Fisioter Bras 2022;23(4):618-32
REVISÃO
Abordagem
fisioterapêutica no pós-operatório de cirurgia bariátrica: revisão sistemática
Physiotherapeutic approach in the postoperative period of bariatric
surgery: systematic review
Adriana de Aquino Chamis*, Thereza Maria Martins*, Vania Cristina dos Reis
Miranda, Ft.**, Flávio de Pádua Oliveira Sá Nery, Ft.**, Elaine Cristina
Martinez Teodoro, Ft.**
*Discentes do Curso de
Fisioterapia do UniFUNVIC, Centro Universitário
FUNVIC, Pindamonhangaba, SP, **Professores do Curso de Fisioterapia do UniFUNVIC, Centro Universitário FUNVIC, Pindamonhangaba, SP
Recebido em 27 de fevereiro
de 2021; Aceito em 20 de junho de 2022.
Correspondência: Elaine Cristina Martinez Teodoro,
Avenida Oswaldo Aranha 1961, 12606-000 Lorena SP
Adriana de
Aquino Chamis: adrianachamis@gmail.com
Thereza
Maria Martins: thereza_mariam@hotmail.com
Vania
Cristina dos Reis Miranda: vcrmiranda2@gmail.com
Flávio de
Pádua Oliveira Sá Nery: neryflavio@gmail.com
Elaine
Cristina Martinez Teodoro: teodoro.elaine18@gmail.com
Resumo
Objetivo: O presente estudo tem por objetivo
verificar os principais benefícios e efeitos fisiológicos de um programa de
exercícios, como intervenção fisioterapêutica, no pós-operatório de cirurgia
bariátrica. Métodos: Trata-se de uma revisão sistemática de literatura
na qual foi realizado um levantamento bibliográfico nos bancos de dados Bireme
e Pubmed e nas bases de dados Scielo
e Lilacs. Foram utilizados artigos na língua inglesa
e portuguesa publicados no período de 2011 a 2018. Os critérios de inclusão
foram estudos que envolvessem procedimentos experimentais realizados em adultos
com obesidade mórbida, que apresentassem um programa de exercícios físicos como
intervenção pós-cirurgia bariátrica e que contivessem um grupo controle. Também
de forma independente, foi avaliada a qualidade metodológica dos estudos
selecionados com a Escala de Qualidade de JADAD. Resultados: Os
treinamentos compostos por exercícios combinados aeróbicos e resistidos
apresentaram uma resposta mais eficaz e quando realizados de maneira
personalizada foram capazes de proporcionar maior aderência e resultados mais
significativos. Conclusão: Um programa composto por exercícios aeróbicos
e resistidos, quando realizado de maneira personalizada no pós-operatório de
cirurgia bariátrica é capaz de promover perda de peso significativa, diminuição
do percentual de gordura, ganho de força muscular, melhora da sensibilidade à
insulina, aumento da capacidade física e aeróbica, melhora da variabilidade da
frequência cardíaca e do bem-estar psicológico do paciente.
Palavras-chave: obesidade; emagrecimento; cirurgia
bariátrica; exercício.
Abstract
Objective: This study aims to verify the main benefits and
physiological effects of an exercise program, as a physical therapy
intervention, during the postoperative period of a bariatric surgery. Methods:
This is a systematic literature review and a bibliographic survey was conducted
in the Bireme and Pubmed databases and in the Scielo and Lilacs databases. Articles in English and
Portuguese published from 2011 to 2018 have been used. Inclusion criteria
studies were considered by involving experimental procedures performed on
adults with morbid obesity, who followed a physical exercise program as
bariatric surgery postoperative intervention for a control group. Also
independently, the methodological quality of the studies selected was evaluated
using the JADAD Quality Scale. Results: The training consisting of
combined aerobic and resistance exercises showed a more effective response and
when performed in a personalized way were able to provide greater adherence and
more significant results. Conclusion: A program composed by aerobic and
resisted exercises, when performed in a personalized way in the postoperative
period of a bariatric surgery, is able to promote a significant weight loss,
decrease of the fat percentage, muscle and strength gains, insulin sensitivity
improvement, increase of the physical and aerobic capacity, improvement of the
heart rate variability and, mainly, the patient's psychological well-being.
Keywords: obesity; weight loss; bariatric surgery; exercise.
A
obesidade tem sido considerada um problema global de saúde visto que abrange um
número elevado de pessoas [1]. É uma doença preocupante por aumentar as
morbidades, além de ser de ordem multifatorial, o que predispõe o organismo ao
desenvolvimento de várias doenças como Diabetes Mellitus (DM), Hipertensão
Arterial Sistêmica (HAS), Síndrome da Apnéia Obstrutiva
do Sono (SAOS), osteoartrite, doença coronariana, Acidente Vascular Encefálico
(AVE), neoplasias, disfunções endócrinas, depressão entre outras que podem
levar à morte precocemente [2].
As
tendências de transição nutricional ocorridas na sociedade moderna geraram
condições para o crescimento explosivo da obesidade, pois convergiram para uma
dieta mais rica em gorduras (particularmente as de origem animal), açúcares,
alimentos refinados e reduzida em carboidratos complexos e fibras [2]. Estes fatores
aliados com o declínio progressivo da atividade física dos indivíduos,
proporcionam uma redução no gasto calórico e aumento de gordura [3].
Quando a
obesidade chega ao grau III, denominado de obesidade mórbida, ela apresenta
altos riscos de desenvolver comorbidades, ou seja, predispõe o indivíduo a
desenvolver outras doenças e elevam os riscos de morte [4]. Torna-se
fundamental a perda de peso no intuito de melhorar a qualidade de vida do
paciente [2].
Estudos
mostraram que o tratamento conservador isolado, ou seja, aquele que é realizado
apenas por meio de exercícios físicos, medicamentos, mudanças de hábitos
alimentares e comportamentais, tem sido pouco eficaz, neste caso [5]. A
cirurgia bariátrica surge como melhor alternativa por proporcionar resultados
rápidos e auxiliar na diminuição de problemas gerados pelo alto índice de
gordura corporal podendo inclusive anular outras doenças relacionadas, como a
HAS e a DM [6].
Os
efeitos deletérios da cirurgia bariátrica costumam ocorrer no sistema
respiratório e muscular, deste modo os exercícios físicos podem beneficiar não
somente uma rápida recuperação, como contribuir para benefícios a longo prazo,
como a melhora de força, equilíbrio e flexibilidade, além de ajudar a manter os
ossos saudáveis, melhorar a imunidade e promover o bem-estar psicológico do
paciente [5,6,7].
O
tratamento fisioterapêutico por meio de exercícios físicos se tem destacado
como o grande responsável na qualidade de vida pós-cirurgia bariátrica, sendo
recomendado como um importante componente para promover o ganho de força e
massa muscular, aumentar a demanda de energia, melhorar a densidade mineral
óssea, a função cognitiva e a qualidade do sono [5,8].
Diante do
exposto, o presente estudo tem como objetivo verificar os principais benefícios
e efeitos fisiológicos de um programa de exercícios, como intervenção
fisioterapêutica, no pós-operatório de até 24 meses, de cirurgia bariátrica.
Trata-se
de uma revisão sistemática, cujo objetivo foi verificar os principais
benefícios de um programa de exercícios, como intervenção fisioterapêutica, no
pós-operatório de cirurgia bariátrica. Foi realizado um levantamento
bibliográfico nos bancos de dados Bireme e Pubmed e
nas bases de dados Scielo e Lilacs.
A pesquisa utilizou artigos na língua inglesa e portuguesa publicados no
período de 2011 a 2018, com descritores em ciência de saúde: obesidade,
emagrecimento, cirurgia bariátrica e exercícios, e em inglês: obesity, weight loss, bariatric surgery, exercise, com as
combinações dos operadores booleanos “OR” e “AND”. As buscas foram realizadas
entre maio e junho de 2019.
Os
estudos foram selecionados conforme o conteúdo do título, resumo e metodologia,
tendo como critérios de inclusão: artigos científicos com escore JADAD ≥ 3,
que descrevessem procedimentos experimentais realizados em adultos com
obesidade mórbida, submetidos a um programa de exercícios físicos como
intervenção pós-cirurgia bariátrica e que contivessem grupos controle.
Os
critérios de exclusão compreenderam artigos científicos com escore JADAD < 3,
revisões de literatura e sistemática, trabalhos não disponíveis na íntegra, que
envolvessem exercícios aplicados somente no pré-operatório de cirurgia
bariátrica, que contivessem cirurgia em adolescentes e estudos que realizaram
treinamento muscular respiratório de forma isolada.
O escore
JADAD foi eleito como a escala de qualidade para avaliar os artigos neste
estudo, por se tratar de um instrumento desenvolvido para diminuir as
tendenciosidades, ou seja, validade interna. Por meio de um questionário foram
realizadas as seguintes verificações: se o estudo era randomizado, se o método
de randomização era adequado, se era duplo-cego, se o método de blindagem era
adequado; se havia descrição das exclusões e perdas do estudo. Cada resposta
positiva gerou um ponto, de modo que cada questão apresentou apenas uma
resposta, o que resultou em uma avaliação de zero a cinco pontos, sendo
considerado estudo de má qualidade aquele que obtivesse a pontuação igual ou
inferior a dois [9].
No portal
da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), 501 artigos estavam na base de dados:
Literatura Latino Americana e do Caribe de Informações em Ciências da Saúde (Lilacs). O resultado da busca, com os descritores “exercise” OR “training” AND “bariatric
surgery” e filtros apresentou 4 artigos disponíveis.
Foi realizada a leitura dos títulos e resumos desses artigos, dentre os quais,
por não abordarem quaisquer temas como: ‘exercícios, pós-operatório e cirurgia
bariátrica, foram excluídos, não permanecendo nenhum artigo para a realização
deste trabalho.
A busca
na Scientific Electronic
Library Online (Scielo) proporcionou 23 artigos, após
a leitura dos títulos, resumos e aplicação dos filtros permaneceram 21, dos
quais 2 foram eleitos para avaliação do escore JADAD, permanecendo somente 1
para a realização do presente trabalho.
No banco
de dados National Library of
Medicine (Pubmed), a busca foi realizada através dos
descritores “exercise”” AND “bariatric
surgery” na qual surgiram 1176 artigos, sendo
utilizados os filtros: “ensaios clínicos”, “textos completos”, “em língua
inglesa”, “realizados nos últimos 10 anos” e “espécie humana” resultando em 73
disponíveis. Após a leitura de 15 artigos disponíveis na íntegra foram
excluídas as duplicatas e os que tiveram baixa avaliação no Escore JADAD, sendo
selecionados 8 artigos para serem incluídos nesta revisão.
Após a
aplicação dos critérios do escore JADAD, 9 artigos foram considerados de alta
qualidade e incluídos por preencherem os critérios de seleção para esta revisão
sistemática, conforme demonstrado na Figura 1.
Para a
extração dos dados obtidos no processo revisional, elaborou-se um instrumento
contendo as seguintes informações: autor, ano, escore JADAD, método, objetivo,
intervenção e conclusão.
Figura 1 - Fluxograma do levantamento
bibliográfico da presente revisão sistemática
Resultados
As
características dos estudos que preencheram os critérios de inclusão, assim
como as intervenções e conclusões estão sumarizadas no Quadro 1.
Quadro 1 - Características dos estudos
incluídos (n = 9)
A
gastroplastia com derivação gastrojejunal em Y de
Roux foi encontrada em todos os artigos analisados e tem sido destaque na
atualidade em todo o mundo, devido ao seu alto grau de eficácia, rapidez e
segurança, além de apresentar baixos índices de mortalidade [19].
O método
consiste na redução da capacidade gástrica, excluindo o duodeno, o jejuno e
parte do estômago remanescente do trânsito alimentar. O pequeno reservatório
gástrico é então anastomosado a uma alça jejunal isolada em Y, promovendo dois
fatores associados: o restritivo, que gera saciedade com pequena quantidade de
alimento e o disabsortivo, que gera diminuição do
local de absorção dos nutrientes no intestino delgado [20].
Em
relação à nacionalidade dos artigos utilizados no presente trabalho, a maior
parte é de origem estrangeira: 33,3% dos estudos são americanos, outros 33,3%
são europeus, 11,1% são do oriente médio e 22,2% são brasileiros, de São Paulo
e Paraná.
Os
autores descreveram como critérios de inclusão, artigos que selecionaram
pacientes de 18 a 60 anos, de ambos os gêneros, com obesidade mórbida e que
realizaram cirurgia bariátrica. Para a pesquisa de Carnero
et al. [15] foram eleitos pacientes não diabéticos submetidos à cirurgia
de bypass gástrico em Y de Roux, enquanto Castello et
al. [10] elegeram apenas indivíduos do sexo feminino.
Os
critérios de exclusão apresentados nos estudos estavam relacionados às
condições de saúde do paciente, tais como: neurológicas, ortopédicas,
cardíacas, entre outras que os impedissem de iniciar um programa de
treinamento, contraindicações médicas para a realização de exercícios e a
execução de outra atividade física regular no momento da intervenção.
Através
da análise do levantamento das amostras encontradas pelos autores, foi possível
definir um perfil sociodemográfico dos pacientes que realizaram este tipo de
intervenção com o objetivo de emagrecimento. Foram, em sua grande maioria,
mulheres caucasianas, com média de idade de 42 anos.
Com
relação ao tratamento clínico para o emagrecimento, entre os estudos
selecionados, as metodologias utilizadas por Creel et
al. [12], Coleman et al. [14], Carnero
et al. [15], Mundjerb et al. [16],
Stolberg et al. [18]
foram as que ofereceram um maior período de intervenção e definiram os efeitos
dos programas de exercícios no período de seis meses, seguidos por Castello et
al. [10] Hassannejad et al. [13] e Herring et al. [17] com três meses e Oliveira et
al. [11] com um mês.
Coleman et
al. [14] utilizaram pacientes que iniciaram o programa de atividades
físicas 6 a 18 meses após a cirurgia bariátrica e que não eram totalmente
sedentários, apresentando uma perda de peso importante, com uma média de 33 kg/m²
de Índice de Massa Corporal (IMC) no início da intervenção. Assim como Herring et al. [17] que incluíram pacientes entre 12
e 24 meses após a cirurgia bariátrica, com IMC entre 28 e 30 kg/m², porém
classificados como inativos segundo o autorrelato de tempo ≤ 150 minutos
de atividade física com intensidades de moderada a intensa por semana. Nos
estudos de Mundbjberg et al. [16] e Stolberg et al. [18] os participantes iniciaram as
atividades após 6 meses de pós-operatório.
Ao
analisar os programas de exercícios físicos utilizados nos 9 estudos
selecionados, constatou-se que as atividades aeróbicas foram realizadas em
todas as intervenções por meio de caminhadas ao ar livre, esteira e bicicleta
ergométrica. O treinamento resistido esteve presente em 6 estudos por meio de
exercícios isotônicos, calistenia, uso de therabands
entre outros. Nos estudos de Castello et al. [10] e Oliveira et al.
[11] foram utilizados alongamentos durante o aquecimento, Castello et al.
[10] propuseram também exercícios respiratórios para o relaxamento.
Os textos
analisados apresentaram, em sua maior parte, programas de exercícios com
intensidade moderada, baseados na frequência cardíaca, no consumo máximo de
oxigênio (VO2 máximo) e no teste de 1 Repetição Máxima (RM) de cada
paciente, sendo diferenciado somente o estudo de Oliveira et al. [11]
que retrata um treinamento de baixa intensidade.
Além
disso, os trabalhos mostram que apenas Creel et
al. [12] e Herring et al. [17] tiveram
suas intervenções realizadas de maneira personalizada, não sendo possível
conhecer afundo as atividades realizadas durante todo o processo. No entanto,
demonstram uma preocupação com a adequação dos exercícios e a necessidade de
atuação motivacional para incentivar os pacientes a aumentar o nível de
atividade física.
A
frequência das atividades foi medida por meio da quantidade de minutos por
semana, nos estudos de Hassannejad et al. [13]
e Carnero et al. [15] pelo número de passos
por dia, nos trabalhos de Creel et al. [12]
pelo número de vezes por semana.
Entre os
estudos que utilizaram exercícios combinados na intervenção, o realizado por Stolberg et al. [18] foi o único selecionado que
buscou resultados quantitativos, por meio de acelerômetro e qualitativos, por
meio de questionários autorreferidos sobre as melhorias alcançadas nos domínios
saúde geral, funções, limitações, dores corporais, vitalidade, estado emocional
e saúde mental, avaliados por meio do SF-36 (Short Form
Health Survey 36), assim como o questionário IPAQ
(Questionário Internacional de Atividade Física) sobre as esferas: domiciliar,
ocupacional, recreacional e atividade física relacionada a transportes, o que
possibilitou uma abordagem mais ampla sobre as contribuições importantes na
qualidade de vida dos indivíduos envolvidos na intervenção.
Para a
avaliação dos resultados, em todos os artigos foram utilizadas medidas
antropométricas como peso e altura para a determinação do IMC, análise e ou
controle da frequência cardíaca e da pressão arterial. Foram utilizadas dobras
cutâneas e circunferências corporais [10], bioimpedância [13,17] ou tomografia
[15] para verificar o percentual de gordura e massa magra, assim como, para
analisar a perda de medidas. Creel et al. [12] Carnero
et al. [15] e Stolberg et al. [18] descreveram o uso do acelerômetro, a fim de mensurar a
quantidade de METs (medida do Equivalente Metabólico)
alcançados. Creel et al. [12] e Coleman et al.
[14] tinham pedômetros para mensurar a quantidade de passos efetuados por dia e
Oliveira et al. [11] avaliaram a Pressão Expiratória Máxima (PEmáx) e a Pressão Inspiratória Máxima (PImáx)
através do manovacuômetro.
Os
estudos [10,12,15,16] realizaram teste de esforço em esteira, cicloergômetro ou bicicleta ergométrica para determinar a
capacidade aeróbica, os estudos [10,11,13,14,17] utilizaram o teste de caminhada
de 6, 10 ou 12 minutos para capacidade funcional. Os estudos de Castello et
al. [10] e Oliveira et al. [11] associaram este teste à escala de
percepção de esforço de Borg.
A força
dos membros inferiores foi aferida por meio do teste de sentar e levantar-se da
cadeira em 1 minuto [13,14,16,17], e para análise da força foi utilizado o
teste de 1RM [10,13,16,17] e Stolberg et al.
[18] salientaram atividades autorreferidas e motivação por meio dos
questionários Baecke, IPAQ, SF-36, IPAQ-SF (Questionário Internacional
de Atividade Física – Short Form) ou QMAD
(Questionário de Motivação para Adesão Desportiva).
Todos os
estudos analisados apresentaram resultados de perda de peso significativa nos
meses subsequentes à realização da cirurgia bariátrica, independente da
participação de um programa físico de treinamento, no entanto, Castelo et
al. [10] e Creel et al. [12] explicam que
os indivíduos que participaram das intervenções apresentaram melhorias
importantes que foram aceleradas, comparados ao grupo controle.
As
atividades, tanto aeróbicas, quanto resistidas demonstraram grande melhora na
capacidade funcional, porém, de acordo com Castelo et al. [10] os
exercícios aeróbicos moderados aprimoraram a variabilidade da frequência
cardíaca e reduziram significativamente as medidas de circunferência axilar,
xifoide, quadril, cintura e coxa. Carnero et al.
[15] adicionam outros benefícios adquiridos como a diminuição do percentual de
gordura, a melhora da sensibilidade à insulina e o aumento da aptidão
cardiorrespiratória.
Oliveira et
al. [11] relatam que os exercícios resistidos combinados aos aeróbicos
aperfeiçoam o nível de percepção de esforço da escala de Borg. As medidas
encontradas por Hassannejad et al. [13] e Mundbjerg et al. [16] demonstram que também há um
aumento da força muscular e consequentemente uma diminuição da perda de massa
muscular.
Creel et al. [12] verificaram que o
aconselhamento individualizado de exercícios é capaz de aumentar o nível de
atividade se comparado ao fornecimento de equipamentos como pedômetros sem
apoio contínuo e feedback.
Oliveira et
al. [11] foram os únicos autores que realizaram um programa de exercícios
respiratórios, aeróbicos e resistidos de baixa intensidade e curta duração, em
30 dias, e mesmo assim observaram melhoras na capacidade funcional e no índice
de percepção de esforço, todavia não obtiveram melhora na força muscular
respiratória.
Stolberg et al. [18] relataram que a
cirurgia bariátrica é capaz de provocar benefícios notáveis na qualidade de
vida do paciente, entretanto não é suficiente para aumentar sua participação em
níveis de atividade física. Um treinamento físico supervisionado por 6 meses
pós-cirurgia bariátrica é capaz de gerar grandes benefícios para a saúde em
geral por até vinte e quatro meses após a cirurgia, porém é necessário que haja
continuidade do mesmo.
Os
estudos mostraram resultados satisfatórios com os programas de exercícios
pós-bariátricos, principalmente quando adicionados exercícios resistidos aos
treinos aeróbicos, para a prevenção da perda da massa livre de gordura [13,16].
Assim como a preocupação na determinação do volume e intensidade dos mesmos de
maneira individualizada, pois obesos mórbidos não são muito suscetíveis à
pratica de atividades físicas [12,17].
O
presente trabalho encontrou limitações como a dificuldade
em encontrar artigos
em textos completos referentes ao tema abordado, ao comparar os
resultados dos
programas de atividades físicas nos
pós-operatórios bariátricos, devido às
diferenças nos protocolos de treinamento, bem como nas
metodologias de
avaliação e no período de duração
das intervenções, além da falta de estudos
que apresentem um acompanhamento desses pacientes por um período
igual ou
superior a cinco anos.
Pode-se
concluir que a intervenção fisioterapêutica por meio de programas de exercícios
aeróbicos, resistidos e respiratórios realizados no pós-operatório de pacientes
submetidos à cirurgia bariátrica foi capaz de promover benefícios como a perda
significativa de peso e do percentual de gordura, o aumento da força muscular,
da capacidade física e aeróbica, melhora da sensibilidade à insulina, da
variabilidade da frequência cardíaca, da qualidade de vida e do bem-estar
psicológico do paciente. Sugere-se que os mesmos sejam realizados com um
acompanhamento multidisciplinar por toda a vida, a fim de serem mantidos.
Os
treinamentos compostos por exercícios combinados aeróbicos e resistidos
apresentaram uma resposta mais eficaz e quando realizados de maneira
personalizada foram capazes de proporcionar maior aderência e resultados mais
significativos.
Conflito
de interesses
Não houve
conflito.
Fontes
de financiamento
Dos
autores.
Contribuição
dos autores
Concepção
e desenho da pesquisa:
Teodoro ECM; Coleta de dados: Chamis AA; Análise
e interpretação dos dados: Chamis AA, Teodoro
ECM; Redação do manuscrito: Chamis AA, Teodoro
ECM, Martins TM; Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo
intelectual importante: Miranda VCR, Nery FPOS, Martins TM