafo
BTS FREEEMG 1000 (BTS Bioengineering, ITA) e o
software EMG Analyzer para a captura dos dados eletromiográficos, com taxa de amostragem de 1000 Hz.
A CIVM do músculo trapézio descendente foi realizada com o
indivíduo sentado em uma cadeira com os braços relaxados ao longo do corpo. O
indivíduo realizou o movimento de elevação da cintura escapular e inclinação da
cabeça para o lado testado. A resistência foi realizada através de uma faixa
posicionada superiormente ao ombro e fixa ao solo e uma resistência manual na
cabeça. A CIVM do músculo trapézio ascendente consiste em uma elevação no plano
da escápula aproximadamente até a altura da cabeça com uma resistência manual
do avaliador na região do antebraço. A CIVM do músculo serrátil anterior foi verificada
durante o exercício Push-Up. Consiste em posicionar o
braço em flexão a 90° com leve extensão horizontal e palma da mão para frente.
O indivíduo realizou força em direção frontal contra resistência manual do
avaliador, evitando utilizar o tronco para compensar este movimento, focando no
movimento de abdução escapular.
Ao término da aquisição das CVMs,
foram fixados marcadores reflexivos nas seguintes proeminências ósseas:
processos espinhosos da sétima vértebra cervical e da oitava vértebra torácica,
incisura jugular, processo xifoide, articulação acromioclavicular, ângulo
acromial, processo coracoide, ângulo inferior da escápula, trigonum
spinae da escápula, epicôndilo medial, epicôndilo
lateral, processo estiloide do rádio e processo estiloide da ulna [32]. Os
marcadores foram fixos por meio de uma fita adesiva dupla-face (3M) e sua
aquisição por meio de dez câmeras do sistema de rastreamento BTS Smart-DX (BTS Bioengineering,
EUA) com taxa de amostragem de 100 Hz.
Os participantes foram posicionados na zona de coleta e
executaram os movimentos de: 1) flexão sem carga e 2) flexão com halter (Figura
2). Foram realizadas três repetições para cada movimento numa amplitude de 90º
com velocidade aproximadamente constante de 45°/seg
acompanhada por um metrônomo. As situações com e sem halter foram randomizadas
e definidas como 5% (média de 3,6 kg) do peso corporal do indivíduo [33].
Figura
2 - Movimento de
flexão sem carga (A) e com carga (B)
Após os indivíduos realizarem os movimentos, um
fisioterapeuta experiente realizou a aplicação da bandagem elástica [34] em
formato de “I” (Figura 3). Inicialmente a base da (âncora proximal) da bandagem
foi posicionada na borda anterior da clavícula. Em seguida, foi solicitado ao
participante que inclinasse a cervical para o lado contralateral (lado
esquerdo), o que acarretava num alongamento do músculo alvo (trapézio
descendente). A seguir, a bandagem foi posicionada perpendicularmente sobre as
fibras do trapézio descendente utilizando uma tensão de 20% e ao final a âncora
distal foi fixada aproximadamente na altura do trigonum
espinae. O controle da tensão utilizada na bandagem
seguiu uma equação adaptada [24] proposta da literatura [35]. Vale ressaltar
que quando posicionados os eletrodos, foram levemente deslocados medialmente
para não coincidir com o posicionamento da bandagem. A aplicação da bandagem
elástica tem como objetivo diminuir a ativação muscular do trapézio
descendente. Por fim, o participante reproduziu novamente os movimentos de
flexão sem e com carga de forma randomizada.
Figura
3 - Posicionamento
da bandagem elástica sobre o trapézio descendente
Processamento
e análise dos dados
Os softwares BTS Smart-Analyzer e
EMG Analyzer (BTS Bioengineering,
EUA) foram utilizados para o processamento e análise dos dados. Após a coleta
de dados, realizou-se a correção do offset do sinal eletromiográfico
e os sinais foram digitalmente filtrados com filtro Butterworth
de quarta ordem, com banda de passagem entre 20 e 400 Hz. As magnitudes de cada
atividade eletromiográfica mensurada foram
quantificadas pelo valor RMS (Root Mean
Square) e
valor de pico normalizados em relação à
contração isométrica voluntária
máxima
(CIVM) de cada músculo.
Para processamento e análise dos dados cinemáticos foi
utilizado o software BTS Smart-Analyser (BTS Bioengineering, EUA), e os sistemas de coordenadas locais,
as rotações dos segmentos e das articulações foram definidas seguindo a
padronização proposta pela Sociedade Internacional de Biomecânica para os
membros superiores [32]. Foram contabilizados os movimentos tóraco-umerais
e utilizado como recortes para determinação das repetições dos movimentos.
Análise
estatística
A análise estatística foi realizada no software SPSS 20.0.
A normalidade dos dados verificada por meio do teste de Kolmogorov-Smirnov.
As comparações dos valores normalizados de pico e RMS dos dados eletromiográficos foram realizadas por meio da ANOVA one-way. O nível de significância adotado foi de α
< 0,05.
Considerando o pico de ativação muscular (Figura 4) no
movimento de flexão do ombro com halter ocorreu uma diminuição da atividade EMG
do músculo trapézio descendente de 42,2 ± 24% para 38,6 ± 20% (p = 0,035). Para
os demais músculos e situações analisados não foram encontradas diferenças (p
> 0,05) com a utilização da bandagem elástica sobre o pico (Figura 4) e RMS
(Figura 5) da atividade eletromiográfica.
Figura
4 - Pico da ativação
EMG (%) dos músculos TD, TA e SA durante o movimento de flexão do ombro sem
carga (SC) e com halter (CH) nas situações com (CB) e sem bandagem elástica
(SB)
Figura
5 - RMS (%) dos
músculos TD, TA e SA durante o movimento de flexão do ombro sem carga (SC) e
com halter (CH) nas situações com (CB) e sem bandagem elástica (SB)
O estudo teve o objetivo de avaliar o efeito da bandagem
elástica na atividade eletromiográfica de músculos periescapulares (TD, TA e SA), durante o movimento de
flexão do ombro com diferentes cargas, em indivíduos assintomáticos. Com base
nos resultados, pode-se perceber uma diminuição do pico da atividade EMG do
músculo TD, durante o movimento de flexão do ombro com halter.
O resultado é relevante, primeiramente, pois os músculos
avaliados neste estudo são responsáveis pela sinergia do movimento escapular e
a maioria dos pacientes que apresentam alguma patologia no ombro, normalmente
devido à dor, tendem a compensar os movimentos aumentando a ativação muscular
do TD [8,14,15,23,36,37]. Também podemos destacar que o presente estudo avaliou
o uso da bandagem sobre atividade EMG durante o movimento de flexão com o
halter que posteriormente na literatura havia sido avaliado na elevação no
plano da escápula [7], em indivíduos com discinesia escapular [11,12] e na SIO
[7,24]. Com isso, os resultados sugerem que se colocarmos a bandagem elástica
sobre o TD consequentemente estaremos diminuindo o
pico da atividade EMG nos movimentos de flexão com halter, o que seria um fator
importante, visto que se indica a utilização da bandagem elástica durante o
gesto esportivo, atividades de vida diária ou durante a reabilitação [4,5].
Sabemos que não se pode extrapolar este resultado para pacientes que apresentam
alguma patologia de ombro ou com discinesia escapular, já que a presente
amostra é composta por indivíduos saudáveis, mas podemos devidamente pensar no
uso da bandagem elástica na forma de prevenção de indivíduos ou atletas que
podem tender a aumentar a atividade do TD durante seus gestos esportivos ou
mesmo atividades de vida diária. Com esse aumento, especula-se que possa levar
a alterações na cinemática escapular e consequentemente prevenir uma patologia
no ombro [3,18]. Apesar desta diminuição da atividade EMG do TD ser algo
considerado benéfico na prevenção e reabilitação de pacientes, ainda assim não
sabemos se tal resultado é proveniente de uma mudança na cinemática escapular,
o que consequentemente geraria uma alteração da atividade EMG do TD, ou ainda,
se com a aplicação da bandagem, promoveria a inibição pelo mecanismo
proprioceptivo [8,34] e resultaria numa mudança no engrama motor do movimento,
fazendo com que outros músculos periescapulares
(trapézio médio, peitoral menor, levantador da escápula) compensassem o
movimento realizado [38,39].
A literatura apresenta estudos com indivíduos saudáveis,
com discinesia escapular ou em pacientes com SIO que utilizaram a bandagem
elástica [3,6,8,24] ou rígida [13,20,36] sobre o TD e a avaliação EMG de músculos
periescapulares. Apesar de serem bandagens de
propriedades diferentes (rígida e elástica, respectivamente), ambos utilizaram
o mesmo desenho e a grande maioria obteve resultados semelhantes, justificando
algumas concordâncias nos resultados.
Um dos estudos que utilizou a bandagem elástica obteve
redução da atividade EMG do TD durantes atividades de vida diária [6, 8], o que
ratifica o resultado do presente estudo. Em contrapartida, outro estudo [8]
constatou juntamente aumento do serrátil anterior, o que não foi encontrado no
presente estudo, provavelmente justificável pelo presente estudo realizar o
movimento de flexão de ombro e não um gesto funcional. Quanto aos demais
músculos periescapulares Hsu
et al. [7], utilizando uma bandagem elástica em “Y” sobre o TA em
jogadores de beisebol durante a elevação no plano escapular encontraram aumento
da ativação do músculo TA nos ângulos de 30° e 60° na descida do movimento.
Este desenho de bandagem em Y também pode auxiliar no processo da reabilitação,
visto que pacientes com síndrome do impacto do ombro tendem a apresentar
alteração do onset do trapézio médio e TA [3,19]. A
utilização da bandagem elástica sobre o TD também alterou o onset
do trapézio médio, TA e SA em indivíduos com tendinopatia
durante a abdução [3]. Em indivíduos com discinesia escapular, a utilização da
bandagem elástica também diminuiu a atividade eletromiográfica
do músculo trapézio descendente [11,12].
Com o uso da bandagem rígida também foram observados
redução da atividade eletromiográfica do TD durante o
movimento de flexão e elevação escapular [13,36] com indivíduos com síndrome do
impacto do ombro. Um dos estudos ainda obteve aumento do TA [13]. Ainda existem
estudos discordando destes resultados, nos quais não se obteve influência sobre
os músculos periescapulares durante a flexão e
abdução [20].
Pode-se perceber que na literatura a aplicação da bandagem
(rígida a elástica) está sendo bastante investigada, mas destacamos que o
presente estudo foi o único a avaliar o movimento de flexão com o halter
simulando um exercício utilizado no processo da reabilitação. Devemos levar em
consideração que apenas o uso de indivíduos saudáveis é uma limitação do nosso
estudo quando pensamos em obter exatamente os mesmos resultados em pacientes
com discinesia escapular ou patologias no ombro. Uma perspectiva para futuros
estudos é buscar verificar a influência da bandagem elástica no exercício de
flexão com halter numa população que apresenta o sinal do trapézio descendente
elevado, como em pacientes com tendinopatia de ombro.
Outra limitação do estudo é a quantificação da tensão exata a ser colocada em
todos os indivíduos. Mesmo tentando diminuir esta variável interveniente
através do cálculo da tensão e a utilização de apenas um aplicador, ainda assim
pode haver algum erro. Por fim, o estudo traz indícios do uso da bandagem
elástica em indivíduos assintomáticos durante o movimento de flexão com halter
e destacamos como perspectiva que os demais movimentos de ombro com carga também
devem ser investigados para obter novos resultados da aplicação da bandagem
elástica no complexo do ombro.
A bandagem elástica diminuiu o pico de atividade eletromiográfica do músculo trapézio descendente, durante o
movimento de flexão do ombro com halter em indivíduos saudáveis. Podemos
aplicar este resultado na prevenção de indivíduos que podem tender a aumentar a
atividade do trapézio descendente.