Fisioter
Bras 2022;2391):80-90
RELATO DE CASO
Efeitos de um protocolo de exercícios de
força, flexibilidade e equilíbrio nas lesões de nervos periféricos: um estudo
de caso
Effects of a
strength, flexibility, and balance exercise protocol on peripheral nerve
injuries: a case study
Matheus Vitor Centenaro*, Tiago
Vinicius Centenaro*, Aline Martinelli Piccinini**
*Discente do curso de Fisioterapia da
Universidade Comunitária da Região de Chapecó (UNOCHAPECÓ), **Docente do curso
de fisioterapia da Universidade Comunitária da Região de Chapecó (UNOCHAPECÓ)
Recebido em 4 de janeiro de 2022; aceito em 17 de janeiro
de 2022.
Correspondência: Aline Martinelli Piccinini, Rua
Clevelândia, 415e/204, ed. Fabiane, 89801560 Chapecó SC
Matheus Vitor Centenaro: m.centenaro@unochapeco.edu.br
Tiago Vinicius Centenaro: t.centenaro@unochapeco.edu.br
Aline
Martinelli Piccinini: alinepiccinini@unochapeco.edu.br
Resumo
Introdução: As lesões de nervos periféricos são
mais frequentes em membros superiores (MMSS), que são importantes para as
atividades de vida diárias, equilíbrio e reflexos de proteção. Alterações no
sistema de controle postural podem impactar na funcionalidade desses
indivíduos. Portanto, é necessário alternativas para melhorar as alterações
secundárias à lesão. Objetivo: Avaliar os efeitos de um protocolo de
exercícios de força, flexibilidade e equilíbrio em paciente com lesão de nervos
periféricos. Métodos: Estudo de caso de abordagem quantitativa realizado
na Clínica Escola de Fisioterapia da Unochapecó,
entre abril e julho de 2021, totalizando 30 intervenções de 60 minutos cada. A
amostra foi constituída por um paciente do sexo masculino, 46 anos com
diagnóstico de lesão de nervos periféricos no MMSS direito, decorrente de um
acidente motociclístico. Foi realizada avaliação
inicial, aplicação do protocolo, após a realização das escalas e testes: BESTest, MiniBESTest, Romberg-Barré, Dinamometria
manual isométrica, Teste de Sentar e Alcançar e Mini-Exame
do Estado Mental. O protocolo continha exercícios de força, flexibilidade e
equilíbrio. Os dados foram analisados através de estatística descritiva
comparativa, antes e após o protocolo (média e porcentagem). Resultados:
Houve melhora na força muscular, flexibilidade toracolombar
(aumento de 13 cm “61,90%”) e testes de equilíbrio (15,81% BESTest,
21,42% MiniBESTest e 67,16% Romberg-Barré).
Conclusão: O protocolo de exercícios refletiu positivamente na melhora
da flexibilidade, força muscular e equilíbrio do paciente, tornando-se uma
alternativa viável para melhorar as alterações secundárias a lesão.
Palavras-chave: traumatismos dos nervos periféricos;
fisioterapia; equilíbrio postural.
Abstract
Introduction:
Peripheral nerve injuries are more frequent in upper limbs, which are important
for activities of daily living, balance and protective reflexes. Changes in the
postural control system can impact the functionality of these individuals.
Therefore, alternatives are needed to improve changes secondary to the injury. Objective:
To evaluate the effects of a strength, flexibility and balance exercise
protocol in a patient with peripheral nerve damage. Methods: Case study
with a quantitative approach carried out at the Clinical School of Physiotherapy
at Unochapecó, from April to July 2021, totaling 30
interventions of 60 minutes each. The sample consisted of a 46-year old male
patient with a diagnosis of peripheral nerve damage in the right upper limb,
resulting from a motorcycle accident. An initial assessment was carried out,
following the application of the protocol, after performing the scales and
tests: BESTest, MiniBESTest,
Romberg-Barré, Isometric Manual Dynamometry, Sit and Reach Test and Mini Mental
State Examination. The protocol contained strength, flexibility and balance
exercises. Date were analyzed using comparative descriptive statistics, before
and after the protocol (mean and percentage). Results: There was
improvement in muscle strength, thoracolumbar flexibility (increase of 13 cm “61,90”)
and balance tests (15,81% BESTest, 21,42% MiniBESTest and 67,16% Romberg-Barré). Conclusion:
The exercise protocol positively reflected on the improvement of flexibility,
muscle strength and balance of the patient, becoming a viable alternative to improve
changes to a secondary injury.
Keywords:
peripheral nerve injuries; physical therapy; postural balance.
O sistema nervoso é uma rede complexa de
receptores e transmissores e apresenta a função de coordenar e organizar as
funções do corpo. É dividido em Sistema Nervoso Central (SNC), sendo este
formado pelo encéfalo e medula espinhal e o Sistema Nervoso Periférico (SNP)
formado pelos nervos e gânglios. Os nervos, componentes do SNP, são cordões
esbranquiçados formados por feixes de fibras nervosas cuja função é conduzir
impulsos nervosos para a periferia através da via eferente e da periferia para
o SNC pela via aferente [1].
Danos nas estruturas que compõem o SNP
são frequentes na prática clínica e geram impactos negativos na vida das
pessoas. Atinge com maior frequência indivíduos jovens do sexo masculino com
idades entre 21 e 30 anos, representando mais de 71% da população acometida,
além disso, é estimado que 13-23/100.000 habitantes/ano são acometidos por
lesões nos nervos periféricos [2].
Eventualmente após a lesão, poderão
surgir implicações motoras e sensitivas, levando a hipotrofias, restrição de
movimento articular, parestesias, encurtamento da musculatura, retrações de
tecidos moles, dor, edema, áreas hiposensíveis,
limitação funcional, entre outras [3].
As principais causas que resultam em
comprometimentos nessas estruturas são: tração, compressão, esmagamento,
secções, ferimentos penetrantes, injeções de medicamentos e danos aos nervos
durante procedimentos cirúrgicos. Além disso, outras causas descritas são as
infecções, exposição a toxinas, tumores, doenças inflamatórias, neoplasias e
condições físicas extremas, tais como: exposição a temperaturas baixas,
descarga elétrica e radiação [4].
As lesões neurais são classificadas de
acordo com a intensidade do comprometimento das estruturas do nervo. Seddon classifica as lesões em três tipos (neuropraxia, axonotmese e neurotmese), na neuropraxia a
estrutura do nervo permanece intacta, no entanto ocorre a interrupção da
transmissão de impulsos. O segundo tipo é a axonotmese,
mais significativa que a anterior, pois ocorrem danos no axônio dentro do
nervo, permanecendo o epineuro preservado. O terceiro
tipo denominado neurotmese é mais grave que as
anteriores, pois ocorre a transecção por completo do nervo [5].
As lesões de nervos periféricos acometem
com maior frequência os membros superiores, representando mais de 70% dos
casos, sendo o nervo ulnar o mais afetado seguido pelo nervo mediano e o
radial, o plexo braquial também é comumente afetado, representando 10 a 20% das
lesões nervosas periféricas [6].
O membro superior é importante tanto nas
atividades de vida diárias quanto no equilíbrio corporal e nos reflexos de
proteção. Equilíbrio e controle postural são sinônimos, e são compreendidos
como a manutenção de uma postura do corpo com uma mínima ocorrência de
oscilação sobre uma base de apoio, em condições estáticas e dinâmicas [7].
Portanto, qualquer alteração no sistema de controle postural pode impactar na
funcionalidade e independência de movimentos dos indivíduos acometidos com
déficit de equilíbrio [8].
Para melhorar o equilíbrio corporal é
fundamental que se tenha uma boa resposta do processamento motor incluindo elementos
como força e flexibilidade, além da integração dos sistemas somatossensorial,
visual e vestibular [9].
Uma das formas de restabelecer o
equilíbrio corporal é por meio de exercícios físicos que contribuem com o ganho
de força muscular, pois entende-se que a fraqueza muscular reduz a capacidade
do músculo em responder as alterações posturais levando assim ao desequilíbrio
[10]. Outra aptidão física que está relacionada à melhora do equilíbrio é a
flexibilidade que pode ser alcançada por meio de exercícios de alongamentos,
contribuindo com a melhora do controle motor e da ação mecânica [11].
Na literatura há uma escassez de estudos
com a finalidade de desenvolver ou avaliar protocolos de exercícios para o
equilíbrio em pacientes com lesão de nervos periféricos, no entanto os estudos
de Souza et al. [12] e o de Verma et al.
[13] enfatizam a necessidade de intervir nas alterações secundárias como é o
caso do equilíbrio nesses pacientes.
Diante da necessidade de intervenções e
escassez de estudos voltados para a melhora do equilíbrio nestes pacientes,
faz-se necessário o desenvolvimento e testagem de protocolos que estimulem o
equilíbrio de pacientes com lesão de nervos periféricos para melhorar sua
qualidade de vida e funcionalidade. Neste estudo de caso apresentamos o
protocolo construído e realizado com um paciente com lesão nervosa no membro
superior direito. Assim sendo, o objetivo foi relatar o caso dos efeitos de um
protocolo de exercícios de força, flexibilidade e equilíbrio em paciente com
lesão de nervos periféricos.
Trata-se de um estudo classificado em
duas categorias, quanto à abordagem do problema é considerado quantitativo e
quanto aos procedimentos classifica-se em um estudo de caso, aprovado pelo
Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Comunitária da Região de Chapecó – Unochapecó por meio do parecer 4.803.133/2021.
A pesquisa foi realizada no município de
Chapecó/SC, especificamente na Clínica Escola de Fisioterapia Professora Sabrina
Fiorentin Sfreddo da
Universidade Comunitária da Região de Chapecó (Unochapecó),
entre os meses de abril e julho de 2021. A amostra deste estudo foi composta
por um paciente do sexo masculino, de 46 anos, residente no município de
Chapecó/SC, com diagnóstico de Lesão de Nervos Periféricos no membro superior
direito, ocorrido durante um acidente de trânsito no percurso de seu trabalho,
quando sua motocicleta colidiu contra um carro.
Os instrumentos para a avaliação inicial
e final utilizados para coleta de dados foram: Balance Evaluation
Systems Test (BESTest), MiniBESTest,
Romberg-Barré, Dinamometria
Manual Isométrica (Lafayette Jamar), Teste de Sentar
e Alcançar (Banco de Wells) e Mini-Exame do Estado
Mental (MEEM) [14,15,16,17,18].
O BESTest e o
Mini BESTest são instrumentos de avaliação do
equilíbrio, o primeiro contém 36 itens para avaliar 6 diferentes sistemas de
controle de equilíbrio, tendo uma pontuação para cada item que varia em uma
escala ordinal de 4 pontos, no qual 0 corresponde ao pior desempenho na tarefa
e 3 o melhor, nesse caso, a pontuação máxima é de 108 pontos, representando
100% [14]. Já o Mini BESTest é composto por 14 itens
que avalia 4 subsistemas que estão associados com o controle do equilíbrio, sua
pontuação para cada item varia em uma escala ordinal de 0 a 2, sendo 0 o pior
desempenho e 2 o melhor, com escore máximo de 28 pontos [15].
O teste de Romberg-Barré
objetiva avaliar o equilíbrio estático. Foi efetuado em posição ortostática com
um pé à frente do outro no solo, em linha reta, braços estendidos ao longo do
corpo e olhos fechados durante 1 minuto. Para tal, é considerado positivo a
saída da posição inicial ou oscilações corpóreas [16].
A avaliação da força muscular foi
realizada através da dinamometria, utilizando-se o
dinamômetro manual isométrico Lafayette, nos grupos musculares flexores,
extensores, abdutores, adutores, rotadores internos e rotadores externos de
ombro e quadril.
O Teste de Sentar e Alcançar (TSA) foi
utilizado para avaliar a flexibilidade da coluna vertebral e parte posterior
dos membros inferiores. Para realização do teste foi utilizado o Banco de
Wells, o participante permanecia sentado com as pernas juntas, os joelhos
estendidos e as plantas dos pés colocadas contra a borda da caixa, buscando
alcançar lentamente à frente o mais distante possível ao longo do topo do
banco, mantendo as duas mãos paralelas e evitando a flexão dos joelhos. A
classificação do teste é de acordo com o resultado alcançado e a idade do
indivíduo [17].
Além destes, foi utilizado o Mini-Exame
do Estado Mental (MEEM) com objetivo de rastrear o comprometimento das funções
cognitivas e para compreensão das respostas durante a realização do protocolo.
O teste corresponde a uma pontuação máxima de 30 pontos, classificado de acordo
com o grau de escolaridade [18].
Após a avaliação inicial com os testes e
escalas acima citados, foi aplicado um protocolo de exercícios, com duração de
10 semanas, realizado de três a quatro vezes por semana, com duração de 60
minutos cada, totalizando 30 sessões, destas, uma no início da avaliação e a
outra no final para as reavaliações. Os exercícios compostos no protocolo são
de força, flexibilidade e equilíbrio, dispostos em forma de circuito e
divididos em três treinos.
O treino 1 era composto por 13
exercícios, sendo três de equilíbrio, posição tandem olhos fechado em
superfície estável, apoio unipodal em superfície
estável com os olhos fechados, exercício do relógio com os olhos abertos em
superfície estável, quatro exercícios de força, flexão de quadril em pé com
tornozeleira, flexão de joelho unipodal com faixa
elástica, abdução horizontal de ombro unilateral sentado com mini band, flexão anterior de tronco em decúbito dorsal sobre
uma superfície instável, e seis exercícios de alongamento ativo de
isquiotibiais unilateral em pé, quadríceps femoral unilateral em pé,
alongamento de deltoide unilateral em pé no espaldar e grande dorsal bilateral.
O segundo treino era composto por 13
exercícios, sendo quatro de equilíbrio, correspondendo aos mesmos citados
acima, no entanto em superfície instável mantendo os olhos abertos, além do
exercício de equilíbrio com olhos abertos sobre duas pranchas de propriocepção,
três exercícios de força, agachamento com a bola suíça na parede, ostra,
extensão de ombro unilateral em pé com resistência de uma bola contra a parede,
e seis exercícios de alongamento ativo, alongamento de adutores de quadril
sentado e unilateral em pé, bíceps braquial em pé com a mão apoiada sobre a
maca, tríceps braquial com elevação do braço acima da cabeça e flexão do
cotovelo, tríceps sural na prancha inclinada e tibial
anterior com o joelho fletido e o dorso do pé apoiado sobre a cadeira.
Já o treino 3 foi composto por três exercícios
de equilíbrio, os mesmos descritos no treino 1, porém em superfície instável
associado a conflito visual, três exercícios de força, ponte associado a adução
de quadril, extensão de tronco em decúbito ventral na bola suíça, flexão de
ombro em pé com bastão e tornozeleira, e oito exercícios de alongamento ativo,
alongamento de deltoide unilateral em pé, trapézio superior unilateral em pé
com rotação e inclinação contralateral da cervical, glúteo máximo e piriforme
unilateral sentado com rotação externa de quadril, grande dorsal bilateral
sentado sobre os calcanhares e ombros flexionados, eretores da espinha e
quadrado lombar unilateral sentado com inclinação contralateral do tronco,
alongamento dos extensores do tronco sentado com flexão anterior de tronco,
abdominais em decúbito dorsal na bola suíça com extensão de tronco e
alongamento dos rotadores do tronco em decúbito dorsal e rotação unilateral do
tronco. Todos os exercícios de equilíbrio citados foram mantidos por 2 minutos,
os exercícios de alongamento foram sustentados por 30 segundos e os exercícios
de força foram realizados todos em 3 séries de 10 repetições.
Os dados foram organizados em planilhas
no programa Excel versão 2016 da Microsoft Office Professional Plus, para a
realização de análises e obtenção das médias, porcentagem e frequências
absolutas e relativas por meio de estatística descritiva, além disso, esse
mesmo programa foi utilizado para elaborar tabelas para representações dos
resultados.
Após os 30 dias de aplicação do
protocolo o paciente do estudo apresentou melhora em todas as variáveis
avaliadas. Como pode ser observado na tabela I, houve melhora na força em todos
os grupos musculares avaliados, evidenciando-se um aumento de 64,13% na força
dos flexores de ombro esquerdo, 69,23% extensores de ombro esquerdo, 6,36%
abdutores de ombro esquerdo, 7,75% adutores de ombro direito, 9,61% rotadores
internos de ombro esquerdo, 13,33% rotadores externos de ombro esquerdo, 53,22%
flexores de quadril direito e 9,15% no quadril esquerdo, 36,60% extensores de
quadril direito e 67,2% no quadril esquerdo, 224,52% abdutores de quadril
direito e 135,13% no quadril esquerdo, 5,45% adutores de quadril direito e 10%
no quadril esquerdo, 20,65% rotadores internos de quadril direito e 13,44% no
quadril esquerdo, 20,73% rotadores externos de quadril direito e 9,22% no
quadril esquerdo. Observa-se ainda que em alguns grupos musculares do membro
superior direito não foi possível realizar a avaliação devido ao quadro clínico
do paciente.
Tabela I - Força muscular de MMSS e MMII, em
kgf, pré e pós-intervenções
NR = não realizado; Kgf
= quilograma força
A tabela II apresenta os valores da
flexibilidade toracolombar avaliados por meio do
teste de sentar e alcançar no banco de Wells. Evidencia-se, portanto, que houve
melhora de 13 cm (61,90%) em relação ao alcance frontal, passando de uma
classificação fraca para bom de acordo com a classificação do teste.
Tabela II - Flexibilidade toracolombar
pré e pós-intervenção
TSA-BW = teste de sentar
e alcançar no banco de Wells para flexibilidade toracolombar
Na tabela III, encontram-se descritos os
resultados do equilíbrio pré e pós-intervenções
obtidos com diferentes testes. Observa-se melhora de 15,81% no BESTest, 21,42% no MiniBESTest e
um aumento de 40,3 segundos no Romberg-Barré, o qual
representa 67,16% de melhora no desempenho.
Tabela III - Resultados dos testes de
equilíbrio pré e pós-intervenção
BESTest = Balance Evaluation Systems Test
Devido à escassez de estudos
relacionados a essa temática, não é possível fazer uma discussão ampla e
especifica dos achados com a literatura científica. O que se tem conhecimento é
a necessidade de elaboração de programas de intervenções voltados a esse
público, visto da presença de alterações no equilíbrio, conforme descritos nos
estudos de Souza et al. [12] e Verma et al.
[13].
Os mesmos autores acima mencionam que as
abordagens por parte dos profissionais da saúde, em especial neurocirurgiões e
fisioterapeutas são direcionadas apenas para a
recuperação das funções do membro lesado, desconsiderando os déficits
secundários que podem surgir, como o equilíbrio.
Conforme enfatizado em alguns estudos
científicos, o incremento de elementos como força e flexibilidade são
fundamentais para melhorar as alterações no equilíbrio, visto que a fraqueza
muscular reduz a capacidade do músculo em responder a alterações no equilíbrio
e a flexibilidade contribui para melhora do controle motor e ação mecânica
[10,11].
Albino et al. [19], em seu
estudo, ressaltam a importância de trabalhar o equilíbrio por meio da
diminuição da base de apoio, utilização ou não do sistema visual, bem como uso
de apoios bipedal e unipedal.
Quanto maior a área (entre os calcanhares e os pés), maiores serão os limites
de estabilidade do indivíduo e a área disponível para o mesmo controlar seu
centro de massa a fim de manter a estabilidade. Assim, em tese, o incremento de
exercícios com diminuição da base de apoio é uma alternativa para os exercícios
em um programa de reabilitação que objetiva melhorar o equilíbrio.
Mochizuki e Amadio [20]
relatam que a detecção dos movimentos através do sistema visual serve para
perceber o movimento de objetos, manter o movimento dos olhos para o foco
contínuo dos objetos e nortear o movimento do corpo no espaço. Assim, se
desempenharmos exercícios sem a ativação do sistema visual, não obteremos informações
do movimento corporal em relação a um objeto ou ambiente para proporcionar
respostas suficientes para garantir a estabilidade corporal, fazendo com que se
tenha uma maior exigência do controle corporal.
Conforme descrito por Teodori e Santos [21], a assimetria na distribuição de peso
na planta dos pés (unipedal), mantida por certo
tempo, acarreta a desorganização postural geral, provocando sobrecarga em
alguns grupos musculares em detrimento de outros, isso por sua vez, levaria a
uma maior instabilidade corporal.
Mesmo que a literatura seja escassa em
relação a estudos que abordam a mesma proposta adotada nesta pesquisa, com os
poucos estudos citados na literatura envolvendo as variáveis deste e o público
alvo, observa-se a importância e necessidade em elaborar estratégias para
utilizá-las na prática clínica com esses pacientes, como foi o caso deste que
propôs um protocolo para melhorar os déficits funcionais secundários a lesão, o
qual demonstrou ser fundamental para o paciente em estudo e contribuir para
suprir uma lacuna encontrada na literatura científica relacionado ao tema.
Conclui-se que os resultados do presente
estudo demonstraram que o protocolo de exercícios de força, flexibilidade e
equilíbrio para pacientes com lesão de nervos periféricos foi benéfico para
aumentar a força muscular, flexibilidade e melhorar o equilíbrio.
O fator limitante desta pesquisa foi o
limitado número de estudos científicos sobre a temática proposta em estudo.
Portanto, sugere-se a realização de
novos estudos com a mesma proposta do presente estudo, com um número maior de
participantes, para que os futuros resultados possam ser ainda mais
satisfatórios e, dessa forma, possibilitar e mostrar a necessidade de
implementar esses programas de exercícios com a finalidade de melhorar essas
alterações secundárias surgidas após a lesão, como o equilíbrio corporal o qual
reflete diretamente na funcionalidade e qualidade de vida desses indivíduos.
Conflito de interesse
Os autores declaram não
haver conflitos de interesse.
Financiamento
Foi realizado pelos
próprios autores do estudo.
Agradecimentos
Agrademos imensamente a
professora orientadora Aline Martinelli Piccinini e demais professores
envolvidos, bem como o paciente que voluntariamente participou deste estudo.
Contribuições de cada
autor
Elaboração do manuscrito: Centenaro
MV, Centenaro TV, Piccinini AM; Coleta, análise,
interpretação dos dados e redação: Centenaro MV, Centenaro TV; Orientação e revisão crítica do artigo:
Piccinini AM