Fisioter Bras 2022;23(3):372-89
ARTIGO
ORIGINAL
Fototerapia
melhora a capacidade muscular em idosos: estudo clínico randomizado cruzado
duplo-cego
Phototherapy improves muscle capacity in the elderly:
a randomized double-blind crossover clinical study
Mylena Vargas Tonet dos Santos*, Ângelo
Cattani Pereira*, Julia Biscaglia Ferreira Kilian**, Gean Mazuim Alves*,
Lucas Capalonga, D.Sc.***,
Vítor Scotta Hentschke, D.Sc.****
*Egresso
do Curso de Fisioterapia, Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), Cachoeira do
Sul, RS, **Discente do Curso de Fisioterapeuta, Universidade Luterana do Brasil
(ULBRA), Cachoeira do Sul, RS, ***Docente do Curso de Fisioterapia,
Universidade do Vale do Taquari (UNIVATES), Lajeado, RS, ****Docente do Curso
de Fisioterapia, Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), Cachoeira do Sul, RS
Recebido
em 10 de julho de 2021; Aceito em 24 de março de 2022
Correspondência: Mylena
Vargas Tonet dos Santos, Rua XV de novembro, 984/502, 96508-750 Cachoeira do
Sul RS
Mylena Vargas Tonet dos Santos: mylena_tonet@hotmail.com
Ângelo
Cattani Pereira: angelocattani@outlook.com
Julia
Biscaglia Ferreira Kilian: julia.killian@rede.ulbra.br
Gean
Mazuim Alves: gyanalves@hotmail.com
Lucas
Capalonga: lucascapalonga@yahoo.com.br
Vítor Scotta Hentschke:
vitorscotta@gmail.com
Resumo
Avaliou-se
os efeitos agudos da fototerapia na capacidade muscular de idosos. Ensaio
clínico randomizado cruzado duplo-cego. Sete idosos foram randomizados em dois
grupos: grupo fototerapia (GF) e grupo placebo (GP). O primeiro grupo recebeu
fototerapia em seis pontos dos músculos do quadríceps femoral bilateralmente na
primeira sessão e placebo na segunda, enquanto o segundo grupo foi submetido ao
oposto. Os indivíduos foram avaliados quanto à força muscular, teste
sentar-levantar da cadeira (TSLC) e teste de caminhada de 2 minutos (TC2´).
Para análise estatística foi utilizado ANOVA de 2 vias com medidas repetidas
com post-hoc de Student-Newman-Keuls
e nível de significância de 5%. Houve aumento no desempenho no TSLC (GF: 8,50 ±
5,94% vs. GP: -2,44 ± 7,13%; p = 0.0121) e no TC2´ (GF: 7,12 ± 3,31% vs. GP:
-1,41 ± 4,68%; p = 0,0021). Não foi observado ganho de força muscular através
do teste de força muscular com esfigmomanômetro modificado (GF: 0,67 ± 2,65%
vs. GP: 2,06 ± 6,29%; p = 1,00). Esses achados indicam que a fototerapia é
capaz de melhorar a capacidade muscular na população idosa.
Palavras-chave: envelhecimento; força; capacidade
muscular; fototerapia.
Abstract
The acute effects of phototherapy on muscle capacity
in the elderly were evaluated. Randomized double-blind crossover clinical
trial. Seven elderly people were randomized into two groups: phototherapy group
(PG) and placebo phototherapy group (PPG). The first group received
phototherapy applied to six points of the quadriceps femoris muscles in the
first session and placebo in the second, while the second group was subjected
to the opposite. The individuals were evaluated for muscle strength, sit-up
test and 2-minute walk test. For statistical analysis, 2-way ANOVA was used
with repeated measures with Student-Newman-Keuls
post-hoc and significance level of 5%. There was an increase in performance in
the sit-up test (GF: 8.50 ± 5.94% vs. GP: -2.44 ± 7.13%; p = 0.0121) and in the
2-minute walk test (GF: 7.12 ± 3.31% vs. GP: -1.41 ± 4.68%; p = 0.0021). Muscle
strength gain was not observed through the muscle strength test with a modified
sphygmomanometer (GF: 0.67 ± 2.65% vs. GP: 2.06 ± 6.29%; p = 1.00). These
findings indicate that phototherapy is able to improve muscle capacity in the
elderly population.
Keywords: aging; force; muscular capacity;
phototherapy.
O
declínio funcional no idoso pode acarretar a dependência e, consequentemente, a
redução da qualidade de vida [1]. O envelhecimento humano está relacionado com
modificações estruturais e funcionais, entre elas a redução da força muscular
[2]. As quedas são consideradas um dos maiores problemas de saúde pública na
população idosa e estão relacionadas ao declínio da força muscular, equilíbrio,
velocidade da marcha e redução da atenção [3,4]. Assim, devido aos fatores
associados ao envelhecimento serem responsáveis por causar vulnerabilidade e
facilitar o aparecimento de outros agravantes de saúde, manter a independência
funcional da pessoa idosa é um dos principais objetivos das estratégias de
intervenção [5].
Apesar
de ser utilizada em sua maioria no controle da dor e no reparo de tecido, o
aumento no número de evidências apresenta a fototerapia (Terapia Laser de Baixa
Intensidade ou light-emitting diode
– LED) como uma ferramenta capaz de melhorar o desempenho ao exercício de
adultos saudáveis [6] e de atrasar o desenvolvimento de fadiga muscular em
ratos [7]. Assim, sugere-se que a fototerapia possa ser considerada um
complemento ao tratamento associado aos exercícios físicos [8].
Nesse
contexto, os exercícios de força apresentam-se como uma das principais
ferramentas a fim de reduzir os efeitos do processo de envelhecimento, melhorando
as propriedades musculares contráteis [9,10]. Protocolos de fototerapia
associados ao treinamento de força são capazes de melhorar parâmetros de força
muscular em idosos e destaca-se o potencial de ambas terapias serem utilizadas
como estratégias para prevenir a redução do desempenho muscular na população
idosa [11,12]. No entanto, estudos já realizados em idosos não buscaram avaliar
os efeitos isolados da fototerapia no teste de sentar-levantar da cadeira
(TSLC) e no teste de caminhada de 2 minutos (TC2´).
O
TSLC trata-se de um teste simples e econômico com base em um movimento
essencial da vida diária, referindo-se a gestos relevantes para a avaliação da
independência em pessoas idosas [13]. Da mesma forma, os testes de caminhada
cronometrados avaliam a distância percorrida em um determinado período de tempo
a fim de avaliar a capacidade funcional. Nesse contexto, o TC2´ destaca-se como
uma alternativa viável [14,15,16].
Porém,
poucos estudos avaliam o efeito isolado da fototerapia na capacidade funcional
de idosos e seus resultados são conflitantes. Dessa forma, o objetivo do estudo
é avaliar os efeitos agudos da fototerapia sobre a capacidade funcional de
idosos através dos testes de força muscular, do TSLC e do TC2´. A busca de
ferramentas que melhorem a capacidade funcional e a força muscular em idosos é
de grande relevância clínica, portanto, a hipótese do presente estudo é que a
fototerapia seja capaz de aumentar a capacidade funcional em idosos.
Desenho
do estudo e aspectos éticos
Foi
realizado um ensaio clínico randomizado cruzado duplo-cego. Os procedimentos
foram aprovados pelo Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade Luterana do
Brasil (ULBRA) – Canoas (Parecer: 3.677.959). O estudo seguiu as recomendações
do CONSORT - Consolidated Standards of Reporting Trials
(www.consort-statement.org).
Critérios
de inclusão e exclusão
Participaram
do estudo indivíduos de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 60 anos.
Os critérios de exclusão foram: não ter assinado o Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido (TCLE), incapacidade de compreender os testes, lesões
musculoesqueléticas que impossibilitassem a capacidade de andar de forma
independente, estar participando de um programa de reabilitação, tecido
neoplásico, contraindicação médica para realizar exercício físico e não
completar todas as etapas do estudo.
Local
do estudo
O
estudo foi realizado entre julho e agosto de 2020 nas dependências da
Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) Campus Cachoeira do Sul.
Desenho
experimental
Inicialmente
foi realizada a solicitação verbal aos indivíduos que se adequaram aos critérios
de inclusão e de exclusão. A avaliação inicial se deu através do preenchimento
de uma ficha contendo dados de cada indivíduo (dados sociodemográficos, hábitos
de vida, comorbidades e avaliação antropométrica).
Após
assinatura do TCLE, os idosos foram randomizados em dois grupos: grupo
fototerapia (GF) e grupo placebo (GP). O primeiro grupo recebeu fototerapia em
seis pontos dos músculos do quadríceps femoral bilateralmente na primeira
sessão e placebo na segunda, enquanto o segundo grupo foi submetido ao oposto.
Os testes funcionais e a avaliação da força muscular foram realizados 10
minutos antes e após a aplicação da fototerapia, na seguinte ordem: teste de
força muscular com esfigmomanômetro modificado, teste sentar-levantar da
cadeira e teste de caminhada de 2 minutos.
Os
sujeitos foram informados sobre os objetivos, procedimentos (figura 1),
possíveis desconfortos e riscos envolvidos no presente estudo e assinaram o
TCLE antes do início de sua participação.
A teste de força muscular
com esfigmomanômetro modificado, B teste sentar-levantar da cadeira, C
teste de caminhada de 2 minutos, D protocolo de fototerapia
Figura
1 - Procedimentos
realizados no estudo
Teste
de força muscular com esfigmomanômetro modificado
Um
esfigmomanômetro aneroide (Rappaport Premium®), dobrado em três partes iguais e
insuflado em 20 mmHg foi utilizado para avaliação da musculatura do quadríceps
femoral. O equipamento era posicionado distal e anterior à perna dominante, e
antes da avaliação foi realizada uma demonstração para familiarização do teste.
Os participantes receberam um comando verbal para iniciar o teste e manter
contração isométrica durante 5 segundos por três repetições e com intervalo de
15 segundos entre elas: “um, dois, três e agora! Força! Força! Força! Relaxa!”,
logo após, os valores da força de pico foram registrados e considerado o melhor
de três. Os participantes eram instruídos a não realizar movimentos
compensatórios [17,18].
Teste
Sentar-Levantar da Cadeira (TSLC)
Para
a realização do teste foi necessária uma cadeira com encosto, sem apoio para os
membros superiores (MMSS) e com altura de 46 cm. Os participantes do estudo
foram orientados a sentar-se completamente na cadeira, levantar-se estendendo os
joelhos, mantendo os braços cruzados à frente do tórax e completar o máximo de
ciclos senta-levanta possíveis durante 1 minuto, sem realizar compensações
posturais [19]. Os sujeitos receberam instruções padronizadas antes do teste.
Teste
de Caminhada de 2 minutos (TC2)
O
TC2 foi realizado em um corredor de 30 m e para a aplicação do teste foram
necessários um cronômetro, fita métrica, cones e uma cadeira. O percurso foi
marcado com intervalos de 10 m, uma cadeira foi colocada no início e um cone no
final do caminho. Os indivíduos foram instruídos a caminhar o mais rápido
possível com segurança e orientados a não se preocupar caso fosse necessário
desacelerar. Quando se passou 1 minuto, frases de incentivo padronizadas foram
utilizadas: “você está indo bem!” e “você tem 1 minuto restante, continue!”.
Assim que os 2 minutos fossem completados, ao participante era informada a
conclusão do teste, sendo ele orientado a sentar-se em uma cadeira posicionada
pelo pesquisador e a distância total em metros percorridos, então, mensurada
[20]. A Pressão Arterial (PA), Frequência Cardíaca (FC), Frequência
Respiratória (FR), Saturação de Oxigênio (SpO2) e o índice de dispneia
percebida foram mensurados antes e após a realização do teste, enquanto a cada
volta a FC, SpO2 e o índice de dispneia eram monitorados. Para isso, foram
utilizados um esfigmomanômetro aneroide (Rappaport Premium®), um oxímetro de
pulso (Montserrat® – CMS-50DL) e a Escala de Esforço Percebido – Borg CR-10 (1990).
Protocolo
de fototerapia
Todos
voluntários receberam fototerapia ativa e fototerapia placebo. Um equipamento
KLD Biosistemas, previamente calibrado, modelo Endophoton® LLT0107 com aplicador emissor de radiação laser
invisível (potência de 50 mW, comprimento de onda de 904 mW, largura de pulso
de 100 ns) e radiação led
visível e invisível (potência de 4x40 mW, comprimento de onda 658 nm, potência 4x50 mW e comprimento de onda 850 nm) foi utilizado no estudo com os seguintes parâmetros:
área de emissão 0,067 cm2, energia de 6 J/ponto, tempo de 120
s/ponto e um total de 6 pontos em cada membro inferior (totalizando 36J de
energia entregue em cada membro inferior). O spot foi mantido estacionário em
contato com a pele em um ângulo de 90° com leve pressão. A aplicação foi
realizada bilateralmente nos músculos do quadríceps femoral [6]. Para a
fototerapia placebo, o aparelho permaneceu ligado, porém a caneta emissora da
fototerapia não foi disparada.
Desfechos
Desfecho
primário: teste de caminhada de 2 minutos. Desfecho secundário: teste
sentar-levantar da cadeira e teste de força muscular com esfigmomanômetro
modificado.
Tamanho
da amostra
O
cálculo amostral baseou-se no estudo de Melo et al. [21] e considerou-se
um p < 0,05 e um poder de 80%. O software utilizado para o cálculo amostral
foi o G*Power versão 3.1.9.2 para Windows. No presente estudo, sete voluntários
completaram todas as etapas do estudo.
Randomização
O
procedimento de randomização foi realizado por meio de um sorteio
(http://www.randomization.com), o qual determinava se os participantes
receberiam na primeira sessão a aplicação da fototerapia ou do placebo. Os
participantes foram alocados aleatoriamente para os procedimentos em dois
grupos: grupo fototerapia (GF), sujeitos que receberiam a fototerapia ativa na
primeira sessão e placebo na segunda sessão e grupo placebo (GP), sujeitos que
receberiam placebo na primeira sessão e fototerapia ativa na segunda sessão.
Implementação
A
randomização e alocação foram realizadas pelo pesquisador M.V.T.S, o qual
também ficou responsável pela aplicação da fototerapia ativa ou placebo. Outro
pesquisador (J.B.F.K) ficou responsável por realizar a avaliação inicial e o
pesquisador A.C.P realizou os testes de força muscular com esfigmomanômetro
modificado, teste sentar-levantar da cadeira e o teste de caminhada de 2
minutos.
Cegamento
Todos
voluntários, os pesquisadores J.B.F.K, A.C.P e o pesquisador responsável pela
análise dos dados (V.S.H) desconheciam a ordem de alocação. Ainda, para
garantir o cegamento, a avaliação inicial, os testes e a intervenção foram
divididos por box. O pesquisador M.V.T.S e os sujeitos da pesquisa utilizaram
durante a aplicação da fototerapia o filtro de proteção ocular.
Métodos
estatísticos
Os
dados são expressos em média e desvio padrão para cada variável e grupo. O
teste de Shapiro-Wilk foi utilizado para avaliar a normalidade das variáveis.
ANOVA de duas vias com medidas repetidas foi utilizada para comparar os efeitos
da fototerapia e do placebo nos valores de força muscular (mmHg), teste
sentar-levantar da cadeira (número de repetições) e teste de caminhada de 2
minutos (metros). Um valor de p < 0,05 foi considerado estatisticamente
significativo. SigmaPlot 11.0 (Systat
Software Inc., San Jose, CA, USA) para Windows foi utilizado como ferramenta
computacional para a análise de dados. GraphPad Prism
5 (Graph-Pad Software, San Diego, CA, USA) para Windows
foi usado como ferramenta computacional para construção dos gráficos.
O
estudo foi iniciado com oito voluntários que atenderam todos os critérios de
inclusão e assinaram o TCLE. No entanto, um sujeito foi excluído no decorrer do
período do estudo pelo seguinte motivo: desistência durante a realização dos
testes de sentar-levantar da cadeira e no teste caminhada de 2 minutos. Assim,
o tamanho amostral final da amostra foi de sete sujeitos. A Figura 2 expressa
os procedimentos de intervenção realizados no estudo.
Figura
2 - Fluxograma dos
procedimentos de intervenção
Caracterização
da amostra
Os
dados basais dos participantes estão expressos na tabela I.
Tabela
I - Descrição
antropométrica, sinais vitais iniciais, comorbidades e hábitos de vida dos
sujeitos
Fototerapia
aumenta o desempenho no Teste de Caminhada de 2 minutos
A
figura 3A representa os resultados para o desempenho muscular no TC2.
Observou-se diferença significativa na distância percorrida no TC2 no grupo
fototerapia comparado ao grupo placebo (GFpré: 173.63
± 34.94 e GFpós: 186,42 ± 41,21 vs. GPpré: 169,09 ± 36,48 e GPpós: 165,31
± 26,8 metros; p < 0,05). A figura 4A representa os ganhos no teste após a
aplicação da fototerapia ou placebo (GF: 7,12 ± 3,31% vs. GP: -1,41 ± 4,68%; p
= 0,0021). Sugere-se que a fototerapia aplicada na musculatura do quadríceps
femoral aumenta o desempenho no TC2´.
Fototerapia
aumenta o desempenho no Teste Sentar-Levantar da cadeira
A
figura 3B representa os resultados para o desempenho muscular no TSLC.
Observou-se diferença significativa no número de repetições de ciclos
senta-levanta no grupo fototerapia comparado ao grupo placebo (GFpré: 21,57 ± 3,10 e GFpós:
23,42 ± 3,82 vs. GPpré: 21,14 ± 3,28 e GPpós: 20,57 ± 3,04 repetições; p < 0,05). A figura 4B
representa os ganhos no teste após a aplicação da fototerapia ou placebo (GF:
8,50 ± 5,94% vs. GP: -2,44 ± 7,13%; p = 0,0121). Sugere-se que a fototerapia
aplicada na musculatura do quadríceps femoral aumenta o desempenho no TSLC.
Fototerapia
não aumenta a força muscular avaliada por esfigmomanômetro modificado em idosos
A
figura 3C representa os resultados para força muscular no teste de força
muscular com esfigmomanômetro modificado. Não se observou diferença
significativa no grupo fototerapia comparado ao grupo placebo (GFpré: 282,85 ± 27,51 e GFpós:
284,28 ± 22,99 vs. GPpré: 274,28 ± 25,72 e GPpós: 280 ± 30,55 mmHg; p > 0,05). A figura 4C
representa os ganhos no teste após a aplicação da fototerapia ou placebo (GF:
0,67 ± 2,65% vs. GP: 2,06 ± 6,29%; p = 1,00). Sugere-se que a fototerapia
aplicada na musculatura do quadríceps femoral não aumenta a força muscular no
teste de força muscular com esfigmomanômetro modificado.
Testes
de capacidade muscular correlacionam-se moderadamente com a força muscular
avaliada por esfigmomanômetro modificado em idosos
A
força muscular em quadríceps (mmHg) correlaciona-se significativamente com o
TSLC (repetições) (r = 0,4150; p < 0,0281) e com o TC2´ (metros) (r =
0,4576; p < 0,0143). Observa-se uma correlação fraca a moderada entre a
força muscular de quadríceps, avaliada por esfigmomanômetro modificado, e os
testes funcionais. Esses dados podem justificar, em parte, o aumento do
desempenho nos testes funcionais de TSLC e TC2´ sem o aumento da força muscular
de quadríceps após a aplicação da fototerapia.
*
p < 0,05 vs. pré; † vs. placebo pós
Figura
3 - A
teste de caminhada de 2 minutos (metros). B teste sentar-levantar da
cadeira (número de repetições). C teste de força muscular com
esfigmomanômetro modificado (mmHg)
†
vs. placebo
Figura
4 - A teste de
caminhada de 2 minutos (metros). B teste sentar-levantar da cadeira (número de
repetições). C teste de força muscular com esfigmomanômetro modificado (mmHg)
Este
estudo demonstra a melhora no desempenho nos testes TSLC e TC2 em idosos após a
aplicação aguda de um protocolo de fototerapia. Os principais achados foram
fornecidos por variáveis de aumento no número de ciclos senta-levanta e na
distância percorrida após um protocolo de fototerapia na população idosa.
A
avaliação da capacidade de exercício tem como objetivo determinar a prescrição
de exercícios, avaliar os efeitos do tratamento proposto e estimar um
prognóstico [22]. O teste sentar-levantar da cadeira é um teste rápido e
prático, correlacionando-se com a capacidade funcional [23,24]. Baseia-se em
uma atividade de vida diária comum, e a redução do seu desempenho pode estar
associada com a restrição de participação do indivíduo na sociedade [24,25].
Neste estudo, verificamos o aumento no número de ciclos durante o teste
sentar-levantar da cadeira após a aplicação do protocolo de fototerapia,
sugerindo que a fototerapia traz benefícios quanto ao desempenho funcional de
membros inferiores. Semelhante ao nosso estudo, Toma et al. [26] objetivaram
investigar os efeitos da fototerapia durante a fadiga em mulheres idosas e
demostrou que a terapia seria capaz de aumentar o número de repetições durante
o exercício de flexão extensão de joelho.
O
desempenho de caminhada reduzido em idosos indica o declínio na mobilidade,
podendo aumentar o risco de hospitalização [27]. Nesta perspectiva, o teste de
caminhada de 2 minutos é uma versão alternativa ao teste de caminhada de 6
minutos [14] mostrando-se uma ferramenta viável de ser realizada na população
idosa na qual a capacidade dos indivíduos envolvidos é reduzida, podendo,
assim, diminuir o número de desistências no decorrer do teste e valores nulos
[28,29,30]. Neste estudo, verificou-se o aumento no desempenho da distância
percorrida durante o teste de caminhada de 2 minutos após a aplicação do
protocolo de fototerapia.
O
teste de força muscular manual se trata de um método comumente utilizado na
prática clínica para avaliar a força muscular, no entanto, oferece uma medida
de força subjetiva e com pouca sensibilidade [31]. Por outro lado, o teste de
força muscular com esfigmomanômetro modificado é um teste simples e de rápida
aplicabilidade, sendo ele utilizado de forma comparativa, que apresenta medidas
de forma quantitativa e objetiva [32]. Para a realização do teste de força com
esfigmomanômetro modificado, utiliza-se um esfigmomanômetro aneroide,
dispositivo portátil, de baixo custo e comumente utilizado por profissionais da
área da saúde [33]. Em nosso estudo não detectamos diferenças significativas
quanto ao ganho de força muscular após a fototerapia.
Os
resultados na literatura quanto ao efeito da fototerapia na força muscular de
idosos é conflitante. Toma et al. [11] investigaram os efeitos da
fototerapia sobre os músculos do quadríceps femoral por meio do teste de
caminhada de 6 minutos, dinamômetro isocinético,
eletromiografia, concentração de lactato sanguíneo e de 1 - Repetição Máxima
(1-RM), durante 8 semanas em 38 idosas ativas. Os principais achados do estudo
demonstram que a associação do protocolo de força e fototerapia, a longo prazo,
é capaz de melhorar o desempenho muscular no teste de força muscular sem
diferenças significativas no teste de caminhada de 6 minutos. Recentemente,
outro estudo visou avaliar os efeitos da fototerapia no desempenho muscular do
quadríceps femoral em pacientes idosos com Insuficiência Cardíaca (IC) [34].
Seus resultados demonstraram que uma única aplicação não diminuiu a ativação
muscular e também não melhorou o desempenho muscular em indivíduos com IC.
Nosso estudo vem contribuir para esse conflitante cenário, evidenciando que um
protocolo agudo de fototerapia aumenta o desempenho no TSLC e TC2´, porém sem
aumento da força muscular em quadríceps de idosos.
Estudos
clínicos demostram que a fototerapia quando aplicada antes do exercício aumenta
o desempenho muscular em adultos saudáveis, provavelmente devido a contribuição
por via metabólica aeróbica, o aumento na concentração de ATP e consumo de
oxigênio, desencadeadas por modificações celulares na cadeia respiratória
mitocondrial [26]. A fototerapia também pode influenciar no fluxo sanguíneo
local, o que promove maior vascularização [8]. Em outro estudo, Leal-Junior et
al. [6] ao realizar uma revisão sistemática com metanálise
investigando os efeitos da fototerapia sobre o desempenho no exercício e
preservação do dano muscular, argumenta que os efeitos da fototerapia são
consistentes para marcadores bioquímicos, o que aumenta a credibilidade dos
resultados positivos observados no desempenho muscular em nosso estudo.
Do
ponto de vista prático e clínico, os resultados apresentados em nosso estudo
estão relacionados a melhora da capacidade funcional em idosos. Os benefícios
observados com a aplicação da fototerapia no envelhecimento podem abrir portas
para sua aplicação como uma ferramenta fisioterapêutica complementar para essa
crescente população.
As
limitações deste estudo estão na ausência da análise de biomarcadores, o que
impede conclusões mais profundas quanto aos mecanismos de ação do protocolo de
fototerapia. Ainda, testou-se um protocolo isolado de fototerapia agudo e sem
um follow-up não permitindo conclusões sobre a duração dos efeitos observados.
Sugere-se estudos com a fototerapia aplicada de forma crônica, associada ao
exercício e com avaliação de biomarcadores na população idosa.
Foram
observados aumentos significativos nos testes de sentar-levantar da cadeira e
de caminhada de 2 minutos após a aplicação de um protocolo agudo de fototerapia
no quadríceps de idosos. Em conclusão, os achados do presente estudo sugerem
que a fototerapia é capaz de melhorar a capacidade funcional na população
idosa.
Conflito
de interesses
Os
autores declaram não haver conflitos de interesses.
Fontes
de financiamento
Os
autores declaram não haver fontes de financiamento.
Contribuição
dos autores
Concepção
e desenho da pesquisa: Santos MVT, Hentschke
VS,
Randomização e
alocação/aplicação da
intervenção: Santos MVT; Avaliação
inicial: Kilian JBF; Teste de força muscular com
esfigmomanômetro modificado, teste sentar-levantar e o teste de caminhada de 2
minutos: Pereira AC; Análise e interpretação dos dados: Hentschke
VS, Santos MVT; Análise estatística: Hentschke VS;
Redação do manuscrito: Santos MVT, Hentschke VS;
Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Hentschke VS, Capalonga L