Fisioter Bras 2022;23(3):415-26
ARTIGO
ORIGINAL
Reprodutibilidade
teste-reteste da tarefa de levantar-se do solo em
idosos
Reproducibility of the supine-to-stand task in older
adults
Marina
Ramos Maciel*, Bárbara Laís Fernandes Souza*, Camila de Santana Mota**, Robson
Felipe de Queiroz**, Matheus Rodrigues de Assis*, Marisete
Peralta Safons**, Maria Teresa Cattuzzo***,
Frederico Santos de Santana*
*Centro
Universitário Euro-Americano (UNIEURO), **Universidade de Brasília (UnB),
***Universidade de Pernambuco (UPE)
Recebido
em 17 de fevereiro de 2022; Aceito em 18 de maio de
2022.
Correspondência: Frederico Santos de Santana, SHCES 203
- Bl: E/103, 70650-235 Cruzeiro Novo, Brasília
Marina
Ramos Maciel: lynamaciel@gmail.com
Bárbara
Laís Fernandes Souza: b.laisfersouza@gmail.com
Camila
de Santana Mota: camilasantana.santos@gmail.com
Robson
Felipe de Queiroz: rfab.queiroz@gmail.com
Matheus
Rodrigues de Assis: matheus.assis.edf@gmail.com
Marisete Peralta Safons:
mari7ps@gmail.com
Maria
Teresa Cattuzzo: mtcattuzzo@hotmail.com
Frederico
Santos de Santana: fredericosantosdesantana@gmail.com
Resumo
Determinar
o nível da reprodutibilidade da análise da tarefa de levantar-se do solo
segundo o protocolo de Haywood et al. Vinte
voluntários (idosos saudáveis 72,87 ± 6,51 anos; IMC = 26,8 ± 4,66 kg/m2;
estatura 1,6 ± 0,09 m) foram selecionados e executaram os seguintes testes: Timed Up and
Go, Apoio Unipodal e dinamometria
de preensão manual, além da tarefa de levantar-se do solo (STS) a partir da
posição de decúbito dorsal. Foram realizadas duas tentativas com intervalo
entre sete e 15 dias, filmadas e analisadas pelo software Kinovea®.
Por fim, a reprodutibilidade teste-reteste do
desempenho de processo da tarefa de levantar-se do solo foi avaliado por meio
do Coeficiente Kappa, com nível de significância adotado p ≤ 0,05. Os
resultados mostraram uma reprodutibilidade para membros superiores de K =
0,481, região axial de K = 0,519 e membros inferiores de K = 0,851,
respectivamente, todos com p < 0,001. Portanto, conclui-se que a
reprodutibilidade da análise de processo da tarefa de levantar-se do solo em
idosos, segundo Haywood et al., foi
considerada moderada, de modo geral.
Palavras-chave: idoso; capacidade funcional;
reprodutibilidade; validade; avaliação geriátrica.
Abstract
The aim of the study was to determine the
reproducibility of the supine-to-stand task analysis according to Haywood et
al. protocol. Twenty volunteers (healthy elderly 72.87 ± 6.51 years; BMI
26.8 ± 4.66 kg/m2; height 1.6 ± 0.09 m) were selected and performed
the following functional capacity tests: Timed Up and Go, unipodal
support and handgrip dynamometry, plus the supine-to-stand task. Two attempts
were made at intervals of 7 to 15 days, filmed and analyzed by Kinovea® software. Finally, the test-retest reproducibility
of the supine-to-stand task was evaluated by means of Kappa Coefficient, with
significance level adopted p ≤ 0.05. The results showed reproducibility
for upper limbs of K = 0.481, axial region of K = 0.519 and lower limbs of K =
0.851, respectively, all with p < 0.001. Therefore, we conclude that the
reproducibility of the of the supine-to-stand task in the elderly, according to
Haywood et al. was considered moderate, in general.
Keywords: aged; functional capacity; motor
competence; reproducibility; validity, geriatric assessment.
De
modo geral, a partir da sexta década do ciclo vital humano, as repercussões do
processo de envelhecimento tornam-se significativas, caracterizadas
principalmente por queda de desempenho nos domínios bio-psico-social. Um novo cenário populacional está se
estabelecendo em todo o planeta e, portanto, reflexões e ações devem ser
realizadas para o enfrentamento deste futuro contexto. Segundo o IBGE, havia
cerca de 10 milhões de idosos em 1990. Em 2000, este número saltou para 15
milhões e, em 2025, espera-se que alcance 34 milhões, considerando a faixa
etária superior a 60 anos [1]. A manutenção da capacidade funcional, definida
como capacidade de execução das atividades da vida diária, é um dos alvos
advogados por especialistas em gerontologia para a preservação da capacidade
produtiva, qualidade de vida e dignidade. Recentemente, outras perspectivas
complementaram e aperfeiçoaram o entendimento do envelhecimento saudável [2].
Partindo
do pressuposto de que a saúde também pode ser entendida como a capacidade de
adaptação e autogestão [3], as diversas formas de manifestação de ações motoras
fundamentais podem sinalizar o quão sujeitos idosos preservam sua competência
funcional motora [4,5]. Mais especificamente as atividades necessárias e
suficientes para sobrevivência independente são denominadas Atividades Básicas
da Vida Diária (ABVD), assim como, as Atividades Instrumentais da Vida Diária
(AIVD) estão relacionadas à vida autônoma, isto é, tarefas que mantêm a pessoa
idosa participativa na gestão e nos cuidados com a própria saúde, e no
desenvolvimento de tarefas domésticas [6,7].
A
tarefa de levantar-se do solo a partir da posição de decúbito dorsal tem sido
descrita como marco fundamental do desenvolvimento motor humano, capaz
inclusive de determinar o desempenho da competência funcional motora
[4,5,8,9,10,11,12]. Levantar-se do solo é uma tarefa que já faz parte do repertório
motor além de ser pré-requisito para ações mais complexas, do ponto de vista
físico é a tarefa básica que exige a maior demanda energética [13]. Mesmo sendo
uma ação motora já vivenciada pelo ser humano, esta é capaz de desafiar o
desempenho físico de acordo com a idade, servindo para mapear todo ciclo vital.
Desse modo, o teste STS é considerado um recurso capaz de identificar a
incapacidade motora funcional, válido, prático, útil e viável.
Uma
das vantagens da análise da tarefa de levantar-se do solo para avaliação do
desempenho físico funcional de idosos é a possibilidade de julgamento por meio
de medidas não apenas quantitativas, mas também qualitativas [8,9,14]. A
literatura científica dispõe de sete listas de checagem para este tipo de
avaliação. Dentre os protocolos existentes que fazem a análise de processo da
tarefa de levantar-se do solo destaca-se o de Haywood
que faz um apanhando de diversas adaptações derivadas da análise precursora de VanSant [15,16,17,18]. Utilizou-se, portanto, a análise da medida
de processo do teste-reteste segundo o protocolo de Haywood et al. [3] para avaliar a tarefa de
levantar-se do solo em idosos saudáveis, visto que não há na literatura
registros referentes a este tipo de análise.
A
reprodutibilidade teste-reteste é considerada como um
dos componentes que desenvolvem o processo de validação de um teste ou método
de avaliação. De modo geral, a análise de processo teste-reteste
da tarefa de levantar-se do solo em idosos tem altos níveis de
reprodutibilidade [11,19,20]. Entretanto, as amostras avaliadas nesses estudos
foram distintas. Respectivamente, Nesbitt et al.
[11] analisaram o processo da tarefa STS em crianças, Manini
et al. [20] em idosos americanos por meio da medida de produto e Naugle et al. [19] idosos obesos. Além disso, os
protocolos de execução da tarefa de levantar-se do solo apresentadas em
diversos artigos apresentam distinções, especialmente, no que tange à
determinação clara do momento que a tarefa termina, a posição e número de
câmeras, o número de tentativas, fatos que tornam a comparação do desempenho
entre os trabalhos inviável [5]. Diante do exposto, desenvolveu-se a hipótese
de que a reprodutibilidade teste-reteste da análise
da tarefa de levantar-se do solo, segundo o protocolo de Haywood
et al. [15] é elevada em idosos, visto que algumas limitações foram
solucionadas no protocolo desenvolvido pelo grupo. Os estudos citados acima
foram os únicos que realizaram teste-reteste do STS e
obtiveram reprodutibilidade satisfatória. Dessa forma, o estudo tem como
objetivo determinar o nível da reprodutibilidade da análise da tarefa de
levantar-se do solo, segundo o protocolo de Haywood et
al. [15] em uma amostra de idosos brasileiros.
Participantes
A
amostra foi composta por idosos saudáveis (≥ 60 anos; n = 20; 8 homens e
12 mulheres) sem impedimentos físicos, clínicos ou mentais para a execução da
tarefa de levanta-se do solo a partir da posição de decúbito dorsal, sem
assistência. O projeto de pesquisa foi aprovado por comitê de ética em pesquisa
(Protocolo nº 1830185).
Procedimento
Os
voluntários depois de chegarem no ambiente de coleta de dados permaneceram
aproximadamente cinco minutos em repouso, assinaram o termo de consentimento
livre e esclarecido e responderam questionário abordando a condição física
geral e dados sociodemográficos e foram coletados dados hemodinâmicos (pressão
arterial e frequência cardíaca) [21]. Na sequência, realizaram-se,
respectivamente, a tarefa de levantar-se do solo (duas tentativas, com
intervalo de dois min), dinamometria de preensão
manual (três tentativas, posição europeia, Jamar), Timed Up and
Go test (TUG) (três tentativas) e o apoio unipodal (três tentativas) [22,23].
Descrição
da tarefa de levantar-se do solo a partir da posição de decúbito dorsal
Objetivo
do teste é levantar-se o mais rápido possível da posição de decúbito dorsal no
chão para uma posição ortostática na posição vertical, tocando um alvo fixo na
parede. Em uma sala silenciosa com piso limpo e plano com um espaço vazio de
aproximadamente 8 m² foi colocado um tapete de borracha (2 m de comprimento x
1m de largura) pregado com fita adesiva em suas extremidades a 30 cm da parede.
Marcado
como um ponto na parede, foi colocado um alvo fixo a altura dos olhos dos
voluntários de forma individualizada para finalizar o teste. Para o
enquadramento da câmera, os voluntários antes de executar o teste ficaram na
posição sagital para enquadrar a cena filmada. A distância da câmera preservou
um quadro que captura a imagem do sujeito completamente e o mais próximo
possível. Recomendou-se uma pequena margem de segurança de cerca de 20 cm, após
marcar o chão, para evitar cortes na imagem.
Na
sequência, o voluntário depois de orientado a assumir a posição de decúbito
dorsal, com os braços estendidos ao longo do tronco, foi instruído a
levantar-se do solo o mais rápido possível, da forma que achasse mais adequada
e tocar a parede no ponto posicionado à altura dos olhos. Para o comando, foi
usada a seguinte frase em tom imperativo: “- Atenção: ao meu sinal você deverá
levantar-se o mais rápido possível e tocar o ponto que está à sua frente, na
parede, ok? Prepara. Já!”. Foram realizadas duas tentativas com intervalo de 2
minutos entre elas (a tentativa mais veloz foi assumida para análise de
desempenho). A ação motora foi filmada para análise posterior [5].
A
medida do processo foi executada por meio da identificação de categorias-chave
conforme protocolo descrito por Haywood et al.
[15], por dois avaliadores treinados e especializados.
Descrição
do Protocolo de Haywood et al. (2012) [15]
Membros
superiores
A – Push and reach
to bilateral push - Uma mão
é colocada no solo ao lado dos quadris. A outra mão cruza o corpo e apoia o
solo. Ambas as mãos empurram o solo para uma posição estendida dos cotovelos.
Os braços são então levantados e usados para o equilíbrio;
B – Push and reach
– Uma ou ambas as mãos são colocadas ao lado dos quadris no solo. Uma mão
continua a apoiar e empurra o solo, enquanto a outra auxilia no equilíbrio;
C – Symmetrical push – Ambas as mãos
são colocadas no solo, uma de cada lado dos quadris. Ambas as mãos empurram
contra o solo antes do ponto em que os braços são levantados em sincronia e
usados para o equilíbrio;
D –
Bilateral reach – Os braços se estendem para frente,
conduzindo o tronco e são usados como auxílio de equilíbrio ao longo do
movimento. Uma face frontal ou ligeiramente diagonal do tronco é alcançada
antes que as costas se estendam para a vertical;
E – Push and reach
with thigh push – Um ou ambos os braços são usados para empurrar o
solo. Se ambos os braços forem usados, haverá assimetria ou assincronia na ação
de empurrar. Se apenas um braço for utilizado, um apoio simétrico dará lugar a
um apoio unilateral, enquanto o outro braço é então colocado em um joelho
auxiliando na extensão do tronco ou pernas para a vertical;
F – Push and reach
to bilateral push with thigh push
- Uma mão é colocada no solo ao lado dos quadris. O outro braço cruza o tronco
e apoia o solo. Ambas as mãos empurram o solo para uma posição estendida dos
cotovelos. Um ou ambos os braços são então levantados e apoiados nas coxas,
auxiliando a extensão do tronco ou pernas para a vertical.
Tronco
A – Full
rotation with abdomen down – A cabeça e o
tronco flexionam e giram até que a superfície ventral do tronco entre em
contato com o solo. Os quadris são então elevados para o nível ou acima da
cintura escapular. As costas se estendem para a vertical, com ou sem
acompanhamento da rotação do tronco;
B – Full
rotation with abdomen up - A cabeça e o tronco
flexionam e giram até que a superfície ventral do tronco esteja voltada para o
solo, mas sem contato. Os quadris são então elevados para o nível ou acima da
cintura escapular. As costas se estendem a partir desta posição até a vertical,
com ou sem acompanhamento da rotação do tronco;
C – Partial rotation – Flexão e
rotação do tronco trazem o corpo para uma posição de decúbito lateral, com os
ombros acima do nível dos quadris. As costas se estendem até a vertical, com ou
sem rotação;
D – Forward with rotation
– A cabeça e o tronco flexionam para frente com ou sem leve rotação. A flexão
simétrica é interrompida pela rotação ou extensão com rotação. Uma ou mais
rotações ocorrem no sentido de ajuste de direção;
E – Symmetrical – A cabeça e o tronco se movem simetricamente
para frente além da vertical; as costas então se estendem simetricamente para a
posição vertical.
Membros
inferiores
A – Kneel – Ambas as pernas são flexionadas em direção ao tronco
e giradas para um dos lados. O padrão ajoelhado é assumido. Um pé avança e
apoia o solo a frente até assumir a posição de semiajoelhada.
O joelho a frente se estende à medida que a perna oposta avança;
B – Jump
to squat – Os membros
inferiores são flexionados e girados para um lado. Em seguida, por meio de uma
veloz flexão de quadris com fase de voo dos pés, com as mãos no chão e face
anterior do tronco voltada para baixo, os pés pousam de volta na superfície com
os quadris e os joelhos flexionados para uma posição de agachamento ou semiagachamento. Os membros inferiores então se estendem
para a vertical;
C – Half kneel – Ambas as pernas são
flexionadas em direção ao tronco e giradas para um dos lados. O padrão semiajoelhado é assumido. O joelho à frente se estende à
medida que a perna oposta avança;
D – Asymmetrical squat – Uma ou ambas
as pernas são flexionadas em direção ao tronco, assumindo um agachamento
assimétrico, cruzado ou de base ampla. A rotação interna dos quadris pode fazer
com que os pés sejam colocados em ambos os lados dos quadris. A assimetria da
rotação dos quadris é comum. As pernas levantam-se para uma posição estendida.
Cruzamentos ou assimetrias podem ser corrigidos durante a extensão por ação de
passos;
E – Symmetrical squat - As pernas são
levadas em flexão com os calcanhares se aproximando dos quadris em um
agachamento de base estreita. A ação de caminhar pode ser vista durante o apoio
do agachamento, ou passos para o equilíbrio (ou saltos) podem seguir a extensão
simétrica dos membros inferiores [13].
As
análises foram feitas por meio da observação filmográfica
da execução da tarefa motora usando os comandos do software específico de
análise de movimento do início à posição final. O software de análise de
movimento KINOVEA® 0.8.15, está disponível gratuitamente na internet
(www.kinovea.com).
Análise
estatística
Os
dados descritivos foram apresentados por meio da frequência absoluta e relativa
(%) de dados demográficos (sexo), média como medida de tendência central, assim
como, desvio padrão, como medida de dispersão, respectivamente. Por fim, a
reprodutibilidade teste-reteste do desempenho de
processo da tarefa de levantar se do solo foi
avaliado por meio do Coeficiente Kappa. O nível de significância adotado foi p ≤
0,05 [24,25,26].
Participaram
do estudo 20 idosos, 12 do sexo feminino com idade entre 66 e 77 anos e 8 do
sexo masculino com idade entre 65 e 84 anos de acordo com a Tabela I.
Tabela
I - Análise
descritiva de amostra (média ± desvio-padrão)
kg
= quilograma; s = segundos; m = metros; M = masculino; F = feminino
72%
da amostra encontra-se com o nível de força acima do esperado, 80% dentro da
normalidade esperada para o teste de equilíbrio dinâmico. Em contrapartida, 67%
dos idosos estão com o equilíbrio estático abaixo do normal para a faixa etária
de 60 a 79 anos Santana et al. [22].
A análise estatística da
reprodutibilidade teste-reteste está representada na
Tabela II, na qual o nível de reprodutibilidade para cada área corpórea
mostrou-se moderado de modo geral.
Tabela
II - Nível de
reprodutibilidade segundo Protocolo de Haywood et al.
[15]
Ax = Axial; MS = Membros Superiores; MI = Membros
Inferiores; K = Coeficiente Kappa; p = Nível de significância
Verificou-se
o nível de reprodutibilidade da análise de processo da tarefa de levantar-se do
solo a partir da posição de decúbito dorsal, segundo protocolo de Haywood et al. [15]. De modo geral, os principais
achados mostraram que o nível de reprodutibilidade foi considerado moderado.
Portanto, a adoção de tais condições metodológicas para uso em avaliação deve
ser considerada com cautela, visto que alguns fatores podem ter influenciado os
resultados, dentre os quais destacam-se: o índice de massa corpórea (IMC) e o
equilíbrio estático, avaliado por meio do tempo em apoio unipodal
[15].
Evidenciou-se
que 65% da amostra encontra-se com sobrepeso e obesidade, fato que aumenta
constantemente o risco de declínio funcional e desenvolvimento da incapacidade
de mobilidade em populações envelhecidas [27] e, além disso, é um preditor importante
de estratégias compensatórias para realização de tarefas diárias comuns,
inclusive a própria tarefa de levantar-se do solo, em idosos [19].
Já
o equilíbrio testado por meio do apoio unipodal,
mostrou-se abaixo do ideal nas faixas etárias de 60 a 69 e 70 a 79 anos de
idade, assumindo o valor de corte de 14,4 e 6,5 respectivamente, identificando
que 67% dos idosos da amostra estão abaixo do equilíbrio, com média de 7,23,
representando um desequilíbrio postural. Diante do exposto, pode-se inferir que
o índice de massa corpórea e o desequilíbrio exerceram significativa influência
na quantidade de apoios utilizados pelos idosos para levantarem do solo,
dificultando a análise do avaliador sob a medida de processo (padrões de
movimento), contribuindo com a não reprodutibilidade da amostra, isso
notoriamente pode ter influenciado no resultado. Pois o ato de levantar-se do
solo envolve um mecanismo de mudanças de segmentos corporais, por intermédio do
controle do equilíbrio estático e dinâmico [14]. Realizar a tarefa de
levantar-se do solo depende de uma boa capacidade de equilíbrio, pois, ao
realizar a troca postural de uma posição estável, de base ampla para uma menos
estável de base menor, o equilíbrio tem ação primordial para regular a
transferência do centro de massa. O bom desempenho na tarefa de levantar-se do
solo está associado com a estabilidade do equilíbrio dinâmico e mobilidade
[28]. Klima et al. [29] afirmam que a tarefa
de se levantar do solo está associada com idade, velocidade da marcha, com a
atividade física e, em especial, com o equilíbrio dinâmico. Para Bohannon [30], o equilíbrio estático não foi fortemente
correlacionado com a performance de levantar-se do solo e não foi um preditor
significativo para o desempenho dessa ação.
Este
estudo é o pioneiro no sentido de aplicar a análise de processo segundo as
categorias de movimento de Haywood et al. [15]
em idosos brasileiros, na tarefa de levantar-se do solo [15]. Esta tarefa é
reconhecida como válida, útil, viável e importante na determinação da
competência funcional motora em todo ciclo vital. Por outro lado, a quantidade
de câmeras utilizadas, assim como, o posicionamento das mesmas, o tempo de
treinamento e a experiência dos avaliadores deve ser considerados como
limitações do estudo.
Portanto,
conclui-se que a reprodutibilidade da análise de processo da tarefa de
levantar-se do solo em idosos, segundo Haywood et
al. foi considerada moderada, de modo geral.
Conflitos
de interesse
Não
houve conflito de interesse.
Fontes
de financiamento
Não
houve fontes de financiamento.
Contribuição
dos autores
Concepção
e desenho da pesquisa:
Santana F, Maciel M, Souza BL; Coleta de dados: Assis M, Souza BL,
Maciel M; Análise e interpretação dos dados: Mota C, Queiroz RF, Santana
F; Análise estatística: Mota C, Queiroz RF, Santana F; Redação
do manuscrito: Maciel M, Cattuzzo MT, Safons M; Revisão crítica do manuscrito quanto ao
conteúdo intelectual importante: Maciel M, Cattuzzo
MT, Safons M, Santana F, Assis M