Fisioter
Bras 2022;23(1):91-113
REVISÃO
Eficácia da eletroestimulação no
tratamento da incontinência urinária de esforço: uma metanálise
Effectiveness of
electrostimulation in treating stress urinary incontinence: a metanalysis
Patrícia Zaidan*, Fabio Dutra
Pereira*, Elirez Bezerra da Silva**
*Universidade Estácio de Sá /UNESA,
**Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ)
Recebido em 12 de abril de 2021; aceito em 15 de dezembro
de 2021.
Correspondência: Patrícia Zaidan,
Universidade Estácio de Sá, Rua Miguel Couto 134, sl
402, 20070-030 Rio de Janeiro RJ
Patrícia Zaidan de Barros: patriciazaidan@gmail.com
Fabio Dutra Pereira:
m.g@metangrupo.com
Elirez Bezerra da Silva:
elirezsilva@cosmevelho.com.br
Resumo
Introdução: A eletroestimulação é reconhecida como
uma das terapias fundamentais na reeducação esfincteriana e do períneo, ao
promover a contração dos músculos e permitir ao paciente tomar consciência de
si mesmo. Ela induz a contração dos MAP até o restabelecimento da
voluntariedade do comando contrátil e ganho de força muscular, garantindo um
bom funcionamento das fibras estriadas do esfíncter uretral externo,
proporcionando a continência urinária. Objetivo: Identificar a frequência mais
utilizada na eletroestimulação para a recuperação da incontinência urinária de
esforço (IUE) em mulheres e homens; verificar a eficácia da eletroestimulação
no tratamento da incontinência urinária de esforço. Métodos: Realizou-se
uma busca nas bases de dados US National Library of Medicine (Medline), Scientific
Eletronic Library Online (Scielo), Physiotherapy Evidence Database (PEDro), Cochrane
Library, Lilacs, Web of
Science, Scopus, Cinahl e Sport Discus, com os descritores incontinência urinária,
eletroestimulação e estimulação elétrica, por experimentos controlados
randomizados (ECR). Foram incluídos estudos com pacientes homens e mulheres de
qualquer idade com IUE, que foram submetidos a eletroestimulação, selecionados
pela escala Jadad e avaliado o risco de viés pela
ferramenta da Colaboração Cochrane. Dos estudos foram extraídos a idade e sexo
dos pacientes, n dos grupos, frequência utilizada na eletroestimulação, duração
da sessão, quantidade de sessões, duração do tratamento, avaliação da IUE e o
resultado da IUE. Foi utilizado para avaliar o nível de evidência da metanálise o sistema GRADE. Foram metanalisados
8 estudos utilizando-se o RevMan 5.3. Resultados:
A frequência mais utilizada na eletroestimulação foi de 50 Hz em mulheres e em
homens. Foram identificados 172 ECR, dos quais 26 ECR foram revisados e 8 ECR
foram metanalisados. Seis ECR eram com mulheres e
apresentaram heterogeneidade (I2 = 48%), redução da IUE de -12,08 g, IC 95% de
-14,08 - 10,08 g, P < 0,00001. Para homens, 2 ECR que apresentaram
heterogeneidade (I2 = 0%), redução da IUE de -151,28 g, IC de -236,64 - 65,92
g, P < 0,0005. Conclusão: A frequência mais utilizada na
eletroestimulação para recuperar a continência urinária de mulheres com IUE e
homens com IU pós-prostatectomia foi a de 50 Hz e se
mostrou eficaz na recuperação da continência. Entretanto, recomenda-se atenção
em relação aos resultados obtidos com os homens, devido ao muito baixo nível de
evidência encontrado.
Palavras-chave: estimulação elétrica; perda urinária;
Fisioterapia.
Abstract
Introduction:
Electrical stimulation is recognized as one of the fundamental therapies in
sphincter and perineal reeducation, by promoting muscle contraction and
allowing the patient to become aware of himself. It induces the contraction of
the MAPs until the voluntary contractile command is restored and gain of muscle
strength, ensuring a smooth functioning of the striated fibers of the external
urethral sphincter, providing urinary continence. Objective: To identify
the most frequently used frequency in electrostimulation for the recovery of
stress urinary incontinence (SUI) in women and men; to verify the effectiveness
of electrostimulation in the treatment of stress urinary incontinence. Methods:
A search was made in the databases National Library of Medicine (Medline),
Scientific Electronic Library Online (Scielo),
Physiotherapy Evidence Database (PEDro), Cochrane
Library, Lilacs, Web of Science, Scopus, Cinahl and
Sport Discus, with the descriptors urinary incontinence, electrostimulation and
electrical stimulation, by randomized controlled trials (RCTs), which included
studies with male and female patients of all ages with SUI who were submitted
to electrostimulation, selected by the Jadad scale
and evaluated the risk of by the Cochrane Collaboration tool. From the studies
were extracted the age and sex of patients, n of the groups, frequency used in
electrostimulation, duration of the session, number of sessions, duration of treatment,
evaluation of SUI and result of SUI. The GRADE system was used to evaluate the
level of evidence of the meta-analysis. Eight studies were analyzed using RevMan 5.3. Results: The frequency most frequently
used in electrostimulation was 50 Hz in women and in men. A total of 172 RCTs
were identified and 26 RCTs were reviewed and 8 RCTs were metanalyzed.
Six RCTs were with women and presented heterogeneity (I2 = 48%), a reduction in
SUI of -12.08 g, 95% CI -14.08 - 10.08 g, P < 0.00001. For men, 2 RCTs
showed heterogeneity (I2 = 0%), reduction of SUI of -151.28 g, IC of -236.64 -
65.92 g, P < 0.0005. Conclusion: The most frequently used frequency
in electrostimulation to recover the urinary continence of women with SUI and
men with post-prostatectomy UI was 50Hz and was effective in the recovery of
continence. However, attention is drawn to the results obtained with men, due
to the very low level of evidence found.
Keywords:
electric stimulation; loss of urine; Physical therapy.
A incontinência urinária (IU) de acordo
com a Sociedade Internacional de Continência (ICS) é definida como qualquer
perda involuntária de urina, já a incontinência urinária de esforço (IUE), sua
forma mais comum, é definida como toda perda de urina decorrente de algum
esforço físico, como pular, correr e tossir [1]. É um dos problemas mais comuns
de saúde pública em mulheres, criando um grande impacto na qualidade de vida
dessa população, assim como na população masculina, que evolui com IUE após a
cirurgia de prostatectomia radical, com grande
variação de 2% a 87% [2,3].
A fisioterapia pélvica tem como objetivo
de tratamento a normalização da função dos músculos do assoalho pélvico (MAPs), assim como o fortalecimento dessa musculatura a fim
de favorecer a sua contração consciente e efetiva nos momentos de aumento da
pressão intra-abdominal, o que evita as perdas urinárias involuntárias [4,5].
A eletroestimulação é reconhecida como
uma das terapias fundamentais na reeducação esfincteriana e do períneo, ao
promover a contração dos músculos e permitir ao paciente tomar consciência de
si mesmo [6,7]. Ela induz a contração dos MAPs até o
restabelecimento da voluntariedade do comando contrátil e ganho de força
muscular, garantindo um bom funcionamento das fibras estriadas do esfíncter
uretral externo, proporcionando a continência urinária [4,8]. Contudo, a
literatura mostra uma grande diversidade nos parâmetros utilizados na
eletroestimulação, o que dificulta evidenciar a sua aplicação terapeutica assim como a tomada de decisão quanto aos
parâmetros a serem utilizados no tratamento da IUE tanto em mulheres quanto em
homens.
Assim, esta metanálise
teve por objetivos identificar a frequência mais utilizada na eletroestimulação
para a recuperação da IUE em mulheres e homens; e verificar a eficácia da
eletroestimulação no tratamento da incontinência urinária de esforço.
Esta metanálise
foi redigida a partir das recomendações PRISMA Statement
e foi registrada devidamente no PROSPERO sob o número CRD42019108747.
Critérios de inclusão
Pacientes com IUE, tanto homens como
mulheres de qualquer idade, que foram submetidos à eletroestimulação, cujos
tipos de estudo foram experimentos controlados randomizados (ECR).
Estratégia de busca
Realizou-se uma busca em outubro de
2018, atualizada em fevereiro de 2019, nas bases de dados US National Library of Medicine
(Medline), Scientific Eletronic Library
Online (Scielo), Physiotherapy
Evidence Database (PEDro), Cochrane Library, Lilacs,
Web of Science, Scopus, Cinahl
e Sport Discus por experimentos controlados
randomizados. Foram utilizados como descritores contidos nos Descritores em
Ciências da Saúde (DeCS) as palavras-chave:
Incontinência urinária, incontinência urinária de esforço, eletroestimulação e
estimulação elétrica. Foram utilizados como descritores contidos no Medical Subject Headings (MeSH) as palavras-chave: electric
stimulation, electric stimulation therapy, urinary incontinence, stress urinary incontinence. Ainda foram
usadas as palavras-chave: eletroestimulation, electrostimulation, electricalstimulation,
que não estão contidas no MeSH, porém são encontradas
em artigos publicados. As palavras-chave foram combinadas utilizando-se os
operadores de lógica AND entre os descritores e OR entre seus sinônimos.
Critérios de seleção
Os estudos foram selecionados por seis
avaliadores experientes, de forma independente, que utilizaram a escala Jadad. Os avaliadores só realizaram a avaliação após
atingirem um índice de concordância igual ou superior a 0,70 em relação à
interpretação da escala Jadad. Os critérios para a
pontuação na escala Jadad são: 1.a. O estudo foi
descrito como aleatório (uso de palavras como "randômico",
"aleatório", "randomização")? 1.b. O método foi adequado?
2.a. O estudo foi descrito como duplo-cego? 2.b. O método foi adequado? 3.
Houve descrição das perdas e exclusões?
Cada item (1a, 2a e
3a) recebe um ponto para a resposta sim ou zero ponto para a resposta não. Um
ponto adicional é atribuído se, no item 1b, o método de geração da sequência
aleatória foi descrito e foi adequado e no item 2b, se o método de mascaramento
duplo-cego foi descrito e foi adequado. Um ponto é deduzido se, no item 1b, o
método de geração da sequência aleatória foi descrito, mas de maneira
inadequada e na questão 2b, se foi descrito como duplo-cego, mas de maneira
inadequada. A escala de Jadad classifica os estudos
em alta qualidade (escore de 3 – 5) e baixa qualidade (escore de 1 – 2) [9].
Foram selecionados para esta metanálise aqueles
estudos que obtiveram o escore ? 3 [9].
Análise do risco de viés
Foi utilizada a ferramenta da
Colaboração Cochrane para avaliação do risco de viés dos experimentos
controlados e randomizados [10], por cinco avaliadores experientes e
independentes. Consideraram-se os critérios: aleatorização;
ocultação de aleatorização; cegamento de
participantes; cegamentos dos avaliadores; desfechos incompletos; relato de
desfechos seletivo; outras fontes de viés; risco de viés, os mesmos foram
categorizados em alto, quando não identificado; em incerto, quando houve
dúvida; e em baixo, quando atendido.
Extração dos dados
Foram
extraídos dos estudos selecionados
os seguintes dados: sexo e idade dos participantes, n dos grupos,
frequência
utilizada na eletroestimulação, duração da
sessão, quantidade de sessões, duração
do tratamento, avaliação da IUE e o resultado da IUE.
Análise do nível de evidência
Foi utilizado o sistema GRADE (Grading of Recommendations
Assessment, Development and
Evaluation) [11] para graduar a qualidade das
evidências e a força das recomendações para esta metanálise,
por dois avaliadores independentes. O nível de evidência representa
a confiança na informação utilizada. A graduação dos níveis de
evidência consiste na análise dos seguintes fatores: risco de viés;
inconsistência; evidência indireta; imprecisão; viés de publicação (aplicáveis
para ECR), o que permite classificar a qualidade da evidência em quatro
níveis: alto, moderado, baixo, muito baixo.
Análise dos dados
Os resultados dos oito estudos foram metanalisados utilizando-se o RevMan
5.3. (Copenhague, Dinamarca) [12]. Considerou-se a IUE como variável contínua;
o método estatístico foi da variância inversa; a medida do efeito foi a
diferença de média; o modelo adotado foi de efeito fixo; com IC95 % para os estudos
e para a metanálise; e os estudos ordenados por peso.
ECR = experimento
controlado randomizado; IU = incontinência urinária; EE = eletroestimulação;
IUU = incontinência urinária de urgência; n = 26 = Todos os estudos incluídos
na análise; n = 8 = estudos que apresentaram seus resultados em média e desvio
padrão.
Figura 1 – Diagrama de fluxo dos estudos
Quadro 1 - Qualidade metodológica dos
estudos, segundo a escala Jadad
Quadro 2 - Risco de viés dos estudos,
avaliados pela ferramenta da Colaboração Cochrane (ver PDF Quadros
e Figuras anexo)
Quadro 3 - Estudos que tiveram pelo menos um
grupo com eletroestimulação isolada comparado a um grupo controle placebo e
foram metanalisados por apresentarem seus resultados
em média ± desvio-padrão de perda urinária (g) (ver PDF Quadros
e Figuras anexo)
Figura 2 - Efeito da eletroestimulação 50 Hz
sobre a IUE (g) em mulheres com idades de 47 a 60 anos, a partir de estudos que
tiveram pelo menos um grupo com eletroestimulação isolada comparados a um grupo
controle placebo, em mulheres (ver PDF Quadros e Figuras
anexo)
Figura 3 - Efeito da eletroestimulação 50 Hz
sobre a IUE (g) em homens com idades de 59 a 73 anos, a partir de estudos que
tiveram pelo menos um grupo com eletroestimulação isolada comparados a um grupo
controle placebo, em homens (ver PDF Quadros e Figuras anexo)
Figura 4 - GRADE (Grading
of Recommendations
Assessment, Development and
Evaluation) – Nível de evidência da eletroestimulação
sobre a IUE em mulheres (ver PDF Quadros e Figuras anexo)
Figura 5 - GRADE (Grading
of Recommendations
Assessment, Development and
Evaluation) – Nível de evidência da eletroestimulação
sobre a IU em homens prostatectomizados (ver PDF Quadros e Figuras anexo)
De um total de vinte e seis estudos
incluídos na revisão sistemática, somente oito foram metanalisados,
por apresentarem média e desvio padrão em seus resultados (Figura 1). Desses,
seis estudos compararam 183 mulheres, de 47 a 60 anos com IUE, que realizaram
eletroestimulação isolada, com 127 mulheres controles, resultando em uma
redução significativa da IUE com o uso da eletroestimulação isolada de – 12,08
gramas [ -14,08 a -10,08 gramas] (Figura 2). Os outros dois estudos compararam
52 homens, de 59 a 73 anos com IUE após prostatectomia
radical, que realizaram eletroestimulação isolada, com 56 homens controles,
resultando também em uma redução significativa da IUE com o uso da
eletroestimulação isolada de – 151,28 gramas [-236,64 a -65,92 gramas] (Figura
3).
A eletroestimulação se mostrou eficaz
para a diminuição da IUE, tanto em mulheres como em homens porque é uma terapia
fundamental na reeducação esfincteriana e dos músculos do assoalho pélvico por
promover ganho muscular, se mostrando promissora no aumento da força e
resistência esfincteriana, estimulando artificialmente o nervo pudendo e seus
ramos para provocar respostas diretas e reflexos dos músculos uretral e periuretral estriado, além disso, favorece o recrutamento
predominante das unidades motoras maiores, fibras rápidas, por estarem
localizadas em pontos mais superficiais, aonde a corrente elétrica chega mais
rápido e com mais eficiência, semelhante ao que aconteceria com a contração
voluntária se o treinamento fosse entre 70% e 90% da carga máxima [7,39,40,41].
Desta forma, a eletroestimulação favorece a normalização da função dos músculos
do assoalho pélvico, pela contração efetiva nos momentos de aumento da pressão
intra-abdominal evitando as perdas involuntárias de urina [42].
A eletroestimulação é uma forma de ganho
muscular por meio de dispositivos cutâneos, intracavitários, os quais promovem
um aumento na força e resistência esfincteriana [4]. Moroni et al. [13]
relataram em sua metanálise que a eletroestimulação
se mostrou mais eficaz em mulheres com IUE do que nenhum tratamento, resultando
em melhor qualidade de vida e menor perda de urina observada no pad test. Stewart et al. [43] em uma metanálise mais recente corroboraram Moroni et al.
[44] que a eletroestimulação se mostrou mais eficaz em mulheres com IUE do que
nenhum tratamento. Zhu et al. [45], em sua metanálise
sobre eletroestimulação para IUE em prostatectomizados,
relataram que a eletroestimulação não potencializa os exercícios dos MAP para o
tratamento da IUE. Entretanto, Anderson et al. [46] relataram que as
várias abordagens para o tratamento conservador da incontinência após a prostatectomia radical permanecem incertas, recomendando
ensaios clínicos randomizados e controlados rigorosos e adequadamente
conduzidos.
Os homens obtiveram uma redução da perda
de urina quase 10 vezes maior que as mulheres (- 151, 28 g versus – 12,08 g) –
Figuras 2 e 3. Isto pode estar relacionado com a cirurgia de retirada da
próstata e estadiamento do câncer, que muitas vezes trazem uma grande IUE
devido à extensão da lesão, fazendo com que muitos homens façam uso de fraldas.
Já em mulheres, a IUE, geralmente, se apresenta com menor volume, necessitando
apenas de um protetor descartável como absorventes, pois esta IUE se relaciona,
na maioria das vezes aos fatores predisponentes como menopausa, tipos e números
de partos, por exemplo [2,3].
Dos 26 estudos desta revisão, 20 (77%)
utilizaram a frequência de 50 Hz para a diminuição da IUE (Quadros III e IV).
Cronologicamente, os estudos sobre o efeito da eletroestimulação sobre a IUE
começaram com participantes mulheres a partir de 1991 com Blowman
et al. [37], (Quadro IV) e com os homens a partir de 1999, com Moore et
al. [35], (Quadro IV). Provavelmente, a eficácia obtida com a frequência de
50 Hz com as mulheres tenha servido de razão para utilizá-la também com os
homens, oito anos mais tarde. Entretanto, as diferenças fisiológicas entre
homens e mulheres pode sugerir um mecanismo diferente na ação dos MAP, pois
mulheres possuem sua área de secção muscular em torno de 68 a 71% da masculina,
o que justifica o homem apresentar maior força muscular [47]. Como todos os
músculos, os MAP são compostos por fibras musculares oxidativas lentas,
glicolíticas-oxidativas rápidas e glicolíticas rápidas. O esfíncter externo,
gerado pelos MAP, poderá ser fortalecido, proporcionando a continência
urinária, se as fibras glicolíticas-oxidativas rápidas e glicolíticas rápidas
forem ativadas. A ativação dessas fibras só ocorre quando as unidades motoras
descarregam potenciais de ação sucessivos até 20 ms
ao anterior – ou seja em frequências superiores a 50 Hz [48]. Isto é
corroborado quando se compara o estudo de Zaidan et
al. [14] – Quadro IV, com os estudos de Moore et al. [35] – Quadro
IV e Ahmed et al. [34] – Quadro III. Zaidan et
al. [14], que utilizou a frequência de 65 Hz, precisou de até 20 sessões
com perda amostral de 2,77% enquanto que Moore et al. [35] e Ahmed et
al. [34], que utilizaram a frequência de 50 Hz precisaram de até 24 sessões
com perdas amostrais não apresentada e de 11,11%, respectivamente. Tal fato,
leva à sugestão de futuro ECR com comparação de grupos com eletroestimulação de
65 Hz e 50 Hz, para verificar o efeito sobre a IUE em homens.
De acordo com o GRADE, os estudos metanalisados que versaram sobre incontinência urinária de
esforço na mulher, apresentaram, no mínimo, uma boa qualidade metodológica,
contribuindo para um nível de evidência alto da metanálise
(Quadros I e II; Figura 4). Já os estudos metanalisados
que versaram sobre incontinência urinária de esforço no homem, apresentaram uma
baixa qualidade metodológica, o que contribui para um baixo nível de evidência
da metanálise (Quadros I e II; Figura 5). Desta
forma, os resultados da presente revisão permitem concluir que de acordo com as
metanálises realizadas, o uso da eletroestimulação
para incontinência urinária de esforço em mulheres se faz eficaz.
Contudo, apesar do resultado da metanálise ter sido favorável ao uso da eletroestimulação
para incontinência urinária de esforço em homens, o número de estudos foi
insuficiente, o n amostral reduzido, a presença de viés de publicação, além de
uma imprecisão considerada muito grave, o que levou a uma incerteza da
eficácia.
A frequência mais utilizada na
eletroestimulação para recuperar a continência urinária de mulheres com IUE e
homens com IU pós-prostatectomia foi a de 50Hz e se
mostrou eficaz na recuperação da continência. Entretanto, recomenda-se atenção
em relação aos resultados obtidos com os homens, devido ao baixo nível de
evidência encontrado.
Conflito de interesse
Os autores declaram não
haver conflito de interesse.
Fonte de financiamento
Bolsa CAPES
Contribuição dos autores
Concepção da pesquisa: Zaidan
P, Silva EBS; Desenvolvimento e redação: Zaidan
P; Revisão: Pereira FD, Silva EB