Fisioter
Bras 2021;22(5):757-72
REVISÃO
Síndrome
de hipoventilação da obesidade e estratégia
ventilatória mais eficaz: pressão positiva contínua nas vias aéreas ou
ventilação mecânica não invasiva?
Obesity Hypoventilation
Syndrome and more effective ventilatory strategy: continuous positive airway pressure or non-invasive ventilation?
Luana
Pereira Paz*, Rubia Bayerl**, Natalye
Victoria da Costa Arsie**, Arlete Ana Motter***
*Mestre
em Saúde Coletiva pela Universidade Federal do Paraná, **Acadêmica de
fisioterapia na Universidade Federal do Paraná, ***Docente do Departamento de
Prevenção e Reabilitação em Fisioterapia e do Programa de Pós-Graduação em
Saúde Coletiva da Universidade Federal do Paraná
Recebido
em 11 de janeiro de 2021; aceito em 19 de outubro de 2021.
Correspondência: Arlete Ana Motter,
Avenida Coronel Francisco H. dos Santos, 100 Centro Politécnico, Setor de
Ciências Biológicas da UFPR, Curso de Fisioterapia, 3º Andar, Jardim das
Américas 81531-980 Curitiba PR
Luana Pereira Paz: luanapereirapaz@gmail.com
Rubia Bayerl:
rubiabayerlufpr@gmail.com
Natalye Victoria da Costa Arsie: natyarsie@gmail.com
Arlete Ana Motter:
arlete.motter@gmail.com
Resumo
Considerando
a Síndrome de Hipoventilação da Obesidade (SHO) como
potencialmente tratável, encontra-se dificuldade em comparar ensaios clínicos
devido às diferentes titulações da ventilação mecânica não invasiva (VNI) e da
pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP). Objetivou-se realizar uma
revisão integrativa da literatura com utilização de pressão positiva como
método terapêutico. Foram incluídos ensaios clínicos randomizados, utilizando
CPAP comparado a VNI como tratamento. A busca ocorreu nas bases de dados PubMed e Web of Science,
incluindo-se estudos publicados entre 2008 e 2017. Foram selecionados 4
artigos, dois estudos comparando CPAP e binível.
Apresentaram semelhança na melhora entre os grupos. O terceiro estudo comparou
com grupo controle, sendo ambas eficientes em relação ao GC com melhora na PaCO2,
Bic, sintomas clínicos, parâmetros polissonográficos
e efeitos secundários. O quarto estudo apresentou para Suporte de Pressão
Assegurada de Volume Médio (AVAPS-AE), eficácia de CPAP e binível
na redução de surtos noturnos de pressão arterial. Dessa forma observa-se
similar eficácia entre ambas as estratégias, e ambas são mais eficazes quando
comparadas a um grupo controle.
Palavras-chave: obesidade; apneia obstrutiva do sono;
ventilação não invasiva; pressão positiva contínua nas vias aéreas.
Abstract
Considering the Obesity Hypoventilation Syndrome (OHS)
as potentially treatable, it is difficult to compare clinical trials due to the
different titers of non-invasive mechanical ventilation (NIV) and continuous positive
airway pressure (CPAP). The objective was to carry out an integrative
literature review using positive pressure as a therapeutic method. Randomized
clinical trials using CPAP compared to NIV as treatment were included. The
search took place in the PubMed and Web of Science databases, including studies
published between 2008 and 2017, using the keywords: “Obesity Hypoventilation
AND noninvasive ventilation AND nocturnal hypoventilation”; “Obesity
hypoventilation AND noninvasive ventilation AND CPAP”; “Obesity Hypoventilation
AND nocturnal hypoventilation AND ventilation” and manual search for other
relevant articles. 4 articles were selected. Two studies comparing CPAP and
bilevel. They showed similar improvement between groups. The third study compared
the control group, both being efficient in relation to the CG, with improvement
in PaCO2, Bic, clinical symptoms, polysomnographic parameters, and
side effects. The fourth study presented for Assured Medium-Volume Pressure
Support (AVAPS-AE), CPAP, and Bi-Level efficacy in reducing nocturnal BP
surges. Thus, a similar efficacy is observed between both strategies, and both
are more effective when compared to a control group.
Keywords: obesity; sleep apnea, obstructive;
noninvasive ventilation; continuous positive airway pressure.
A obesidade é um grande problema de saúde pública a nível
mundial [1]. Estudos revelam que existe associação entre a curta duração do
sono e o alto Índice da Massa Corpórea (IMC), medido através do tempo gasto na cama
por adolescentes, sustentando a hipótese de que a curta duração do sono aumenta
o risco para obesidade [2] e que há correlação entre a qualidade do sono e a
obesidade. No âmbito dos acometimentos respiratórios, destaca-se a Síndrome da Hipoventilação da Obesidade (SHO), a qual apresenta-se como
a combinação de obesidade, hipercapnia e hipoxemia crônica durante a vigília
que se agrava durante o sono. Em 90% dos casos, a SHO encontra-se associada à
Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) [3]. O IMC representa a medida de
obesidade mais comum e menos invasiva [2], sendo apontada como risco para SAOS
[4,5], mas o padrão ouro para o diagnóstico da SHO e SAOS é a polissonografia.
Fisiologicamente, esses sujeitos apresentam alterações nas pressões máximas
ventilatórias e na estrutura do sono [8]. Além disso, considera-se que hipóxia,
estresse oxidativo, inflamação e aumento do tônus simpático relacionados a SAOS
são fatores contribuintes para o aumento da reabsorção óssea [6].
O diagnóstico da SHO baseia-se na presença de hipoventilação diurna e hipertensão pulmonar que não são
justificadas por alterações da função pulmonar [3]. A obesidade eleva a pressão
intra-abdominal, e esse mecanismo traz implicações à SHO. Provocando o aumento
do esforço respiratório, causando diminuição da amplitude de movimentação
torácica [7].
A SHO é a forma mais grave de comprometimento respiratório
induzida pela obesidade, levando ao aumento da mortalidade e uma grande
variedade de comorbidades como hipertensão pulmonar, insuficiência cardíaca
direita e risco aumentado de hospitalização devido a doenças agudas como
insuficiência respiratória hipercápnica.
Infelizmente, a SHO permanece frequentemente não reconhecida ou mal
diagnosticada mesmo em pacientes com obesidade grave hospitalizada com
insuficiência respiratória hipercápnica [20].
A ventilação mecânica não invasiva (VNI) é definida como um
suporte ventilatório que não necessita de tubo orotraqueal (TOT) ou
traqueostomia, utilizada por meio de uma interface, com o objetivo de promover
a ventilação adequada, diminuir o trabalho respiratório, prevenir a fadiga
muscular respiratória, aumentar a ventilação alveolar e melhorar as trocas
gasosas, evitando, assim, a intubação e promovendo, em alguns casos, uma extubação
precoce [8]. Considerando esses achados, é possível sugerir o uso da pressão
positiva na via aérea superior (PAP), com a finalidade de melhorar os
marcadores inflamatórios e a qualidade de vida [9]. Já a pressão positiva
contínua nas vias aéreas (CPAP) é uma ferramenta que permite a oferta de ar em
pressões maiores que a atmosférica [10].
Dentre as diversas nomenclaturas, citadas na literatura
mundial para VNI encontra-se: NIV - ventilação não invasiva (noninvasive ventilation); NNV -
ventilação noturna não invasiva (nocturnal noninvasive ventilation); VNIPP -
ventilação não invasiva por pressão positiva; NPPV - ventilação por pressão
positiva não invasiva (noninvasive positive pressure ventilation); NIMV
- ventilação mecânica nasal não invasiva (nasal noninvasive mechanical ventilation); HMV
- ventilação mecânica doméstica (home mechanical ventilation); BVS - suporte ventilatório binível (bilevel ventilatory support ); BPPV -
volume de segmentação por ventilação de pressão positiva de dois níveis.
Uma sólida base de evidências suporta o uso de ventilação
não invasiva (VNI) para alguns quadros patológicos, tais como doença pulmonar
obstrutiva crônica (DPOC) aguda ou insuficiência cardíaca congestiva (ICC)
[11], contudo maiores estudos seriam necessários com relação a outras doenças
de base, como quais os parâmetros ajustados nos ventiladores e modalidades mais
recomendadas.
Ao determinar a frequência e as barreiras ao uso da
VNI para pacientes adultos com asma aguda, DPOC e ICC em departamentos de
emergência acadêmica nos EUA, apontou-se o conhecimento do médico,
disponibilidade de um terapeuta respiratório, equipamento disponível no
departamento de emergência, e tempo necessário para VNI, como as principais
barreiras encontradas. O estudo foi composto por 119 dos 132 hospitais com um
programa de residência em medicina de emergência (90%) e concluiu que a maioria
(85%) dos centros relatou que a VNI é eficaz, e 88% relataram que esta terapia
é tecnicamente fácil. Os ventiladores de dois níveis foram os mais usados para
VNI [11].
Na literatura encontra-se um consenso no uso da VNI em
pacientes com SHO e SAOS grave, mas não há evidências para pacientes com SHO
leve a moderado. O tratamento com VNI durante a noite é capaz de melhorar a hipoventilação diurna e noturna [1,2,3], bem como os sintomas
dos pacientes com hipoventilação da obesidade [12,13]
aumentando a sobrevida [3].
No entanto, uma vez alcançada a estabilidade, surge a
questão de saber se a VNI pode ser alterada para CPAP. O estudo piloto de Orfanos [1] mostrou esta possibilidade, em pacientes mais
estáveis, com eficácia similar na troca diurna e noturna de gases alveolares,
qualidade de vida e qualidade do sono. Nenhum dos pacientes apresentou piora
clínica após mais de um mês de CPAP e precisou retornar à VNI. Alguns estudos
tentaram determinar diferentes fenótipos de OHS para prever o resultado da
terapia de CPAP [14,15,16].
A incidência e a intensidade dos efeitos adversos agudos
decorrentes do uso da VNI (claustrofobia, ressecamento e congestão nasal) foram
maiores nos participantes submetidos ao modo BiPAP
que naqueles submetidos ao modo CPAP [13].
A atual evidência apoia a noção de que pacientes
clinicamente estáveis com SHO podem ser efetivamente gerenciados com CPAP ou bilevel PAP ST em curto prazo. A terapia com PAP é iniciada
para garantir uma adesão e adequada resposta à terapia. Pacientes em tratamento
têm uma vida mais saudável, produtiva e são menos expostos a riscos
cardiovasculares [14]. Quando acompanhada a aplicação do CPAP, logo na primeira
noite de sua utilização, promove um maior equilíbrio entre as fases e melhora a
qualidade do sono de pacientes com SAOS [18]. O CPAP mostrou ter efeitos
positivos em pacientes com SAOS e hipertensão persistente, na metanálise de seis ensaios clínicos, incluídos de maneira
aleatória, para avaliar sua eficácia [4]. Outro aspecto relevante ao escolher a
terapêutica utilizada é a aderência do paciente a ela. Arcos et al. [5]
acompanharam 275 pacientes, dos quais 82,2% apresentaram aderência com uso de
CPAP superior a 5 horas por noite.
Embora saibamos que o tratamento padrão-ouro para casos de
SAOS é o CPAP, principalmente nos casos moderados a graves e sintomáticos [17],
considerando que a SHO é potencialmente tratável, encontra-se dificuldade em
comparar ensaios clínicos devido às diferentes titulações da VNI e do CPAP. Com
isso, o presente estudo objetiva realizar uma revisão integrativa da literatura
existente sobre a utilização de pressão positiva como terapêutica de escolha na
SHO.
Critérios
de elegibilidade
Foram incluídos ensaios clínicos randomizados, que
utilizaram como estratégia terapêutica para o tratamento da SHO com CPAP em
comparação com a VNI binível. Foram incluídos estudos
publicados em jornais científicos entre 2008 e 2017, somente para publicações
de artigos em inglês. Estudos que incluíram participantes sem SHO ou estudos
que incluíram SHO concomitante a outras doenças que cursam com insuficiência
respiratória aguda ou crônica, como por exemplo, DPOC, doença neuromuscular,
transtorno torácico restritivo, insuficiência cardíaca significativa foram
excluídos, assim como ensaios clínicos não randomizados, artigos de revisão e
estudos prospectivos.
A intervenção para o grupo ativo consistiu na aplicação do
CPAP e/ou VNI noturno, fornecido através de uma máscara ou bocal.
Estratégia
de pesquisa
Pesquisou-se nas bases de dados PubMed
e Web of Science, entre 15 de dezembro de 2017 até 15
de fevereiro de 2018, para artigos em inglês, limitando a pesquisa a ensaios
clínicos randomizados. As palavras-chave utilizadas foram: “Obesity
Hypoventilation AND noninvasive
ventilation AND nocturnal hypoventilation”; Obesity hypoventilation AND noninvasive ventilation AND CPAP”; “Obesity Hypoventilation AND nocturnal hypoventilation AND ventilation”
Artigos relevantes, mas que não foram encontrados nas
buscas realizadas às bases de dados pesquisadas, foram procurados manualmente.
A seleção dos artigos está demonstrada no fluxograma 1.
Fonte: Os autores (2020)
Fluxograma
1 - Seleção dos
artigos participantes
Extração
e gerenciamento de dados
Dois autores de revisão (AAM e LPP) extraíram dados
independentemente dos estudos incluídos em uma forma pré-descrita.
Registraram-se as seguintes informações: métodos de estudo; características do
participante; intervenções; desfechos e resultados. Ainda, fez-se a ressalva de
que a VNI tenha sido usada durante treinamento físico nos grupos tratados
ativamente, pós-treinamento.
Os dados de resultados primários e secundários foram
extraídos apenas quando os participantes do estudo foram avaliados enquanto
estavam fora da VNI (por exemplo, não atendidos teste de capacidade de
exercício).
Ao final da revisão integrativa foram selecionados 4
artigos (Tabela I).
Tabela
I - Resultados da revisão integrativa (ver PDF tabela)
Howard et al. [19] realizaram na Austrália um estudo
randomizado com duração de 3 meses. Separando os 57 indivíduos em grupo que fez
uso de ventilação não invasiva modo binível (27
participantes) e grupo que fez uso de ventilação não invasiva modo CPAP (30
participantes). A amostra foi composta por obesos com IMC superior a 30 e PH
normal na gasometria de ambos os grupos, com saturação de oxigênio superior a
90%. A idade média foi de 53 anos. As variáveis analisadas foram falha ventilatória, mortalidade, qualidade de vida,
aderência ao tratamento e atividade física. Encontraram como resultados que
diante de uma amostra similar de participantes não houve falha do tratamento
entre os grupos (Binível, 14,8% vs
CPAP 13,3%). Concluíram ainda que a aderência ao tratamento e a suspensão da
PaCO2 foram similares, com uso de 5,3 horas por noite no grupo Binível enquanto o uso no grupo CPAP foi de 5 horas por
noite. Não houve diferença significativa também na Escala de Sonolência (Epworth) e no questionário de qualidade de vida SF-36. O
único preditor de insuficiência respiratória persistente foi a PCO2
em ambos os grupos. O estudo de Arellano-Maric [20]
ainda acrescenta que, além de serem igualmente eficazes, o custo do CPAP é
menor, sendo viável a adoção do CPAP em vez da VNI.
Na Espanha, Masa et al.
[21] realizaram um estudo randomizado, com duração de 2 meses e constituído por
3 grupos: Grupo Intervenção 1 com uso de VNI; Grupo Intervenção 2 com uso de
CPAP e um Grupo Controle (GC) com mudanças no estilo de vida. A amostra foi
composta por 203 participantes, divididos em 3 grupos, GI 1 VNI (64
participantes), GI 2 CPAP (69 participantes) e Grupo Controle Mudança no estilo
de vida (67 participantes). Com idade média de 60 anos. As variáveis analisadas
foram o PaCO2, os sintomas clínicos, questionário de qualidade de vida (QVRS),
polissonografia, espirometria, TC 6 minutos, abandono, conformidade e efeitos
colaterais.
Conclui-se que a VNI produziu melhoria mais expressiva na
PaCO2 e Bic, com diferenças significativas em relação ao grupo
controle, mas não em relação ao grupo CPAP. No GI 2 CPAP, a melhoria da PaCO2
foi significativamente diferente do GC somente após o ajuste de conformidade
CPAP. Sintomas clínicos e parâmetros polissonográficos
melhoraram de forma semelhante com VNI e GI 2 CPAP em relação ao GC. Algumas
avaliações de QVRS, a espirometria e distância de caminhada de 6 minutos
melhoraram mais com VNI do que com CPAP. Os abandonos foram semelhantes entre
os grupos e a conformidade e os efeitos secundários foram semelhantes entre a
VNI e CPAP.
Avaliando fatores semelhantes, no estudo de Corral [22], o tratamento com VNI apresentou maior eficácia
que o CPAP e o estilo de vida na melhora da hipertensão pulmonar, hipertrofia
ventricular esquerda e resultados funcionais.
Carter et al. [23], dos Estados Unidos, realizaram
um estudo randomizado, com duração de 6 semanas. A intervenção ocorreu com três
variáveis de modos ventilatórios (AVAPS- AE, CPAP e binível),
em uma amostra de 17 participantes com idade média de 50 anos. Para o modo
AVAPS-AE, o volume corrente alvo foi definido em 8 ml/kg de peso corporal ideal
com pressão de suporte mínima de 4 e máxima de 26 cmH2O, pressão
expiratória positiva nas vias aéreas mínima de 4 e máxima de 20 cmH2O,
e uma taxa de backup no sistema modo automático.
Foi investigado os benefícios da ventilação na Pressão
Arterial (PA). Conclui-se que o tratamento com PAP reduz as ondas noturnas dos
batimentos do coração (frequência cardíaca) em pacientes com SHO com SAOS
subjacente, e isso melhora a regulação noturna da PA. As análises deste estudo
e metodologia se diferenciam dos demais (compara com ele mesmo). Foi observado
que as reduções em tempo de registro abaixo de 90% de saturação de oxigênio
(T90), ou seja, 6 semanas de PAP na linha de base, foram fortemente
correlacionadas com as reduções na cirurgia noturna de PA após 6 semanas de
terapia com PAP. Essa melhora na regulação da PA noturna foi maior em pacientes
com maior adesão ao PAP. A adesão ao PAP durante o período de 6 semanas foi
significativamente correlacionada com reduções nos surtos de PA sistólica noturna
(r = 0,713, p = 0,001) e diastólica (r = 0,497, p = 0,043).
Apesar dessas melhorias induzidas por PAP nos surtos
noturnos de PA batimento a batimento, a terapia de 6 semanas com PAP não
alterou a PA diurna. Na revisão sistemática de Soghier
[24], foi encontrada eficácia semelhante tanto com a utilização de VNI, quanto
com o CPAP para tratamento de primeira linha em pacientes ambulatoriais com SHO
e SAOS grave coexistentes. Além disso, apesar de não haver diferença
significativa na eficácia, a VNI apresenta maior custo, enquanto pacientes com
idade avançada, função pulmonar deficiente ou com insuficiência ventilatória
aguda podem não ter boa resposta ao CPAP.
Piper et al. [25], Austrália, realizaram um estudo
randomizado com duração de 3 meses. A amostra foi composta por 36 pacientes
divididos em 2 grupos, GI 1 CPAP (18 participantes), GI 2 VNI (18
participantes), incluindo obesos com hipercapnia e IMC maior ou igual a 30, que
apresentavam insuficiência respiratória compensada em vigília estável com
tensão arterial de dióxido de carbono (PaCO2) maior ou igual a 45
mmHg e pH maior ou igual a 7,34, relação volume expiratório forçado em 1
segundo /capacidade vital forçada (VEF1/CVF) maior ou igual a 70%. Com média de
idade de 52 e 47 anos, respectivamente. As variáveis analisadas foram as
medições antropométricas, qualidade de vida, qualidade do sono, testes de
vigilância psicomotora e testes cognitivos. Conclui-se que após 3 meses de
tratamento, os níveis de dióxido de carbono durante o dia diminuíram em ambos
os grupos (CPAP 6 (8) mmHg; VNI 7 (7) mmHg) sem diferenças entre os grupos. Não
houve diferença na conformidade entre os dois grupos de tratamento (5,8 (2,4) h
/ CPAP noite vs. 6,1 (2,1) h / noite BVS). Embora ambos os grupos tenham
relatado uma melhora na sonolência diurna, a qualidade subjetiva do sono e o
desempenho da vigilância psicomotora foram melhores com o VNI. Tanto CPAP como
VNI parecem ser igualmente eficazes na melhoria da hipercapnia diurna em um
subgrupo dos pacientes com síndrome da hipoventilação
da obesidade sem hipoxemia noturna grave.
Tanto CPAP como VNI parecem ser igualmente eficazes na
melhoria da hipercapnia diurna em pacientes com síndrome da hipoventilação
da obesidade sem hipoxemia noturna grave. Quando comparados, ambos apresentam
melhora na PaCO2, Bic, sintomas clínicos e parâmetros da polissonografia. Além
disso, quando tratados com VNI apresentaram melhora mais expressiva no
desempenho da vigilância psicomotora e qualidade do sono. O tratamento com ventilação
não invasiva durante a noite é capaz de melhorar a hipoventilação
diurna e noturna. O uso da VNI resulta em melhora na PaCO2 e Bic,
quando comparado com o grupo controle. O tratamento PAP reduz os surtos
noturnos de PA batimento a batimento em pacientes com SHO com SAOS subjacente,
e essa melhora na regulação da PA noturna foi maior em pacientes com maior
adesão ao PAP.
Conflitos de interesse
O estudo não apresenta conflito de interesses.
Contribuição de cada autor
Luana Pereira Paz: Concepção e desenvolvimento; Desenho
metodológico; Supervisão; Coleta e tratamento dos dados; Levantamento da
literatura; Redação; Revisão crítica
Rubia Bayerl: Levantamento da
literatura; Redação; Revisão crítica
Natalye Victoria da Costa Arsie: Redação; Revisão crítica
Arlete Ana Motter: Concepção e
desenvolvimento; Desenho metodológico; Coleta e tratamento dos dados; Análise /
interpretação; Revisão crítica
Fonte de financiamento
O estudo não obteve contribuição financeira.