ARTIGO ORIGINAL
Estado cognitivo de escolares: diagnóstico na
escola pública e privada
Children cognitive status: diagnosis in public and private school
Fabiana do
Socorro da Silva Dias de Andrade*, Fabianne de Jesus
Dias de Sousa*, Renato da Costa Teixeira, D.Sc.**,
Juliana Maciel de Queiroz, D.Sc.**, Pollyanna Dórea Gonzaga de Menezes***, Bruna Gomes Santos****,
Regina Pereira Campos dos Santos****, Anderson Reis Santos****, Rafael Vinícius Santos Cruz*****
*Doutoranda,
Universidade Federal
de São Paulo/SP, **Docente, Universidade do Estado do
Pará, Belém/PA, ***Doutoranda, Universidade Estadual de
Santa Cruz, Ilhéus/BA, ****Graduanda, União
Metropolitana de Educação e Cultura/BA, *****Mestrando,
Universidade Estadual
de Santa Cruz, Ilhéus/BA
Recebido
em 2 de abril de 2015; aceito em 16 de fevereiro de
2016.
Endereço para correspondência: Fabiana do
Socorro da Silva Dias de Andrade, Rua Eduardo Fontes, 81/501 Duque de Caxias
45600-735 Itabuna BA, E-mail: fabi4000@gmail.com
Resumo
Introdução: O teste Mini Mental adaptado
para crianças avalia cinco principais áreas cognitivas, a saber: orientação,
atenção, concentração, memória e linguagem, e resultados inferiores aos
esperados servem para alertar a escola, a família e o pediatra da criança para
a necessidade de uma avaliação mais completa. Objetivos: Verificar o diagnóstico para o estado cognitivo de
crianças de ambos os sexos, oriundas de uma escola pública e outra privada do
município de Itabuna/BA. Métodos: Participaram
da pesquisa 73 escolares com idades compreendidas entre 6
e 9 anos. O exame ocorreu a partir de questionário validado para a língua
portuguesa e elaborado para este fim específico. As crianças foram avaliadas
individualmente e sem a influência de agentes externos. Ao final, todas as
respostas foram somadas e o escore obtido foi confrontado com os valores de
normalidade atribuídos segundo a idade. Resultados:
Ser do sexo feminino e ter baixa escolaridade materna mostraram
forte correlação para estado cognitivo deficiente. Houve maior prevalência de
estado cognitivo não preservado entre as crianças oriundas de escolas públicas,
para ambos os sexos. Os piores níveis de escolaridade materna estiveram
presentes nas escolas públicas. A idade mais afetada foi a de 7 anos, independente da origem escolar. Conclusão: Pertencer ao sexo feminino, possuir 7
anos e apresentar baixa escolaridade materna estiveram associados a maior risco
para ocorrência de estado cognitivo deficiente.
Palavras-chave: fisioterapia,
sintomas comportamentais, desenvolvimento infantil.
Abstract
Background: The Mini Mental test adapted for children assesses five cognitive key
areas, namely: orientation, attention, concentration, memory and language and outputs
lower than expected alert the school, the family and the child's pediatrician
to the need for more complete evaluation. Objectives:
To verify the diagnosis for cognitive status of children of both sexes, coming
from a public and a private school in the city of Itabuna/BA. Methods: 73 students 6 to 9 years old participated.
The examination took place through a questionnaire validated for the Portuguese
language and designed for this specific purpose. Children were assessed
individually and without the influence of external agents. At the end, all the
answers were summed and the score was compared with normal values
assigned according to age. Results:
Being female and having low maternal education showed strong correlation to
poor cognitive status. There was a higher prevalence of cognitive state not
preserved between children from public schools, for both sexes. The worst
maternal education levels were present in public schools. The most affected age
was 7 years old, regardless of school origin. Conclusion: Being a female, being 7 years old with low maternal
education were associated with greater risk for poor cognitive status.
Key-words: physical therapy,
behavioral symptoms, child development.
No
Brasil, crianças com dificuldades escolares representam entre 30 e 40% da
população que frequenta as primeiras séries regulares e via
de regra o desempenho escolar pouco satisfatório está associado às
habilidades cognitivas insuficientes. Além disso, as crianças brasileiras
apresentam o problema mais tardiamente em relação a outras populações mais
desenvolvidas, porque o distúrbio de aprendizagem manifesta-se após a entrada
da criança na escola, fato este que dificulta qualquer tipo de intervenção
antes do processo de alfabetização regular [1].
Dados
do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (INEP) apud Santos et al. [2] revelaram que 59% dos alunos da quarta série não
conseguiam ler, 22% não conseguiam realizar provas, porque não compreendiam o
que lhes era solicitado e cerca de 50% apresentavam dificuldade específica em
matemática.
Sendo
assim, é de se esperar que nos últimos anos tenha crescido o interesse de profissionais
que atuam na área da saúde em favorecer as condições de vida da criança, cujo
objetivo é o de garantir uma boa adaptação ao longo de seu desenvolvimento [3].
Com
o objetivo de identificar a presença de déficit cognitivo, o mini exame do
estado mental (MEEM) foi primeiramente testado entre menores com idades entre 3 e 14 anos, portadores de encefalopatia crônica não
progressiva da infância. Este questionário apresenta-se adaptado ao público
infantil e parte do original The Mini
Mental State Examination
(MMSE), o qual é aplicado usualmente entre adultos para identificação de
prejuízo cognitivo e cuja versão oficial data do ano de 1975 [4]. No Brasil, o
teste encontra-se validado para a língua portuguesa desde 2003 por Brucki et al. [5], os
quais avaliaram 73 indivíduos saudáveis com idades entre 16 e 92 anos. O mesmo
modelo foi posteriormente utilizado no estudo de Andrade et al. [6] para análise cognitiva de 15 crianças saudáveis com idades
entre 5 e 18 anos.
O
MEEM compreende cinco principais áreas cognitivas, são elas: orientação,
atenção, concentração, memória e linguagem [4]. O desempenho no teste pode
sofrer influência de problemas existentes em atividades tais como, leitura e
escrita, posto que estas impossibilitam o acesso a uma
variedade de informações, mas também pode sofrer influência de fatores
socioeconômicos e ambientais [5]. Por ser de fácil aplicação, o instrumento é
recomendado tanto para ambientes hospitalares quanto ambulatoriais [5].
Resultados
inferiores aos esperados servem para alertar a escola, a família e o pediatra
da criança para a necessidade de uma avaliação mais completa [6]. Sabe-se, que
sua execução torna-se ainda mais importante, posto que transtornos
psicossociais deixam de ser diagnosticados em até 43%
dos casos [2].
Do
exposto acima, o objetivo da presente pesquisa consistiu em avaliar a influência
da idade, sexo, origem escolar, escolaridade materna e condições
socioeconômicas sobre estado cognitivo de crianças entre 6
e 9 anos de idade.
Trata-se
de estudo analítico, observacional e transversal, ocorrido entre alunos de
ambos os sexos e idades compreendidas entre 6 e 9
anos, pertencentes a duas escolas, uma pública e outra privada, ambas
localizadas no município de Itabuna, Bahia. A pesquisa foi devidamente
autorizada pelo Comitê de Ética da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP),
sob o protocolo CAAE (13572913.8.0000.5505).
Todos
os participantes da amostra apresentaram Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE) e Termo de Assentimento devidamente assinados pelos pais ou responsável
legal do menor, bem como pela própria criança, respectivamente. Outrossim, somente participaram do estudo, crianças sem
qualquer prejuízo neurológico que lhes impedissem de responder adequadamente ao
questionário proposto, bem como ausência de deficiência auditiva e/ou visual. Foram
excluídas do estudo aquelas cujos termos não estivessem assinados pelos pais ou
responsável legal, crianças fora da faixa etária estudada e aquelas que por
algum motivo não completaram o teste na íntegra (Figura 1).
Figura 1 – Desenho do estudo.
A
aplicação dos testes se deu de modo individualizado, em
ambiente climatizado,
livre de interferências externas e a criança levou o tempo
que julgasse
necessário para responder a todas as perguntas. Cada
criança foi questionada
sobre situações que envolvem orientação,
atenção, concentração, memória e
linguagem através de perguntas simples e diretas, não
recebendo qualquer ajuda
ou influência por parte do pesquisador e podendo solicitar, em
qualquer tempo,
a repetição da mesma por parte do avaliador, o qual foi
devidamente treinado
por uma psicóloga para adequada aplicação e
interpretação dos resultados
obtidos.
Após
a aplicação do MEEM, os pontos obtidos por cada criança foram somados e confrontados
com a literatura (Tabela I), classificando-as como portadora de cognição
deficiente aquelas cuja pontuação ficasse abaixo do valor esperado de acordo
com a idade. Sendo assim, para ser classificada como portadora de estado
cognitivo normal a criança precisaria, necessariamente, alcançar a pontuação
mínima descrita na Tabela I, do contrário, era classificada como portadora de
estado cognitivo deficiente.
Tabela I - Relação de pontos de corte para identificação de padrões cognitivos
normais, segundo o Mini Exame Mental adaptado para crianças.
Fonte: Jain; Passi (2005).
O
tamanho da amostra foi o de conveniência, posto que muitas perdas foram observadas pela falta do TCLE e/ou de Assentimento,
fato que contribuiu para a redução da população do estudo. A análise dos dados
foi realizada através do programa Bioestat 5.0,
domínio público. A normalidade dos dados foi testada através do teste Liliefors,
e a correlação entre as variáveis qualitativas foi investigada através do teste
de Pearson.
Participaram
do estudo 73 crianças de ambos os sexos e idades compreendidas entre 6 e 9 anos. Destas, 33 pertenciam a uma escola pública, enquanto
40 pertenciam a uma escola privada. Aproximadamente 81,81% das crianças de
escola pública foram classificadas como deficientes, enquanto nas escolas
privadas este percentual foi de 50%. As idades com maior número de voluntários foram
de 7 e 8 anos. A maioria das crianças
da escola privada pertenciam à classe B, enquanto as oriundas de escola
pública pertenciam à classe C, nenhuma criança pertenceu à classe A e demais
informações sobre o perfil da amostra podem ser encontradas na Tabela II.
Tabela II - Perfil da população do estudo.
*p <
0,05
Houve
relação estatisticamente significativa entre escolaridade materna e estado
cognitivo deficiente entre crianças provenientes de escolas públicas (p =
0,0033), tal como disposto na Tabela II. Também foi encontrada relação estatisticamente
significativa entre estado cognitivo deficiente e o sexo feminino (p = 0,0266),
de acordo com o exposto no Gráfico 1. Para o sexo
masculino, por sua vez, também encontrou-se predomínio
de crianças com déficit cognitivo, no entanto, essa diferença não foi
estatisticamente significativa.
Gráfico 1 - Distribuição por sexo de acordo com o estado cognitivo.
Não
houve diferença estatisticamente significativa (p > 0,05) entre estado
cognitivo deficiente e origens escolares, já que as duas escolas analisadas
apresentaram considerável número de crianças com déficit cognitivo, exceto
entre meninas provenientes da escola privada.
No
que tange à origem escolar, não foi encontrada diferença estatisticamente
significativa entre as crianças pertencentes à escola pública e privada, quanto
ao estado cognitivo (p = 0,078).
Não
houve relação estatisticamente significativa entre estado cognitivo deficiente
e classe social (p = 0,0844), bem como entre a primeira variável e a idade da
amostra (p = 0,2888). Vale ressaltar, que apenas as crianças com idades de 6 e 8 anos não apresentaram maioria com déficit cognitivo, o
oposto foi observado entre aquelas com idades de 7 e 9 anos de idade (Gráfico 2).
Gráfico 2 - Diagnóstico do estado cognitivo de acordo com a idade.
O
mini exame do estado mental (MEEM) tem sido aplicado como ferramenta importante
na detecção de estado cognitivo deficiente entre adultos e crianças [5,6,9]. O MEEM mostrou-se rápido, acurado e sensível ao
rastreamento de déficits cognitivos tanto em crianças com prejuízos
neurológicos quanto em seus controles, fato que justifica sua ampla
recomendação para ser utilizado em Pediatria [6].
O
MEEM busca avaliar as seguintes habilidades cognitivas: orientação (no tempo e
espaço), atenção, cálculo, memória e linguagem, buscando identificar precocemente
as alterações cognitivas e seus fatores de influência, especialmente na
infância [10].
A
literatura considera que são três os principais fatores para a ocorrência de um
estado cognitivo deficiente: 1) uma desordem médica definida, especialmente
aquelas de origem genética; 2) eventos biológicos relacionados aos períodos
pré, peri e pós-natal e, por fim; 3) a influência do
meio ambiente, incluindo-se a condição socioeconômica, educacional e familiar
[11].
Habilidades
intelectuais, sociais e emocionais são necessárias para o bom desempenho
escolar, sendo assim, déficits de desenvolvimento tornam-se mais evidentes
quando as crianças atingem a idade pré-escolar [12]. Na maioria das escolas
brasileiras, os problemas responsáveis pela dificuldade de aprendizagem nem
sempre são identificados pelos professores. Entre os possíveis fatores para
explicar esse fato, encontram-se o número excessivo de alunos, as condições precárias
de trabalho e a falta de formação adequada dos profissionais [2].
O
presente estudo observou relação estatisticamente significativa entre estado
cognitivo deficiente e o sexo feminino (p = 0,0266) (Gráfico 1).
Nosso resultado vai de encontro ao exposto por Rodovalho et al. [13], que avaliaram crianças de até 2 anos que frequentavam
creches e concluíram que meninos apresentavam maior risco no desenvolvimento
pessoal e social que meninas, enquanto estas possuíam maior atraso na linguagem.
Ciasca apud Figueiredo et al. [1] relatou que a dificuldade
relacionada ao aprender, bem como a existência de prejuízo cognitivo foi muito
mais frequente no sexo masculino em relação ao feminino, em uma proporção de
6:1. Saur et al. [11] também
observaram que meninos apresentaram mais chances de distúrbios de comportamento
quando comparados aos seus pares femininos.
No
que tange à idade, o presente estudo observou que houve maior ocorrência de
estado cognitivo não preservado para as idades de 7 e
9 anos (Gráfico 2), enquanto aquelas entre 6-8 anos apresentaram-se
majoritariamente com estado cognitivo classificado como normal. Corroboram
conosco os resultados de Santos et al. [2], os
quais avaliaram 103 escolares utilizando o MEEM como teste de triagem cognitiva
entre escolares com idade entre 6 e 9 anos, concluíram que meninos apresentaram
maior déficit cognitivo que meninas, a idade mais afetada foi a de 7 anos (tal
como em nosso estudo), e as crianças com idade de 9 anos apresentaram melhor
desempenho no teste.
Em
contrapartida, não concordam com nossos resultados o estudo de Maria e Linhares
[14], cujos achados apontaram que as crianças de 8
anos faziam perguntas repetitivas e irrelevantes quando comparadas aos seus
pares e todas foram classificadas como portadoras de deficiência mental leve.
Na
presente pesquisa as atividades com piores notas foram aquelas que exigiam
linguagem e cálculo (concentração). Em outro estudo, avaliaram-se 80 crianças
com idades entre 4 e 5 anos e 32,5% delas apresentou
menores notas para as atividades de aritmética e 43,8% foi diagnosticada como
déficit cognitivo/desatenção [12].
Resultados
inferiores aos esperados para o estado cognitivo, tais como
os encontrados em nossa pesquisa, servem para alertar a escola, a
família e o pediatra da criança para a necessidade de uma avaliação mais
completa [6]. Sabe-se, que sua execução torna-se ainda mais importante, uma vez
que transtornos psicossociais deixam de ser diagnosticados em até 43% dos casos
[2].
A
presente pesquisa observou maior prevalência de déficit cognitivo entre
crianças pertencentes à escola pública, embora essa diferença não tenha sido
estatisticamente significativa. A presença de estado cognitivo deficiente
esteve presente em 85,71% das meninas oriundas de escola pública, ao passo que
na escola privada esse percentual foi de 47,37%, sendo ambos considerados
igualmente alarmantes pelos autores. Situação semelhante foi evidenciada no
sexo masculino, cujos percentuais foram de 78,95% e 52,38%, para meninos de
escolas públicas e privadas, respectivamente. Corroboram conosco o trabalho de
Santos et al. [2], os quais avaliaram o
desenvolvimento motor e cognitivo de 104 crianças frequentadoras de creches
públicas e privadas, com idades entre 1 e 3 anos, e identificaram maior atraso
em todas as áreas (desenvolvimento motor fino, grosso e cognitivo) entre os
menores de creches públicas quando comparadas aos de creches privadas,
independentemente do sexo e idade.
No
presente estudo não foi encontrada nenhuma criança proveniente de escola
privada pertencente à classe C, tampouco a ocorrência de baixa escolaridade
entre seus pais e/ou responsáveis legais. Em contrapartida, na escola pública
pesquisada, 68,42% e 57,14% de crianças do sexo masculino e feminino, respectivamente,
pertenciam à classe C e a escolaridade materna com nível fundamental ou médio
incompleto foi de 57,89% e 57,14% para meninos e meninas, respectivamente (Tabela
II), fato que esteve diretamente associado a um pior desempenho cognitivo por
parte das crianças de escola pública (p = 0,0033). Concordam conosco os achados
de Saur et al. [11], cuja análise cognitiva de 790 crianças brasileiras apontou que a
escolaridade materna esteve diretamente associada ao melhor desempenho de
habilidades cognitivas por parte das crianças. Halpern
et al. [15] avaliaram 5.304 crianças em
seu primeiro ano de vida e observaram que a população de baixo nível
socioeconômico apresentou maior prevalência para deficiência do estado
cognitivo em virtude da presença de ambiente socioeconômico desfavorável.
Outros
fatores de risco importantes para a manifestação de déficit cognitivo são a
prematuridade e/ou baixo peso ao nascimento [11,16]. Neste sentido, Méio et al. [17] avaliaram 277 recém-nascidos de baixo peso e observaram
que o bom nível educacional materno e a presença de uma figura paterna em uma
família estruturada, contribuíram para um melhor desenvolvimento cognitivo. Para
Silva et al. [18] e Irigaray
et al. [19], o desenvolvimento do
estado cognitivo infantil sofre tanto influência de componentes biológicos (a
exemplo do temperamento da própria criança), quanto da história parental,
dinâmica familiar e o ambiente (nível socioeconômico, suporte social,
escolaridade e contexto cultural), esclarecendo esses autores que apesar de
distintos, esses fatores não são excludentes, caracterizando os atrasos no
desenvolvimento infantil como sendo de origem multifatorial.
Os
autores do presente estudo destacam como fator limitante da amostra, a ampla
dificuldade de crianças de escola pública em realizar as atividades de cálculo
e escrita pertinentes ao teste (Anexo 1), durante as
quais, não raro, desistiam de realizá-lo e foram excluídas da pesquisa.
Somou-se a isso, a ausência dos TCLE assinados por parte dos pais e/ou
responsáveis legais de muitas escolas convidadas a participar do estudo,
tornando-os igualmente eliminados.
Ressalta-se
por fim que a pesquisa de desenvolvimento neuropsicomotor,
por profissional especializado, pode reconhecer precocemente déficits
cognitivos e reduzir as dificuldades escolares, quando medidas cabíveis e
eficientes são tomadas a tempo [20].
A
intervenção precoce em crianças com dificuldade de aprendizagem é fundamental
para atenuar o impacto negativo sobre a vida escolar e, posteriormente, no
trabalho e vida social em família ou fora dela. O uso de testes práticos e
validados auxilia sobremaneira para a existência de problemas cognitivos e/ou
psicossociais subjacentes, facilitando, assim, o encaminhamento para
profissionais especializados [2,21].
O
estado cognitivo não preservado esteve diretamente associado ao sexo feminino e
escolaridade materna. Houve maior prevalência de estado cognitivo não
preservado entre as crianças oriundas de escolas públicas, para ambos os sexos.
O nível de escolaridade materna foi maior entre todas as crianças pertencentes
à escola privada, fato que pode estar associado ao melhor desempenho cognitivo
apresentado por esta população. O nível socioeconômico e a origem escolar não
foram considerados fatores de influência para os resultados encontrados.