Fisioter Bras
2021;22(4):560-72
ARTIGO
ORIGINAL
Conhecimento
de pais/responsáveis sobre a importância da estimulação do desenvolvimento
vestibular por meio de brinquedos/brincadeiras
Knowledge of parents/guardians
about the importance of stimulation of vestibular development through
toys/games
Cintia
Caroline Cesco Lazaroto*,
Daniela Regina Sposito Dias Oliva, Ft., M.Sc.**
*Discente
do curso de Fisioterapia da Universidade do Contestado, Concórdia/SC, **Docente
do Curso de Fisioterapia da Universidade do Contestado, Concórdia/SC
Recebido
em 14 de dezembro de 2020; Aceito em 19 de agosto de
2021.
Correspondência: Cintia Caroline Cesco
Lazaroto, Rua das Palmeiras, 05 Floresta 89700-000
Concórdia SC
Cintia Caroline Cesco Lazaroto: cintiacarolinelazarotto@gmail.com
Daniela Regina Sposito Dias
Oliva: daniela.readeq@gmail.com
Resumo
Introdução: Por meio dos movimentos corporais, a
criança interage e atua de forma dinâmica nos ambientes físico e social.
Contudo, para que a criança possa agir, é necessário ter como suporte básico o
equilíbrio corporal, que está associado às funções dos sistemas visual,
proprioceptivo e vestibular. Este último contribui com informações importantes
para a sensação e percepção do movimento e da posição do corpo como um todo.
Quando apresenta algum distúrbio, pode comprometer a aprendizagem e o
desenvolvimento da criança. Objetivo: Identificar o conhecimento de
pais/responsáveis sobre a importância da estimulação do desenvolvimento
vestibular por meio de brinquedos/brincadeiras. Métodos: Foi aplicado
aos pais/responsáveis um questionário contendo 27 questões que buscam conhecer
a rotina de brincadeira de crianças de 3 a 12 anos através da plataforma Google
Forms. Resultados: Os resultados evidenciaram
que apenas 37% dos pais/responsáveis participantes da pesquisa mostraram saber
a relação do brincar e da estimulação do sistema vestibular com o aprendizado
das crianças. A maioria dos participantes (71,70%) relatou não ter ouvido falar
em Sistema Vestibular e não ter conhecimento sobre a função deste no
desenvolvimento das crianças. Conclusão: Conclui-se com este estudo que
poucos são os pais/responsáveis que já ouviram falar sobre o Sistema Vestibular
e que conhecem a sua função e importância da estimulação deste por meio de
brinquedos e brincadeiras no desenvolvimento das crianças.
Palavras-chave: sistema vestibular;
brinquedos/brincadeiras; pais/responsáveis.
Abstract
Introduction: Trough
corporal movement, the child interacts and act in a dynamic way in the physical
and social environment. However, so that the child could act, is necessary to
have as a basic support the body balance that is associated to visual systems
functions, proprioceptive and vestibular. The latter contributes with important
information to the sensation and perception of the movement and the position of
the body as a whole. When shows some disturb, can compromise the learning and
development of the child. Objective: To identify the learning from
parents/responsible about the importance of the stimulation in the vestibular
development through toys/games. Methods: It was applied to the parents/responsible
a quiz containing 27 questions seeking to know the games routine of children
aged 3 to 12 years through Google Forms platform. Results: The results
evidenced that just 37% of the parents/responsible know the relation of play
and the stimulation of the vestibular system with the learning of the children.
Most of the participants (71.70%) reported not having heard about Vestibular
System and have no knowledge about the function of it in the development of the
children. Conclusion: It follows that with this study that few are the
parents/responsible that already heard about the Vestibular System and know
about its function and the importance of the stimulation since through toys and
games in the child development.
Keywords: vestibular system; toys/games;
parents/responsible
Por meio dos movimentos corporais, a criança interage e
atua de forma dinâmica nos ambientes físico e social [1]. Contudo, para que a
criança possa agir, é necessário ter como suporte básico o equilíbrio corporal,
definido como uma integração sensório motora que garante a manutenção da
postura [2,3]. O controle e a estabilidade postural estão associados às funções
dos sistemas visual, proprioceptivo e vestibular e ao controle neuromuscular
[4].
O sistema vestibular fornece informações sobre o movimento
e a posição da cabeça em relação à gravidade e outras forças inerciais. Assim
contribui com informações importantes para a sensação e a percepção do
movimento e da posição do corpo como um todo [5].
Como a função do sistema vestibular (juntamente com o
sistema nervoso central) é controlar a posição do corpo, os movimentos dos
olhos e a percepção espacial, acredita-se que este sistema tem importante
influência sobre o desenvolvimento infantil [6,7].
Quando o aparelho vestibular apresenta algum tipo de
distúrbio, o equilíbrio da pessoa pode ser afetado, assim, interferindo no
processo de aquisição de habilidades motoras básicas [8]. Os sintomas
provocados pelos distúrbios vestibulares dificultam as relações espaciais e o
adequado contato com o meio ambiente, comprometendo a aprendizagem da criança e
sua habilidade de comunicação [9].
Com isso, as crianças que apresentam manifestações e
consequências dos distúrbios vestibulares em sua vida diária, podem apresentar
comprometimento cognitivo e isolamento social, que influenciam direta e
indiretamente em seu desenvolvimento [8].
Considerando que a habilidade da criança em coordenar os
sistemas de controle postural aumenta com a experiência, quanto maior forem as
experiências vivenciadas pelas crianças, maior será a sua capacidade em
coordenar os sistemas neurais responsáveis pelo equilíbrio. Dessa forma, o
estilo de vida ativo durante a infância exerce forte influência no padrão de
crescimento e desenvolvimento motor [10,11].
Uma das atividades consideradas fundamentais para o
desenvolvimento motor e cognitivo é a brincadeira no parquinho. O parque
infantil pode ser definido como um espaço destinado ao lazer e desenvolvimento
das crianças, por meio de estímulos do ambiente [12]. Cada um dos brinquedos
encontrados no parque pode ser uma fonte de grandes benefícios.
Outra forma de trabalhar o desenvolvimento motor e
cognitivo adequado apresenta-se através da Fisioterapia Vestibular Preventiva.
O trabalho de fisioterapia vestibular preventiva por meio de brinquedos e
brincadeiras não é apenas importante, mas fundamental para que a criança possa
desenvolver o sistema vestibular, evitando que esta apresente distúrbios que
podem comprometer o relacionamento com seus colegas, pais e professores, além
dos aspectos relacionados à aprendizagem e a melhora da qualidade de vida [13].
A questão problema que norteou a pesquisa foi qual o
conhecimento de pais/responsáveis sobre a importância da estimulação do
desenvolvimento vestibular por meio de brinquedos/brincadeiras?
Conhecer como os pais/responsáveis de crianças pequenas
percebem a importância disso é fundamental no desenvolvimento de estratégias de
prevenção, procura adequada por tratamentos e disseminação de conhecimento, da
mesma forma no que se refere aos profissionais de saúde, podendo os mesmos ter um leque maior de subsídios para sua conduta
caso seja necessária intervenção.
Diante disso, o objetivo geral deste estudo foi identificar
o conhecimento de pais/responsáveis sobre a importância da estimulação do
desenvolvimento vestibular por meio de brinquedos/brincadeiras e como objetivos
específicos verificar com que frequência as crianças utilizam
brinquedos/realizam brincadeiras que estimulam o labirinto, fora do ambiente
escolar; analisar a percepção dos pais/responsáveis quanto à rotina de
brincadeiras que estimulem o desenvolvimento vestibular das crianças; constatar,
através do conhecimento dos pais/responsáveis se a criança apresenta algum
sintoma ao utilizar brinquedos/realizar brincadeiras que produzem aceleração
linear e que hiperestimulem o labirinto; orientar
pais/responsáveis sobre a importância de estimular os filhos a realizarem
brincadeiras de instabilidade sensorial, mesmo que gerem conflitos
vestibulares;
O presente estudo foi submetido ao Comitê de Ética e
Pesquisa da Universidade do Contestado para sua apreciação e atendeu os aspectos
éticos de pesquisa com seres humanos (466/12 do Conselho Nacional de Saúde),
sendo o mesmo aprovado com número do parecer 4.058.756 – CAAE
32351220.9.0000.0117.
De acordo com os procedimentos técnicos, este é um estudo
de caráter descritivo, qualitativo e quantitativo. O grupo de estudo foi
composto por pais/responsáveis de crianças com idades entre 3 e 12 anos
residentes no Município de Concórdia/SC, que tinham acesso à internet e que
faziam parte de grupos de pais através do aplicativo WhatsApp. A amostra total
foi de 92 participantes. Para a coleta de dados, foi utilizado um questionário
contendo 06 questões introdutórias, sendo 03 questões fechadas e 03 questões
abertas. O restante do questionário possui 27 perguntas, sendo 24 fechadas e 03
abertas, que foram respondidas pelos pais/responsáveis e que buscaram conhecer
a rotina e o tipo de brincadeiras praticadas por crianças com idade entre 3 e
12 anos no seu dia a dia, fora do período escolar.
A coleta de dados foi realizada de forma online com a
utilização da plataforma Google Forms. Primeiramente,
o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e o questionário realizados
pelos pesquisadores deste estudo foram cadastrados na plataforma. O link
resultante deste cadastro foi enviado para pais/responsáveis através de suas
redes sociais, mais especificamente pelos grupos de pais através do aplicativo
WhatsApp para que então eles tivessem acesso e realizassem a pesquisa caso
tivessem interesse. Após concordar com o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, os pais/responsáveis puderam responder o questionário. O link
ficou disponível entre os meses de agosto e novembro, após esse prazo, os dados
coletados foram analisados de forma qualitativa e quantitativa discreta e o
resultado formulado. Para pais/responsáveis que informaram seu endereço de
e-mail, uma cartilha de orientações foi enviada, bem como o artigo resultante
da pesquisa, com o intuito de orientá-los quanto ao tema da pesquisa.
A pesquisa em questão contou com uma amostra de 92
participantes, dos quais 95,7% eram pais, seguidos de tios/tias (3,3%) e
irmão/irmã (1,1%), visto que estes são responsáveis por crianças com idades
entre 3 e 12 anos. Desta forma, a idade média das crianças informadas no questionário
foi de 6,26 anos, uma vez que a maioria delas tem idades entre 3 (19,56%) e 4
(20,65%) anos. Outro dado levantado nesta pesquisa foi que 57,6% das crianças
têm parquinho perto de casa (a aproximadamente 500 metros) e 34,8% possuem
brinquedos de parquinho na própria casa, dentre eles balanço, cama elástica,
escorregador e outros.
Quanto a rotina de brincadeiras das crianças, pais e
responsáveis responderam que 59,8% delas vai ao parquinho entre 1-3 vezes na
semana, já 3,3% vão de 4 a 6 vezes e apenas 1,1% frequentam o parquinho 7 vezes
na semana. Em contrapartida, 35,9% dos entrevistados relataram que as crianças não vão ao parquinho nenhuma vez na semana. A
frequência de utilização de brinquedos está demonstrada na figura 1 e a
frequência de realização de brincadeiras está descrita na figura 2.
Fonte: Dados do Pesquisador, 2020.
Figura
1 – Frequência de
utilização de brinquedos de parques infantis
Nesta imagem pode-se verificar que o brinquedo utilizado
com maior frequência pelas crianças é a bicicleta (78,26%), e é mais utilizada
de 1 a 3 vezes por semana. Seguida pelo balanço com 75% de uso com frequência
maior de 1 a 3 vezes na semana. Os brinquedos menos utilizados são a cama
elástica (31,52%) seguida pelo gira-gira (42,39%). O escorregador e a gangorra
apresentam uma frequência de uso de 59,78% e 50% respectivamente. Pode-se então
interpretar que as crianças utilizam mais brinquedos que provocam aceleração
linear de forma horizontal do que de forma vertical e mais do que aceleração
angular.
Fonte: Dados do Pesquisador, 2020.
Figura
2 – Frequência de
brincadeiras realizadas pelas crianças
Na imagem acima é possível caracterizar a frequência com
que as crianças realizam brincadeiras que estimulam o sistema vestibular. A
realizada com maior frequência segundo o relato de pais/responsáveis é a
cambalhota (57,60%), seguida da brincadeira de pular corda com 39,13%. A menos
realizada é a brincadeira de cabra-cega com 27,17% seguida pela estrelinha com
31,52%. Podemos ver que as brincadeiras são realizadas com maior frequência de
1 a 3 vezes por semana, mas que o número de não realização delas também é
expressivo. Pode-se notar ainda que a brincadeira que inibe o sistema visual é
a menos realizada, optando as crianças pela realização de brincadeiras que
integram os três sistemas (vestibular, visual e somato-sensorial).
Neste estudo buscou-se verificar também se as crianças
sentiam algum desconforto ao brincar em brinquedos de parquinho ou realizar brincadeiras
que estimulassem o labirinto, notando-se um número pequeno de crianças que
relatam incômodos, como demonstrado na figura 3.
Fonte: Dados do Pesquisador, 2020.
Figura
3 – Desconfortos
relatados por crianças ao utilizarem brinquedos e realizarem brincadeiras
Dos 92 participantes, 9,8% (9) relataram que as crianças
das quais são responsáveis sentem desconfortos ao brincar nos brinquedos ou
realizar as brincadeiras citadas acima. Os sintomas apresentados pelas crianças
geralmente são tontura, seguido de medo e dores no corpo. Nota-se então que uma
a cada dez crianças não se sente confortável em realizar brincadeiras ou
utilizar brinquedos que estimulem o sistema vestibular.
Outro dado mostra que 8,7% das crianças não gostam de
frequentar parquinhos, sendo este um percentual muito parecido com o de
crianças que sentem desconforto ao utilizarem brinquedos dele. Porém, após
passar por análise do Teste QUI, não foram encontradas correlações entre as
crianças que não gostam de parquinho e as que sentem desconfortos.
Ainda em relação aos sinais e sintomas, 14,1% dos
participantes relataram que as crianças das quais são responsáveis apresentam
falta de atenção e mau rendimento escolar, 21,7% relataram que as crianças
esbarram muito em objetos e 48,9% têm medo de escuro, portanto estes também
podem ter relação com distúrbios labirínticos.
Pretendeu-se identificar o conhecimento dos
pais/responsáveis sobre a interferência dos brinquedos e brincadeiras citados
acima no desenvolvimento do sistema vestibular e no aprendizado das crianças,
sendo identificado que a maioria não tinha conhecimento sobre o assunto,
conforme demonstrado na figura 4.
Fonte: Dados do Pesquisador, 2020.
Figura
4 – Conhecimento dos
pais/responsáveis sobre a interferência dos brinquedos e brincadeiras e a
estimulação vestibular no aprendizado e desenvolvimento das crianças
Apenas 37% dos pais/responsáveis participantes da pesquisa
mostraram saber a relação do brincar e da estimulação do sistema vestibular com
o aprendizado das crianças e 63% não tinham o conhecimento de que há
interferência nos mesmos.
A maioria dos participantes (71,70%) relatou não ter ouvido
falar em Sistema Vestibular e não ter conhecimento sobre a função deste no
desenvolvimento das crianças, como demonstrado na figura 5.
Fonte: Dados do Pesquisador, 2020.
Figura
5 – Conhecimento dos
pais/responsáveis relacionado ao Sistema Vestibular e sua função
Analisada a questão acerca do interesse em entender e receber
informações sobre o sistema vestibular, 92,40% dos participantes disseram
“sim”, um dado muito satisfatório (Figura 6). Diante disso, a cartilha de
orientações desenvolvida previamente, com informações anatomofisiológicas
vestibulares, instrução de brinquedos e brincadeiras, parques infantis que
podem ser mais explorados, sinais e sintomas e recursos de tratamento às
afecções vestibulares em crianças - foi enviada aos mesmos. Para atender a esse
objetivo de informar a comunidade pesquisada e abranger mais pais, outros
materiais audiovisuais (vídeos no Youtube, mapas conceituais no Instagram,
imagens no Facebook) foram difundidos por meio dessas diferentes redes sociais
(Instagram: @labirinto.humano, You
Tube: https://www.youtube.com/channel/UCkRRnbheK6UC8mofVNaYw2g/featured).
Fonte: Dados do Pesquisador, 2020.
Figura
6 – Interesse dos
pais/responsáveis em receber orientações acerca do tema
Em relação à frequência de utilização do parquinho
infantil, evidenciou-se neste estudo que 59,8% das crianças vão ao parque entre
1-3 vezes na semana, já 3,3% vão de 4 a 6 vezes e apenas 1,1% frequentam o
parquinho 7 vezes na semana. Em um estudo, sete de dez mães responderam que
levam a criança pelo menos uma vez por semana ao parquinho; as demais levavam
em frequência não regular [14]. O ideal seria levar a criança diariamente ao
parque e, caso não seja possível, levá-las ao máximo de vezes que conseguir
[15].
Em relação ao brinquedo mais utilizado pelas crianças,
viu-se nesta pesquisa que a bicicleta ocupa a maior porcentagem, seguida pelo
balanço, escorregador e gangorra, sendo estes brinquedos que estimulam o
labirinto provocando maior aceleração linear do que angular.
O balanço ganhou destaque nas respostas de uma pesquisa feita
com dez mães de crianças com idade entre quatro e sete anos da cidade de São
Paulo, em que nove mães relataram que seus filhos gostam dos brinquedos do
playground e, entre os brinquedos, também escolheram mais do que uma opção,
sendo o balanço o brinquedo preferido, seguido do gira-gira, escorregador,
ponte suspensa, tanque de areia e carrossel [14].
O balanço é o brinquedo preferido das crianças, mesmo
necessitando de um adulto para brincar, e estimula o sistema vestibular,
desenvolvendo equilíbrio e coordenação motora. Este estudo refere também que a
casinha de madeira desenvolve equilíbrio, criatividade e interação social das
crianças, sendo uma ótima opção de brinquedo [14].
O estímulo oferecido pelos brinquedos do playground vai ao
encontro dos princípios da Terapia de Integração Sensorial, que prioriza o uso
de equipamentos suspensos como balanços, redes, plataformas entre outros,
enriquecidos por texturas diferentes, para proporcionar à criança estimulação
vestibular, tátil e proprioceptiva [14]. A oferta desses tipos de brinquedos
não é restrita, visto que pesquisas em websites mostram que os principais
brinquedos presentes em playgrounds são balanço, escorregador, gangorra,
gira-gira e casinha.
Grande parte dos participantes da pesquisa apontou que as
crianças das quais são responsáveis não apresentam desconfortos ao utilizarem
brinquedos e realizarem brincadeiras que estimulam o sistema vestibular delas.
Porém pesquisadores dizem que os distúrbios vestibulares não são tão facilmente
reconhecidos em crianças como nos adultos, em parte, pela incapacidade de a
criança compreender os conceitos de vertigem e desequilíbrio e,
consequentemente, não saber descrever os sintomas [16].
Distúrbios vestibulares são muitas vezes ignorados em
crianças porque as manifestações vertiginosas geralmente são atribuídas à falta
de coordenação ou a problemas de comportamento [16].
A vertigem infantil corresponde a 1% das consultas em
ambulatórios de neuropediatria, sendo também encontrada em 13% das crianças
encaminhadas para avaliação audiológica. Avaliaram-se
1000 pacientes e estes foram submetidos à avaliação otoneurológica
computadorizada, verificou-se a prevalência de 2,4% de alteração nos pacientes
na faixa etária de 5 meses a 12 anos [17].
Como agravante dessa situação, tem-se o fato de a criança,
muitas vezes, não saber expressar com exatidão as sensações que os quadros
vertiginosos lhe produzem. Isso pode ter consequências negativas em seu
desenvolvimento motor; na aquisição do código de linguagem oral e escrita,
interferindo em seu rendimento escolar, nas suas habilidades de comunicação; e
em seu comportamento psicológico [16].
A disfunção vestibular costuma afetar consideravelmente a
habilidade de comunicação, o estado psicológico e o desempenho escolar. É
necessário recordar que o mau rendimento escolar pode ser indício valioso da
possível labirintopatia. Algumas vezes é difícil de
obter da criança ou de seus pais uma descrição adequada dos sintomas de
desequilíbrio corporal [13].
Mesmo com a ajuda dos pais, a descrição dos sintomas em
crianças pode ser imprecisa, assim, faz-se necessário recorrer a dados que
possam informar melhor sobre a possível existência de um problema labiríntico,
uma vez que os sinais e sintomas (cefaleias, náuseas, vômitos, dificuldade de
concentração, alterações comportamentais, sudoreses, dores abdominais, quedas,
esbarrões, mau rendimento escolar e outros) podem passar despercebidos por não
serem correlacionados pelos pais/responsáveis [16], já que a maioria deles não
tem conhecimento sobre o sistema vestibular e sua função no desenvolvimento da
criança, como demonstrado na figura 5.
Faz-se necessário um interrogatório detalhado, pois pode
ocorrer problema em apenas uma das brincadeiras; as tonturas são frequentes,
porém, bem toleradas pelas crianças, e nesse caso, só é relatada quando
interrogada a respeito [9].
Desta forma, é preciso que orientações sejam
disponibilizadas aos pais/responsáveis sobre esse assunto tão considerável para
o desenvolvimento saudável das crianças, tanto no que diz respeito aos sinais e
sintomas quanto na importância da estimulação deste sistema através de
brinquedos e brincadeiras de parquinhos infantis.
Constatou-se que a educação de pais/responsáveis sobre
esses aspectos ainda não é uma prática muito comum, em um estudo, 10 mães foram
questionadas sobre orientação recebida de algum profissional referente à
importância do playground para seus filhos, e todas elas disseram que não
receberam qualquer informação sobre os benefícios e oportunidades de
desenvolvimento neste espaço [14].
O papel da orientação é mostrar às famílias oportunidades
que facilitem o desenvolvimento da criança, especialmente aquelas que podem
estar favorecendo a interação entre a criança e sua família de modo prazeroso.
Conclui-se com este estudo que poucos são os
pais/responsáveis que já ouviram falar sobre o sistema vestibular e que
conhecem a sua função e importância da estimulação por meio de brinquedos e
brincadeiras no desenvolvimento das crianças. É necessário orientar
pais/responsáveis sobre esse assunto, tanto no que diz respeito aos sinais e
sintomas quanto na importância da estimulação desse sistema através de
brinquedo e brincadeiras em parquinhos infantis.
Instiga-se que novas pesquisas sejam desenvolvidas de forma
mais aprofundada a respeito de sinais e sintomas que as crianças apresentam ao
utilizar brinquedos e realizar brincadeiras que estimulem o sistema vestibular.