Fisioter
Bras 2021;22(6):837-49
ARTIGO
ORIGINAL
Efeito
agudo do método reequilíbrio toracoabdominal em
lactentes com diagnóstico de bronquiolite
Acute effect of
thoracic-abdominal rebalance
method in infants diagnosed with bronchiolitis
Tainá
Pimentel Ferraz*, Miriana Carvalho de Oliveira, M.Sc.**, Gabriel Gomes Maia, M.Sc.***,
João Pedro Silva Teixeira de Carvalho****, Thiago Klem
Pereira*****, Marco Orsini******
*Fisioterapeuta,
Hospital Santa Casa de Misericórdia de Belo Horizonte, Belo Horizonte/MG,
**Fisioterapeuta, Hospital das Clínicas de Teresópolis Constantino Ottaviano, Teresópolis/RJ, ***Fisioterapeuta,
Fisioterapeuta staff do hospital universitário Pedro Ernesto, Rio de
Janeiro/RJ, ****Graduando em medicina pela Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), *****Fisioterapeuta, Pós-graduado em Fisioterapia Traumato
Ortopédica Funcional, Universidade Gama Filho, ******Médico, Professor do
Mestrado Profissional em Ciências Aplicadas à Saúde, Universidade Severino
Sombra, Vassouras/RJ
Recebido
11 de novembro de 2021; aceito 10 de dezembro de 2021
Correspondência: Miriana
Carvalho de Oliveira, Hospital das Clínicas de Teresópolis Constantino Ottaviano, Avenida Delfim Moreira, 2211 Vale do Paraíso
25976-016 Teresópolis RJ
Tainá
Pimentel Ferraz: fisio_tainaferraz@hotmail.com
Miriana Carvalho de Oliveira:
mirianacarvalho@gmail.com
Gabriel
Gomes Maia: gmaiafisio@gmail.com
João
Pedro Silva Teixeira de Carvalho: joaopedrocarvalho@outlook.com
Thiago
Klem Pereira: thiagoklempereira@gmail.com
Marco
Orsini:orsinimarco@hotmail.com
Resumo
Introdução: Nos lactentes, o sistema imunológico
ainda é imaturo, o que torna as crianças mais suscetíveis ao vírus sincicial
respiratório, o principal causador da bronquiolite. O Reequilíbrio Toraco-abdominal (RTA) é um método de terapia manual que
atua sobre o sistema respiratório por meio de uma leitura global em situações
de doenças. Objetivos: Avaliar os efeitos do método RTA, comparado à
fisioterapia tradicional (FT) em lactentes com bronquiolite. Metodologia:
Pesquisa experimental e prospectiva, na qual 24 lactentes foram divididos em
dois grupos, FT (n = 12) e RTA (n = 12). Parâmetros fisiológicos (frequência
respiratória, frequência cardíaca, saturação de pulso de oxigênio e ausculta
pulmonar), desconforto respiratório e desequilíbrio da biomecânica respiratória
foram avaliados antes e após os manuseios. Resultados: A idade média foi
de 13 (± 11,07) semanas no grupo FT e no grupo RTA 13,3 (± 8,41) semanas. Após
os manuseios, obteve diferença estatística no grupo do RTA comparado ao da FT
nos seguintes parâmetros: observamos uma diminuição significativa da frequência
cardíaca (p = 0,02) e da frequência respiratória (p = 0,0002), no quesito
esforço respiratório em tórax superior (p = 0,004) e tórax inferior (p = 0,017)
e no escore de Wood-Downes em moderada com (p =
0,0001). Conclusão: O RTA mostrou-se mais eficaz que as técnicas da FT
em relação aos benefícios ao lactente.
Palavras-chave: lactente bronquiolite; modalidades de
Fisioterapia.
Abstract
Introduction: In infants, the immune system is still immature, which makes children more susceptible to respiratory syncytial virus, the main
cause of bronchiolitis. The
Thoracic-Abdominal Rebalance
(TAR) is a method of manual therapy that acts on
the respiratory system through a global reading in situations of disease
or dysfunction. Objectives: To evaluate the effects
of the TAR compared to traditional
physical therapy through cardiorespiratory parameters in infants diagnosed with bronchiolitis. Methods: Randomized, comparative, interventional clinical trial, with 24 infants divided into two groups,
traditional respiratory physiotherapy (n = 12) and TAR (n
= 12). Physiological parameters
(respiratory rate, heart
rate, pulse oxygen saturation
(SpO2) and pulmonary
auscultation), pain, behavioral status, respiratory discomfort, and imbalance of respiratory
biomechanics were evaluated before and after handling.
Results: The mean
age was 13 (± 11.07) weeks
in the FT group and in the RTA group 13.3 (± 8.41) weeks. After handling, there was a statistical
difference in the RTA group compared to the FT group
in the following parameters: we observed a significant decrease in heart rate (p = 0.02)
and respiratory rate (p =
0.0002), in terms of breathing effort in upper chest (p = 0.004) and lower chest
(p = 0.017) and in the
Wood-Downes score in moderate
with (p = 0.0001). Conclusion:
The TAR proved to be more effective than the FT techniques
in relation to the benefits to
the infant.
Keywords: infant bronchiolitis; physical therapy modalities.
A
bronquiolite viral aguda (BVA) é uma das patologias do trato respiratório
inferior que afeta de forma obstrutiva as vias aéreas de pequenos calibres
(bronquíolos), com uma relevância nos primeiros anos de vida da criança, tendo
uma maior prevalência nas estações de outono e inverno [1].
O
agente etiológico mais frequente desta patologia é o vírus sincicial
respiratório (VSR), sendo a principal causa na hospitalização por doenças
respiratórias agudas em lactentes [2,3].
A
BVA inicia-se no trato respiratório superior com sintomas leves, como a febre e
coriza, que progridem entre quatro e seis dias comprometendo o trato
respiratório inferior, onde o lactente poderá apresentar tosse, sibilos e
esforço respiratório. Sendo assim, alterada toda biomecânica respiratória da
criança [4].
A
fisioterapia respiratória possui várias técnicas que visam a diminuição dos
sinais de complicações respiratórias, tendo como objetivo reduzir a morbidade,
alterações da biomecânica respiratória, e, consequentemente, diminuir o tempo
de hospitalização e os custos hospitalares [5,6].
O
método RTA é uma técnica utilizada que tem como
objetivo promover a remoção de
secreções, melhorar a ventilação pulmonar
através da reorganização nos músculos
respiratórios com o objetivo de diminuir o esforço
respiratório e com isso
melhorar a função respiratória dos pacientes
submetidos à técnica. Consiste na
realização de um manejo dinâmico, visando à
biomecânica respiratória
normalmente através de um posicionamento adequado, alongamentos,
fortalecimento
muscular, massagens e manobras miofasciais [7].
Neste
contexto, o presente estudo teve como objetivo comparar o efeito agudo das
técnicas utilizadas na FT com a do método RTA, nos parâmetros
cardiorrespiratórios dos lactentes com o diagnóstico de BVA
Desenho
e local do estudo
Ensaio clínico intervencional
comparativo randomizado, realizado no setor de pediatria na enfermaria do
Hospital das Clínicas de Teresópolis Constantino Ottaviano
(HCTCO), na cidade de Teresópolis, RJ, no período de março a setembro de 2019.
Aspectos
éticos
Este
estudo foi aprovado pelo comitê de ética do Centro Universitário Serra dos
Órgãos – UNIFESO/RJ, (CAAE: 3.145.224). A participação no estudo foi precedida
pela obtenção do termo de consentimento livre e esclarecido assinado por um dos
pais ou responsáveis legais do lactente.
População
do estudo
A
amostra foi composta por 24 lactentes com diagnóstico de BVA,
sendo 12
inseridos no grupo RTA e 12 no grupo da FT. Foram excluídos do
estudo os
pacientes que estavam instáveis hemodinamicamente, que
apresentavam outras
patologias pulmonares associadas e lactentes cuja etiologia esteja
relacionada
a alterações do SNC, alterações ou
malformações cardíacas, alterações
hematológicas, e presença de qualquer
malformação congênita.
Protocolo
do estudo
Foi
preenchida uma ficha de coleta de dados com a identificação e o diagnóstico
clínico do lactente. Também foram registradas nesta ficha as avaliações,
realizadas antes e após as intervenções fisioterapêuticas, dos parâmetros
fisiológicos: frequência cardíaca (FC); saturação de pulso de oxigênio (SpO2),
frequência respiratória (FR); ausculta pulmonar (AP); além da avaliação do
esforço respiratório através do boletim de Silverman-Anderson
(BSA) e do desconforto respiratório (BSA) e o Escore de Downes
(ED) [8,9,10 [t1]].
Todos
os RN foram submetidos a apenas uma sessão de intervenção fisioterapêutica,
realizada pelo mesmo fisioterapeuta. As técnicas da FT que foram utilizadas no
estudo foram a técnica de aumento do fluxo expiratório (AFE) e a técnica de
expiração lenta prolongada (ELPr) [11,12,13,14]. Os
manuseios utilizados do RTA foram os seguintes: apoio íleo-costal, apoio toraco-abdominal, apoio abdominal inferior, ajuda
inspiratória, ginga torácica e manobra circular do esterno [5,11]. Foram
realizados no estudo todos os manuseios citados.
A
seleção dos lactentes para o grupo FT e método RTA foi realizada de forma
randomizada, composta por três etapas:
-
Avaliação dos lactentes caracterizada por coleta dos sinais vitais e ausculta
pulmonar, esforço respiratório e gravidade do quadro da bronquiolite com
duração estimada de 5 minutos;
-
Tratamento fisioterapêutico, caracterizado por aplicação do protocolo de
manuseios do método RTA ou da FT, com duração de 20 minutos;
-
Avaliação dos lactentes pós-intervenção com duração estimada de 5 minutos.
Análise
estatística
O
banco de dados foi tabulado no programa Excel (versão 2018). Para a análise
estatística foram utilizados os softwares Microsoft Excel e GraphPad Prism versão 7.01. Para análise da distribuição amostral
foi realizado o teste de Kolmogorov-Smirnov, e para
comparação pré e pós-intervenção foi utilizado o
teste t student para amostras não paramétricas e
teste do qui quadrado. Os resultados foram
apresentados com média e desvio-padrão, sendo considerado significativo um
valor de p < 0,05.
Foram
selecionados 24 pacientes, sendo 12 inseridos no grupo RTA e 12 no grupo
fisioterapia tradicional (FT). A idade média foi de 13 (± 11,07) semanas no
grupo FT e no grupo RTA 13,3 (± 8,41) semanas. Em relação ao sexo, no grupo FT
verificou-se 58% do sexo masculino e 42% do sexo feminino, enquanto no grupo
RTA observou uma maior prevalência do sexo masculino com 75% (Tabela I).
Tabela
I - Distribuição da
amostra de pacientes submetidos a FT ou método RTA (n = 24
*teste
de Kolmogorov-Smirnov
Em
relação a necessidade de utilização de algum tipo de suporte ventilatório, foi
observado que a maioria dos pacientes atendidos em ambos os grupos estavam em
ar ambiente. Apenas no grupo FT foi verificado a utilização de oxyhood e macronebulização em 18%
e 9% dos pacientes respectivamente (Tabela II).
Tabela
II - Uso de suporte
ventilatório em pacientes submetidos a FT ou método RTA (n = 24)
MNZ
= macronebulização
Também
foi avaliado antes e após as intervenções em ambos os grupos, a frequência cardíaca,
frequência respiratória e saturação periférica de oxigênio. O grupo FT
apresentou as seguintes médias dos parâmetros basais: FC = 126,1 bpm; FR = 51,75 irpm e SpO2
= 96%. Já no grupo RTA verificou-se uma FC = 121,6 bpm;
FR = 47,33 e SPO2 = 92%. Quando comparados os parâmetros iniciais de
ambos os grupos, apenas observamos diferença estatística significativa na SpO2
(p = 0,009) (Tabela III).
As
médias dos parâmetros após os manuseios no grupo FT foram as seguintes: FC =
131,6 bpm; FR = 58 irpm e
SpO2 = 98%. Enquanto no grupo RTA verificamos: FC = 110,8 bpm; FR = 39,75 e SpO2 = 95%. Quando os
parâmetros foram comparados entre os grupos observamos uma diminuição
significativa da frequência cardíaca (p = 0,02) e da frequência respiratória (p
= 0,0002) no grupo RTA (Tabela III).
Tabela
III - Dados dos
parâmetros basais cardiorrespiratórios antes e após os manuseios, em pacientes
submetidos a FT ou método RTA (n = 24
*p
= valor associado ao Teste t student não pareado;
**Significância estatística de p < 0,05; ***Significância estatística de p
< 0,005
Quando
avaliados os sinais de esforço respiratório através do BSA, verificamos que no
grupo pré-manuseios o grupo de fisioterapia
tradicional apresentou uma maior presença dos pacientes classificados como
desconforto leve e moderado em tórax superior e inferior e do gemido
expiratório, porém sem diferença estatística significativa quando comparados ao
RTA.
Após
os manuseios observamos que o grupo RTA apresentou uma melhora significativa do
esforço respiratório em tórax superior e tórax inferior, com uma maior presença
de RN sem qualquer tipo de desconforto respiratório. A comparação entre os
grupos antes e após a intervenção encontra-se na Tabela IV.
Tabela
IV – Boletim de Silverman-Andersen (BSA) em pacientes submetidos a FT ou
método RTA (n = 24)
Tipo
de elevação de ombro: 1 = direito, 2 = esquerdo, 3 = ambos; grau de
intensidade: 1 = leve, 2 = moderada, 3 = grave; #p = valor associado ao teste
do qui-quadrado; **Significância estatística de p
< 0,05; ***Significância estatística de p < 0,005
Outra
forma de avaliar o desfecho das condutas fisioterápicas foi através do escore
de Wood-Downes. Foi observado em nossos achados que
no grupo FT os lactentes que apresentaram leve gravidade (n = 4) e moderada
gravidade (n = 8) tiveram uma piora com aumento de dois recém-natos na
classificação moderada (n = 10). Já no grupo RTA foi verificado que os 10
pacientes classificados como moderado evoluíram após as condutas para uma
gravidade leve, gerando significância estatística quando comparado ao grupo FT
(Tabela V).
Tabela
V - Escore de Wood-Downes em pacientes submetidos a FT ou método RTA (n = 24)
Tipo
de elevação de ombro: 1 = direito, 2 = esquerdo, 3 = ambos; grau de
intensidade: 1 = leve (1 a 3), 2 = moderada (4 a 7), 3 = grave (8 a 14); # p
valor associado ao teste do qui-quadrado; ***
Significância estatística de p < 0,005
De
acordo com os nossos achados observamos lactentes com idade média 13,7 e 13,3
semanas no grupo FT e no grupo RTA respectivamente. Em contrapartida Gonçalves et
al. [15] observaram em seu estudo, realizado nos meses de outubro a
novembro de 2014, na Unidade de Emergência de São Bernardo do Campo/SP, com uma
amostra de 30 lactentes com idade entre 29 dias e 6 meses, uma média de 3,4
semanas (± 1,63). Verificando-se assim um perfil de lactentes com idade menor
quando comparado ao nosso estudo. Tal resultado pode estar associado a BVA em
lactentes com idade de 2 meses a 6 meses.
Como
já dito anteriormente a BVA tem uma predominância do sexo masculino, porém em
um estudo de Pupin et al. [16] de 2009, os
autores dizem que foram incluídas 81 crianças diagnosticadas com bronquiolite
viral aguda (BVA) pela equipe médica local. Através do perfil clínico inicial
de tosse e febre baixa, tenham evoluído em dois a/ou três dias com sinais de
desconforto respiratório leve ou moderado. Foi evidenciado neste estudo uma
predominância do gênero masculino, sendo 48 do sexo masculino (59,25%) e 33 do
sexo feminino (40,75%).
No
estudo de Oliveira et al. [17], publicado em 2017, foram selecionados 49
recém-natos, na cidade de Teresópolis/RJ, no período de setembro de 2015 a
outubro de 2016. Mostrou-se não haver uma diferença entre os gêneros, sendo 49%
feminino e 51% masculino. Tais resultados indicam uma maior prevalência de
pacientes do sexo masculino com algum tipo de doença respiratória, como visto
em nossos dados onde tem um percentual de 58% no grupo FT e 75% no grupo RTA.
Foi
observado que 83% de toda amostra do presente estudo não utilizou qualquer tipo
de suporte ventilatório, sendo apenas necessário em 3 lactentes, no qual foram
avaliados no período de inverno por ser tratar de uma doença sazonal. No estudo
de Castro et al. [18] de 2011, em que foram avaliados recém-nascidos e
lactentes internados na ala semi-intensiva pediátrica e na Unidade de Terapia
Intensiva Pediátrica (UTIP) no período de março a julho de 2009, foram
incluídos 21 pacientes que utilizavam suporte de O2. Sete passaram a
não necessitar mais do O2 após a fisioterapia respiratória e 76 não
precisaram do auxílio dele. Apesar das mudanças observadas, não houve diferença
estatisticamente significativa. Associando ambos resultados parece ser
interessante realizar as manobras fisioterápicas antes de implementar o suporte
ventilatório.
Em
2010, Lanza et al. [19] avaliaram 16 recém-nascidos na UTI do Hospital
Infantil Cândido Fontoura, que necessitavam de fisioterapia respiratória. Foram
verificados os sinais basais (FC, FR e SpO2) antes da intervenção
fisioterapêutica e não houve alteração significativa dos sinais vitais basais.
O estudo de Pupin et al. [16], com pacientes
com diagnóstico de bronquiolite viral aguda (BVA), atendidos no Departamento
Pediátrico de Emergência da Universidade Estadual de Campinas, não mostrou alterações
significativas em seus achados em relação aos sinais vitais basais antes das
técnicas de fisioterapia respiratória também. Porém no presente estudo foi
evidenciado que os parâmetros iniciais de ambos os grupos só houve diferença
estatística significativa na SpO2, sendo encontrado um valor de 96 ±
2,7 no grupo FT e de 92 ± 3,9 no grupo do RTA.
No
grupo da FT a FC antes do manuseio era 126,1 (± 19,96) e após o manuseio foi
encontrado 131,6 (± 20,76), na FR antes do manuseio era 51,75 (± 8,86) e após
52,08 (± 5,7). Já no RTA a FC era 121,6 (± 16,83) e após o manuseio foi para
110,8 (± 21,61) e a FR antes 47,33 (± 10,82) e após 39,75 (± 7,7). De acordo
com os resultados da FC e FR foi observada significância estatística entre os
grupos com a diminuição dos parâmetros comparados a FT.
Em
2013, Roussenq et al. [13] realizaram um
estudo similar na maternidade do Hospital Carmela Dutra, na cidade de
Florianópolis/SC, em 24 recém-nascidos, onde coletaram os parâmetros
cardiorrespiratório de frequência cardíaca, respiratória (FR e FC) e saturação
periférica de oxigênio (SpO2). Verificam uma diminuição
significativa na frequência respiratória após a aplicação do método RTA,
corroborando o resultado encontrado em nosso estudo.
No estudo de Oliveira et al.
[17], foi aplicado o método RTA em 29 recém-nascidos, divididos em dois grupos
(grupo de fisioterapia convencional e grupo do método RTA) por meio de um
sorteio realizado imediatamente antes intervenção. Os colaboradores observaram
uma tendência de diminuição da frequência cardíaca e da frequência
respiratória, após os manuseios no grupo do método RTA. Entretanto não se
mostrou estatisticamente significativo.
Em
um estudo de 2013 de Martins et al. [20], conduzido na UTIN, foram
incluídos 60 recém-nascidos clinicamente estáveis com prescrição médica de
fisioterapia respiratória, estando ou não com auxílio de suporte ventilatório
ou de oxigênio. Os que participaram da pesquisa foram submetidos a três
avaliações, uma antes da intervenção, outra logo após a intervenção e 15
minutos após o seu término. Em seus achados não houve alterações significativas
em nenhum dos parâmetros cardiorrespiratórios das três avaliações.
Tem
sido feitos vários estudos com o objetivo de verificar a eficácia das técnicas
de fisioterapia respiratória na melhora do desconforto respiratório. No estudo
de Coelho et al. [21], publicado em 2012, 14 lactentes foram divididos
em três grupos sendo: grupo controle que não recebeu nenhum tipo de intervenção
fisioterapêutica, realizando somente repouso durante 10 minutos, grupo
intervenção que recebeu dois apoios do método RTA durante 5 minutos e grupo
placebo no qual foi realizado apenas contato manual sobre o tórax dos lactentes
por 10 minutos. Para avaliar os sinais de desconforto respiratório os
colaboradores utilizaram o boletim de Silverman-Andersen
(BSA). Foi evidenciada uma diferença no BSA nos grupos que receberam os
manuseios do RTA.
O
estudo de Lanza et al. [19] realizado em 2008 em lactentes menores de
dois anos de idade internados no hospital da rede municipal da cidade de São
Paulo, com quadro clínico de bronquiolite viral aguda e hipersecreção
brônquica, foram divididos também em três grupos sendo: grupo VC+DP (vibrocompressão e drenagem postural), grupo TAP+DP (tapotagem e drenagem postural) e grupo ASP (aspiração de
vias aéreas) realizadas durante 5 minutos. Para avaliar a dificuldade
respiratória utilizaram também boletim de Silverman-Andersen.
Foi demonstrada uma diferença significativa no grupo no qual que
foi realizada
a vibração quando comparada às outras
técnicas de depuração de secreção.
Tais
achados são semelhantes aos encontrados no presente estudo,
mostrando diferença
significativa do método RTA quando comparação com
a FT na melhora do
desconforto respiratório dos lactentes, principalmente em
tórax superior
(0,004) e tórax inferior (0,017).
Uma
outra forma de avaliar os sinais de esforço respiratório no presente trabalho
foi o escore Wood-Downes. Em 2011, Postiaux [22]
[t2] realizou um estudo com 20 crianças com
bronquiolite infectadas pelo vírus sincicial
respiratório, distribuídos de
forma aleatória em dois grupos. Grupo um realizou 27
sessões de nebulização de
solução salina hipertônica e grupo dois 31
sessões de nebulização de solução
salina hipertônica, seguida de sessões de fisioterapia
respiratória. Foram
avaliados os parâmetros cardiorrespiratórios e para a
gravidade clínica da
bronquiolite o escore Wood-Downes. Este estudo
mostrou uma melhora estatisticamente significava nos pacientes submetidos a
sessões de nebulização seguidas de fisioterapia respiratória.
Em
um estudo de Gomes et al. [23] [t3] realizado no ano de 2012 em 30
lactentes com bronquiolite, os autores realizaram a avaliação em 3 etapas (na
admissão, 48 e 72 horas, antes e após os procedimentos, por avaliadores cegos).
Os grupos foram divididos em G1 (técnicas atuais da fisioterapia), G2 (técnicas
tradicionais da fisioterapia) e G3 (aspiração de vias aéreas superiores). Na
avalição foi utilizado o escore de Wood-Downes, tendo
redução dos valores do escore somente nos grupos que receberam intervenção das
técnicas de fisioterapia.
Um
estudo de Oliveira et al. [24] [t4] publicado em 2017, também realizou
um estudo de caso para avaliar o efeito do método RTA na função respiratória de
uma criança do gênero feminino. Foi realizada uma avaliação dos parâmetros
cardiorrespiratórios e o escore de Wood-Downes antes
e após a conduta, totalizando 6 sessões com 40 minutos de duração. Foi
observada uma melhora significativa dos parâmetros avaliados, onde a criança
estava com um escore moderado e após o procedimento passou para normal. Tais
resultados mostrou a mesma eficácia do presente estudo, no qual no grupo do
método RTA obteve significância estatística comparado a fisioterapia
tradicional.
Atualmente
os casos de BVA vêm crescendo em decorrência da proliferação dos vírus, por
conta do clima frio e até mesmo os cuidados da família com a criança. As
internações hospitalares e os custos para os cofres públicos aumentaram. A
fisioterapia atua no atendimento desses lactentes e assim otimiza os parâmetros
cardiorrespiratórios, com consequente redução do tempo de internação.
No
presente estudo foi observada uma tendência de diminuição na frequência
cardíaca e respiratória, no escore Silverman-Anderson
(BSA) e escore de Wood-Downes. O método RTA foi mais
eficaz que as técnicas de fisioterapia tradicional em relação aos benefícios no
lactente.