Fisioter
Bras 2021:22(1):72-85
doi: 10.33233/fb.v22i1.4346
ARTIGO
ORIGINAL
Prevalência
das disfunções sexuais no período do climatério em uma clínica especializada na
saúde da mulher em Caruaru/PE
Prevalence of climacteric sexual
dysfunctions in a women's health clinic at Caruaru/PE
Gabriele
Malaquias da Silva Fonseca*, Jullia Carolyne Rosa Cordeiro de Lima *, Kamila Mirely da Silva*, Soraya Santos Alves Barbosa, M.Sc.**, Belisa Duarte Ribeiro de Oliveira, D.Sc.**
*Graduanda
em Fisioterapia pelo Centro Universitário Tabosa de Almeida (ASCES-UNITA)
**Docente do curso de Fisioterapia da ASCES-UNITA
Recebido
em 17 de agosto de 2020; aceito em 8 de outubro de 2020.
Correspondência: Gabriele Malaquias da Silva Fonseca,
Rua José de Alencar, 17, 50019-145 Caruaru PE, E-mail:
gabimalaquias2012@hotmail.com
Gabriele Malaquias da Silva Fonseca:
gabimalaquias2012@hotmail.com
Jullia Carolyne
Rosa Cordeiro de Lima: ft.jullialima@outlook.com
Kamila Mirely da Silva: kamilamirely@hotmail.com
Soraya Santos Alves
Barbosa: sorayasantos@asces.edu.br
Belisa Duarte Ribeiro
de Oliveira: belisaduarte@asces.edu.br
Resumo
Introdução: As mulheres, entre 40 e 65 anos,
passam por mudanças fisiológicas que interferem na sua sexualidade,
caracterizado pelo climatério. Objetivo: Verificar a prevalência das
disfunções sexuais em mulheres climatéricas contribuindo com evidências para
profissionais que lidam com a saúde da mulher. Métodos: Estudo de corte
transversal descritivo e analítico, realizado na clínica especializada da
mulher em Caruaru/PE, com 99 mulheres, de 40 a 65 anos e que tinham vida sexual
ativa. Foram avaliadas através dos questionários: Sociodemográfico,
Questionário da Saúde da Mulher, Quociente Sexual Versão Feminina e Índice de
Função Sexual Feminino. Resultados: 44,44% têm indicativo para disfunção
sexual. 52,52% possuem bom desempenho sexual, cerca de 58,58% tem alteração na
lubrificação e 51,51% dor no ato sexual. 63,63% tem alterações na satisfação e
orgasmo, 69,69% têm alterações no desejo e a falta de excitação foi o maior
índice amostral, representado por 74,74%. Conclusão: A maioria apresenta
bom desempenho sexual, entretanto possuem baixa qualidade de vida e alto
indicativo para disfunções sexuais. Sendo assim, propõe-se desenvolvimento de
pesquisas, gerando conhecimentos para profissionais que lidam com essa
temática, visando saúde e qualidade de vida.
Palavras-chave: climatério; sexualidade; disfunções;
qualidade de vida.
Abstract
Introduction: Women, between
40 and 65 years old, undergo physiological changes that interfere with their
sexuality, characterized by the climacteric. Objective: To verify the
prevalence of sexual dysfunction in climacteric women, contributing with
evidence for professionals who deal with women's health. Methods: Descriptive
and analytical cross-sectional study, carried out at the women's specialized
clinic in Caruaru/PE, with 99 women, 40 to 65 years old and who had an active
sex life. They were evaluated through questionnaires: Sociodemographic, Women's
Health Questionnaire, Female Version Sexual Quotient and Female Sexual Function
Index. Results: 44.44% are indicative of sexual dysfunction. 52.52% have
good sexual performance, about 58.58% have changes in lubrication and 51.51%
have pain during sex. 63, 63% have changes in satisfaction and orgasm, 69.69%
have changes in desire and lack of excitement was the highest sample rate,
represented by 74.74%. Conclusion: Most have good sexual performance, however they have low quality of life and high
indications for sexual dysfunction. Therefore, it is proposed to develop
research, generating knowledge for professionals who deal with this theme,
aiming at health and quality of life.
Keywords: climacteric, sexuality,
dysfunctions, quality of life.
No Brasil, cerca de 30 milhões das mulheres na faixa etária
entre 40 e 65 anos de idade, encontram-se no período do climatério [1]. Nesse
período, ocorrem mudanças fisiológicas que podem influenciar a vida da mulher e
interferir diretamente na sua sexualidade, sendo este um ponto que merece
atenção [2], pois é reconhecida como um dos pilares da qualidade de vida [3].
A percepção sexual feminina pode ser despertada por várias
causas sendo elas: fantasias, pensamentos eróticos, carícias, masturbação e
coito. Uma vez estimulada, a resposta sexual feminina se explica através de um
seguimento de fases que se demostram fisiologicamente de forma contínua e
associadas entre si, conciliando-se assim o ciclo da resposta sexual humana
[4]. A mulher climatérica pode apresentar alterações em seu ciclo de respostas,
resultando na disfunção sexual [5].
A prevalência das disfunções no Brasil corresponde
aproximadamente 30% e apenas 5% das mulheres procuram tratamento e são
raramente diagnosticadas [6]. Entretanto, apesar da disfunção sexual ser um
aspecto investigado por pesquisas executadas com mulheres no climatério,
destaca-se a relevância de investigar de forma mais específica as principais
disfunções nesse período, bem como fatores potencialmente associados, a fim de
despertar reflexões e possíveis intervenções direcionadas a esta temática [7].
Sendo assim, o presente estudo teve como finalidade
verificar a prevalência das disfunções sexuais em mulheres climatéricas, a fim
de contribuir com evidências científicas para os profissionais que lidam com a
saúde da mulher.
Trata-se de um estudo de corte transversal descritivo e
analítico, realizado no período de setembro de 2018 a setembro de 2019, após
aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa sob o CAAE 13240719.0.0000.5203,
realizado na clínica especializada da mulher no município de Caruaru/PE.
A amostra foi constituída por 99 mulheres que apresentavam
vida sexual ativa, na faixa etária de 40 a 65 anos. Foram excluídas mulheres
com alteração cognitiva observada e que não concordaram em participar da
pesquisa.
Inicialmente as mulheres, que estavam de acordo com os
critérios de inclusão, foram convidadas a participar da pesquisa de forma
voluntária, e esclarecidos os objetivos da mesma. A
concordância da participação foi através da assinatura do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE).
Após assinatura do TCLE, foi aplicado um questionário
semiestruturado, contendo 12 questões elaboradas com a finalidade de coletar
informações sociodemográficas e reprodutiva das participantes, incluindo os
dados pessoais, referentes a idade, estado civil, escolaridade, ocupação,
história reprodutiva, nível de conhecimento sobre o climatério e estado de
saúde.
Em seguida foram aplicados os seguintes questionários:
Questionário da Saúde da Mulher (QSM), Quociente Sexual – Versão Feminina
(QS-F) e Índice de Função Sexual Feminino (FSFI).
O QSM objetiva analisar mudanças físicas e no bem-estar de
mulheres no período do climatério. Este questionário é constituído por 37
questões, com quatro alternativas de respostas. As questões são divididas em
sete grupos, distribuídos aleatoriamente, que avaliam: depressão, sintomas
somáticos, memória/concentração, sintomas vasomotores, ansiedade/temores,
comportamento sexual, problemas de sono, sintomas menstruais e atratividade
[8,9].
O QS-F avalia o desempenho e a satisfação sexual feminina,
de forma geral através da soma dos scores das 10 questões que devem ser
respondidas numa escala de 0 a 5. Os resultados obtidos da soma destas
respostas foram multiplicados por dois, resultando num índice total que variou
de 0 a 100, no qual, a sétima questão requer tratamento diferente, ou seja, o
valor da resposta dada (de 0 a 5) foi subtraído de 5 para adquirir-se o escore
final dessa questão [10].
Para identificação da disfunção sexual foi aplicado o FSFI,
que é constituído por 19 questões que avaliam atividade sexual da mulher nas
últimas quatro semanas, na qual foram respondidas de acordo com o score que
descrevia sua situação, sua análise reuniu as respostas em seis domínios
diferentes, para a análise foram usados os seguintes pontos de corte: Desejo
4,28; Excitação 5,08; Lubrificação 5,45; Orgasmo 5,05; Satisfação 5,04; e
Desconforto/Dor 5,51. Cada questão dispõe de uma pontuação variando de 0 a 5. O
resultado é expressado pela soma dos escores de cada domínio multiplicada por
um fator correspondente à influência de cada domínio no escore total. O ponto
de corte de ≤ 26,55 foi utilizado a fim de indicar disfunções sexuais nas
participantes [11,12].
Após a coleta, os dados foram processados e analisados, em
sua apresentação descritiva calculou-se as frequências absolutas e relativas
das variáveis socioeconômicas e demográficas, além dos índices referentes aos
itens que caracterizam as disfunções sexuais, apresentando os resultados de
forma tabular e gráfica através do Programa Microsoft Excel 2013. Suas
variáveis contínuas foram apresentadas com médias, desvio-padrão e
porcentagens. Utilizou-se o teste t de Student, para
a comparação entre as médias considerando significante estatisticamente se o p
< 0,05 [13].
O perfil da amostra revelou uma idade média de 47,8 anos e
desvio padrão de ± 5. Com relação a situação conjugal das entrevistadas,
observou-se que 65,65% eram casadas, 19,19% em união consensual e 10,10%
solteiras. Constatou que 94,94% das mulheres eram alfabetizadas e 83,83% com
renda de um a dois salários mínimos (Tabela I).
Tabela
I - Características
sociais, econômicas e demográficas das mulheres climatéricas da clínica de
saúde da mulher, no período de julho a agosto de 2019 em Caruaru/PE
Ao analisar os achados reprodutivos e ginecológicos foi
visto que 18,18% apresentaram a menarca entre 9 e 11 anos e 64,64% de 12 a 14
anos. Das 99 mulheres, 35,35% não menstruavam devido a fatores como menopausa,
histerectomia e outros. Quanto ao número de gestações 58,58% tiveram de 0 a 2 e
37,37% de 3 a 6. Com relação ao número de partos 65,65% foi de 0 a 2, 67,67%
não realizaram abortos e 72,72 fizeram uso de contraceptivos como
anticoncepcional e preservativo (Tabela II).
Tabela
II - Achados
reprodutivos e ginecológicos das mulheres climatéricas da clínica de saúde da
mulher, no período de julho a agosto de 2019 em Caruaru/PE
Quando avaliado o conhecimento das mulheres no climatério
foi visto que 75,75% não conheciam esse termo e 85,85% os seus sintomas. Quanto
às condições de saúde das participantes, 80,80% possuíam algum problema de
saúde e 94,94% realizavam acompanhamento médico através dos serviços fornecidos
pelo Sistema Único de Saúde – SUS (Tabela III).
Tabela
III - Conhecimento
acerca do climatério e problemas de saúde das mulheres climatéricas da clínica
de saúde da mulher, no período de julho a agosto de 2019 em Caruaru/PE
Em relação aos resultados do QSM, os domínios mais afetados
estavam relacionados com ansiedade (63,63%), sono (60,60%), memória e
concentração (60,60%), atratividade (58,58%), sintomas somáticos (58,58%),
sintomas vasomotores (57,57%) e sintomas menstruais (55,55%). Foram
considerados mais leves os domínios de depressão (52,52%), e comportamento
sexual (51,51%) apesar de apresentarem um alto percentual. Quanto ao score
global relacionado à qualidade de vida dessas mulheres, observou-se que 61,61%
apresentavam uma baixa qualidade de vida (Tabela IV).
Tabela
IV - Distribuição
dos resultados do Questionário da Saúde da mulher em climatéricas da clínica de
saúde da mulher, no período de julho a agosto de 2019 em Caruaru/PE
No padrão do desempenho sexual observou que a maioria das
participantes, 52,52%, apresentavam o desempenho sexual bom a excelente, 21,21%
regular a bom, 15,15% desfavorável a regular, 7,07% ruim a desfavorável e 4,04%
nulo a ruim (Tabela V).
Tabela
V - Resultados do
Quociente Sexual – versão feminina de mulheres climatéricas atendidas na
clínica de saúde da mulher, no período de julho a agosto de 2019 em Caruaru/PE
A média obtida através do score total do FSFI para
avaliação da função sexual foi de 18,47% (DP = 6,67), valor esse abaixo do
ponto de corte 26,55, sinalizando risco para alguma disfunção sexual. Na
análise individual dos domínios do FSFI, identificou-se que os maiores
contribuintes para os baixos escores e assim, para o risco de disfunção sexual,
foram a excitação (3,03 ± 0,84), o desejo (3,03 ± 0,84), orgasmo (3,58 ± 1,16),
lubrificação (3,83 ± 1,30) e dor/desconforto (3,73 ± 1,23) (Tabela VI)
Tabela
VI - Representação
do escore total e dos domínios do índice de função sexual feminino em mulheres
atendidas na clínica de saúde da mulher, no período de julho a agosto de 2019
em Caruaru/PE
*= domínios que apresentaram resultados
abaixo do ponto de corte, predizendo algum tipo de disfunção sexual
No Brasil, ainda são escassos os estudos que avaliam
mulheres climatéricas envolvendo sua sexualidade. A passagem da fase
reprodutiva e não reprodutiva, além de alterações hormonais, acarreta
modificações psicológicas que refletem na vida sexual e os sintomas associados
nesta fase têm impacto negativo na qualidade de vida das mulheres [14].
Participaram do estudo 99 mulheres com média de idade de
47,8 anos. A maioria era casada (65,65%), alfabetizada (94%), assalariada
(39,39%) e com renda de um a dois salários mínimos (83,83%). Esses parâmetros
também foram encontrados no estudo realizado por Cabral et al. [5],
no qual a maioria das mulheres incluídas eram casadas (61,6%), com Ensino Médio
completo (47,8%), possuíam renda familiar média (58,9%) e idade média de 50
anos.
A falta de conhecimento acerca do climatério foi um achado
significativo nessa pesquisa, na qual 75,75% não conheciam o termo climatério e
85,85% os seus sintomas. Corroborando estudo realizado por Ribeiro et al.
[9], no qual muitas mulheres desconhecem o termo ou atribuem como sinônimo de
menopausa. A incompreensão provoca dúvidas sobre o climatério, tornando esse
período mais conturbado podendo ocasionar um maior comprometimento da qualidade
de vida.
Cabral et al. [5] fizeram uma análise comparativa
entre mulheres australianas e brasileiras, na qual observou-se o efeito
negativo da idade sobre a frequência, interesse e resposta sexual. Verificou-se
a presença significativa de disfunção sexual naquelas com idade igual ou
superior a 50 anos, nas quais a disfunção sexual é um problema frequente em
mulheres de meia idade, estando de acordo com o presente estudo.
Neste estudo, 44,44% das participantes apresentaram
indicativo para disfunção sexual (FSFI ≤ 26,55). Esse número foi próximo
quando comparado a um estudo realizado em Recife/PE por Cavalcanti et al.
[15] com amostra de 173 mulheres correspondendo a 46,6%. No entanto, foi
inferior aos 65,8% detectados em outra investigação realizada em Ijuí/RS
por Martins et al. [16] com 169 mulheres de 35 a 65 anos, faixa etária
pouco semelhante à desta pesquisa, e que utilizou o mesmo instrumento de
coleta, o FSFI.
Através dos resultados, observou-se a satisfação de
mulheres na faixa etária de 40-65 anos em relação ao sexo. 21,21% das mulheres
entrevistadas relataram padrão de desempenho sexual de regular a bom e 52,52%
tiveram padrão de bom a excelente. Estes dados revelam que as participantes
apresentaram uma elevada porcentagem na classificação do QS-F o que difere da
literatura, visto que, no climatério as mulheres sofrem diversas manifestações
fisiológicas, psicológicas e sexuais. Dessa forma, espera-se um baixo
desempenho sexual neste período [17].
No entanto, apesar da maioria das mulheres apresentarem de
regular a bom desempenho sexual, os padrões de desfavorável a regular, ruim a
desfavorável e nulo a ruim, tiveram uma amostra significativa de 15,15%, 7,07%
e 4,04% respectivamente.
De acordo com o estudo, verificou-se que 83,83% das
mulheres sofrem de dores constantes nas costas ou membros superiores e
inferiores de acordo com o domínio de sintomas somáticos descritos no QSM, e
que 52,52% apresentam um alto escore de depressão apontando para questões que
incluem sentimento de tristeza e infelicidade que afetam a qualidade de vida,
onde 61,61% delas possuem uma baixa qualidade de vida segundo a classificação
do QSM.
No climatério, aumenta os distúrbios sexuais relacionados à
diminuição da produção de estrogênio o que acarreta secura vaginal, dispareunia, diminuição do desejo e libido [18]. O que
corrobora com os resultados do estudo, visto que 58,58% das voluntárias têm
dificuldade na lubrificação e 51,51% relatam dor no ato sexual, ou seja, as
relações sexuais se tornaram desconfortáveis em razão à secura vaginal podendo
ser indicativo da estimulação de dor. Pois com a diminuição exacerbada da
lubrificação vaginal e mudanças consideráveis da estrutura podem levar ao
aparecimento da dispareunia [23].
Ao estudar a prevalência de disfunções sexuais de mulheres
brasileiras, Abdo et al observaram que 29,3% desse público queixavam-se de
dificuldades para obter orgasmo [24]. Diferente deste estudo, visto que seus
achados apontam um resultado superior de 63,63% nas alterações de frequência,
grau de dificuldade e satisfação no orgasmo. No entanto, vale salientar que a
anorgasmia não é indicativo único para diagnóstico de
disfunção sexual [25].
A resposta sexual feminina se caracteriza por alto grau de
complexidade, expressada através da sedução e entrega, em que o desejo é o
ápice da resposta sexual. Isto expressa que mesmo apresentando o orgasmo
durante a relação, a ausência do desejo inibe a satisfação sexual [26]. Diante
dessas informações, os achados do estudo demonstram resultados significativos
relacionados a alterações no desejo, tanto na frequência quanto na
classificação, correspondendo a 69,69% das participantes.
Segundo Basson et al. [27], a mulher inicia uma
atividade sexual com ou sem consciência do desejo, devido a uma resposta física
chamada de excitação e esse estímulo erótico leva gradativamente a um ciclo de
respostas que estimulam os desejos resultando em uma satisfação física e
emocional, que a torna receptiva para relações sexuais futuras. É importante
frisar que a mulher ao se sentir excitada, mesmo não atingindo o orgasmo em uma
relação, pode se sentir totalmente satisfeita, ou seja a excitação e o desejo
são considerados marcadores de satisfação.
A falta de excitação foi apontada como o maior índice da
amostra, representado por 74,74%, uma vez que as mulheres relataram algum tipo
de deficiência no grau de excitação e satisfação. No entanto foi observado que,
apesar da redução do desejo e excitação, as mulheres mostraram estar
satisfeitas em seu relacionamento, vida sexual e o envolvimento emocional com
seu parceiro correspondendo a 63,63%.
O impacto na qualidade de vida associado ao desempenho
sexual nas mulheres em meia-idade pode estar associado com as mudanças típicas
dessa fase, como a secura vaginal e a diminuição da libido [20]. Dessa forma, o
climatério não inclui apenas os sintomas resultantes da diminuição do
estrogênio, mas, acima de tudo, um contexto amplo no qual se mantem interrelações
de diversas maneiras. Portanto, a percepção dos sintomas e sentimentos
desencadeados pelo climatério determinará a qualidade de vida [21].
A relação entre a qualidade de vida e as manifestações
climatéricas ainda é uma temática de difícil compreensão e controversa, visto
que essa relação pode sofrer influências de valores religiosos, éticos e
culturais [19].
No entanto, vale ressaltar a escassez de dados na
literatura brasileira analisando a prevalência das disfunções sexuais femininas
e o conhecimento é ainda insuficiente a respeito das consequências da fase
climatérica na qualidade de vida da mulher [22]. Dessa forma, se fazem
necessários novos estudos acerca dessa abordagem e como interceder, visto que
esses embates se apresentam, acentuam ou reaparecem nesse período.
Através da análise dos resultados obtidos neste estudo, por
meio de questionários, conclui-se que a maioria das mulheres possuem um bom
desempenho sexual e estão satisfeitas emocionalmente com seus parceiros. Vale
ressaltar que, apesar disso, possuem uma baixa qualidade de vida e apresentam
um alto indicativo para disfunções sexuais.
Os achados apontam que a maior parte das mulheres
apresentam uma diminuição no desejo, excitação e lubrificação, bem como
dificuldade para atingir o orgasmo e se satisfazer, além de sentirem dores ou
desconfortos durante a relação sexual.
Sendo assim, propõe-se o desenvolvimento de pesquisas na
área, gerando conhecimentos específicos para profissionais que lidam com saúde
da mulher, a fim de despertar o compromisso de conscientizar as mulheres sobre
as repercussões dessa fase, visando saúde e qualidade de vida.