Fisioter Bras 2022;23(4):603-17
REVISÃO
Terapia
espelho baseada em realidade virtual após acidente vascular cerebral: revisão
sistemática de ensaios randomizados
Mirror therapy based on virtual reality post-stroke:
systematic review of randomized trials
Emanuel
Roger dos Santos Reis*, Raynara Oliveira dos Santos*,
Camilla Gabrielly de Lima Sousa Santana*, Tais
Fernanda da Silva*, Raissa Tamires da Silva*, Ana Karla da Silva Moura Pedrosa,
M.Sc.**, Natália Feitoza do
Nascimento, M.Sc.***
*Acadêmicos
em Fisioterapia, Centro Universitário Estácio, Recife/PE, **Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), ***Professora do Centro
Universitário Estácio, Recife/PE
Recebido
em 25 de fevereiro de 2022; Aceito em 15 de junho de
2022.
Correspondência: Emanuel Roger dos Santos Reis, Avenida
Vasco Rodrigues, 301/303, Bloco 13, Peixinhos, 53220-375 Olinda PE
Emanuel
Roger dos Santos Reis: emanuelrsr@hotmail.com
Raynara Oliveira dos Santos:
raynaraoliveira.contato@gmail.com
Camilla
Gabrielly de Lima Sousa Santana:
camillagabrielly34@gmail.com
Tais
Fernanda da Silva: thaysfernanda968@gmail.com
Raissa
Tamires da Silva: raissa.tamires.contato@gmail.com
Ana
Karla da Silva Moura Pedrosa: ftanakarla@gmail.com
Natália
Feitoza do Nascimento: nataliafna@yahoo.com.br
Resumo
Introdução: A terapia espelho (TE) tem
sido recomendada para melhoria da funcionalidade após o acidente vascular
cerebral (AVC). A TE convencional demanda alta concentração e pode se tornar desmotivante, restringindo a participação ativa e
engajamento do paciente, além de levar a alterações posturais e de equilíbrio.
A TE baseada em realidade virtual (RV) tem por intuito minimizar estes déficits
e facilitar o controle dos movimentos. Objetivo: Analisar os efeitos de
intervenções de TE baseadas em RV em pacientes com disfunções motoras pós-AVC. Métodos:
Revisão sistemática da literatura, nas bases Pubmed,
Embase, ICTRP, Cinahl, Medline e Lilacs.
Resultados: Foram selecionados 6 ensaios controlados e randomizados.
TE+RV demonstraram melhoria na marcha, equilíbrio, funcionalidade de membro
superior, inferior e face, e reduziram as consequências negativas encontradas
na TE convencional. Conclusão: Melhora das disfunções motoras pós-AVC na
TE+RV, reduzindo as limitações observadas na TE convencional. Sugerem-se
estudos futuros para desenvolver e validar abordagens de TE+RV com menor
impacto financeiro.
Palavras-chave: acidente vascular cerebral; realidade
virtual; neurônios-espelho.
Abstract
Introduction: Mirror therapy
(ET) has been recommended to improve functionality after stroke. Conventional
ET demands high concentration and can become demotivating, restricting the
active participation and engagement of the patient, in addition to leading to
postural and balance changes. TE based on virtual reality (VR) aims to minimize
these deficits and facilitate movement control. Objective: To analyze
the effects of VR-based ET interventions in patients with post-stroke motor
dysfunction. Methods: Systematic literature review, in the Pubmed, Embase, ICTRP, Cinahl, Medline and Lilacs databases. Results: Six
randomized controlled trials were selected. ET+VR demonstrated improvement in
gait, balance, upper and lower limbs, and face functionality, and have reduced
the negative consequences found in conventional ET. Conclusion:
Improvement of post-stroke motor dysfunction in ET+RV, reducing the limitations
observed in conventional ET. Future studies are suggested to develop and
validate TE+RV approaches with less financial impact.
Keywords: stroke; virtual reality; mirror
neurons.
O
Acidente Vascular Cerebral (AVC) consiste em um dano neurológico agudo de
origem vascular, início súbito e duração maior que 24 horas representando a
segunda maior causa de mortalidade em todo o mundo, levando a um grande impacto
nas atividades de vida diária (AVD), qualidade de vida e custos com saúde
[1,2]. Cerca de 80% dos sobreviventes evoluem com comprometimento da função
motora [3], associado à instalação de deficiências e limitações funcionais [4].
O
comprometimento de um dos hemicorpos (a hemiparesia ou a hemiplegia) é o padrão
patológico mais frequentemente observado, estando, geralmente, associado a
alterações de tônus muscular, entre elas, a espasticidade, à qual pode
acarretar em restrição na realização de movimentos pelo indivíduo [1,5]. Além
destas, outras disfunções podem ser observadas, entre elas alterações na
coordenação motora, equilíbrio, sinergia de movimentos e força muscular;
distúrbios do campo visual, déficits perceptivos, cognitivos, comportamentais e
de linguagem [1].
Todos
esses comprometimentos afetam negativamente a independência nas atividades de
vida diária (AVD) destes indivíduos. Como as alterações funcionais são bastante
heterogêneas, afetando controle postural e marcha, principalmente, a resposta
às intervenções dependerão de vários fatores, o início precoce do processo de
reabilitação e adesão ao mesmo, do potencial de neuroplasticidade do cérebro
lesado, entre outros [3,4].
A
reabilitação neurológica se utiliza de intervenções que busquem estimular a
neuroplasticidade [6]. Para isto, as estratégias utilizadas devem ser
repetitivas, realizadas de forma intensiva e específicas para a tarefa, para
que o estímulo à plasticidade neural seja efetivo, e, assim, possa promover uma
melhora da funcionalidade do paciente [7]. Nesse contexto, diversas técnicas
terapêuticas vêm sendo comumente utilizadas, como a terapia espelho (TE).
A
TE é uma intervenção que usa o membro não afetado refletido em um espelho
colocado parassagitalmente entre os membros superiores
ou inferiores, realiza um movimento, promovendo estímulo visual ao cérebro,
dando a ilusão de movimento no membro acometido [3,7,8]. A TE foi introduzida
para tratamento de dor em membro fantasma em pacientes amputados.
Posteriormente, iniciou-se a aplicação em pacientes com hemiplegia ou
hemiparesia decorrentes de AVC, sendo bastante utilizada principalmente em
membro superior. Há também estudos que demonstram sua aplicabilidade em
alterações faciais e em membros inferiores [3,8].
Durante
a aplicação da TE, acredita-se que haja atuação dos chamados neurônios-espelhos
localizados nos lobos frontais e parietais. Esses neurônios possuem modalidades
de comando, visão e propriocepção, e a sua atuação permite que a entrada
proprioceptiva diminuída ou ausente, seja compensada através do recebimento de
um feedback visual do movimento correto do lado não afetado sobreposto ao lado
afetado [9]. Este processo promove as ativações do sentido proprioceptivo e da
área pré-motora para evocar o movimento normal no
hemicorpo afetado. A modulação neural do córtex motor, a facilitação dos
estímulos espinais corticais e a reversão da síndrome do “não uso aprendido”
são considerados os mecanismos neurofisiológicos relacionados a TE [10,11]. A
atividade do córtex motor pode ser modulada diretamente pela intervenção, sendo
observado principalmente no córtex motor primário [12].
Os
métodos convencionais de TE demandam alta concentração e podem se tornar desmotivantes, o que poderá dificultar a participação ativa
e gerar uma falta de engajamento do paciente, afetando as respostas ao
tratamento [13]. Difere de uma situação real em que um espelho seria
posicionado no centro do corpo, precisando, assim, ser posicionado lateralmente
e observado pelo indivíduo com a cabeça desviada da linha média. Esta postura
não é adequada e pode levar ao desconforto cervical após a intervenção,
resultando em tensão inadequada em músculos e articulações adjacentes, gerando
restrição de movimento, redução da flexibilidade, dor e alterações nos ossos e
tecidos moles [4,14,15].
Durante
a TE para membros inferiores, os pacientes precisam curvar o corpo em direção
ao lado não afetado para observar a imagem refletida no espelho, levando aos
mesmos problemas descritos anteriormente, sendo o mesmo observado na TE de
membro superior. Se os pacientes ou terapeutas inclinam o espelho para resolver
esse desequilíbrio, a imagem é distorcida e perde-se o efeito de ilusão visual
[16].
A
fim de promover alternativas que despertem interesse, motivação e participação
nos treinos, a realidade virtual (RV) representa uma possibilidade adicional às
intervenções fisioterapêuticas em pacientes com sequelas de AVC [17]. A TE
baseada em RV vem sendo utilizada para suprir os déficits presentes na TE convencional.
Nesta modalidade, o uso de um feedback virtual de espelho, seja gerado por
câmera, ambientes de realidade aumentada ou ambientes de realidade virtual
totalmente imersivos, pode prevenir os prejuízos gerados com o uso de um
espelho real, uma vez que não necessitam obrigatoriamente de um espelho
posicionado junto ao paciente [14].
Assim,
o presente estudo tem como objetivo analisar, através de uma revisão
sistematizada de estudos científicos, os efeitos de intervenções de TE baseadas
em RV em pacientes com sequelas motoras após um AVC, buscando ainda elucidar os
possíveis aspectos que podem estimular terapeutas a utilizar a TE baseada em
RV.
Protocolo
Foi
realizada uma revisão sistemática da literatura orientada pelas diretrizes do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA)
[15,16]. Para o estudo em questão foi escolhida a pergunta “Quais os efeitos de
intervenções de terapia espelho baseadas em realidade virtual, para disfunções
motoras advindas de um Acidente Vascular Cerebral?”.
Critérios
de elegibilidade
O
modelo PICO foi escolhido: população (P), intervenção (I), comparação (C) e
resultado (O). Nesta revisão foi adotado o seguinte modelo PICO:
Fontes
de informação
A
pesquisa foi realizada em bases de dados eletrônicas, sendo elas: Medical Literature Analysis and Retrieval System Online
(Medline) e Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), através do Portal Regional da Biblioteca Virtual
em Saúde (BVS), e nas bases Pubmed, Cinahl, Embase e WHO's International Clinical Trials Registry Platform (ICTRP), através do Cochrane
Central Register ofControlled Trials.
Estratégia
de pesquisa
A
pesquisa foi realizada de maneira independente por dois autores e consistiu na
busca das palavras-chave “mirror feedback” ou “mirror visual feedback” “mirror therapy” ou “augmented reality mirror therapy” ou “virtual
reality mirror therapy” ou
“virtual reality reflection therapy”
associados (utilizando o operador Booleano “AND” para “e”) às palavras-chave “stroke” ou “Acidente Vascular Encefálico” ou “Acidente
Vascular Cerebral” (utilizando o operador Booleano “OR” para “ou”). A pesquisa
foi realizada utilizando-se como filtro o ano de publicação, em que,
inicialmente, foram selecionados artigos publicados entre janeiro de 2011 e
março de 2021.
Critérios
de inclusão
Artigos
utilizarem abordagens da terapia espelho baseada em realidade virtual, sendo a
população analisada indivíduos com disfunções motoras após o AVC.
Critérios
de exclusão
Não
foram incluídas revisões de literatura, estudos que não fossem ensaios clínicos
controlados randomizados (seriam excluídos estudos de viabilidade que apenas
analisassem o funcionamento de uma abordagem em RV, porém seriam mantidos os
estudos de viabilidade que utilizaram a nova abordagem em RV como forma de
intervenção, fazendo comparações pré e
pós-tratamentos), população fora do intervalo de faixa etária e duplicatas.
Avaliação
da qualidade metodológica e do nível de evidência dos estudos
Uma
avaliação de qualidade metodológica e de nível de evidência foi realizada. O The
Oxford 2011 Levels of Evidence [18] foi utilizado para avaliar o nível de
evidência de cada estudo [19,20]. Para a avaliação da qualidade metodológica
foi utilizada a escala da Physiotherapy Evidence Database (PEDro) [21,22].
No
total 626 estudos foram encontrados, porém apenas 6 ensaios controlados e
randomizados atenderam aos critérios metodológicos selecionados (Figura 1).
Todos
os estudos obtiveram nível 2 de evidência (níveis de evidência Oxford 2011); a
Tabela 1 apresenta avaliação dos estudos de acordo com a Escala Pedro. Quatro
estudos foram realizados na Coréia do Sul [23,24,25] e dois na China [9,26]. Entre
os 6 ensaios controlados e randomizados incluídos, os avaliadores foram cegos
em 5 deles apenas, e em nenhum estudo houve cegamento dos sujeitos e
terapeutas. Ao todo, haviam 195 indivíduos participantes pós-AVC, sendo 135
homens com média de idade de 53,17 ± 7,33 e 60 mulheres com média de idade de
65,42 ± 9,17 anos.
Os
resultados desta revisão sistemática (sintetizados na Tabela II) fornecem
evidências de que as intervenções de TE baseadas em RV são eficazes para
melhora de disfunções motoras adquiridas após um AVC. As abordagens TE + RV se
mostraram viáveis para reduzir as consequências negativas encontradas na TE
convencional.
As
intervenções de TE + RV foram capazes, em todos os estudos, de apresentar resultados
com relevância estatística, quando comparadas às intervenções dos grupos
controles, para os seguintes desfechos: melhoras de equilíbrio [24]; no
desempenho e velocidade de marcha [24]; na oscilação postural [24]; na
movimentação facial [25]; no desempenho motor em membro superior [26,27,28]; na
recuperação da função motora da mão [28]; na independência funcional nas AVD, e
nas transferências e locomoção [28]. Na comparação de duas formas de
treinamento de TE + RV [23], foram observadas melhoras significantes na função
dos membros superiores, no equilíbrio, na força de preensão, na ADM (flexão,
extensão, desvios radial e ulnar), e na destreza e
coordenação das mãos.
Tabela
I - Avaliação dos
estudos de acordo com cada critério da Escala PEDro
Frye
et al. [23] avaliaram a função dos membros superiores antes e após a
intervenção, em dois treinamentos de TE + RV, um assimétrico e um simétrico. O
treinamento assimétrico apresentou melhora significativa na função motora de
ombro, cotovelo e antebraço, o que pode ser interessante para o desenvolvimento
de estudos mais direcionados sobre esta forma de intervenção nestes pacientes.
Na
TE convencional para membros inferiores, os pacientes têm que se curvar em
direção ao lado não afetado para olhar a imagem projetada no espelho, o que é
contrário ao treinamento de suporte de peso comum. Esta postura assimétrica do
pescoço distorce a informação visual e interfere no senso de equilíbrio. Em uma
das abordagens TE+RV foi utilizado um monitor acima do membro afetado para
servir como espelho [24]; os participantes podiam olhar de forma confortável
sem alterações posturais, não distorcendo o campo visual e sem intervir no
equilíbrio. Esta abordagem foi mais eficiente no incremento do equilíbrio e
marcha, quando comparada ao grupo controle.
Figura
1 - Fluxograma
baseado no Diagrama PRISMA - seleção dos estudos
Um
dos estudos abordou pacientes com paralisia facial pós-AVC [25], utilizando aplicativo
de espelho para tablet, o qual converteu a imagem da direita para a esquerda,
e, em seguida, aplicou uma sombra sobre a metade da tela oposta ao lado não
afetado. Comparado ao grupo controle, o que foi submetido à intervenção
apresentou melhora significante na movimentação facial.
Dois
estudos [26,28] demonstram um novo sistema de TE + RV, utilizando um protocolo
padrão e procedimentos sistemáticos, levando a ilusão de espelho com melhor
efetividade de imersão pelo paciente. Evidências demonstraram melhor desempenho
motor naqueles pacientes que receberam a intervenção. Lee et al. [26]
sugeriram que os pacientes do grupo de feedback visual em espelho obtiveram melhor
resposta na função motora do que os do controle, uma vez que o desempenho
comportamental em uma tarefa de reconhecimento da lateralidade da mão poderia
ser melhorado através deste tipo de intervenção nestes pacientes, corroborando
Lee HJ et al. [9].
Já
o ensaio clínico de Lee e Song [27] destacou-se ao comparar 3 tipos de
intervenções: TE+RV com reconhecimento de gestos (TERG), TE convencional (TEC)
e tratamento convencional do grupo controle (GC). As respostas à intervenção
foram significativamente melhores no grupo TERG. Isto indica que a utilização
da RV na TE pode eliminar as alterações negativas da TE convencional, gerando
aumento do impacto positivo da intervenção neste grupo de pacientes. Além
disso, houve aumento estatisticamente significativo na qualidade de vida nos
grupos TEC e TERG.
Um
fator negativo que pode ser considerado na utilização de TE +RV está
relacionado ao custo financeiro de sua implementação, que, em alguns casos,
pode ser alto. Há necessidade de utilização de equipamentos tecnológicos
(tablets e mesas de RV), sendo algumas tecnologias únicas e pouco encontradas
no dia a dia, as quais podem não ser acessíveis. Isso irá interferir, de forma
negativa no custo-benefício desta intervenção, uma vez que, na TE convencional,
a abordagem é de baixo custo e de fácil implementação.
Esta
é a primeira revisão sistemática composta por ensaios controlados e
randomizados realizada para analisar a utilização de TE + RV para pacientes com
sequelas motoras devido à AVC. Alguns aspectos relacionados à metodologia
selecionada neste estudo limitaram a generalização e conclusão dos resultados
para toda esta população. Observa-se a inclusão de pacientes nas fases aguda,
subaguda ou crônica do AVC, e a falta de delimitação do segmento comprometido
(membros superiores, inferiores, face ou alguma outra estrutura corporal).
A
pequena quantidade de publicações na literatura relacionando TE e tecnologias
de RV limitou a quantidade de estudos encontrados, portanto optou-se por
abranger todos os quadros de AVC, com disfunções em qualquer região do corpo,
para que se analisasse uma quantidade consistente de estudos. Alguns aspectos
relacionados à metodologia dos estudos analisados também impactaram de forma
negativa no nível de confiabilidade dos resultados encontrados, sendo eles:
falta de padronização nas medidas de resultados, evidências de moderada
confiabilidade, pequeno tamanho de amostra estudada, risco de viés e grande
variabilidade nos tipos de intervenção.
Tabela
II - Características
dos estudos e das intervenções
GE
= grupo experimental; GC = grupo controle; RV = realidade virtual; LCD = Liquid Crystal Display; VRRT = virtual reality reflection therapy; MVF = mirror visual feedback; camMVF = camera-based mirror visual
feedback; AVC = acidente vascular cerebral; LED = Light Emitting
Diode; FES = Function Eletrical Stimulation; RV =
realidade virtual; VRRT = virtual reality reflection therapy; MVF = mirror visual
feedback; camMVF = camera-based
mirror visual feedback; AVC = acidente vascular
cerebral; GE = grupo experimental; GC = grupo controle; TERG = terapia espelho
com reconhecimento de gestos baseada em RV; TEC = terapia espelho convencional;
FMA: Avaliação de Fugl-Meyer; BBT: “Box and Block Test”; ADM = amplitude
de movimento; MAS = Escala de Ashworth Modificada;
BBS = Escala de Equilíbrio de Berg, FRT = Teste de Alcance Funcional; TUG = Timed Up and
Go; VM = velocidade; MBI = Basal Modified Barthel Index; K-MMSE = versão coreana do Mini-Mental State Examination; NIHSS = National Institutes of Health Stroke Scale; MF = movimento
facial; FMA-UL = subescala de membros superiores da Avaliação de Fugl-Meyer (FMA); IB = Índice de Barthel;
RT = tempo de resposta geral; ACC = precisão; MFT = manual function
test; NDS = Neck discomfort score; FMA_WH = subescala punho e mão da
Avaliação de Fugl-Meyer (FMA); MMT = teste muscular
manual; MIF = Medida de Independência Funcional
Percebe-se,
após análise dos estudos, evidências moderadas de que as intervenções de TE+RV
são eficientes para melhora de disfunções motoras após um AVC, e se mostraram
viáveis para reduzir as consequências negativas observadas na TE convencional.
Devido à falta de resultados estatísticos significantes, análises de populações
maiores e homogêneas, e intervenções mais padronizadas, no geral, não se pode
atribuir que os resultados encontrados apresentem validação externa para toda a
população de pacientes com sequelas motoras após um AVC. Apesar dos evidentes
benefícios encontrados, devido ao maior custo de sua realização, comparada a TE
convencional, sugere-se que estudos futuros busquem desenvolver e validar
abordagens de TE+RV, buscando diminuir custo para seu desenvolvimento e
implementação. Além disso, analisando as limitações desta revisão e a escassez
de pesquisas direcionadas a associação da TE+RV, sugere-se que as próximas
pesquisas busquem desenvolver ensaios com melhor qualidade metodológica, para
que haja uma melhor análise e validação da eficácia destas intervenções.
Conflitos
de interesse
Os
autores declaram não haver conflitos de interesse.
Fontes
de financiamento
O
presente estudo não teve fontes de financiamento externas.
Contribuição
dos autores
Concepção
e desenho da pesquisa:
Reis ERS; Coleta de dados: Reis ERS, Santos RO; Análise e
interpretação dos dados: Reis ERS, Santos RO, Santana CGLS, Silva TF, Silva
RT; Redação do manuscrito: Reis ERS, Santos RO, Santana CGLS, Silva TF,
Silva RT, Pedrosa AKSM, Nascimento NF; Revisão crítica do manuscrito quanto
ao conteúdo intelectual importante: Pedrosa AKSM, Nascimento NF