Fisoter
Bras 2021;22293):442-455
ARTIGO
ORIGINAL
Consciência
perineal, presença de sintomas urinários e satisfação sexual na fibromialgia
Perineal consciousness, presence of
urinary symptoms and sexual satisfaction in fibromyalgia
Julia
Camargo Marcondes*, Étria Rodrigues**, Gisela Rosa
Franco Salerno***
*Fisioterapeuta,
Universidade Presbiteriana Mackenzie, **Professor responsável pelo Projeto de
extensão de Fisioterapia na Fibromialgia da Universidade Presbiteriana
Mackenzie, ***Professor responsável pela disciplina de Fisioterapia na Saúde da
Mulher da Universidade Presbiteriana Mackenzie
Recebido
em 15 de janeiro de 2021; Aceito em 17 de junho de
2021.
Correspondência: Gisela Rosa Franco Salerno, Av. Santo
Antônio, 561/152 Vila Osasco 06086-070 Osasco SP
Étria Rodrigues: etria.rodrigues@mackenzie.br
Julia Camargo Marcondes: juliacmarcondes@gmail.com
Gisela Rosa Franco Salerno: gisela.franco@mackenzie.br
Resumo
Introdução: A fibromialgia é uma síndrome crônica,
com etiologia desconhecida, frequente em mulheres e com sintomas que afetam a
qualidade de vida. Tem se discutido que essa condição afete inclusive a
musculatura do assoalho pélvico. Objetivo: Verificar o conhecimento a
respeito do períneo, a presença de sintomas de perdas urinárias e o nível de
satisfação sexual em mulheres fibromiálgicas. Métodos:
Participaram dessa abordagem 7 fibromiálgicas
atendidas semanalmente pela fisioterapia. Para avaliação inicial, utilizamos um
Questionário de Consciência Perineal e o Índice de Satisfação Sexual Feminina
(FSFI). Durante os dois meses de intervenção, foram realizadas 2 palestras
educativas e 8 encontros para a realização de exercícios perineais. Depois da
intervenção, o FSFI foi aplicado novamente e os dados foram analisados por
estatística simples. Resultados: As participantes demonstraram conhecer
a localização das estruturas do sistema urinário, porém 4 das mulheres (57,1%)
relataram não saber contrair a musculatura do assoalho pélvico. Todas relataram
urgência miccional, raras perdas urinárias ao esforço e insatisfação sexual,
antes da intervenção melhorando na reavaliação. Conclusão:
As
participantes pouco conhecem sobre a musculatura do assoalho
pélvico, sua
contração adequada e a atuação da
fisioterapia nessa condição. A satisfação
sexual encontrou-se prejudicada inicialmente apresentando melhora
após as
intervenções.
Palavras-chave: fibromialgia; Fisioterapia; diafragma
da pelve.
Abstract
Introduction: Fibromyalgia
is a chronic syndrome, with unknown etiology, common in women and with symptoms
that affect quality of life. It has been argued that this condition affects
even the pelvic floor musculature. Objective: To verify the knowledge
about the perineum, the presence of symptoms of urinary loss and the level of
sexual satisfaction in fibromyalgia women. Methods: Seven fibromyalgia
patients attended weekly by physical therapy participated in this approach. For
initial assessment, we used Perineal Awareness Questionnaire and Female Sexual
Satisfaction Index (FSFI). During two months of intervention, 2 educational
lectures and 8 meetings were held to perform perineal exercises. After
intervention, FSFI was applied again, and the data were analyzed using simple
statistics. Results: The participants demonstrated to know the location
of the structures of the urinary system, however 4 of the women (57.1%)
reported not knowing how to contract the pelvic floor muscles. All of them
reported urinary urgency, rare urinary losses on exertion and sexual dissatisfaction,
before the intervention, improving the reassessment. Conclusion: The
participants know little about the musculature of the pelvic floor, its
adequate contraction, and the role of physical therapy in this condition.
Sexual satisfaction was initially impaired, showing improvement after the
interventions.
Keywords: fibromyalgia; Physical Therapy
Specialty; pelvic floor.
A fibromialgia (FM) é uma doença crônica de caráter
reumática caracterizada pela presença de tender points (pontos dolorosos),
dores musculares por todo o corpo, distúrbios do sono, fadiga crônica, rigidez.
Além de outras manifestações como cefaleia, síndrome do cólon irritável,
parestesias, fenômeno de Raynaud, depressão, síndrome
do pânico e ansiedade. A prevalência no Brasil é de 2,5% da população geral e a
população feminina é a mais acometida [1,2,3,4,5,6].
Na década 90, o American College
of Rheumatology (ACR)
definiu os critérios que classificam a fibromialgia, sendo eles, dor
generalizada durante um período de 3 meses em pelo menos três dos quatro
quadrantes corporais e dor à palpação localizada em 11 dos 18 tender points
[7], sendo essa definição padrão ouro para diagnóstico da fibromialgia
acompanhado dos questionários LFESSQ (London Fibromyalgia
Epidemiology Study Screening Questionnaire) e
FIQ (Fibromyalgia Impact
Questionnaire) [8,9,10,11,12].
No Brasil, aproximadamente 30 milhões de mulheres estão
entre 35 e 65 anos e 32% da população feminina se encontra na fase de
climatério. Considerando que a prevalência de mulheres com fibromialgia se dá
entre os 40 e 55 anos, é possível que os sintomas da fibromialgia estejam se
intensificando com o envelhecimento levando a uma maior busca por assistência
médica, reforçando a necessidade do estudo da relação entre o climatério e
fibromialgia [13].
No período climatérico, muitos sintomas são ressaltados, a
perda gradual da fase reprodutiva pode levar a alterações nos sistemas uroginecológicos, trazendo transtornos sexuais e miccionais
[14]. Além disso, estudos apontam que mulheres fibromiálgicas
podem ter um início precoce da menopausa e os sintomas da doença podem ser
acentuados quando esse período se inicia, levando a redução de hormônios
sexuais e hipersensibilidade à dor [15,16,17,18].
Mulheres portadoras da síndrome fibromiálgica
tem experimentado uma redução na qualidade de vida sexual, tendo a dor crônica,
fadiga, rigidez, distúrbios funcionais, imagem corporal negativa como fatores
que levam essas mulheres à vulnerabilidade, desenvolvendo disfunções sexuais,
afetando, assim, sua qualidade de vida [19,20,21,22].
De acordo com Collado-Mateo et
al. [17], alguns sintomas comuns de doenças reumáticas, como edema
articular, rigidez matinal, a dor, baixa autoestima e autoimagem negativa podem
levar a dificuldades na relação sexual, além da utilização acentuada de
medicamentos, que alteram libido do indivíduo. A fibromialgia desencadeia
diversos sintomas comuns das doenças reumáticas, associando-se a outras doenças
facilmente, necessitando de seus tratamentos [23].
Outro sintoma bastante presente nas pacientes fibromiálgicas são as alterações no sistema urinário; a
incontinência urinária é definida como uma perda involuntária de urina e é
relatada como uma das queixas principais em 26% das mulheres com fibromialgia
[24,25].
O tratamento da fibromialgia no geral visa à redução da
dor, melhora do sono, fortalecimento da musculatura, relaxamento muscular e
programas educativos a fim de entender a doença. Dessa forma, a fisioterapia
auxilia no controle e diminuição da dor e no desenvolvimento da funcionalidade
muscular e articular, bem como o relaxamento da musculatura submetida à tensão
[12,26].
Além disso, de acordo com Lisboa et al. [16], a
cinesioterapia do assoalho pélvico é um recurso fisioterapêutico que melhora a
qualidade de vida de mulheres no período climatério, tanto no âmbito físico,
quanto emocionalmente, pois proporciona conhecimento da região e
condicionamento muscular, podendo ser aplicado mesmo na ausência do sintoma
urinário como proposta preventiva [27].
Sendo, assim, a fisioterapia apresenta sua atuação na
redução de alguns sintomas da doença, e por meio dos exercícios aeróbicos a
indicação primordial a esses pacientes. Ademais, a realização desses exercícios
em imersão aquática produz redução da dor e fadiga, devido a movimentos lentos,
redução da descarga de peso, melhora no padrão de sono e humor, melhorando,
assim, a qualidade de vida mulher com fibromialgia [28,29,30].
Contudo, faz-se importante elucidar a respeito da educação
em saúde da mulher com fibromialgia, bem como o impacto de seu tratamento em
sua qualidade de vida. Portanto, foi objetivo deste estudo verificar o
conhecimento a respeito do períneo, a presença de sintomas urinários e o nível
de satisfação sexual em mulheres fibromiálgicas
atendidas pela Fisioterapia Aquática.
Foi realizado um estudo prospectivo longitudinal com 7
participantes, com média de 50 anos, de acordo com os seguintes critérios de
inclusão: mulheres, entre 20 e 60 anos, e com diagnóstico médico de
fibromialgia participantes do Grupo de Fibromialgia da Universidade
Presbiteriana Mackenzie. Os critérios de exclusão escolhidos foram: ausência na
avaliação e nas intervenções em grupo.
Após aprovação do projeto pelo Comitê de Ética da
Universidade Presbiteriana Mackenzie sob número CAAE: 44371215.90000,0084 e o
livre consentimento Institucional e das participantes, realizamos as triagens
segundo os critérios de inclusão descritos acima. Inicialmente responderam um
questionário de sintomas urinários (Questionário de Consciência Perineal),
composto por dez perguntas a respeito do períneo, localização, função dos
órgãos pélvicos, determinando assim o autoconhecimento e a autopercepção da
contração do assoalho pélvico (AP), conhecimento a respeito dos exercícios de
AP e foi realizada uma ficha de avaliação geral com dados demográficos,
histórico de doenças [31]. A seguir, foi aplicado o Índice de Satisfação Sexual
Feminina (FSFI), composto por 19 itens, que informam sobre cinco domínios da resposta
sexual: desejo e estímulo subjetivo, lubrificação, orgasmo, satisfação e dor ou
desconforto [22].
Para as nossas intervenções, no primeiro mês realizamos uma
palestra educativa sobre Incontinência Urinária e a sua relação com a
fibromialgia; nesse momento realizamos exercícios para fortalecimento e
conscientização da musculatura perineal com utilização de bola terapêutica em
solo.
Os
exercícios foram divididos em contração
rápida e
contração lenta, sendo feitas 3 séries de 10
contrações rápidas, com descanso
de 1 minuto entre as séries e 10 contrações lentas
sustentando a contração
durante 5 segundos, com o mesmo intervalo para descanso. Lembrando que,
durante
a explicação dos exercícios, foi reforçada
a importância da contração da musculatura
sem associação de outras musculaturas adjacentes e depois
com a associação
delas, reforçando também a importância do trabalho
de respiração nos
exercícios, que foram ensinados em decúbito dorsal, em sedestação
(na bola terapêutica e em cadeira) e em ortostatismo, ensinando-as a terem um
certo feedback, na palpação do músculo transverso do abdômen.
Foram realizados 4 encontros com essa proposta, a fim de
educar as participantes a realizarem os exercícios em casa e futuramente sem
supervisão em suas rotinas.
No segundo mês de intervenção, foi ministrada uma palestra
educativa sobre Sexualidade Feminina e sua relação com a fibromialgia, com
finalidade semelhante à primeira palestra. Em seguida, realizamos os exercícios
perineais dentro da piscina terapêutica, associando as atividades propostas
pela fisioterapia aquática para tratamento da fibromialgia. Após os dois meses
de intervenção, ou seja, 8 sessões, as pacientes foram reavaliadas com o
Questionário FSFI para verificação dos resultados. Os dados foram analisados e
apresentados de forma descritiva e em tabelas e figuras, utilizando-se de média
e porcentagens.
Das 10 mulheres participantes, 3 não foram inclusas na
análise dos dados por não finalizarem o protocolo de intervenção proposto pela
pesquisa, restando somente 7, todas relataram apresentar sintomas de urgência
miccional e raras perdas aos esforços.
De acordo com a Figura 1, é possível observar o
conhecimento das mulheres estudadas sobre o seu períneo. As primeiras 4
questões referem-se à localização da uretra, vagina, ânus e musculatura do
assoalho pélvico, respectivamente, e as participantes mostraram saber sobre a
maior parte dessas estruturas principais do sistema gênito-urinário, ou seja,
85,7% das entrevistadas acertaram a localização da uretra, e 100% sabiam a
localização das outras regiões, envolvendo vagina, ânus e a existência da
musculatura do assoalho pélvico.
Entretanto, apesar de 85,7% das participantes acertarem a
localização da musculatura do assoalho pélvico (questão 5), elas relataram
possuir pouco conhecimento sobre essa região, o que é confirmado, quando
questionadas sobre saber contrair; 57,1% declararam saber como realizar a
contração do assoalho pélvico, sendo a questão que apresentou menor número de
acertos (questão 6).
A maioria das mulheres sabiam que “apertar” a vagina
(questão 7) e cruzar as pernas para “segurar o xixi” (questão 8) não são bons
hábitos para a saúde pélvica; 86% e 85,7% respectivamente, responderam corretamente.
Já em relação a atuação da fisioterapia, todas as participantes relataram achar
importante os exercícios de cinesioterapia pélvica para fortalecimento da
região (questão 9), entretanto, somente 57,1% declararam conhecer a atuação da
Fisioterapia nessa área (questão 10).
Figura
1 – Questionário de
consciência perineal
Quando avaliamos a vida sexual das participantes foi
observado pelo questionário FSFI uma baixa satisfação sexual em todas as
participantes de uma forma geral, sendo um preditor para identificação de
disfunção sexual.
Quando comparamos pré e
pós-intervenção foi identificada melhora na maioria dos domínios,
principalmente em relação à satisfação, orgasmo e dor (Figura 2).
No domínio Satisfação, as participantes demonstraram
melhora de 30,6% (34,64% pré-intervenção e 65,3%
pós-intervenção); no domínio Orgasmo melhora de 14,66% (31,98% pré-intervenção para 46,64% pós-intervenção) e no quesito
Dor melhora de 14,66% (23,98% pré-intervenção e
38,64% pós-intervenção).
No domínio Desejo, a melhora das pacientes foi de 2% (60% pré-intervenção e 62% pós-intervenção). Já nos domínios
Excitação e Lubrificação, as pacientes tiveram melhores resultados antes da
terapêutica, ou seja, no domínio Excitação, mostraram redução de 9% (56% pré-intervenção e 47% pós-intervenção) e, o domínio
Lubrificação teve redução de 5% (43% pré-intervenção
e 38% pós-intervenção).
Figura
2 – Nível de
satisfação sexual feminina pré e pós-intervenção
Sabe-se que a fibromialgia afeta a qualidade de vida de
várias maneiras, incluindo o desequilíbrio social, com o isolamento, diminuição
da participação em atividades sociais no geral. Devido a esse fator, as
pacientes tiveram grandes impedimentos para realizarem a pesquisa inteira,
envolvendo os dois meses de intervenção. Com a falta de frequência adequada, 3
pacientes deixaram de realizar alguma fase da pesquisa, dificultando ainda mais
a aplicação dos métodos propostos e diminuindo a população estudada. A alegação
das desistentes envolveu dor, limitação no movimento e, assim, a
impossibilidade de vir até a Universidade para a coleta de dados. Sobretudo, é
possível ressaltar que a cronicidade da fibromialgia, envolvendo dores
constantes dificultam estudos qualitativos e quantitativos que envolvam a
terapêutica prospectiva.
Por meio dos resultados do Questionário de Consciência
Perineal identificamos que embora as participantes saibam a localização das
estruturas principais do sistema gênito-urinário, falharam na identificação da
musculatura a ser trabalhada na prevenção de sintomas urinários e queixas
sexuais. Além disso, 57,1% das mulheres declararam saber sobre a contração
correta do assoalho pélvico e a mesma porcentagem respondeu que já conheciam a
atuação da fisioterapia nas alterações urinárias. Isso mostra que pouco é
ensinado à população sobre a consciência corporal e formas de prevenção e
proteção da musculatura do assoalho pélvico.
A incontinência urinária e a urgência miccional têm sido
cada vez mais frequentes nos últimos anos [24]. Reyes del
Paso e De la Coba [32]
verificaram que pacientes com fibromialgia possuem disfunções no sistema
nervoso autônomo e, uma vez que a bexiga é controlada por tal sistema, pode
sofrer alterações neurogênicas, caracterizando a bexiga hiperativa,
incontinência urinária ou urge-incontinência. No presente estudo todas as
participantes relataram urgência miccional e raras perdas urinárias ao esforço,
identificadas pelo diário miccional, que foram entregues no dia da palestra
educativa, corroborando a literatura.
Pernambuco et al. [33] ressaltaram a importância da
atenção primária e trabalhos educativos na fibromialgia, a fim de reduzir o
absenteísmo no trabalho e em atividades sociais, uma vez que a intervenção
educativa tem efeitos na redução de estresse, liberação de endorfinas, melhora
da autoestima, melhora no quadro geral do paciente, oferecendo a ele mais
autonomia em sua saúde e qualidade de vida.
Assim, no presente estudo, foi realçada a importância da
terapia comportamental e educação em saúde de mulheres portadoras de
fibromialgia, promovendo uma maior consciência das alterações que a síndrome
traz, bem como as formas de intervenção e as ações que as próprias fibromiálgicas podem ter para diminuir a sintomatologia,
sendo corresponsáveis por seu processo terapêutico, sendo este muito mais
eficaz.
Estudos recentes apontam que a combinação de dor e a saúde
emocional em desequilíbrio podem causar algum distúrbio na sexualidade da mulher,
levando a disfunções sexuais e, piora na qualidade de vida delas [18,20,21]. A
saúde sexual de mulheres fibromiálgicas, portanto, é
afetada e sofre desequilíbrio constante, necessitando de estudos que aprofundem
o assunto, já que muitas relatam a falta de diálogo com os profissionais da
saúde e com os parceiros sobre o problema.
A cinesioterapia é um recurso fisioterapêutico que, nas
disfunções sexuais têm o objetivo de restaurar a força e função muscular do
assoalho pélvico e promover conscientização corporal [34]. Nota-se que a
constância da cinesioterapia do assoalho pélvico melhora na resposta e
satisfação sexual dessas mulheres. Não é possível afirmar que elas possuíam
alguma disfunção sexual, pois o índice utilizado avaliou a satisfação sexual,
embora seja um importante preditor de disfunções sexuais [22]. Todavia, de
acordo com Lima et al. [35], a avaliação da função sexual é complexa, já
que a sexualidade envolve diversos aspectos e fatores; porém, o FSFI é um
instrumento objetivo que facilita para resultados clínicos e epidemiológicos,
por ser de fácil aplicação.
De acordo com Barros Moura et al. [28], a imersão em
piscina terapêutica em grupo traz muitos benefícios, já que essa vivência
diminui os níveis de ansiedade, melhora a sociabilidade, permitindo
identificação com a situação do outro por meio do compartilhamento de problemas
e experiências. Dessa forma, identificamos que tanto a educação em saúde por
meio de palestras educativas quanto a prática de exercícios em grupo favoreceram
as participantes, reduzindo as complicações da síndrome.
Sendo assim, os estudos relacionando incontinência
urinária, qualidade de vida sexual e fibromialgia se fazem necessários, para
que a relação entre os assuntos seja mais bem elucidada, a fim de melhorar a
qualidade de vida das pacientes, de forma significativa, com um olhar na
promoção da saúde e não somente na reabilitação já conhecida pela fisioterapia.
Por essa razão, a aplicação dos questionários objetivos,
das palestras educativas e da cinesioterapia foram feitas e com os resultados é
possível visualizar como intervenções simples influenciam diretamente na
maneira que a paciente enxerga e guia seu tratamento. De acordo com os
resultados do FSFI, as pacientes mostraram melhora em quase todos os domínios
(Satisfação, Dor, Orgasmo e Desejo) depois da intervenção, que contou com as
palestras educativas e a prática de exercícios perineais realizados em solo e
em piscina terapêutica.
Para trabalhos futuros, sugere-se que a condição da
musculatura do assoalho pélvico seja avaliada no começo e ao término da
intervenção proposta, a fim de verificar qual a influência dos trabalhos
educativos em combinação com o treinamento através da cinesioterapia pélvica.
Além disso, estudos futuros podem aprofundar-se na relação da fisioterapia
aquática com as disfunções e qualidade de vida sexual das pacientes,
concomitante a estudos voltados a área de psicologia e farmacologia, uma vez
que as pacientes tem, em sua maioria, distúrbios que envolvem depressão e
ansiedade e, também, por várias alterações orgânicas, possuem uma demanda
grande de medicamentos, em que os efeitos são variados e podem interferir tanto
nos sintomas quanto na terapia realizada com as pacientes.
Como limitações do estudo, evidencia-se a falta de
avaliação da musculatura pélvica das participantes, bem como a reavaliação da
consciência perineal depois das intervenções educativas e terapêuticas.
Inclui-se também o número da amostra que, por ser pequeno, dificulta a validação
dos achados do estudo.
Com
o presente estudo, foi evidenciado que a prevenção e
promoção da saúde da mulher é pouco
elucidada à própria população feminina,
realçando a necessidade de trabalhos focados na
educação em saúde primária,
principalmente.
Existe um bom conhecimento sobre as estruturas biológicas
principais do sistema gênito-urinário. Porém, as participantes mostraram não
saber sobre a musculatura, contração adequada e a atuação da fisioterapia para
essa condição.
Todas as participantes relataram sintomas de urgência
miccional e raras perdas aos esforços.
A satisfação sexual das participantes encontrou-se
prejudicada inicialmente, apresentando melhora dos resultados após as
intervenções propostas, demonstrando ser uma proposta viável.