ARTIGO
ORIGINAL
Efeito
do Método Pilates na postura e no equilíbrio dinâmico de idosas
Effect of Pilates method in posture and dynamic
balance in elderly women
Morgana Braga
Camargo*, Aline Nogueira Haas, D.Sc.**, Catiane
Souza***, Emanuelle Francine Detogni Schmit***, Letícia Miranda Resende da
Costa****, Cláudia Tarragô Candotti, D.Sc.*****, Jefferson Fagundes Loss,
D.Sc.******
*Especialista
no Método Pilates pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, **Professora
Adjunta da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ***Mestranda em Ciências
do Movimento Humano pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
****Doutoranda em Ciências do Movimento Humano pela Universidade Federal do Rio
Grande do Sul, *****Professora Adjunta da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, ******Professor Associado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Recebido em 30 de
abril de 2015; aceito em 25 de agosto de 2015.
Endereço
de correspondência:
Aline Nogueira Haas, Rua Felizardo, 750, 90690-200 Porto Alegre RS, E-mail: alinehaas02@hotmail.com
Resumo
Objetivo: Analisar os efeitos
do Método Pilates na postura corporal estática e no equilíbrio corporal
dinâmico de idosas. Métodos:
Participaram da amostra 18 mulheres, idade entre 60 e 75 anos, as quais foram
submetidas a 30 sessões de Mat Pilates, 2 vezes por
semana. As avaliações foram realizadas em 2 momentos
distintos, pré e pós-intervenção. O equilíbrio corporal dinâmico foi avaliado
com um teste de equilíbrio validado. A postura corporal estática foi avaliada
por fotogrametria, através do software DIPA. A análise estatística foi
realizada no software SPSS (v.18.0), através de estatística descritiva e
inferencial. A normalidade dos dados foi verificada através do teste de
Kolmogorov Smirnov com correção de Lilliefors, e para comparações do fator
tempo foram realizados os testes de Wilcoxon e t de Student. Para todas as
análises comparativas foi adotado um nível de significância de 5%. Resultados: Não ocorreram mudanças
significativas na postura corporal estática e no equilíbrio corporal dinâmico
das idosas, pré e pós-intervenção com o Método Pilates. Conclusão: Trinta sessões de Mat Pilates não produziram mudanças
significativas na postura corporal e no equilíbrio dinâmico das idosas
estudadas.
Palavras-chave: postura, exercício,
Método Pilates, saúde do idoso.
Abstract
Objective: To analyze
the effects of Pilates Method in posture and balance in elderly women. Methods: In this study we evaluated a
sample of 18 women, 60 to 75 years old, and submitted to 30 Mat sessions twice
a week. Two evaluations were performed, one pre and one post-intervention. To
evaluate the body dynamic balancing we used one validation balancing test.
Posture was assessed using photogrammetry with DIPA software. Statistical
analysis was performed using SPSS software (version 18.0), using descriptive
and inferential statistics. Data normality was verified using the
Kolmogorov-Smirnov test with Lilliefors correction, and for the time factor
comparisons we used the Wilcoxon and Student t tests. For all comparative
analyzes we adopted a significance level of 5%. Results: There were no statistically significant changes in the
variables before and after Pilates Method intervention. Conclusion: Thirty sessions of Mat Pilates produced no significant
changes in body posture and dynamic balance of the sample of the study.
Key-words: posture,
exercise, Pilates Method, health of elderly.
A expectativa de vida
mundial tem crescido nos últimos anos, como consequência disso, houve também um
aumento da população idosa [1]. No Brasil, estima-se que a expectativa média de
vida, a qual era de 75 anos em 2013, passará para 81 anos em 2060 [2]. Dessa
forma, o número de brasileiros idosos (≥ 60 anos de idade)
passou de 3 milhões, em 1960, para 14 milhões, em
2002, aumentando 500% em aproximadamente quatro décadas, estima-se ainda que
alcance 32 milhões em 2020 [3]. Um dos fatores que contribui para que o país
caminhe rapidamente rumo a um padrão etário cada vez mais envelhecido é o
avanço da tecnologia, que facilita o acesso à informação e a procura por
hábitos de vida mais saudáveis.
Sabe-se que o
processo de envelhecimento gera declínio nas funções fisiológicas, provoca
redução do desempenho funcional, o qual pode estar associado ao sedentarismo,
tais fatores contribuem para a perda de força, flexibilidade, resistência e
capacidade cardiorrespiratória [4]. Nessa população são verificadas ainda
dificuldades no equilíbrio e na marcha, as quais podem gerar quedas, e
consequente perda de autonomia funcional [5]. Um recurso comumente utilizado
para a manutenção da independência funcional de indivíduos idosos é a atividade
física [6].
Dentre as atividades
físicas, o Método Pilates é indicado para populações com
diferentes objetivos [7], destacando-se por requerer
estabilidade, força e flexibilidade, além de atenção ao controle muscular,
postura e respiração [8]. A execução dos exercícios é baseada em princípios que
pregam o menor gasto de energia e a globalidade dos movimentos, trabalhando o
corpo como um todo [9]. Desta forma, o Pilates parece ser eficiente, seguro e
uma ótima opção para idosos, visto que é utilizado nessa faixa etária também
com o objetivo de reabilitação [10].
O Pilates vem sendo
difundido mundialmente e conquista mais adeptos a cada
dia [11], tal popularização também é percebida no Brasil, onde há praticantes
distribuídos por todo o território nacional [12]. No entanto, não há consenso
na literatura sobre os efeitos do método na população idosa [13,14]. Sendo
assim, o presente estudo tem como objetivo analisar os efeitos do Mat Pilates,
na postura corporal estática e no equilíbrio corporal dinâmico de idosas.
Material
e métodos
O presente estudo foi
realizado no Centro Profissional São José em Palmares do Sul/RS. A amostra foi
selecionada por conveniência, composta por 20 participantes do sexo feminino.
Os critérios de inclusão foram ter entre 60 e 75 anos; não praticar atividade física
regular nos últimos 3
meses; não ter experiência
prévia com o método; não ter
contraindicação médica à prática de
atividade
física e não ter doenças
musculoesqueléticas que prejudicassem seu desempenho
nas valências avaliadas. Os critérios de exclusão
foram faltar a 2 sessões consecutivas ou a 4 sessões alternadas, bem como
não comparecer às sessões avaliativas ou iniciar outra atividade física regular
durante o período da intervenção. Após o crivo dos critérios de elegibilidade 2 participantes foram excluídas, de forma que 18 idosas
concluíram a pesquisa.
As participantes
foram informadas detalhadamente sobre os procedimentos de avaliação e
intervenção, todas concordaram em participar de maneira voluntária assinando o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido conforme a resolução 466/2012 do
Conselho Nacional de Saúde. Essa pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética e
Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Sul sob o número 477.510.
Para avaliar e
quantificar os efeitos do Método Pilates, foram realizadas 2
avaliações: a primeira, denominada pré-intervenção, foi realizada antes do
início das aulas de Mat Pilates, e a segunda, denominada pós-intervenção, logo
após o término da realização das 30 sessões.
A fim de avaliar o
equilíbrio corporal dinâmico, foi utilizado o teste de equilíbrio proposto e
validado por Duncan et al. [15]. Para a realização deste, foi
fixada na parede uma fita métrica em posição horizontal e uma fita no solo para
delimitação do posicionamento dos pés. A participante foi orientada a se
posicionar em ortostase, com o lado direito do corpo para a parede, pés atrás
da marcação da fita fixada ao solo e afastados na largura do quadril, o ombro
direito fletido a 90° de maneira que o quinto quirodáctilo ficasse sobre a fita
métrica na parede, foi mensurado o alcance do terceiro quirodáctilo. Em
seguida, a participante foi orientada a flexionar o tronco sem alterar a
posição dos pés nem realizar rotações, mantendo o braço paralelo ao solo, sendo
realizada a aferição do alcance máximo. O resultado do teste consiste na
diferença entre a posição inicial e a posição final do terceiro quirodáctilo em
centímetros, realizado por três vezes consecutivas e representado pela média.
A avaliação da
postura corporal estática foi realizada por fotogrametria digital, baseada no
protocolo DIPA [16]. Para aquisição dos registros fotográficos foi utilizada
uma câmera digital (modelo X500 de 16 megapíxels, General Imaging), fixada em
um tripé a 0,95 m do solo e a uma distância horizontal de 2,80 m do indivíduo.
Como referência vertical, utilizou-se dois marcadores
reflexivos, presos a um fio de prumo, distantes 1 m entre si. A referência
horizontal foi assumida como sendo perpendicular ao fio de prumo. Os pontos
anatômicos de interesse foram identificados por marcadores autoadesivos,
demarcados antes da aquisição das imagens incluindo: o lóbulo da orelha, o
acrômio, a cicatriz umbilical, a espinha ilíaca póstero superior, a espinha
ilíaca ântero superior, o trocânter maior do fêmur, o côndilo lateral do
joelho, a fossa anterior ao maléolo externo e os processos espinhosos das
vértebras C7, T6, L4 e S2. As participantes foram orientadas a ficar em traje
de banho, posicionadas em ortostase no plano sagital, de forma que os
marcadores reflexivos fixados nos pontos anatômicos de referência ficassem
aproximadamente no mesmo plano do fio de prumo, na posição de perfil direito,
para avaliação das alterações anteroposteriores. Posteriormente, as fotos foram
analisadas através do software DIPA, o qual fornece informações quantitativas e
qualitativas da postura do indivíduo, dentre elas, e pertinente a este estudo,
a postura da coluna vertebral e suas respectivas flechas – cervical,
dorsal
e lombar [17], bem como a postura de inclinação da pelve,
se em
anteroversão, retroversão ou normal e a
posição pélvica em relação à
pulsão, ou
seja, se em antepulsão, retropulsão ou com alinhamento
normal.
A
verificação das três curvaturas sagitais da coluna, denominadas flecha
cervical, flecha lombar e flecha dorsal se dá através de uma linha
de referência posterior a qual parte do processo espinhoso da vértebra S2 e
segue em uma linha vertical até o processo espinhoso da vértebra T6 fornecendo os
valores absolutos referentes as larguras das lordoses. Para a flecha cervical,
têm-se as seguintes classificações: lordose diminuída (inferior a 3 cm), lordose fisiológica (de 3 a 4,5 cm) e lordose
aumentada (superior a 4,5 cm). A flecha dorsal classifica-se em: cifose
diminuída (inferior a 0 cm), cifose fisiológica (igual
a 0 cm) e cifose aumentada (superior a 0 cm). Por fim, a flecha lombar é
classificada em: lordose diminuída (inferior a 2,5 cm), lordose fisiológica (de
2,5 a 4 cm) e lordose aumentada (superior a 4 cm)
[16,17].
A intervenção,
composta de 30 sessões de Mat Pilates, foi ministrada por uma fisioterapeuta
com formação no Método Pilates. As sessões foram realizadas em grupos, formados
por no máximo quatro idosas, com duração aproximada de 50 min, duas vezes por
semana, em dias não consecutivos. Caso alguma participante não pudesse
comparecer, essa era incentivada a recuperar em outro horário, desde que na
mesma semana e em turmas onde houvesse vaga.
A intervenção, os
exercícios, e suas progressões foram sistematizadas de acordo com o protocolo
proposto por Siler [18], conforme apresentado na Tabela I. Nas sessões um a
cinco, foram inclusos os exercícios que a autora determinou como de nível
básico-intermediário, bem como os de membros superiores considerados de nível
básico e ainda os de parede. Nas sessões 6 a 10 foram acrescentados alguns
exercícios definidos como de nível básico. A partir da sessão 11, foram
incluídos alguns exercícios de dificuldade intermediária. Na sessão 16 foram
introduzidos outros exercícios intermediários. A partir da sessão 21 foram
englobados também os exercícios de membros superiores intermediários. Por fim,
a partir da sessão 26 foram incluídos os demais exercícios intermediários. As
progressões, dentro desses intervalos de cinco aulas foram definidas de acordo
com a individualidade de cada grupo. Caso as alunas apresentassem limitações ou
necessidade de práticas pedagógicas para avançar no protocolo, exercícios
preparatórios (fundamentals)
foram incluídos ao logo das sessões.
Tabela
I - Protocolo de exercício proposto por Siler
[18].
Para a realização da
análise estatística foi utilizado o programa SPSS (versão 18.0). Todas as
variáveis foram analisadas por meio de estatística descritiva. Foi verificada a
normalidade da distribuição das flechas, do equilíbrio corporal dinâmico e do
ângulo de inclinação da pelve, por meio do teste de Kolmogorov Smirnov com
correção de Lilliefors, e apenas as variáveis flechas (cervical, dorsal e lombar)
rejeitaram a hipótese de normalidade. Para avaliar o efeito do fator tempo (pré
e pós intervenção) nas flechas (cervical, dorsal e
lombar) foi utilizado o teste de Wilcoxon, e para o equilíbrio corporal
dinâmico e o ângulo de inclinação da pelve foi utilizado o teste t de Student
para amostras pareadas. Para todas as análises comparativas foi adotado um
nível de significância de 5%.
Resultados
A amostra foi
constituída por 18 idosas, com idade média de 67,7 ± 5,4 anos, massa de 69,8 ±
11,1 kg e estatura de 1,55 ± 0,05 m. Os resultados oriundos do protocolo DIPA,
referentes à postura de inclinação da pelve se mostraram bastante heterogêneos
antes da intervenção, no entanto, na avaliação pós-intervenção, houve
predomínio da anteroversão pélvica conforme pode ser observado na Tabela II.
Tabela
II -
Resultados da classificação do
posicionamento da pelve quanto a sua inclinação.
Antes da intervenção
todas as idosas apresentavam o posicionamento pélvico em antepulsão, após as
sessões de Pilates uma delas passou à posição neutra, enquanto outra à
retroversão (Tabela III).
Tabela
III
- Resultados da classificação do
posicionamento da pelve quanto à antepulsão/retropulsão.
A classificação das
flechas das regiões cervical, dorsal e lombar, antes da intervenção, estava
predominantemente aumentada, não tendo mudanças após as sessões de Pilates
(Tabela IV).
Tabela
IV -
Resultados da classificação das flechas
cervical, dorsal e lombar.
Os resultados
referentes ao efeito do fator tempo, pré e pós-intervenção, relacionado a classificação das flechas cervical (z = 0,000; p = 1,000),
dorsal (z = -1,000; p = 0,317) e lombar (z = -1,000; p = 0,317), não
demonstraram diferença significativa, assim como, as variáveis equilíbrio
corporal dinâmico e ângulo de inclinação da pelve (Tabela V).
Tabela
V - Média, desvio-padrão e valor
p das variáveis equilíbrio
dinâmico (cm) e ângulo de inclinação da pelve (graus) nas fases pré e
pós-intervenção.
Neste estudo, não
foram observadas mudanças significativas nas variáveis analisadas, antes e
depois da intervenção com o Método Pilates. Destaca-se ainda, com relação ao
posicionamento de inclinação da pelve das participantes, que antes da
intervenção a maior frequência encontrava-se em retroversão, apesar da grande
heterogeneidade da distribuição, ao final a maior frequência foi observada em
anteroversão (Tabela II). Embora o protocolo tenha predomínio de exercícios
flexores do tronco (Tabela I), a extensão do tronco era estimulada por fundamentals (que
podiam ser inseridos desde a primeira aula) e por alguns exercícios que
entraram na segunda metade da intervenção. Sendo assim, acredita-se que, devido
à flexão do tronco ser um movimento comum na rotina dessas idosas (muitas
relatavam atividades como fazer artesanatos, trabalhar na horta ou no jardim),
os exercícios de extensão podem ter ensinado a elas uma estratégia de
compensação que poderia justificar a maior frequência de anteroversão
encontrada.
Em relação ao
posicionamento da pelve, a amostra selecionada já apresentava antepulsão antes
do início da pesquisa, mantendo o predomínio dessa característica postural após
a intervenção (Tabela III). Tal resultado corrobora a literatura, visto que
modificar a postura de um idoso é bastante difícil, pois a maioria dos
desequilíbrios encontra-se estruturado. Segundo Silveira et al. [19], as alterações posturais que ocorrem na população idosa
são fisiológicas e inerentes ao envelhecimento, tais como o corpo em
desequilíbrio anterior, com projeção da cabeça para frente, aumento da cifose
dorsal, protrusão de ombros e aumento da lordose lombar. Essas alterações estão
principalmente relacionadas à sarcopenia, a qual resulta em diminuição de força
de todos os músculos do corpo [20], bem como em alterações estruturais e
funcionais nos sistemas sensoriais e motor [21].
Cruz-Ferreira et al. [22] avaliaram 74 mulheres adultas,
sendo 40 do grupo intervenção e 34 do grupo controle, e encontraram uma melhora
significativa no alinhamento frontal de ombro e alinhamento sagital da cabeça e
pelve. Especificamente com idosos, Nunes Junior et al. [13] avaliaram a postura de cinco indivíduos (três homens e
duas mulheres), utilizando fio de prumo, antes e após praticarem 36 sessões de
Pilates no solo e em aparelhos (trapézio, cadeira e reformer), concluindo que o
método teve efeito corretivo na postura dos indivíduos, porém pouco
significativo, visto que nenhum participante de maior faixa etária obteve melhora
em todos os segmentos. O que pode sugerir que a população idosa necessite de
uma intervenção mais duradoura, para que resultados em relação à postura sejam
encontrados.
A propensão ao
aumento das flechas dorsal e lombar (Tabela IV), juntamente com os demais
resultados, pode estar relacionada à falta de consciência corporal, já que as
participantes eram sedentárias e não estavam acostumadas a realizar atividades
corporais. Por isso, no momento da instrução dos exercícios pode não ter ficado
claro um dos conceitos do Método Pilates denominado crescimento axial.
Entendemos esse conceito como a criação de espaço articular entre os discos
vertebrais a fim de melhorar a mobilidade da coluna e diminuir compressões. Tal
resultado corrobora o estudo realizado por Kuo et al. [14], no qual foram avaliados 34 idosos que realizaram Pilates
durante 10 semanas, e foi encontrado um ligeiro aumento da lordose lombar
durante o movimento de sentar imediatamente após a conclusão da intervenção, a
qual não se manteve após um curto período de tempo.
Com relação aos
resultados do equilíbrio corporal dinâmico, houve uma tendência em diminuir a
distância máxima de alcance das idosas ao realizarem o teste no momento
pós-intervenção, em relação ao momento pré-intervenção (Tabela V).
Possivelmente esses resultados podem também estar relacionados a uma má
interpretação do crescimento axial, somado ao conceito do power house [23], de forma que ao contrair os músculos do abdômen antes
da realização do teste, as idosas tenham fletido parcialmente o tronco, o que
somado à antepulsão faz com que o movimento seja realizado com a coluna em
bloco e não segmentada, diminuindo assim o alcance final do movimento, visto
que tais músculos têm, em sua maioria, inserção no púbis e no ilíaco.
Porquanto, sabe-se que o treinamento com Método Pilates é efetivo para o
fortalecimento do centro do corpo, em um estudo no qual foi analisado o
posicionamento da cervical e dos ombros em 19 adultos jovens (nove no grupo
controle e 10 no grupo intervenção) durante o movimento de flexão do ombro, os
indivíduos melhoraram sua postura ao movimentar o membro superior, após 12
semanas de prática [24].
Corroborando os
resultados encontrados no presente estudo, Kloubec [25] ao avaliar 50 adultos
(25 no grupo controle e 25 no grupo intervenção), os quais praticaram Pilates
durante 12 semanas, em duas sessões semanais de 60 minutos, foram encontrados
aumentos significativos na resistência abdominal, flexibilidade dos
isquiostibiais e resistência muscular, não encontrou melhorias com relação a postura e equilíbrio, quando comparado com o grupo de
controle.
Os resultados
encontrados no presente estudo podem ser explicados devido a um possível
desconhecimento, por parte da amostra estudada, da sua própria imagem corporal
e aptidão motora, dificultando o entendimento de como realizar os exercícios do
Método Pilates, diminuindo assim a efetividade no que diz respeito à
intervenção. Póvoa et al. [26] aplicaram um formulário em 101
idosas com idade ?60 anos, praticantes de atividade física regular e concluíram
que estas tinham um satisfatório conhecimento quanto a sua própria imagem
corporal. No entanto, Rosa Neto et al. [27]
aplicaram a Escala Motora para Terceira Idade (EMTI) em 409 idosos, de ambos os
sexos, com idade ≥ 60
anos, residentes em 19 instituições asilares na Grande Florianópolis,
sedentários e encontraram um resultado com um “Nível Muito Inferior” no que diz
respeito a aptidão motora dos idosos.
Quando o indivíduo
exercita o corpo sem empregar a mente, acaba não realizando o exercício de
forma completa. No Método Pilates é comum o instrutor utilizar a descrição de
uma imagem ou situação cotidiana, para que o aluno possa compreender o
movimento a ser executado, mesmo sem conhecimento prévio da musculatura que
deve ser ativada ou de sua ação [18]. Dessa forma, o efeito do Método Pilates
no corpo de um aluno depende da maneira como o instrutor verbaliza o exercício
e de como o aluno entende o mesmo. Por isso, é necessário que o instrutor
verifique os detalhes da técnica dos exercícios e da correta forma de execução,
para ter certeza de que o aluno entendeu a intenção do movimento.
Uma limitação
identificada neste estudo foi o tempo de intervenção reduzido. Acredita-se que
efeitos mais expressivos relacionados à postura podem ser encontrados se o
período de intervenção for maior, já que a postura dos idosos apresenta
alterações estruturadas e de difícil tratamento. Ainda assim, a prática do
Método Pilates parece ser adequada para esta população, desde que realizado um
trabalho contínuo e orientado de forma adequada.
Com base no exposto,
podemos concluir que 30 sessões de Mat Pilates não produziram mudanças
significativas na postura corporal e no equilíbrio dinâmico das idosas estudas.
Sugerimos que mais estudos sejam realizados com um maior tempo de intervenção e
com diferentes frequências de treino.