Fisioter
Bras 2021;22(3):456-68
ARTIGO
ORIGINAL
Avaliação
da eficácia da carboxiterapia na melhora da
sensibilidade tátil, da satisfação corporal e do aspecto de estrias albas na
região glútea em mulheres: um ensaio clínico randomizado
Evaluation of the effectiveness of carboxitherapy in improving tactile sensitivity, body
satisfaction and appearance of stretch marks in the gluteus region in women: a
randomized clinical trial
Ildete
Aparecida de Oliveira Dorneles*, Jordana Listgarten
Duarte*, Karoline Conceição de Abreu*, Fernanda Souza da Silva*
*Faculdade
Ciências Médicas de Minas Gerais, Belo Horizonte MG
Recebido
em 28 de julho de 2020; Aceito em 20 de fevereiro de
2021.
Correspondência: Fernanda Souza da Silva, Rua Alameda
Ezequiel Dias, 275, 30130-110 Belo Horizonte MG
Fernanda Souza da Silva:
fernanda.silva@cienciasmedicasmg.edu.br
Ildete Aparecida de Oliveria: ildetedorneles@yahoo.com.br
Jordana Listgarten Duarte:
jolistgarten@hotmail.com
Karoline Conceição de Abreu: karolineabreufacul@gmail.com
Resumo
Introdução: Estrias são lesões dérmicas lineares
que acometem ambos os sexos, sendo duas vezes mais comuns em mulheres. Objetivos:
Investigar se a carboxiterapia é eficaz para melhorar
a sensibilidade tátil, a satisfação corporal e o aspecto de estrias albas
localizadas na região glútea de mulheres. Métodos: 38 mulheres hígidas
com estrias albas bilateralmente na região glútea participaram do estudo. A
aplicação da carboxiterapia foi realizada em um
glúteo e porção superior da coxa através da introdução da agulha hipodérmica
paralelamente as estrias. Foram realizadas doze sessões com duração média de 20
minutos cada, com intervalo de sete dias. A eficácia da intervenção foi
avaliada através de registros fotográficos, avaliação da dor, avaliação da
sensibilidade tátil, e autoavaliação de satisfação pós-tratamento. Resultados:
Não houve diferença estatisticamente significativa entre o grupo experimental e
o grupo controle no que diz respeito à avaliação dos registros fotográficos.
Houve redução significativa entre a dor e melhora da sensibilidade nas
voluntárias. Também houve diferença significativa da satisfação com a aparência
do próprio glúteo antes e após o tratamento. Conclusão: A carboxiterapia foi eficaz em melhorar a sensibilidade tátil
e a satisfação com o corpo de mulheres hígidas com estrias albas na região
glútea.
Palavras-chave: fisioterapia; estrias de distensão;
satisfação pessoal; aparência corporal.
Abstract
Introduction: Stretch marks
are linear lesions that affect both sexes, being twice as common in women. Objectives:
To investigate whether carboxytherapy is effective in improving tactile
sensitivity, body satisfaction and the appearance of stretch marks located in
the gluteal region of women. Methods: Thirty-eight healthy women with
bilateral stretch marks in the gluteal region participated in the study. Carboxitherapy was applied to a gluteus and upper thigh by
introducing the hypodermic needle in parallel as stretch marks. Twelve sessions
were held with an average duration of 20 minutes each, with an interval of
seven days. The assessment of the intervention was assessed through
photographic records, pain assessment, assessment of tactile sensitivity and
automatic assessment of satisfaction after treatment. Results: There was
no statistically significant difference between the experimental group and the
control group regarding the evaluation of photographic records. We observed a
significant reduction between pain and improved sensitivity in the volunteers,
and a significant difference in satisfaction with his appearance before and
after treatment. Conclusion: Carboxytherapy was effective in improving
tactile sensitivity and body satisfaction in healthy women with stretch marks
in the gluteal region.
Keywords: physical therapy; striae distensae; personal satisfaction; physical appearance.
Estrias são lesões dérmicas lineares que acompanham as
linhas de clivagem da pele e tendem à simetria e à bilateralidade [1]. As
estrias acometem ambos os sexos, no entanto, são duas vezes mais comuns em
mulheres, com prevalência, na faixa etária de 5 a 50 anos [1], que variam de
11% a 88% [2,3]. Nas mulheres, as regiões mais acometidas são as coxas, nádegas
e seios [4]. Durante a gravidez comumente surgem sobre o abdômen, mama e coxas
a partir do terceiro trimestre de gestação [1].
No estágio inicial são denominadas estrias rubras e
apresentam coloração rosada devido à resposta inflamatória associada à
vasodilatação, na fase tardia tornam-se pálidas, com depressão e enrugadas,
sendo denominadas estrias albas [2,4]. A patogênese exata das estrias ainda é
controversa, há várias teorias para seu aparecimento, sendo as teorias mecânica
e metabólica as mais aceitas [2,4]. Segundo a teoria mecânica, as estrias podem
surgir a partir de um repentino estiramento da pele em fases específicas da
vida como puberdade e gravidez, a teoria metabólica afirma que as estrias
surgem em decorrência de alterações hormonais no organismo, tais como elevação
dos níveis de cortisol e estrogênios [2,4].
Muitas modalidades terapêuticas foram experimentadas para o
tratamento de estrias como terapias tópicas com cremes e óleos [5]; lasers [6];
radiofrequência [3]; luz pulsada [7] e microagulhamento
[8]. Entretanto, ainda não existe na literatura uma modalidade que tenha sua
eficácia comprovada de forma consistente [1,2,9].
A carboxiterapia refere-se à
injeção de dióxido de carbono para fins terapêuticos e o trauma provocado pelas
perfurações da agulha e a distensão da pele pela passagem do gás desencadeiam
um processo inflamatório com o intuito de promover a cicatrização e
reconstrução do tecido lesionado [10]. A carboxiterapia
apresenta-se como uma alternativa de tratamento que pode ser aplicada em
qualquer fototipo de pele, apresentando baixos riscos
de complicações, sem necessidade de resguardo e com resultados relativamente
rápidos. Além disso, o CO2 é um composto fisiológico presente no corpo humano,
portanto sua administração não é associada a quaisquer reações colaterais
significativas, incluindo a ocorrência de reações alérgicas [11].
A utilização de carboxiterapia no
tratamento de estrias é comum na prática clínica, entretanto não existem
evidências com boa qualidade metodológica que comprovem o uso dessa técnica
como modalidade terapêutica eficaz. Este estudo teve como objetivo geral
investigar se a carboxiterapia é eficaz para melhorar
a sensibilidade tátil, a satisfação corporal e o aspecto de estrias albas
localizadas na região glútea de mulheres.
Tipo
de estudo
Trata-se de um ensaio clínico aleatorizado, aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa Ciências Médicas (Número do parecer: 3.375.861/CAAE
13774719.6.0000.5134. O estudo seguiu as recomendações do CONSORT (CONsolidated Standards of
Reporting Trials).
O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e o Termo de
Autorização de Uso de Imagem foram assinados por todas as participantes do
estudo.
Amostra
e critérios de elegibilidade
A amostra do presente estudo incluiu 38 mulheres hígidas
com estrias albas bilateralmente na região glútea, recrutadas por meio de
mídias sociais, no período de julho a agosto de 2019. Para a determinação da
amostra foi realizado cálculo amostral considerando um nível de significância
de 5% e poder de 80%. Foram incluídas mulheres com estrias albas na região dos
glúteos, de todos os fototipos de pele de acordo com
a classificação de Fitzpatrick, com idade entre 18 e
35 anos. Foram adotados como critérios de exclusão mulheres que apresentassem
qualquer contraindicação à aplicação da carboxiterapia,
incluindo distúrbios hemorrágicos e de coagulação; insuficiência renal;
insuficiência cardíaca congestiva crônica; distúrbios hepáticos; histórico de
queloides e/ou distúrbios de cicatrização e pacientes gravemente anêmicos;
também grávidas e lactantes; histórico de tumor; pessoas que iriam expor a
região a ser tratada ao sol durante o estudo ou receberam qualquer procedimento
de tratamento para estrias antes do estudo, uma vez que esses fatores poderiam
influenciar nos resultados da pesquisa.
Intervenção
A intervenção foi realizada em um glúteo e porção superior
da coxa, a técnica do envelope pardo selado foi utilizada para a seleção
aleatorizada dos glúteos. Dessa forma, 18 participantes tiveram o glúteo
direito sorteado e 20 participantes tiveram o glúteo esquerdo sorteado. O
glúteo que recebeu a aplicação da carboxiterapia foi
denominado experimental (GE), e o glúteo contralateral, que não recebeu a
aplicação da carboxiterapia, foi considerado controle
(GC).
O equipamento utilizado foi o aparelho de carboxiterapia Carboxide Digital
Portátil Control. A aplicação de gás carbônico foi
realizada através da introdução da agulha hipodérmica BD Precisionglide
(dimensões: 0,30x13; 30G) paralelamente as estrias. O gás CO2 foi injetado
superficialmente e intradermicamente a um fluxo de
120 a 140 ml/min. O gás carbônico foi injetado em toda a extensão da estria. As
agulhas foram inseridas de forma rápida, sendo uma aplicação seguida da outra.
As participantes foram posicionadas em decúbito lateral e antes de cada
aplicação foi realizada a antissepsia da pele com álcool 70%. A aplicação foi
realizada sempre pelo mesmo pesquisador. Foram realizadas doze sessões com
duração média de 20 minutos cada, com intervalo de sete dias, totalizando 3
meses de tratamento.
Avaliação
da eficácia da carboxiterapia
Previamente à realização da intervenção, as voluntárias
foram submetidas a uma avaliação inicial, para a coleta de informações sobre o
estado de saúde das participantes, medicamentos em uso, patologias associadas,
ano da menarca, época de surgimento das estrias, coloração inicial e coloração
atual das estrias. Essas informações foram coletadas por meio de um
questionário adaptado por Guirro [12].
A eficácia da intervenção foi avaliada através de registros
fotográficos pré e pós-intervenção, avaliação da dor
durante o procedimento, avaliação da sensibilidade tátil, e um questionário de
autoavaliação de satisfação pós-tratamento.
Os registros fotográficos foram realizados sempre no mesmo
local, com a mesma iluminação e fundo neutro de cor branco e liso. As
voluntárias foram submetidas a duas coletas de imagens, sempre em posição
ortostática, sendo uma antes do início da primeira sessão de intervenção e a
outra sete dias após a última sessão de intervenção. Os registros fotográficos
foram analisados por um especialista cegado em relação ao lado controle e
experimental. Foi utilizado um sistema de classificação por quartil para
classificação da melhora do aspecto da estria, em que (0 = nenhuma mudança
[0%]; 1 = mínimo de melhora [< 25%]; 2 = melhora moderada [26-50%]; 3 =
melhora acentuada [51-75%]; 4 = excelente melhoria [76-100%]). O aspecto foi
avaliado considerando a largura, a cor das estrias em relação à pele e a
aparência geral do glúteo.
A avaliação da dor durante o procedimento foi realizada por
meio da Escala Visual Numérica. As participantes foram orientadas a marcar o
ponto na escala de 0 a 10 que correspondesse a sua dor no momento
da aplicação da carboxiterapia, sendo 0 nenhuma dor e
10 a pior sensação de dor. A avaliação da dor foi realizada durante a primeira,
a sexta e a décima segunda intervenções.
A sensibilidade tátil foi realizada por meio da aplicação
do estesiômetro. O estesiômetro
foi posicionado de forma perpendicular ao tecido cutâneo superficial e
pressionado suavemente até a curvatura inicial do filamento, retirando-o na
sequência. Após o protocolo de intervenção, todas as participantes responderam
a um questionário de satisfação, no qual foram analisados aspectos como
satisfação com o tratamento; melhora do aspecto das estrias; tolerância à dor;
satisfação com a qualidade de vida; se a participante indicaria o tratamento
para alguém e se continuaria com o tratamento.
Análise
estatística
As variáveis numéricas foram apresentadas como média ±
desvio-padrão e as variáveis categóricas, como frequências absolutas e
relativas. Para comparar médias antes e após o tratamento foi utilizado o teste
de Wilcoxon e a comparação de variáveis categóricas antes
e após o tratamento foi realizada pelo teste de McNemar.
A comparação dos grupos foi realizada via teste de Friedman. As análises foram
realizadas no software R versão 3.4.3 e foi considerado nível de significância
de 5%. Para comparar a classificação da melhora entre os lados controle e
experimental nos registros fotográficos foi utilizado o teste de Wilcoxon. As análises foram realizadas no software R versão
3.6.3 e foi considerado nível de significância de 5%.
A avaliação inicial contou com 39 participantes que se
encaixaram nos critérios de elegibilidade. Houve uma desistência no decorrer do
estudo devido ao início de utilização de corticoides. Dessa forma, a amostra
final do estudo contou com 38 participantes do sexo feminino com estrias albas
bilaterais na região glútea. A idade das participantes variou de 18 a 35 anos
com média de 22,0 ± 3,4 anos. Referente à cor da pele, 42% eram brancas, 50%
pardas e 7% negras. Das participantes, 94% eram nulíparas; 81% não faziam uso
de algum medicamento e 97% possuíam padrão alimentar normal. As características
da amostra podem ser visualizadas na Tabela I. Não houve diferença
estatisticamente significativa entre o GE e o GC no que diz respeito à
avaliação do especialista (pW > 0,05) (Tabela II).
Nas figuras 1 e 2 pode-se visualizar o GE e o GC, antes e após a intervenção.
Houve redução significativa entre a dor na 6ª sessão e a dor na 1ª e na 12ª
sessão (p < 0,001), porém não houve diferença entre a dor na 1ª e na 12ª
sessão. No entanto, pode-se observar que a dor foi maior na primeira
intervenção (Tabela III).
Na avalição da sensibilidade tátil houve melhora da
sensibilidade nas voluntárias uma vez que os valores dos filamentos Verde e
Azul foram significativamente maiores, e os valores do filamento Violeta foi
significativamente menor quando comparados antes e após o tratamento (p <
0,051M) (Tabela IV). Também houve diferença significativa da satisfação com a
aparência do próprio glúteo antes e após o tratamento (< 0,001 W) (Tabela
V). Todas as voluntárias indicariam a carboxiterapia
e 94,7% continuariam as intervenções (Tabela VI).
Tabela
I – Informações
sobre a caracterização da amostra composta por 38 participantes do sexo
feminino que se encaixaram nos critérios de elegibilidade
Fonte: Dados da pesquisa.
Figura
1 – Lado Controle
(GC). A - antes do início da primeira sessão. B - sete dias após a última sessão de intervenção
Figura
2 – Lado
Experimental (GE). A - antes do início da primeira
sessão. B - sete dias após a última sessão de
intervenção.
Tabela
II – Avaliação
fotográfica da região glútea para comparar a classificação da melhora entre os
lados controle e experimental
Fonte: Dados da pesquisa
Tabela
III – Avaliação da
dor sentida pela participante durante o procedimento de carboxiterapia
na região glútea
Fonte: Dados da pesquisa.
Tabela
IV – Avaliação da
sensibilidade tátil da região glútea realizada com estesiômetro
Fonte: Dados da pesquisa
Tabela
V – Avaliação da
satisfação com a aparência do próprio glúteo antes e após o tratamento de carboxiterapia na região glútea
Fonte: Dados da pesquisa
Tabela
VI – Autoavaliação
de satisfação das participantes pós-tratamento de carboxiterapia
na região glútea
Fonte: Dados da pesquisa
As estrias representam um problema estético indesejável,
muito comum em mulheres e de difícil tratamento [2]. Até o momento, não existe
na literatura uma terapêutica para o tratamento de estrias que tenha sua
eficácia comprovada de forma consistente [1,2,9].
O presente estudo contou com uma amostra de 38 mulheres
hígidas com estrias albas na região glútea, com idade média de 22,0 ± 3,4 anos.
Quanto a cor da pele 42% eram brancas, 19% pardas e apenas 7% negras.
Este estudo teve como objetivo geral investigar se a carboxiterapia é eficaz para melhorar a sensibilidade
tátil, a satisfação corporal e o aspecto de estrias albas localizadas na região
glútea de mulheres. Não foram encontrados dados na literatura que remetessem a
melhora da sensibilidade tátil pós-tratamento. O estudo de Podgórna
[9] observou em nove participantes a presença de sensibilidade dolorosa, que
desapareceu após 3-12 horas do procedimento. Esses dados vão de encontro com os
resultados do nosso estudo, no qual observamos alteração da sensibilidade das
participantes após os procedimentos.
Esse mesmo estudo serviu também como referência para a
escolha dos parâmetros utilizados na aplicação da carboxiterapia
durante nossa pesquisa. As participantes foram submetidas a 3 sessões de carboxiterapia em intervalos semanais e o procedimento
envolveu a injeção de dióxido de carbono no tecido subcutâneo com o uso de
agulhas finas (4 mm) descartáveis 32G. A agulha foi introduzida em um ângulo de
30°- 45° até a profundidade de 1 mm. Foram utilizados 20-40 mL
de CO2 e o tratamento durou cerca de 15 a 20 minutos. Podgórna
[9] também avaliou a efetividade da carboxiterapia no
tratamento de estrias através da fotodocumentação. A
documentação fotográfica foi realizada de pé em condições padronizadas. Três
pesquisadores cegos compararam as alterações clínicas antes do tratamento e um
mês após o último procedimento. A análise da documentação fotográfica revelou
58% de melhoria na visibilidade das estrias. A largura e comprimento das
estrias diminuíram e sua cor ficou mais parecida com a cor natural da pele.
Esse estudo também considerou a fotodocumentação um
método de avaliação de procedimentos estéticos eficaz e complementar a outros
métodos de avaliação, entretanto nosso estudo não obteve diferença
estatisticamente significativa entre o GE e o GC na análise fotográfica.
Em nosso estudo foi observada redução significativa entre a
dor na 6ª sessão e a dor na 1ª e na 12ª sessão. Na prática clínica, a dor
causada pela carboxiterapia é considerada o principal
fator limitante do seu uso [13]. Um ensaio clínico randomizado com 84
participantes realizado em 2018 teve o objetivo de avaliar os efeitos da
Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea (TENS) na intensidade da dor durante
a aplicação da carboxiterapia em pacientes com
celulite na região glútea. O dispositivo TENS utilizado foi o Neurodyn Portable TENS da IBRAMED
e quatro eletrodos autoadesivos foram posicionados de forma cruzada na região
glútea. Os participantes foram divididos em 3 grupos: TENS ativo, TENS placebo
e grupo controle. Para avaliar a intensidade da dor foi utilizada a mesma
escala utilizada em nosso estudo, a Escala Visual Numérica. A análise foi
categorizada em leve (0-3), moderado (4-7) e grave (8-10). Os resultados das
análises mostraram que 75% dos pacientes do grupo TENS ativo apresentaram dor
leve enquanto a maioria dos participantes dos grupos TENS placebo e controle
apresentaram dor na categoria moderada (81% e 67% respectivamente). Portanto, a
aplicação ativa do TENS mostrou-se uma ferramenta efetiva na diminuição da
intensidade da dor durante a aplicação da carboxiterapia
na região glútea [13]. Em nosso estudo foi observada uma redução da dor entre a
1° e 6° sessões, justificada pela adaptação fisiológica do próprio corpo, que
foi se acostumando com o procedimento. Já entre a 6° e 12° sessões foi evidente
um leve aumento da dor, que pode ser explicado pelo fato da
sensibilidade das participantes terem sido alteradas, tornando-as mais receptíveis
a dor.
De acordo com a análise realizada em nosso estudo, 100% das
participantes ficaram satisfeitas com o tratamento e indicariam o procedimento
para conhecidos. O estudo realizado por Hodeib et
al. [2] também avaliou a satisfação das participantes usando os seguintes
critérios: insatisfeito, ligeiramente satisfeito, satisfeito ou muito
satisfeito. O objetivo desse estudo foi comparar a eficácia e segurança da carboxiterapia com a Injeção de plasma rico em plaquetas
(PRP) no tratamento de estrias albas de 20 pacientes. Cada paciente recebeu 4
injeções de PRP no lado direito e 4 sessões de carboxiterapia
no lado esquerdo. A carboxiterapia foi injetada
através de agulhas 30-G e a quantidade total de gás administrada foi igual a
100 mL com taxa de fluxo de 80-150 cc/min e o tempo médio para cada sessão foi entre 10 e 15
minutos. Entre os métodos de avaliação utilizados estava também a fotodocumentação, tiradas antes de cada sessão e 3 meses
após a última sessão. Três dermatologistas foram solicitados a analisar a
porcentagem de melhora para cada paciente após a conclusão do tratamento
comparando o antes e depois das fotografias digitais, a classificação do
quartil utilizada para análise foi a mesma utilizada em nosso estudo. O
presente estudo mostrou que não houve diferença estatística significativa entre
a carboxiterapia e o PRP no tratamento de estrias
albas, em relação à resposta ou satisfação do paciente, embora a porcentagem de
melhoria seja maior no grupo onde foi aplicada a carboxiterapia,
mas sem diferença estatisticamente significante.
Com base nos estudos apresentados consideramos como
principal limitação do nosso estudo o uso da fotodocumentação
como método de avaliação, pois ela mostrou-se como um recurso limitante para
avaliação da eficácia do tratamento.
A carboxiterapia foi eficaz em
melhorar a sensibilidade tátil e satisfação com o corpo. Estudos adicionais são
recomendados com um número maior de participantes e um maior número de sessões
para obter excelentes resultados.
Agradecimentos
Agradecemos à Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais
(FCM-MG) e ao Núcleo de Pesquisa e Extensão pelo apoio e auxílio durante a
realização deste estudo.