Fisioter Bras 2022;23(3):402-14
ARTIGO
ORIGINAL
Análise
baropodométrica de indivíduos com doença de Parkinson
Baropodometric analysis of individuals with
Parkinson's disease
Nicoly Ribeiro Uliam*,
Débora Toshimi Furuta**,
Mariana da Cruz Souza*, Dyenifer Fernandes de
Oliveira*, Elisa Moriel Valença***, Igor Takashi Akiyama***, Julia
Teixeira Magalhães Silva***, Isabella Cristina Leoci*,
Cristina Elena Prado Teles Fregonesi****, Lúcia
Martins Barbatto****, Guilherme Yassuyuki
Tacao*****, Augusto Cesinando
de Carvalho****
*Discente
do Programa de Pós-Graduação Lato Sensu em Fisioterapia, Residência em
Reabilitação Física pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”
Campus de Presidente Prudente/SP, **Especialização em Fisioterapia Aplicada à
Neurologia pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Campus
de Presidente Prudente/SP, ***Discente do curso de graduação em fisioterapia
pela Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Campus de
Presidente Prudente/SP, ****Docente do Departamento de Fisioterapia da
Faculdade de Ciências e Tecnologia (Unesp), Presidente Prudente/SP,
*****Doutorando em Fisioterapia da Faculdade de Ciências e Tecnologia,
Universidade Estadual Paulista, Presidente Prudente/SP
Recebido
em 3 de fevereiro de 2022; Aceito em 11 de abril de
2022.
Correspondência: Nicoly
Ribeiro Uliam, Universidade Estadual Paulista de
Presidente Prudente (UNESP), Rua Roberto Simonsen, 305 Centro Educacional
19060-900 Presidente Prudente SP
Nicoly Ribeiro Uliam:nicoly.ruliam@gmail.com
Débora
Toshimi Furuta:
dehfuruta24@gmail.com
Mariana
da Cruz Souza: fisiomarianasouza@hotmail.com
Dyenifer Fernandes de Oliveira:
dyeniferf@gmail.com
Elisa
Moriel Valença: elisa.valenca@unesp.br
Igor
Takashi Akiyama:
igor.akiyama@unesp.br
Julia
Teixeira Magalhães Silva: julia.tm.silva@unesp.br
Isabella
Cristina Leoci: bela_leoci@hotmail.com
Cristina
Elena Prado Teles Fregonesi: cristina@fct.unesp.br
Lúcia
Martins Barbatto: lucia.barbatto@unesp.br
Guilherme
Yassuyuki Tacao:
guilhermetacao@yahoo.com.br
Augusto
Cesinando de Carvalho: augusto.cesinando@unesp.br
Resumo
Introdução: A Doença de Parkinson (DP) apresenta
uma característica assimétrica em sua maior parte, além disso um distúrbio do
controle postural também pode ser evidenciado. Com isso, análises na
distribuição de massa e pressão plantar se apresentam importantes, e como
ferramenta para essas avaliações temos a plataforma de baropodometria
como um recurso de análise quantitativa. Objetivo: Analisar a pressão
plantar e distribuição de massa de indivíduos com DP, de forma estática
utilizando uma plataforma de baropodometria
eletrônica. Métodos: Foram incluídos no estudo 18 voluntários, 10 deles
com diagnóstico médico de DP, grupo experimental (DP), e 8 indivíduos sem
diagnóstico de DP, grupo controle (GC). Inicialmente foram questionados sobre
informações sociodemográficas e posteriormente submetidos a uma avaliação das
variáveis antropométricas (altura e peso) e da pressão plantar na plataforma de
baropodometria eletrônica FootWalk
Pro. Resultados: Os indivíduos com DP apresentaram pressão máxima maior
do lado esquerdo (p = 0,017*) e uma porcentagem de massa maior do lado direito
(p = 0,026*). Na distribuição de massas houve uma diferença estatisticamente
significante entre os grupos (DP > lado esquerdo; GC > lado direito; p =
0,042*). Conclusão:
Essa população apresenta, quando submetidos a
avaliação na plataforma eletrônica de
pressão, alterações na distribuição
da
pressão plantar e divisão de massas.
Palavras-chave: doença de Parkinson; modalidades de
fisioterapia; posição ortostática; equilíbrio postural; postura.
Abstract
Introduction: Parkinson's
Disease (PD) is characterized by an asymmetrical feature, in addition postural
instability can be evidenced. With this, the analysis of the mass distribution
and plantar pressure is important, and as a tool for this evaluation, we used a
baropodometry platform as quantitative analysis
resource. Objective: To analyze plantar static pressure and mass
distribution of PD individuals, using an electronic baropodometry
platform. Methods: Eighteen volunteers were included, 10 with a
diagnosis of PD, experimental group (CG), and 8 subjects without diagnosis of
PD. Initially they were filled a questionnaire on sociodemographic information,
and the anthropometric variables (height and weight) and plantar pressure were
evaluated on the FootWalk Pro electronic baropodometry assessment platform. Results:
Individuals with PD showed higher pressure on the left side (p = 0.017*) and a
maximum mass pressure on the right side (p = 0.026 *). There was a
statistically significant difference in the distribution of masses between the
groups (PD > left side; CG > right side; p = 0.042*). Conclusion:
This population showed, when submitted to evaluation on the electronic pressure
platform, change in plantar pressure distribution and mass division.
Keywords: Parkinson disease; physical
therapy modalities; standing position; postural balance; posture.
A
doença de Parkinson (DP) é considerada como o distúrbio neurodegenerativo mais
comum, caracterizada pela diminuição da dopamina na substância negra do cérebro
[1,2]. Atualmente cerca de 2% da população com idade superior a 65 anos são
afetadas pela DP, e sua prevalência aumenta conforme a idade, sendo 4% da
população acima de 85 anos acometidas [1,3]. Estima-se que o número de indivíduos
com DP aumente cada vez mais devido ao envelhecimento da população [2], sendo
assim estratégias de avaliação e intervenção precisam ser cada mais estudadas e
investigadas.
A
DP apresenta como características sintomas motores e não motores, dentre eles
temos: tremor, bradicinesia, instabilidade postural, dificuldades na
deambulação, rigidez e alterações cognitivas [1,4]. A marcha é uma das
características marcantes da DP, podendo apresentar festinação,
passos arrastados e/ou curtos e freezing [5], com isso
o risco de queda é maior e a qualidade de vida menor [2,5,6]. Outro sinal de
comprometimento que aparece de forma progressiva decorrente dos avanços e
complicações da DP são os sinais axiais, que agrupam de maneira geral a
instabilidade postural e dificuldades na marcha, além de regressão das funções
executivas e de regulação [7].
A
presença da instabilidade postural, além do déficit na deambulação aumenta o
risco de quedas nesses indivíduos [8], assim consequentemente a qualidade de
vida dessas pessoas é prejudicada. Além disso podem ser encontradas nessa
população alterações posturais, e não necessariamente todas essas alterações
serão encontradas em um mesmo indivíduo [7], tornando assim uma patologia com
manifestações variadas dentro de uma mesma população.
Patel et al. [9] demonstraram que
indivíduos com DP no tempo off da medicação apresentam lentidão nos ajustes
posturais, além disso apresentam uma postura mais inflexível quando comparada à
de jovens. Outra peculiaridade da DP é que podemos considerá-la um distúrbio
assimétrico, o qual na maior parte das vezes o hemicorpo onde os sintomas
iniciais aparecem será considerado o lado mais afetado no decorrer da doença
[10].
Devido
a esse compilado de sinais e sintomas que podem se manifestar na DP, diversos
instrumentos de avaliação já foram desenvolvidos e utilizados amplamente em
estudos e intervenções. Na literatura encontram-se diferentes escalas, com
diferentes finalidades, podendo ser direcionadas à funcionalidade, à qualidade
de vida, à marcha, dentre outros aspectos [1,2,6,10]. A plataforma de baropodometria, é uma ferramenta quantitativa que avalia a
distribuição de massa e pressão dos pés, e que já se demonstra sendo utilizada
em estudos científicos para análises de marcha nessa população [11].
Diante
do exposto nosso objetivo é analisar a pressão plantar e distribuição de massa
de indivíduos com DP, de forma estática, utilizando uma plataforma de baropodometria eletrônica.
Foram
incluídos no estudo 18 pacientes, 10 deles com diagnóstico médico de DP
recrutados do Centro de Estudos e de Atendimento em Fisioterapia e Reabilitação
(CEAFIR) da UNESP de Presidente Prudente, que integram o grupo experimental
(GP), e oito indivíduos sem diagnóstico de DP, que integram o grupo controle (GC),
ambos por demanda espontânea. Este foi um estudo transversal aprovado
inicialmente pelo Comitê de Ética em pesquisa da Faculdade de Ciências e
Tecnologia de Presidente Prudente – FCT/UNESP (CAAE: 50495221.2.0000.5402).
Foram
adotados como critérios de inclusão diagnóstico de DP, a capacidade de realizar
a marcha sem dispositivos auxiliares, ausência de déficits cognitivos avaliados
pelo Mini-exame do estado mental [12] (sendo
considerado o ponto de corte para analfabetos 18/19 pontos e para indivíduos
com instrução escolar 24/25 pontos) e classificação do Hoehn
e Yahr de I a III (escala que varia de I a V, na qual
III indica presença de doença bilateral leve a moderado, com alguma presença de
instabilidade postural e capaz de viver independentemente) [13].
Como
critérios de inclusão para o grupo controle, os voluntários deveriam ter idade
igual ou superior a 50 anos e ausência de qualquer patologia neurológica e/ou
comprometimentos ortopédicos. Como critério de exclusão para o grupo
experimental foi adotado associação de outras doenças neurológias, e para ambos
os grupos quando o indivíduo não conseguiu completar as avaliações necessárias.
Os
integrantes foram recrutados para um centro de reabilitação física de uma
universidade de Presidente Prudente e quando se enquadraram nos critérios de
inclusão foram submetidos a uma avaliação (AV1), o qual foram inicialmente
questionados sobre informações sociodemográficas e posteriormente foram
submetidos a uma avaliação das variáveis antropométricas (altura e peso) e da
pressão plantar na plataforma de baropodometria
eletrônica de dois metros de comprimento (FootWalk
Pro®, AM CUBE, França) com frequência de amostragem de 200 Hz [14].
As
análises dos dados foram realizadas com o auxílio do software FootWork Pro® versão 3.2.0.1 (IST Informatique
- Intelligence Service et Tecnique,
França) [15]. Todos os participantes passaram por um período de adaptação ao
equipamento, previamente à coleta de dados, para que pudessem se habituar ao
meio.
Para
a análise estática das pressões plantares, os voluntários foram orientados a
ficarem descalços, em posição ortostática, sobre o baropodômetro,
com apoio bipodal e a assumirem posição nominal dos
pés [15], braços ao longo do corpo, olhando para um ponto fixo localizado a sua
frente, sem contato oclusal [16]. O teste foi realizado três vezes, cada qual
com 30 segundos de duração, ou interrupção antecipada se o sujeito saiu da
posição inicial antes do tempo previsto.
Esta
análise propiciou os valores referentes à pressão plantar média (Pméd), máxima (Pmáx) e área de
superfície plantar (SP). Concomitantemente, foram visualizadas áreas coloridas
por meio do software, variando do vermelho, para as áreas de maior pressão, ao
azul, para as de menor pressão (Figura 1).
Figura
1 – Software
demonstrando distribuição de pressão na análise estática
Os
dados foram tabulados em planilhas utilizando o software Microsoft Office
Excel. As estatísticas descritivas (média e desvio padrão) foram
operacionalizadas pelo Statistical Software for
Social Sciences (SPSS Inc. Chicago, IL) versão 22.0 e
os resultados obtidos das análises foram testados quanto a sua normalidade
utilizando o teste de Shapiro-Wilk. Os dados obtidos foram normais e por isso
foi aplicado o teste t de Student, sendo ele para
amostras dependentes quando analisado o GP nas variáveis Pmáx,
Pméd, SP e distribuição de massas, e teste t para
amostras independentes quando realizada a comparação entre o GC e GP nas mesmas
variáveis. O nível de significância adotada foi de p < 0,05.
Foram
incluídos no estudo 10 indivíduos no GP, sete homens e três mulheres, oito
indivíduos no GC, sete homens e uma mulher. A amostra coletada foi por
conveniência. Apenas um voluntário do grupo GP tinha como lado dominante o
esquerdo, os demais voluntários inclusive do GC tinham como lateralidade o lado
direito. A caracterização de ambos os grupos pode ser melhor observada na
tabela I.
Tabela
I - Valores médios
seguidos dos respectivos desvios padrão e valor mínimo e máximo da
caracterização dos voluntários
GP
= Grupo Parkinson; GC = Grupo controle; m = metros; kg = quilogramas; HY =
Escala Hoehn e Yahr
Para
análise dos dados da plataforma de baropodometria foi
utilizada a média das três coletas de dados, de cada integrante. Os diferentes
pontos de pressões plantares com resultantes do peso corporal dos indivíduos do
grupo DP podem ser observados na figura 1. A análise estatística demonstrou
diferença significante na Pmáx entre os lados direito
e esquerdo (p = 0,017), sendo maior do lado esquerdo.
Pméd = pressão plantar média; kgf/cm2 =
quilograma força por centímetro quadrado; E = Esquerdo; D = direito; Pmáx = pressão plantar máxima; barras de erros = ± 2 SD
Figura
1 – Grupo Parkinson
(pressões médias e máximas)
Na
superfície plantar, expressa em centímetros quadrados (cm2), não
houve diferença entre o lado direito e esquerdo no GP.
SP
= superfície plantar; barras de erros = ± 2 SD
Figura
2 - Grupo Parkinson
(superfície plantar)
Os
valores obtidos em porcentagem (%) da divisão de massas distribuídas nos
seguintes quadrantes: anterior, posterior, esquerda e direita do grupo GP.
Observa-se que os participantes apresentaram uma diferença significante na
porcentagem de massa entre os lados (p = 0,026), sendo maior do lado direito
(figura 3).
barras
de erros = ± 2 SD
Figura
3 – Grupo Parkinson
(distribuição de massas)
Quando
comparados os valores da Pméd e Pmáx
entre o GP e o GC, não foi observada diferença (figura 4).
GP
= Grupo Parkinson; GC: Grupo controle; Pméd = pressão
plantar média; kgf/cm2 = quilograma força por centímetro quadrado; E
= Esquerdo; D = direito; Pmáx = pressão plantar
máxima; barras de erros = ± 2 SD
Figura
4 – Comparação entre
grupos (pressões médias e máximas)
Na
figura 5, analisou-se a diferença na SP entre os grupos, não havendo diferenças
significativas.
GP
= Grupo Parkinson; GC = Grupo controle; E = Esquerdo; D = direito; SP =
Superfície plantar; barras de erros = ± 2 SD
Figura
5 – Comparação entre
grupos (superfície plantar)
A
distribuição de massas do corpo foi significativamente maior para o lado
direito no GP (p = 0,042) e no GC para o lado esquerdo (p = 0,042) ao passo
que, quando foi comparada a distribuição da porção anterior com a posterior
entre os grupos não foi observada diferença (figura 6).
GP
= Grupo Parkinson; GC = Grupo Controle; barras de erros = ± 2 SD
Figura
6 – Comparação entre
grupos (divisão de massas)
O
presente estudo mostrou que os indivíduos com DP avaliados apresentam uma
pressão máxima maior do lado esquerdo e uma porcentagem de massa maior do lado
direito. Quando comparados ambos os grupos, identificamos que não houve
diferença na Pméd, Pmáx e
SP. Já na distribuição de massas houve uma diferença significante entre os
grupos, o grupo GP apresentou uma porcentagem maior do lado direto e o GC maior
do lado esquerdo.
Gimenez
et al. [11] ao investigarem a literatura encontraram que a maior parte
dos estudos utilizando baropodometria envolvia
indivíduos com DP, devido aos distúrbios de controle posturais e de equilíbrio
apresentado por essa população, o que sustenta nossas avaliações e
questionamentos. Se levarmos em consideração o lado de maior dominância vemos
que é o lado direito, justificando a maior distribuição de massa localizada nesse
hemicorpo, logo a Pmáx maior do lado esquerdo pode
ser justificada pelas diversas alterações posturais e compensatórias encontrada
nessa população descrita na literatura.
A
DP é uma doença progressiva que apresenta um acometimento inicial unilateral
com um avanço assimétrico predominante no hemicorpo onde os sinais iniciaram
[10]. A falta de um alinhamento e de uma simetria [10,19] na distribuição de
carga corporal devido as diferentes compensações adotadas podem justificar
essas alterações na distribuição das pressões plantares, como foi identificado
em nossa análise quando observamos apenas o GP. Morone et al. [17]
mostraram em seu estudo que estratégias de correção dessas assimetrias foram
capazes de melhorar essa descarga corporal e a superfície de contato utilizando
a baropodometria como ferramenta de análise.
Doherty
et al. [18] demonstraram que indivíduos com DP apresentam de maneira
incisiva alterações posturais, apontam que em sua maior parte essa população
apresenta deformidades posturais combinadas do plano sagital e coronal. Camptocormia é o nome dado a postura curvada, apresentada
por uma flexão de tronco que se inicia na coluna toracolombar,
evidenciada nessa população. Essa postura faz com que os sujeitos reajam com
uma flexão de quadril e joelho que acaba movendo o centro de pressão para o retropé ao invés do antepé,
podendo acompanhar o avanço da doença [17,18,19]. No presente estudo, visto que a
população em questão se encontra nos estágios iniciais da doença, essa
diferença entre antepé e retropé
não foi evidenciada de forma significativa.
Outra
alteração importante é a síndrome de Pisa, esta é marcada por uma flexão
lateral do tronco, que pode estar relacionada ao comprometimento da orientação
postural, a disfunção vestibular, ao tônus postural, dentre outras causas
[7,19]. Porém ainda não há um consenso sobre o seu diagnóstico e sua causa,
podendo ser um efeito colateral dos medicamentos, mas sabe-se que ela está
também presente nessa população [19,20]. Isso pode levar a alterações na região
distal quando falamos de descarga de peso o que influencia diretamente no nosso
achado.
Uma
das características da população com DP pouco evidenciada são os acometimentos
axiais, relacionados ao avanço da doença, dentre eles temos a instabilidade
postural, esta recebe influência da hipotensão ortostática, das alterações
sensoriais e da capacidade de organizar e integrar as informações visuais,
vestibulares e de propriocepção [19,21]. Como nossos pacientes eram de baixo
grau de evolução da doença quando avaliados pela escala H&Y, essas
alterações ainda não se demonstram tão evidentes, podendo ser um dos motivos
para não haver diferença estatisticamente significativa nas distribuições de
pressões e superfícies de contato quando comparamos os grupos, apesar de
mostrar diferenças dentro do GP.
De
acordo com o estudo de Silva de Lima et al. [21], pode-se dizer que tais
alterações posturais podem influenciar na descarga de peso, uma vez que as
compensações aparecem para buscar um novo eixo de equilíbrio, objetivando
diminuir ou evitar quedas, o que é fortemente evidenciado nessa população. Tal
informação vai ao encontro do presente estudo, já que estes desvios posturais
podem alterar a base de sustentação e consequentemente a estabilidade postural,
interferindo na distribuição de massas e pressões na região plantar. Com isso,
sugerem-se estudos que correlacionem as alterações posturais presentes nessa
população com a as pressões plantares e distribuições de massa avaliados pela baropodometria, que envolvam diferentes estágios da doença.
Os
resultados deste estudo facilitam o entendimento do efeito do comportamento
biomecânico estático dessa população na distribuição da massa corporal, nas
pressões plantares de maneira objetiva. Logo, as alterações que são visualmente
observadas no contexto clínico podem, por meio da baropodometria,
serem identificadas e quantificadas. Podemos assim reforçar que a preocupação
do fisioterapeuta com as assimetrias presentes nessa população e de como
intervir nessa questão é de suma importância na prática clínica.
Dentre
as limitações encontradas neste estudo, foi a não possibilidade de organizar as
avaliações dentro do tempo on da medicação, visto a
dificuldade de disponibilidade de horários. Outra limitação foi a quantidade de
indivíduos recrutados, pois, por serem considerados grupo de risco para a COVID-19,
ainda não se sentiam totalmente seguros para se deslocarem até o local para a
realização das avaliações.
Concluímos
que essa população apresentou alterações na distribuição da pressão plantar e
divisão de massas, além das alterações na distribuição de massas quando
comparadas com indivíduos saudáveis. Esses achados corroboram os achados na
literatura, o que pode direcionar novos horizontes dentro da pesquisa
científica em torno desse assunto e dessa população específica.
Conflito
de interesse
Os
autores declaram não haver qualquer potencial conflito de interesse que possa
interferir na imparcialidade deste trabalho científico.
Fontes
de financiamento
Não
houve financiamento.
Contribuição
dos autores
Concepção
e desenho da pesquisa:
Uliam NR, Furuta DT, Souza
MC, Oliveira DF, Valença EM, Akiyama IT, Silva JTM, Leoci IC, Fregonesi CEPT, Barbato LM, Tacao GY, Carvalho
AC; Coleta de dados: Uliam NR, Furuta DT, Souza MC, Oliveira DF, Valença EM, Akiyama IT, Silva JTM, Leoci
IC; Análise e interpretação dos dados: Uliam
NR, Tacao GY, Carvalho AC; Análise estatística: Uliam NR, Tacao GY, Carvalho AC; Redação
do manuscrito: Uliam NR; Revisão crítica
do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Uliam NR, Tacao GY, Carvalho AC