Fisioter
Bras 2022;23(1):152-72
REVISÃO
Os efeitos da reabilitação baseada em
exercícios sobre a marcha de pacientes com doença de Parkinson: uma revisão
sistemática
The effects of
exercise-based rehabilitation on the gait of patients with Parkinson's disease:
a systematic review
Karine Santos Brito*, Tatiana Raquel dos Santos*,
Alessandra Tanuri Magalhães**
*Acadêmica do curso de Fisioterapia da
Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDpar),
Parnaíba, PI, **Docente do curso de Fisioterapia na Universidade Federal do
Delta do Parnaíba (UFDpar), Parnaíba, PI
Recebido em 1 de dezembro de 2021; Aceito
em 7 de janeiro de 2022.
Correspondência: Alessandra Tanuri
Magalhães, Av São Sebastião, 2819, 64202-020 Parnaíba
PI
Karine Santos Brito:
karine.brito026@gmail.com
Tatiana Raquel dos
Santos: tatianaufdpar@gmail.com
Alessandra Tanuri Magalhães: alessandra@ufpi.edu.br
Resumo
Introdução: Mais de 85% das pessoas com Doença de
Parkinson (DP) desenvolvem dificuldades de locomoção dentro de 3 anos após o
diagnóstico, sendo os distúrbios da marcha considerados os sintomas motores
mais incapacitantes da DP, levando a um declínio substancial na mobilidade e
independência. Objetivo: Realizar uma revisão sistemática sobre os
efeitos encontrados após reabilitação baseada em exercícios na marcha em
pacientes com DP. Métodos: Foi realizada uma revisão sistemática
buscando artigos nas bases de dados Pubmed, Lilacs, PEDro, Scielo e Scopus, com estudos publicados nos últimos dez
anos. Os termos usados para pesquisa foram selecionados de acordo com o DeCS/MeSH (Descritores em
Ciências da Saúde/ Medical Subject Headings). Resultados: A busca resultou em 514
estudos e 58 desses estudos foram apropriados para inclusão. Após avaliação
metodológica dos 58 estudos, apenas trabalhos classificados como de alta
qualidade metodológica foram incluídos. Foi verificado que programa com
treinamento de marcha, fortalecimento, dupla tarefa, equilíbrio e resistência
demonstram em sua maioria efeitos positivos na velocidade, cadência,
comprimento da passada, comprimento do passo, capacidade e resistência da
marcha. Conclusão: Os estudos apresentados nesta revisão demonstram em
sua maioria efeitos positivos após reabilitação baseada em exercícios na marcha
de pacientes com DP.
Palavras-chave: doença de Parkinson; análise da
marcha; terapia por exercício.
Abstract
Introduction:
More than 85% of people with Parkinson's Disease (PD) develop walking
difficulties within three years of diagnosis, with gait disturbances being
considered the most disabling motor symptoms of PD, leading to a substantial
decline in mobility and independence. Objective: To carry out a
systematic review of the effects found after exercise-based rehabilitation on
gait in patients with PD. Methods: A systematic review was carried out
searching for articles in the PubMed, Lilacs, PEDro, Scielo, and Scopus databases, with published studies in the
last ten years. The expressions used for research were chosen according to the DeCS/MeSH (Health Science
Descriptors/ Medical Subject Headings). Results: The search resulted in
514 studies, and 58 of these studies were suitable for inclusion. After the
methodological evaluation of the 58 studies, only papers classified as having
high methodological quality were included. It was found that a program with
gait training, strengthening, dual task, balance and endurance showed mostly
positive effects on speed, cadence, stride length, step length, gait capacity
and resistance. Conclusion: The studies presented in this review
illustrate mostly positive results after exercise-based rehabilitation on the
gait of patients with PD.
Keywords:
Parkinson disease; gait analysis; exercise therapy.
A Doença de Parkinson (DP) é caracterizada
por degeneração progressiva de neurônios dopaminérgicos na substância negra do
mesencéfalo, levando às mudanças fisiopatológicas no circuito dos gânglios
basais [1]. A dopamina é o principal neurotransmissor que retransmite os sinais
neuronais do cérebro para outros centros motores e sua diminuição perturba o
controle dos movimentos dando origem aos sintomas motores conhecidos como
bradicinesia, rigidez, tremor de repouso, instabilidade postural e distúrbios
da marcha [2,3].
Mais de 85% das pessoas com DP
desenvolvem dificuldades de locomoção dentro de 3 anos após o diagnóstico,
devido à alteração dos sintomas motores [4]. Os distúrbios da marcha são
considerados os sintomas motores mais incapacitantes da DP, levando a um
declínio substancial na mobilidade e independência, uma alta taxa de quedas e
uma redução na qualidade de vida [5].
Estudos confirmam que os pacientes com
DP precoce e avançada apresentam comprometimento da marcha e que o padrão
específico da marcha anormal é caracterizado por redução da velocidade da
marcha [5,6,7], redução do comprimento do passo [5], comprimento da passada
reduzida [6,7,8] e diminuição da rotação do tronco combinada com uma cadência
aumentada [5,6]. Devido a essas deficiências, existe uma grande tendência de pacientes
com DP terem uma redução da capacidade de andar, o que determina a redução da
função motora [8].
Sabe-se que o tratamento para cura de DP
ainda não existe, porém a reabilitação por meio de exercícios visa a melhora da
atividade funcional, aplicando-se técnicas com o cuidado necessário para a
obtenção de independência e melhor qualidade de vida [9]. Diante disso, é
importante conhecer os exercícios e seus efeitos nas disfunções da marcha, já
que essas disfunções afetam diretamente a qualidade de vida desses pacientes.
Em consideração a isso, nota-se na última década, que os exercícios físicos de
diferentes intensidades realizados por atividades cinéticas terapêuticas,
tecnologias robóticas, participação de pistas sensoriais, têm se tornado cada
vez mais valorizados no manejo das deficiências da DP [10].
Recentemente, um estudo buscou avaliar a
eficácia de uma variedade de modalidades e programas de exercícios na função da
marcha em adultos com DP. Esse estudo abrangeu desde aqueles exercícios mais
convencionais como treinamento de equilíbrio e marcha, até aqueles introduzidos
de modo recente nas modalidades de tratamento como a dança, yoga e boxe [11].
Nesse contexto, no presente estudo buscou-se focar apenas nos resultados
obtidos para aqueles exercícios mais convencionais e assim fornecer dados para
ampliar o olhar do profissional da área de reabilitação da marcha sobre como
melhorar seu programa de atendimento com a utilização de exercícios
convencionais. Geralmente são os tipos de exercícios mais comuns e acessíveis
na sua prática clínica. Portanto, este estudo teve como objetivo investigar os
efeitos encontrados após reabilitação baseada em exercícios na marcha em
pacientes com DP e, ainda, destacar os instrumentos utilizados dentro dos
estudos para avaliar a marcha.
Este estudo é caracterizado como uma
revisão sistemática da literatura realizada por meio de busca nas bases de
dados Pubmed, Lilacs, PEDro, Scielo e Scopus. A busca
nas bases foi realizada nos meses de abril e maio de 2021. Os termos usados
para pesquisa foram selecionados de acordo com o DeCS/MeSH (Descritores em Ciências da Saúde/Medical Subject Headings), alguns dos
termos de vocabulário controlado utilizados compreendeu: “Parkinson Disease”, "Exercise Therapy", "Gait Analyse", para o vocabulário não controlado foi
utilizado os seguintes termos: “Conventional physiotherapy”, “Physical Therapy Modalities”, “Functional Gait”. A estratégia de
busca foi modificada de acordo com cada base de dados.
Os artigos foram salvos no software de
gerenciamento de referências (Mendeley) e as
duplicatas foram removidas. Foi anotada a soma dos artigos de cada plataforma
para leitura do resumo e título, realizado em dupla de forma independente,
foram excluídos os artigos de acordo com os critérios de elegibilidade. Todos
os artigos tiveram sua elegibilidade confirmada pela leitura completa do
artigo. Quando houve discordância entre os revisores, estas foram resolvidas
por consenso ou consulta de um terceiro revisor
Esta pesquisa foi conduzida seguindo as
recomendações do modelo PRISMA (Principais Itens para Relatar Revisões
Sistemáticas e Meta-análises) [12]. Possui o seguinte registro na plataforma
PROSPERO (CRD42021240908).
Foram incluídos artigos com pacientes
diagnosticados com DP e que participaram de qualquer tipo de intervenção
fisioterapêutica baseada em exercícios de pelo menos 10 sessões; período de
publicação de 2011 a 2021; análise e discussão de pelo menos um parâmetro da
marcha (velocidade/cadência/comprimento da passada/comprimento do passo/
capacidade da marcha/resistência da marcha). Os estudos incluídos foram do tipo
experimentais que abrangeram intervenções fisioterapêuticas baseadas em
exercício como (exercícios de equilíbrio, treinamento de marcha em esteira ou
solo, com ou sem pistas, exercícios de fortalecimento muscular, exercícios
resistidos e dupla tarefa) quando comparados com outra abordagem de exercício e
com controle que não realizou nenhum treinamento. Foram excluídos artigos com
pacientes com outro diagnóstico diferente da DP; intervenção baseada em
treinamento com menos de 10 sessões; tipos de estudo como revisões do tipo
sistemática, de literatura, metanálise e estudo de
caso.
Os estudos incluídos na revisão passaram
pela extração das informações por meio de um formulário elaborado previamente.
Os seguintes itens foram registrados: autores, ano de publicação, tamanho da
amostra, características dos sujeitos, detalhes da intervenção, duração do
tratamento, instrumentos utilizados para avaliar os parâmetros da marcha e os
resultados principais.
A avaliação da qualidade metodológica
dos estudos incluídos foi realizada por meio da escala PEDro
(Physiotherapy Evidence
Database) (ver anexo em PDF). A Escala PEDro,
atualmente é a mais usada na área da reabilitação, foi desenvolvida pela Physiotherapy Evidence Database para ser empregada em estudos experimentais e
possui uma pontuação total de 0 a 10 pontos, incluindo critérios de avaliação
de validade interna e análise estatística empregada pelos estudos. Para esta
revisão adotou-se as seguintes faixas de pontuação da escala PEDro: escore de 6-10: considerou-se como de alta
qualidade; 4-5: média qualidade; e 0-3: baixa qualidade. Levando em
consideração essas pontuações, incluímos apenas os estudos avaliados como de
alta qualidade (escore de 6-10).
A estratégia de busca rendeu 514 estudos
das bases de dados de publicação, foram removidas 144 duplicatas, realizou-se a
leitura do título e resumo dos 370 artigos restantes e 99 artigos foram
incluídos para a revisão do texto completo, nesta etapa foram excluídos 41
estudos e ao final 58 estudos eram apropriados para inclusão (Figura 1).
Figura 1 - Fluxograma do processo de seleção
dos estudos segundo o PRISMA
Após avaliação metodológica dos 58
artigos, 31 estudos foram classificados como de alta qualidade metodológica e
incluídos na revisão, obtendo pontuação 6-10 na escala PEDro,
conforme a Tabela I. Foram excluídos 27 artigos devido à média e baixa
qualidade, dos quais 13 artigos tiveram baixa qualidade e 14 artigos tiveram
média qualidade.
Tabela I - Qualidade metodológica dos estudos
incluídos na revisão, segundo escala PEDro
Para
melhor interpretação dos resultados
acerca dos estudos em questão construiu-se um quadro da
literatura (ver Quadro anexo em PDF), onde constam as principais
caraterísticas dos estudos.
Um total de 1.417 participantes
contribuíram para os estudos relatados nesta revisão sistemática, sendo o número
mínimo de participantes em um estudo 18 e o máximo 121. A idade dos
participantes variou entre 35 e 88 anos de idade, a maioria dos ensaios
recrutou participantes em estágio leve a moderada, segundo a Escala de Hoehn e Yahr, e somente cinco
estudos [19,21,23,30,37] incluíram participantes em estágio 4 (grave).
Por meio do quadro da literatura,
observou-se que dos 31 estudos analisados pelo presente estudo, 29 deles
demonstrou ter efeitos positivos sobre a marcha de pacientes com DP, com
melhorias na capacidade da marcha, resistência, cadência e, ainda, um aumento
na velocidade, comprimento do passo e comprimento da passada. Notou-se que
somente dois estudos não apontaram melhora para algum parâmetro da marcha
analisado [17,23].
Discussão
O presente estudo procurou verificar os
efeitos encontrados após reabilitação baseada em exercícios na marcha de
pacientes com DP, visto que os problemas na marcha são um dos distúrbios mais
comuns e incapacitantes da doença [42]. Por meio desta revisão foi possível
observar que a maioria dos efeitos foram positivos após a reabilitação baseada
em exercícios, já que a maior parte dos estudos encontrados obtiveram melhorias
para algum parâmetro da marcha.
Para melhor compreensão discutiremos os
resultados de acordo com os tipos de treinamento baseados em exercícios que
trouxeram efeitos positivos para marcha: 1) Treinamento de marcha; 2)
Exercícios de equilíbrio; 3) Exercícios de dupla tarefa; 4) Exercícios de
resistência; 5) Exercícios de fortalecimento; e 6) Programa de exercícios:
reabilitação que envolvia mais de um tipo de treinamento dentro de um mesmo
protocolo: Por exemplo, marcha e equilíbrio.
Foi possível observar que o treinamento
de marcha esteve presente em 11 estudos [6,7,13,14,16,21,25,26,33,37,39]. Esse
tipo de treinamento melhorou parâmetros como: velocidade
[7,13,14,25,26,33,37,39] cadência [13,26,33] capacidade da marcha [6,13,14]
resistência [6], comprimento do passo [21,26,33] e comprimento da passada
[7,13,37]. Esses resultados fornecem um forte suporte para o uso de treinamento
específico de marcha quando melhorias na marcha são o principal objetivo nos
pacientes com DP [11].
O treinamento de marcha foi aplicado de
diversas formas como: esteira [6,14,21,25,33,37,39] esteira com perturbação
[14], esteira em curvas [26] e em solo [13,25]. Os treinamentos de marcha em
solo envolveram exercícios como contornar/passar por obstáculos, subir e descer
um degrau, realizar marcha controlada por marcações horizontais no chão e ritmo
controlado por instruções do terapeuta [13,25]. Em um dos estudos realizados em
solo [13], comparou-se o treinamento da marcha para frente e para trás, usando
as mesmas tarefas e mesmo objetivos, no entanto, em direções opostas, ambos
grupos melhoraram a velocidade da marcha, e o grupo de treinamento para trás
melhorou a cadência e o comprimento da passada.
Os exercícios de equilíbrio foram
aplicados em três estudos [27,29,38], que envolviam manutenção da postura
estática e deslocamento dinâmico de peso [29], tarefas cognitivas concorrentes
(por exemplo, contar, lembrar de itens) e/ou tarefas motoras (por exemplo,
carregar e/ou manipular objetos) [38], e por meio desses exercícios foi
possível verificar melhoras nos parâmetros: velocidade [27,29,38], cadência
[27] e comprimento do passo [27,38]. Em um desses estudos [27], comparou-se um
treinamento de equilíbrio baseado no Programa de Exercícios Otago
[43] e nas diretrizes de prática para o tratamento da doença de Parkinson [44],
com o treinamento de plataforma móvel que ocorreu pela movimentação da
plataforma em diferentes direções em relação ao corpo, com e sem visão em
diferentes tentativas. Vale ressaltar que nesse estudo a velocidade melhorou significativamente
em ambos os grupos, porém a cadência e o comprimento do passo aumentaram apenas
ligeiramente nos exercícios de equilíbrio. Dessa forma, percebe-se que o uso de
exercícios mais convencionais ainda se torna uma boa opção de treinamento frente
ao uso de tecnologias, as quais muitas vezes não são tão acessíveis.
Em relação aos exercícios de dupla
tarefa, foram encontrados quatro estudos [17,19,24,31]. Esses estudos aplicaram
sessões de treinamento que consistiam em exercícios de marcha como: comprimento
do passo/passada com distância objetiva de 0,4-0,8 m de forma progressiva e
adaptada, treinamento de cadência/velocidade por metrônomo digital, exercícios
posturais; extensão do pescoço, adução escapular, retroversão dos ombros e anteversão pélvica [31], caminhada com maior velocidade de
marcha, enfatizando o golpe do calcanhar [19]. De forma simultânea com esses
exercícios de marcha, foram realizados exercícios cognitivos de fluência verbal
[17,19,24,31], tarefas de memória de trabalho [17,19,24,31], tarefas de
reconhecimento visual [19,24,31], reconhecimento auditivo, tarefas de tempo de
reação [19,24]. Após o treinamento com esses exercícios, houve uma melhora nos
parâmetros: velocidade da marcha [17,19,31], comprimento da passada [24,31],
cadência [24,31] e comprimento do passo [19].
Do mesmo modo, os exercícios de
resistência também estiveram presentes em quatro estudos [32,35,36,40].
Observou-se que na maioria dos protocolos os exercícios envolviam os principais
grupos musculares dos membros inferiores [36], tronco e, ainda, membros
superiores [32,35,40]. Em relação ao número de séries e repetições descritas
pelos estudos, notou-se que apenas um trabalho não trouxe essas informações, já
nos outros três estudos, utilizaram-se somente 2 séries e o número de
repetições variou entre 8 e 20 repetições, alguns exercícios envolveram a
extensão de joelho, quadril, tríceps [32] e flexão de joelho [36]. Houve
melhora nos seguintes parâmetros: velocidade [32,35,36], cadência [32] e
comprimento da passada [32,36,40].
Outro tipo de
exercício verificado nos estudos foi o de fortalecimento [15,22,28] e o
treinamento consistia em aumentar a força dos músculos do quadril (flexão,
extensão e abdução) e joelho (flexão e extensão) usando dinamômetros e máquinas
de leg press a 60% de 1
repetição máxima e 2 séries de 15 repetições em cada sessão. Aplicaram-se
também exercícios de remo e usaram ainda exercícios como caminhar com sacos de
areia de 0,5 a 1,5 kg amarrados a cada extremidade inferior. Por meio desse
treinamento foi possível obter uma melhora da velocidade da marcha [15,22,28] e
cadência [28].
Por outro lado, verificou-se ainda em
seis estudos os denominados programas de exercícios [18,20,22,30,34,41]. Em
três estudos [20,22,34], notou-se a aplicação do treinamento de equilíbrio e
marcha juntos, o treinamento de equilíbrio foi semelhante no que se refere a
questão de melhorar o ajuste postural antecipatório dos participantes, já o
treinamento de marcha foi realizado tanto em esteira, quanto em solo, com
feedback [22] e também incorporando dupla tarefa [34]; nos outros três estudos
[18,30,41] percebeu-se que os exercícios foram bastante diversificados,
incorporavam movimentos de corpo inteiro e sequências motoras complexas [18],
exercícios de percepção e fortalecimento [30], pistas visuais e auditivas [41].
Os parâmetros que apontaram melhoras foram: velocidade [18,20,22,30,34,41],
comprimento da passada [22] e comprimento do passo [18,30,34].
Como mencionado anteriormente, somente
dois estudos não apontaram melhora significativa para algum aspecto da marcha.
Em um desses estudos [23], quando aplicado exercício de equilíbrio comparado
com controle, não houve melhora na variável avaliada pelo estudo (velocidade da
marcha). Este estudo procurou demonstrar que um foco externo de atenção durante
uma tarefa motora (ou seja, prestar atenção aos efeitos de uma tarefa motora) é
mais eficaz do que nenhum foco de atenção ou um foco interno de atenção durante
a tarefa (ou seja, focar a atenção em seu corpo durante uma tarefa motora),
dessa forma, sentiu-se que as instruções de foco externo facilitariam uma
prática mais eficaz e que isso seria transferido para os benefícios de marcha e
equilíbrio do mundo real. Porém, com base em seus resultados, isso não ocorreu.
Os autores buscaram justificar seus resultados destacando o fato de seu
programa não ter ocorrido de forma individualizada, baseado em deficiência,
desafiador e dosado o suficiente.
Além do mais, em um estudo [16], com
programa domiciliar semi-supervisionado de marcha na
esteira, assim também comparado com controle, não apontou melhora nos
parâmetros estudados pelo estudo (capacidade de caminhada e velocidade). Foi
possível verificar que o treinamento na esteira ocorreu de forma progressiva e
envolveu dupla tarefa, além disso a maioria das sessões dos exercícios foram
realizadas sem a presença do fisioterapeuta, das 24 sessões, apenas sete
sessões foram supervisionadas. Os autores do estudo confirmam que a não melhora
nos parâmetros avaliados pode indicar que o treinamento em esteira em casa não
foi de intensidade suficiente, devido aos participantes terem necessidade de
treinar com segurança por conta própria, sem supervisão [16]. Com isso, é
possível observar que a presença do fisioterapeuta na hora da prática dos
exercícios é recomendada para alcançar a maior melhora na função motora.
Em relação aos instrumentos encontrados
para avaliar os parâmetros da marcha, observou-se que essas avaliações foram
realizadas de forma qualitativa e quantitativa/computadorizada. A avaliação
qualitativa esteve presente em 11 estudos, sendo utilizados os seguintes
instrumentos: (10mWT) [6,13,23,39,43]; (TUG) [6,29]; (TC6) [6,14,16,25,35,39];
Teste de marcha de 3 metros [42]; (FGA) [39]; (DGI) [21] e Teste de 2 minutos
[14]. Percebeu-se um número maior de estudos que utilizou a avaliação do tipo
quantitativa/computadorizada, sendo esta utilizada por 19 estudos, os
instrumentos utilizados variaram desde o uso de uma passarela eletrônica
[15,17,22,24,26,27,29,32,33,34,36,38]; teste da pegada e análise de
vídeo-marcha [40], e até mesmo sistemas e softwares específicos [19,20,
21,31,37,41] que implementaram ainda o uso da plataforma de força [21,31]. Vale
destacar que apenas um estudo utilizou tanto instrumentos computadorizados como
qualitativos [7].
Evidenciou-se por meio de uma revisão de
literatura [45], que poucos estudos fizeram uso da análise computadorizada para
avaliar os parâmetros espaciais como a velocidade, comprimento do passo e
cadência, o que difere do nosso estudo, já que a análise computadorizada se
sobressaiu. Entretanto, seu estudo ressalta que as avaliações qualitativas e
computadorizadas são de fato importantes para a compreensão dos resultados,
porém, algumas são mais específicas que outras, e no caso da avaliação
computadorizada, ela irá nos permitir uma melhor compreensão biomecânica e
assim fornecer dados reprodutíveis e confiáveis [46].
Esta revisão mostrou que a reabilitação
baseada em exercícios como treinamento de marcha, exercícios de fortalecimento,
exercícios de dupla tarefa, exercícios de equilíbrio e exercícios de
resistência podem melhorar o desempenho da marcha, incluindo velocidade,
cadência, comprimento da passada, comprimento do passo, capacidade e resistência
da marcha para pessoas com diagnóstico de doença de Parkinson.
Conflitos de interesse
Os autores declaram não
existir conflitos de interesse de qualquer natureza
Fonte de financiamento
Não houve fonte de
financiamento
Contribuição de cada autor
Elaboração do projeto,
coleta de dados, análise de dados e redação do artigo: Brito KS, Santos TR; Orientação
das etapas do trabalho e revisão do artigo: Magalhães AT