Fisioter
Bras 2021;22(6):912-30
REVISÃO
O
papel da fisioterapia pélvica na atenção primária à gestante: uma revisão
integrativa
Pelvic floor physiotherapy’s
role in public health for pregnant women: an integrative review
Jéssica
Tamara Ramos Boeira*, Yasmin Podlasinski
da Silva**, Magda Patrícia Furlanetto***
*Graduanda
do Curso Fisioterapia, Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter), **Graduanda do Curso de Medicina, Universidade
Luterana do Brasil (ULBRA), ***Docente da Disciplina de Fisioterapia
Urogenital, Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter)
Recebido
em 27 de novembro de 2020; aceito em 20 de setembro de 2021.
Correspondência: Yasmin Podlasinski
da Silva, Rua Fernandes Vieira, 437/04, 90035091 Porto Alegre RS
Jéssica
Tamara Ramos Boeira: jessica.ramosboeira@gmail.com
Yasmin
Podlasinski da Silva: yasminpodlasinski97@gmail.com
Magda
Patrícia Furlanetto: magdafurlanetto@hotmail.com,
Resumo
Introdução: A gestação é um processo fisiológico
que provoca alterações biomecânicas, podendo até mesmo gerar transtornos uroginecológicos. No Brasil, as políticas de saúde focadas
na saúde da mulher não incluem orientações específicas durante o pré-natal e
puerpério quanto aos cuidados com o assoalho pélvico. A prevenção e os cuidados
na gestação são itens fundamentais para ter um parto saudável. Objetivo:
Revisar os estudos publicados nos últimos 5 anos a respeito do papel da
fisioterapia pélvica na atenção primária à gestante. Métodos: Revisão
integrativa de literatura realizada através de busca nas bases de dados
eletrônicas Pubmed, BVS, Science Direct e PEDro, no período compreendido entre os anos de 2015 e
março de 2020. Resultados: Foram incluídos 7 artigos conforme os
critérios de elegibilidade. A população estudada foi de gestantes, com idade
entre 18 e 44 anos, em atendimento fisioterapêutico em Unidades Básicas de
Saúde ou Centros Comunitários de Saúde. Contudo, os métodos de avaliação foram
empíricos na maioria dos estudos, sendo considerados metodologicamente
insatisfatórios e apenas um forte. Conclusão: Foram observadas diversas
respostas positivas nas gestantes, principalmente em relação ao
autoconhecimento, sobre o processo gestacional e a atuação do fisioterapeuta.
Mais pesquisas são necessárias devido à baixa qualidade metodológica dos
estudos.
Palavras-chave: gravidez; Fisioterapia; assoalho
pélvico; atenção primária à saúde.
Abstract
Introduction: Pregnancy is a physiological process that causes biomechanical changes and may even
generate urogynecological disorders. In Brazil, health policies focused on women's health
do not include specific guidelines during prenatal and puerperium
regarding care for the pelvic floor.
Prevention and care during pregnancy
are essential items to have a healthy
delivery. Objective: To
review the studies published in the last 5 years regarding
the role of pelvic physiotherapy in primary care for pregnant women. Methods: Integrative literature review carried out using electronic databases Pubmed, BVS, Science
Direct and PEDro, in the period from
2015 to March 2020. Results: 7 articles were included according
to the eligibility
criteria. The population consisted of pregnant
women, aged between 18 and 44 years, undergoing physical therapy in Basic Health Units or Community Health
Centers. However, the evaluation methods were empirical in most studies, being
considered methodologically
unsatisfactory and only a strong one.
Conclusion: Several
positive responses were observed
in pregnant women, especially in relation to self-knowledge, about the gestational
process and the performance of the physiotherapist. Further research is needed due
to the low
methodological quality of the studies.
Keywords: pregnancy; Physical therapy specialty; pelvic floor; primary health care.
A
gestação é um processo fisiológico que provoca inúmeras mudanças no corpo
feminino, um momento muito importante e esperado na vida de uma mulher. Neste
processo ocorrem alterações ligadas a hormônios que são responsáveis pelas
adaptações do corpo em sua nova condição. Dentre estes, podemos citar a relaxina, um hormônio que causa maior flexibilidade nas
articulações e ligamentos, principalmente na pelve e sínfise púbica, permitindo
que os ossos pélvicos se expandam mais facilmente durante o trabalho de parto.
As mudanças posturais e biomecânicas também tem um grande impacto na gestação,
pois à medida que o feto se desenvolve e o abdome cresce ocorre um deslocamento
anterior do centro de gravidade, hiperextensão nos joelhos e anteversão pélvica [1]. A musculatura do assoalho pélvico
(MAP) sofre diversas alterações que podem gerar transtornos uroginecológicos
e, por isso, é de extrema importância o acompanhamento fisioterapêutico durante
a gestação [2,3].
Durante
muitos anos, a saúde da mulher não recebeu a devida atenção, até a criação de
políticas públicas como a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da
Mulher (PNAISM) que tem como objetivo assegurar os direitos da mulher em todos
os âmbitos da saúde. Da mesma forma, a chamada “Rede Cegonha” também foi uma
estratégia criada pelo governo federal a fim de proporcionar saúde e qualidade
de vida às mulheres durante a gestação até o puerpério [4]. As mulheres são a
maior parte da população brasileira e também são as principais usuárias do
Sistema Único de Saúde (SUS) [5]. A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem como
idealização um cuidado integral e de qualidade a todas as mulheres durante a
gravidez e, por isso, elaborou o sistema de Cuidados Pré-Natais (CPN) que
inclui a promoção da saúde e a prevenção de doenças, pois sabe-se que a correta
implementação dos CPN pode salvar vidas [6].
Todos
os brasileiros podem usar o SUS, pois foi uma conquista adquirida
através da
Constituição Federal de 1988. O SUS é composto por
três níveis de atenção à
saúde: primária, secundária e terciária. A
atenção primária é constituída pelas
Unidades Básicas de Saúde (UBS) e são
responsáveis na sua grande maioria pela
prevenção e promoção à saúde.
A atenção secundária é formada pelos
serviços
ambulatoriais e hospitalares oferecendo serviços médicos
especializados, e a
terciária trata-se de um nível de maior complexidade como
cirurgias, entre
outros [7].
O
papel do fisioterapeuta nos programas de saúde pública e de promoção à saúde é
de elevada importância devido as contribuições em promoção e planejamento de
ações preventivas, além de educação e gerenciamento de serviços de saúde [8].
Os fisioterapeutas estão inseridos na atenção primária através dos Núcleos de
Apoio à Saúde da Família (NASF), que são equipes compostas por diferentes profissionais
com áreas de conhecimentos diversos que visam dar suporte para as Equipes de
Saúde da Família (ESF), favorecendo uma troca de experiências em práticas inter/multidisciplinares, a fim de realizar um cuidado
integral ao indivíduo e a comunidade em que está inserido [9].
No
Brasil, as políticas de saúde focadas na saúde da mulher não incluem
orientações específicas durante o pré-natal e puerpério quanto aos cuidados com
o assoalho pélvico (AP). No entanto, esta pode ser elencada como uma das maiores
dificuldades das mulheres na preparação para o parto [2]. Como outras
dificuldades encontradas ao acesso da gestante em UBS, destacam-se itens como a
área física, dificuldade ao acesso de medicamentos e a ausência de educação
permanente [10].
A
prevenção e os cuidados na gestação são itens fundamentais para a gestante ter
um parto saudável. O fisioterapeuta pélvico tem um papel importante em termos
de adaptação e enfrentamento das mudanças corporais ocasionadas pela gestação.
Uma destas orientações consiste nos exercícios específicos para MAP na
prevenção da Incontinência Urinária (IU) e das lesões perineais do parto. A IU
ocorre frequentemente durante a gravidez ou no pós-parto, afetando 30 a 50% das
mulheres. Através da fisioterapia é possível realizar técnicas específicas para
ajudar gestante na adaptação às mudanças corporais e fisiológicas do início ao
fim da gestação, a fim de se preparar-se para um parto mais tranquilo e livre
de traumas [11,12].
Contudo,
a literatura apresenta escassez de informações sobre o papel do fisioterapeuta
pélvico na atenção primária à gestante. Diante disto, este estudo tem por
objetivo revisar os estudos publicados nos últimos 5 anos a respeito do papel
da fisioterapia pélvica nos cuidados à gestante na atenção primária em saúde.
Trata-se
de uma revisão integrativa de literatura realizada através de busca
bibliográfica digital em artigos científicos publicados em revistas eletrônicas
no período compreendido entre os anos de 2015 e março de 2020, nas bases de
dados PubMed, BVS, Science Direct e PEDro. Foram selecionados estudos com idioma de publicação
em português, espanhol e inglês em diferentes estratégias para assegurar uma
busca abrangente conforme disposto na Tabela I. Pesquisas manuais também foram
realizadas com base nas referências dos estudos incluídos. A questão norteadora
deste estudo foi verificar a atuação da fisioterapia na atenção primária à
gestante. Esta pergunta foi capaz de gerar descritores referentes à população,
intervenção de interesse o contexto (PICo).
Tabela
I - Descritores e
operadores booleanos utilizados na busca em bases de dados
Dois
avaliadores, de maneira independente, selecionaram estudos relevantes
inicialmente através dos títulos e resumos resultantes da busca nas bases de
dados supracitadas. Nos casos em que somente essa seleção não foi suficiente
para a inclusão do estudo, a avaliação completa foi realizada. Após esse
processo, os mesmos revisores avaliaram os estudos de maneira completa, independente
e de acordo com os critérios de elegibilidade - publicação que apresentava a
atuação do fisioterapeuta pélvico na atenção primária à gestante. Os revisores
entraram em um consenso para os casos divergentes. Além disso, as informações
de autores, ano de publicação, participantes, tipo de intervenção e resultados
das variáveis de interesse foram registradas em um formulário padronizado. A
análise dos dados foi realizada de forma descritiva, de acordo com a
categorização dos dados extraídos em grupos temáticos a partir das variáveis de
interesse.
A
avaliação da qualidade dos estudos foi realizada através da escala Downs and Black que foi
desenvolvida com intuito de preencher lacunas na avaliação de estudos que não
sejam ensaios clínicos randomizados. Esta escala inclui 5 subitens relacionados
com: 1) a forma de reportar os resultados (se a informação apresentada no
estudo permite ao leitor interpretar os dados e resultados sem enviesamento),
2) a validade externa, 3) os vieses, 4) os fatores de confusão, e a 5) potência
do estudo. Para corresponder a estes subitens estão listados 27 critérios que,
caso o avaliador os identifique, serão pontuados com “um” valor. A ausência de
critério corresponde à avaliação de “zero”. Nestes critérios incluem-se aspetos
como: se as hipóteses e objetivos são descritos, se as variáveis a serem
medidas estão descritas na secção de introdução e métodos, se os indivíduos
perdidos em follow-up foram ou não reportados, se está garantida a
aleatoriedade da amostra, o anonimato dos sujeitos, se há referência aos
procedimentos estatísticos, entre outros.
Esta
escala permite avaliar adequadamente variados tipos de estudo, sendo
considerada “metodologicamente forte”. Ademais, permite que os pesquisadores
destaquem as potenciais forças e fraquezas dos estudos avaliados. Para isso,
foram considerados metodologicamente fortes, trabalhos que apresentaram escore
igual ou superior a 80% da pontuação máxima, escores entre 60 e 80% como
moderados e aqueles inferiores a 60% foram considerados metodologicamente
insatisfatórios (fracos).
Na
busca inicial, foram encontradas 200 referências no total. Foram 4 artigos na
base de dados BVS e, desses, 2 foram incluídos para avaliação neste estudo. Na
Science Direct foram encontradas 120 referências, porém nenhuma correspondia ao
objeto de análise. No Pubmed, foram 73 registros,
desses, 2 artigos foram selecionados para análise na íntegra. Na base de dados PEDro foram localizados 3 estudos com os termos utilizados
e somente um foi selecionado para análise. Cinco estudos foram incluídos através
da busca manual em artigos incluídos. Não houve estudos duplicados e a leitura
dos títulos e resumos permitiu a exclusão de 195 estudos. Sendo assim, 10
artigos foram selecionados inicialmente e, após a leitura na íntegra, 3 foram
excluídos. Finalmente, 7 estudos foram selecionados após a leitura analítica,
por apresentarem aspectos que respondiam à questão norteadora. A figura 1
representa o fluxograma de pesquisa relatado e, dos 7 estudos selecionados, 3
ensaios clínicos [13,15,18], 2 quase-experimentais [4,17], 1estudo transversal
[16] e 1 relato de caso [14] encontram-se descritos no presente trabalho.
Figura
1 - Fluxograma de
seleção dos estudos. Prisma, 2009 [19]
Características
dos estudos incluídos
Foram
encontrados estudos sobre o papel do fisioterapeuta na atenção primária à
gestante, sendo quatro em publicações nacionais e três internacionais. A
população foi caracterizada por mulheres em atendimento e acompanhamento
gestacional, com idades variando entre 18 e 44 anos. O número de participantes
informado variou de 20 a 253 pacientes. Desta forma, foram objetos desta
revisão 7 artigos listados na Tabela II, caracterizados por autor, ano e local
do estudo, delineamento, tamanho amostra e abordagens realizadas.
Tabela
II - Fontes
bibliográficas identificadas, tipo de estudo, características de amostra
(número de pacientes e idade média), e abordagem realizada
AP
= Assoalho pélvico; UBS = Unidade Básica de Saúde; N/I = Não informado
Análise
dos desfechos
Os
resultados obtidos em relação aos métodos de avaliação, análise dos desfechos,
resultados e principais conclusões estão organizados na Tabela III.
Tabela
III - Resultados
obtidos em relação aos métodos de avaliação, descrição dos grupos, tipos de
intervenção e principais conclusões (ver PDF anexo)
Avaliação
do risco de viés dos estudos
No
que se refere às pontuações obtidas por meio da Escala Metodológica Downs and Black [20], os estudos
incluídos obtiveram médias considerando a pontuação máxima de 20 pontos nos
estudos transversais e relato de caso, e nos ensaios clínicos, foi de 28
pontos. Dentre os critérios metodológicos que mais apresentaram falhas estão: o
não detalhamento das distribuições dos principais fatores de confusão, a
indeterminação do período de tempo em que os pacientes foram
recrutados/avaliados e a os principais efeitos adversos que podem ser uma
consequência da intervenção. Dos 7 trabalhos analisados, apenas 1 artigo,
obteve uma pontuação superior a 80%, sendo considerado como metodologicamente
forte de acordo com os critérios descritos, os outros 6 artigos obtiveram
escores inferiores a 60%, portanto foram considerados metodologicamente
insatisfatórios (fracos), conforme demonstrado no Gráfico 1.
Gráfico
1 - Percentual
obtido por meio da escala Downs and
Black para os trabalhos selecionados
Foram
objetos desta revisão 7 artigos, caracterizados por três ensaios clínicos, dois
quase-experimentais, 1 estudo transversal e 1 estudo de caso. Os estudos
selecionados apresentaram mulheres grávidas no atendimento em UBS, foram
publicados entre 2015 e 2020, no Chile, EUA, Nepal e Brasil. Observa-se que os
estudos presentes nesta revisão realizaram TMAP, orientações às gestantes e
atividades de autoconhecimento. Contudo, os métodos de avaliação foram
empíricos na maioria dos estudos.
Em
termos metodológicos, de acordo com o Checklist Downs
and Black, apenas um dos artigos avaliados apresenta
escore forte, os demais foram considerados insatisfatórios. Poucos critérios
foram atendidos. Dentre os indicadores de qualidade ausentes, destacam-se o não
detalhamento das distribuições dos principais fatores de confusão, a
indeterminação do período de tempo em que os pacientes foram
recrutados/avaliados e os principais efeitos adversos que podem ser
consequência da intervenção. Estes fatores põem em risco os achados de alguns
estudos, os quais devem ser analisados com cautela.
Todos
os estudos apresentados na presente revisão descrevem as orientações como uma
maneira efetiva de educação em saúde para gestantes. Tal achado é corroborado
por Barros et al. [9], que descrevem que a atuação fisioterapêutica não
se restringe apenas ao âmbito curativo ou de reabilitação e que as ações de
prevenção e educação em saúde são fundamentais para a melhora da qualidade de
vida da população. Segundo Rios et al. [21], a educação em saúde faz
parte das atividades e técnicas para promover a saúde e a partir dela se espera
grande responsabilidade e capacidade de reverter práticas impositivas,
horizontalizando e humanizando as relações de assistência à saúde. Sousa et
al. [22] relatam em seu estudo que o trabalho do fisioterapeuta na atenção
primária é um processo desconstrutivo por ainda ser ligado e rotulado como
reabilitador, tendo em vista que, por muito tempo, a fisioterapia foi excluída
da rede básica dos serviços, o que dificultou a melhoria dos resultados.
O
estudo com melhor rigor metodológico desta revisão apresenta o TMAP como uma
importante intervenção na gestação. Segundo Ribeiro et al. [23], o TMAP
promove, além de fortalecimento da musculatura, um maior nível de conhecimento
sobre seu próprio corpo, e os autores descrevem que muitas gestantes não
conhecem a realização dos exercícios como forma de diminuir o risco para IU,
visto que consideram a cirurgia como a melhor forma de tratamento para esta
disfunção. Em corroboração, Batista et al. [24] apresentam a influência do
TMAP durante a gravidez e puerpério na redução e prevenção da IU, mostrando
resultados positivos com o uso do biofeedback eletromiográfico na melhora da atividade muscular em
gestantes, a fim de proporcionar uma contração correta sem uso de musculatura
acessória, essencial para obter sucesso no tratamento. Segundo Amorim et al.
[25], os fisioterapeutas na atenção básica encontram dificuldades em exercer
seu trabalho devido à escassez de recursos e espaço físico limitado. Além
disso, a interação das equipes demonstra ser um aspecto a ser discutido e
repensado para que se possa ter equipes multidisciplinares trabalhando de forma
harmônica em prol da saúde da comunidade [25].
Existe
necessidade de abordar práticas e atividades em grupo que falem sobre o
autoconhecimento na gestação e, segundo Ferraz et al. [26], as
experiências anteriores da gestante, seu contexto social e autoconhecimento são
determinantes na via de parto. Os grupos de gestantes contribuem muito para
esse processo, fato também ratificado pelo estudo de Assis et al. [14].
O conhecimento das gestantes a respeito da atuação fisioterapêutica na
preparação física da mulher para o trabalho de parto foi abordado por Oliveira et
al. [27] que descrevem que a maioria das gestantes desconhece a atuação da
fisioterapia e tem um baixo nível de conhecimento. Desta forma, atividades
educativas em grupo buscam a recuperação da autoestima, as trocas de
experiências e o apoio mútuo. Nesta condição, o fisioterapeuta deve trabalhar
voltado para a saúde, com ênfase na educação [28].
O
profissional de fisioterapia dentro da ginecologia e obstetrícia ajuda a mulher
a se adequar as mudanças corporais da gestação e do puerpério, minimizando o
estresse. No puerpério, o fisioterapeuta tem muito a oferecer, principalmente
em termos de enfrentamento do estresse, adaptação à nova condição, tratamento
das dores causadas por alterações posturais, estímulo à continência,
orientações sobre amamentação, cuidados com o corpo e com o bebê [29]. Sousa et
al. [30] salientam que é função do fisioterapeuta orientar e conscientizar
a gestante para que a mesma desenvolva toda potencialidade de sua musculatura
abdominal e pélvica, a fim de obter o controle e a coordenação que serão
solicitados no momento do parto.
Como
limitações deste estudo podemos citar o baixo rigor dos trabalhos selecionados,
com baixa qualidade metodológica e a ausência de ensaios clínicos randomizados.
Ainda assim, é importante citar a extrema relevância e importância do
acompanhamento fisioterapêutico na atenção primária durante a gestação, visto
os inúmeros benefícios à gestante e à criança.
Como
principais achados deste estudo, foram observadas diversas respostas positivas
nas gestantes, possibilitando-as com mais conhecimento sobre seu corpo, sobre o
processo gestacional e programas fisioterapêuticos de qualidade como o TMAP. A
principal estratégia empregada foi a educativa, no entanto, tratamento ou
prevenção de IU ou outras disfunções pélvicas devem ser avaliadas no pré parto e puerpério. Vale salientar que o trabalho do
fisioterapeuta é visto cada vez mais como sendo de grande importância na área
da saúde pública, entretanto são necessários mais estudos e que apresentem
maior rigor metodológico.
Conflito
de interesse
Não
há conflitos de interesse entre os autores e o artigo, nem financeiro.
Fonte
de financiamento
Não
há.
Contribuição
dos autores
Concepção
e desenho do estudo:
Boeira JTR, Furlanetto MP; Análise
e interpretação dos dados: Boeira JTR, Silva YP, Furlanetto MP; Redação do texto: Boeira
JTR; Revisão do texto: Boeira JTR, Silva YP, Furlanetto MP.