Fisioter Bras 2022;23(3):427-39
ARTIGO
ORIGINAL
Avaliação
da autoimagem corporal e genital em mulheres com dispareunia
Evaluation of body and genital self-image in women
with dyspareunia
Isadora Brondani, Ft.*, Danielle Deponti Cuty, Ft.*, Nadiesca Taisa Filippin, Ft., D.Sc.**, Leticia Fernandez Frigo,
Ft., D.Sc.**
*Universidade
Franciscana, Santa Maria, RS, **Docente do curso de Fisioterapia da
Universidade Franciscana, Santa Maria, RS
Recebido
em 7 de março de 2022; Aceito em 26 de abril de 2022.
Correspondência: Isadora Brondani,
Rua dos Andradas 1465/904, 97010-032 Santa Maria RS
Isadora
Brondani: isadorabrondanii@gmail.com
Danielle Deponti
Cuty: daniellecuty@outlook.com
Nadiesca Taisa Filippin: nadifilippin@ufn.edu.br
Leticia
Fernandez Frigo: leticia_frigo@hotmail.com
Resumo
Introdução: A dispareunia
é subclassificada em distúrbio de penetração/dor
gênito-pélvica no qual a mulher apresenta dor genital frequente. A apreensão
com a autoimagem corporal e genital podem causar diminuição no interesse e
prazer sexual. Objetivo: Avaliar a autoimagem corporal e genital de
mulheres em idade reprodutiva com dispareunia autorrelatada. Métodos: Estudo do tipo transversal
com abordagem quantitativa. Participaram desta pesquisa 127 mulheres com dispareunia autorrelatada. As
participantes responderam a um questionário online que possuía questões
relacionadas ao perfil clínico e sociodemográfico e as escalas Body Apreciation
Scale-2 (BAS) e Female Genital Self Image Scale (FGSIS).
Resultados: Entre as variáveis analisadas foi possível observar diferença
significativa da BAS somente em relação ao questionamento sobre ter ou não
filhos. Na FGSIS esta diferença ocorreu na classificação da dor (p = 0,016).
Foram identificadas diferenças entre as classificações leve e moderada (p =
0,045) e leve e grave (p = 0,042), mostrando que a classificação leve teve
resultados superiores do FGSIS em ambas as comparações. Conclusão:
Mulheres com filhos possuem uma menor apreciação corporal e mulheres com maior
idade e com uma dispareunia classificada como leve
possuem uma autoimagem genital mais positiva.
Palavras-chave: dispareunia;
autoimagem corporal; autoimagem genital.
Abstract
Introduction: Dyspareunia is
subclassified into penetration disorder/genital-pelvic pain in which the woman
presents frequent genital pain. Apprehension of body and genital self-image may
decrease sexual interest and pleasure. Objective: To evaluate the body
and genital self-image of women of reproductive age with self-reported
dyspareunia. Methods: This is a cross-sectional study with a
quantitative approach; 127 women participated with self-reported dyspareunia.
The participants answered an online questionnaire with questions related to the
clinical and sociodemographic profile and the Body Appreciation Scale-2 (BAS)
and Female Genital Self-Image Scale (FGSIS). Results: Among the variables
analyzed, a significant difference in the BAS was observed only regarding the
question about having or not having children. In the FGSIS, this difference
occurred in the classification of pain (p = 0.016), with differences between
light and moderate (p = 0.045) and light and severe (p = 0.042)
classifications, showing that the light classification had superior FGSIS data
in both comparisons. Conclusion: Women with children had lower body
appreciation, and older women with dyspareunia were classified as mild with a
more positive genital self-image.
Keywords: dyspareunia; body self-image;
genital self-image.
A
resposta sexual manifesta-se por meio de uma sucessão de fases, que, de forma
fisiológica, são sequenciadas e interligadas entre si, dando início ao ciclo da
resposta sexual humana. As fases deste ciclo são descritas como: desejo,
excitação e orgasmo [1]. As mulheres podem apresentar problemas em diversas
partes do ciclo da resposta sexual e essas intercorrências podem ser
suficientes para intervir consideravelmente na função sexual, resultando em
disfunção [2].
De
acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais de 2013
(DSM-5), a disfunção sexual feminina é classificada em três domínios:
transtorno de interesse/excitação sexual feminina, distúrbio orgástico feminino
e dor gênito-pélvica/distúrbio de penetração [3]. Sua etiologia inclui estado
emocional negativo, como, depressão, ansiedade, e fatores individuais
relacionados à baixa autoestima, má imagem corporal, experiências prévias
traumáticas com dores e fatores educacionais e culturais relacionados à
formação de crenças e desinformações a respeito da sexualidade [4].
A
dispareunia, conforme o DSM-5, é subclassificada
em distúrbio de penetração/dor gênito-pélvica no qual a mulher apresenta dor
genital frequente, sendo antes, durante ou após a penetração vaginal [5]. Em
termos de funcionamento sexual, as mulheres com dispareunia
apresentam alteração no desejo sexual, menor excitação e menos lubrificação
vaginal, bem como a frequência de atividade sexual diminuída [6,7]. Além disso,
essas mulheres possuem maior sentimento de culpa, vergonha, constrangimento e
fracasso [8,9]. Também demonstram desconforto com sua imagem corporal e uma
imagem genital mais negativa do que antes do surgimento da dor, o que colabora
com um maior nível de sofrimento sexual [10].
A
imagem corporal é caracterizada como o modo em que as pessoas percebem seu
próprio corpo [11] e é um conceito-chave a ser considerado ao definir o que
torna o sexo satisfatório ou angustiante. A apreensão com a aparência física
pode causar uma baixa confiança sexual, diminuição no interesse e no prazer
[12]. Ainda que a evitação sexual instigada pela imagem corporal não seja
classificada como uma disfunção sexual, isso pode levar as mulheres a não
desfrutar do sexo, afetando negativamente o funcionamento sexual e a satisfação
sexual [13].
A
autoimagem genital das mulheres está diretamente relacionada a comportamentos
sexuais específicos e a uma função sexual mais geral [14]. O desconforto devido
à exposição de partes do corpo durante a relação sexual está associado a um
menor prazer sexual [15]. O pensamento negativo dos órgãos genitais está
especialmente relacionado à coação quanto ao tamanho, cheiro e/ou aparência
[16,17]. De acordo com Amorim et al. [18], mulheres que possuem uma
autoimagem genital negativa tendem a desenvolver disfunção sexual e uma
autoimagem genital positiva pode ser considerada um atenuante para algum tipo
de disfunção sexual, pois as mulheres são mais confiantes e seguras.
O
tratamento das disfunções sexuais requer uma abordagem multidisciplinar, devido
a sua etiologia multifatorial [19]. Como alternativa, a fisioterapia pélvica
incita a autocapacitação
das mulheres e auxilia na
recuperação da função que elas podem ter
perdido devido à dor e à disfunção
[20]. A intervenção fisioterapêutica constitui-se de uma avaliação e tratamento
com educação do paciente, relaxamento dos músculos do assoalho pélvico,
técnicas manuais, incluindo massagens, alongamentos dos tecidos moles e
mobilizações articulares [21].
Com
base no que foi descrito acima, justifica-se a elaboração desta pesquisa de
forma a mostrar a importância de se pensar sobre esses aspectos para qualificar
a avaliação e o tratamento fisioterapêutico dessas mulheres. Vale ressaltar
também que esta é uma pesquisa relevante, pois são escassos os estudos que
relacionam a imagem corporal e a autoimagem genital com a dispareunia.
Portanto, o presente estudo teve como objetivo avaliar a autoimagem corporal e
genital de mulheres em idade reprodutiva com dispareunia
autorrelatada.
Caracteriza-se
como um estudo do tipo transversal com abordagem quantitativa. Foi realizado
por meio de um formulário digital, na plataforma Google, no período de agosto a
outubro de 2021. A amostra foi selecionada por conveniência e composta por 127
mulheres. Foram incluídas nesta pesquisa mulheres que possuíssem dispareunia autorrelatada,
que
tivessem de 18 a 35 anos e que fossem moradoras no estado do Rio Grande
do Sul.
Foram excluídas as mulheres que possuíssem
histórico oncológico, gestantes,
puérperas até o sexto mês, possuíssem
disfunções neurológicas, diagnóstico de
transtorno psiquiátrico, e que tivessem realizado
aplicação de botox na região íntima nos últimos 3 meses ou realizado
alguma cirurgia ginecológica.
Foram
aplicados nesta pesquisa os seguintes instrumentos: Questionário – elaborado
pelas pesquisadoras, contendo 21 questões sobre o perfil sociodemográfico e
clínico das participantes. A Body Apreciation
Scale-2 (BAS) – que avalia três aspectos da valorização do corpo através de 10
itens classificados em uma escala do tipo Likert de 5
pontos, sendo 1 = nunca e 5 = sempre. Pontuações mais altas mostram maior
apreciação corporal [22]. A Female Genital Self Image Scale (FGSIS) – é um questionário
de 7 itens que avalia a autoimagem genital feminina. Cada questão possui uma
escala de resposta de quatro pontos (discordo totalmente (1 ponto), discordo (2
pontos), concordo (3 pontos) ou concordo totalmente (4 pontos). A pontuação
total é alcançada através da soma das pontuações das perguntas e pode variar de
7 a 28. Uma pontuação mais alta significa uma autoimagem genital mais positiva
[23].
Em
primeiro lugar, o projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética e Pesquisa com
Seres Humanos da Universidade Franciscana (UFN) e só teve início mediante
aprovação, sob o cadastro 4.912.261 (50170821.8.0000.5306). Após a aprovação,
foi realizada a divulgação do questionário do estudo, através das redes
sociais, como Facebook e Instagram. As mulheres que se encaixaram nos critérios
de inclusão e aceitaram participar do estudo tiveram acesso as perguntas do
questionário, que possuía inicialmente o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE), e após as questões relacionadas ao perfil sociodemográfico
e clínico e os dois instrumentos de avaliação. As participantes assinaram o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para assim ler, interpretar e
responder às questões objetivas do formulário digital.
Após
o final desta pesquisa, as participantes receberão um retorno, através de um
e-mail, com os resultados obtidos neste estudo. Será enviado uma análise com o
resultado geral e um material contendo dicas e informações necessárias que irão
auxiliar as participantes para a busca de profissionais especializados.
Para
a caracterização da amostra foi realizada uma análise descritiva dos dados das
participantes, as variáveis categóricas foram apresentadas em forma percentual
e as quantitativas em forma de média e desvio padrão. A normalidade das
variáveis a serem estudadas foi analisada através do teste de Kolmogorov-Smirnov. Como os dados foram considerados
normais, na análise das variáveis quantitativas foram utilizados os testes t
para dados independentes, ANOVA com post-hoc Tukey e
a correlação de Pearson. As diferenças e as correlações foram consideradas
significativas quando os resultados apresentaram o valor-p < 0,05. O
software IBM SPSS, Versão 25, foi utilizado como ferramenta computacional para
a análise estatística dos dados.
Um
total de 155 mulheres responderam ao questionário, porém 28 foram excluídas por
não se encaixarem nos critérios de inclusão, totalizando em 127 avaliadas. A
tabela I apresenta a caracterização da amostra.
Tabela
I – Caracterização
da amostra
Ensino
médio = completo e incompleto; Ensino superior = completo e incompleto
Na
tabela II, estão apresentados os escores totais das respostas obtidas nas
escalas Body Apreciation
Scale-2 (BAS) e Female Genital Self Image Scale (FGSIS).
Tabela
II – Média dos
escores (± DP) da BAS e FGSIS
DP
= Desvio padrão
A
média de idade entre as mulheres participantes deste estudo foi de 23,48 (±
4,35) anos. Dessas mulheres, 27,55% possuíam intestino preso, 6,29% síndrome do
intestino irritável, 1,57% dificuldade ao urinar, 6,29% perda de urina e 58,26%
não possuíam nenhum sintoma. A dor estava presente no início da relação sexual
para 29,92% das mulheres, 29,92% durante a relação sexual, 8,66% após a relação
sexual, 21,25% possuem dor em mais de um momento e 10,23% das participantes não
souberam identificar em que momento a sua dor aparece.
Na
tabela III é possível observar a correlação das escalas BAS e FGSIS entre as
variáveis selecionadas: idade, orientação sexual, se possui filhos ou não,
frequência sexual, classificação da dispareunia e se
já realizou tratamento para dispareunia.
Tabela III – Correlação entre BAS e FGSIS e variáveis selecionadas
1Teste de correlação de
Pearson; 2Teste t para dados independentes; 3ANOVA; Ap = 0,045; Bp = 0,042
Conforme
a Tabela III, é possível observar diferença significativa do BAS somente em
relação ao questionamento sobre ter ou não filhos. Percebe-se que as mulheres
que não possuem filhos obtiveram resultados superiores na escala BAS na
comparação em relação as que possuem (p = 0,029). Na análise do FGSIS esta
diferença ocorreu na classificação da dor (p = 0,016). O teste post-hoc
identificou as diferenças entre as classificações leve e moderada (p = 0,045) e
leve e grave (p = 0,042), mostrando que a classificação leve teve resultados
superiores do FGSIS em ambas as comparações. A FGSIS (r = 0,184; p = 0,040)
também apresentou correlação significativa, porém fraca, com a idade das
respondentes.
Este
estudo se propôs a avaliar a autoimagem corporal e genital de mulheres, em
idade reprodutiva, com dispareunia autorrelatada. A maioria das participantes eram estudantes
e com nível de escolaridade de ensino superior completo ou incompleto. A
amostra deste estudo foi composta por mulheres jovens, com média de idade de
23,48 (± 4,35) anos. O fato desta pesquisa ter sido realizada de forma online e
com divulgação através das redes sociais, pode ter produzido maior adesão de
pessoas mais jovens, com maior nível educacional e com mais acesso a
informações. De acordo com Mostafa et al.
[24], mulheres que possuem nível de escolaridade superior tendem a quebrar
tabus e falar abertamente sobre seus impasses sexuais.
A
dispareunia afeta mulheres de qualquer idade e pode
aparecer antes, durante ou após a relação sexual. Possui diversos graus de
intensidade e localização, incidindo o prazer sexual ao ponto de a mulher
esquivar-se ou se abster de qualquer tipo de contato sexual [25]. Pode ser
classificada em primária ou secundária. Na dispareunia
primária, a dor é relatada no início da relação sexual, enquanto na secundária
a dor aparece após determinado tempo de atividade sexual sem dor [26]. Nos
resultados encontrados neste estudo, é possível observar que a maior parte das
mulheres apresentavam dispareunia primaria e
secundária.
A
pontuação média da escala BAS foi de 34,13, o que indica que as mulheres com dispareunia possuem uma autoimagem corporal positiva. De
acordo com Tylka e Wood-Barcalow
[27], todas as pontuações acima de 30 referem uma alta apreciação corporal. Já
em relação a escala FGSIS, a pontuação média obtida entre as participantes foi
de 20,02, o que aponta que as mulheres deste estudo não possuem uma boa
autoimagem genital. Para Maria et al. [28], valores acima ou igual a
21,8 pontos indicam uma autoimagem genital positiva.
No
que diz respeito a frequência sexual, a maior parte respondeu que praticavam
sexo de uma a duas vezes por semana. A frequência de relação sexual não obteve
correlação significativa com as escalas BAS e FGSIS, porém, acredita-se na
hipótese de que uma menor frequência pode estar associada à dispareunia,
má imagem corporal e genital, pois devido a dor e a baixa autoestima as
mulheres podem abster-se do contato sexual. De acordo com um estudo realizado
por Andro et al. [29], a autoimagem genital
das mulheres interfere no comportamento sexual, no prazer, e pode atingir na
busca por cuidados. Kaler [30] mostrou que as
mulheres que possuem dor crônica durante a relação sexual apresentam
sentimentos de inadequação como parceira sexual e se definem como não sendo
mulher de verdade. Contudo, neste estudo as mulheres não apresentaram uma má
imagem corporal.
Em
relação a classificação da dispareunia, 43,3%
classificaram como leve, 49,6% como moderada, 7,08% como grave e 85,03% das
mulheres nunca procurou por tratamento para essa dor, o que condiz com achados
de um estudo que relata que são poucas as mulheres com sintomas graves o
suficiente para buscar por tratamento, e que a maioria não procura por atenção
médica [31]. Acredita-se que, uma das hipóteses pela qual as mulheres não procuram
tratamento para a dispareunia é devido ao tabu e a
vergonha. No resultado deste estudo, foi encontrado correlação significativa
entre a FGSIS e a classificação da dor, foram identificadas diferenças entre as
classificações leve e moderada e leve e grave, mostrando que a classificação
leve teve resultados superiores do FGSIS em ambas as comparações. Ou seja,
quanto mais leve a dispareunia, melhor a autoimagem
genital. Em um estudo realizado por Alizadehe e Farnam [32], foi relatado que fatores como autoconfiança e
autoimagem positivas podem resultar em um efeito protetor contra o sofrimento
sexual. Nessas mulheres, o efeito protetor da satisfação sexual pode ser
entendido pela utilização de outras atividades sexuais ao invés de apenas
penetração, fazendo com que diminua a atenção e a ansiedade em relação a dispareunia. Vale destacar que as pessoas reagem a dor de
maneira distinta. Até mesmo aqueles que sofrem de uma dor leve podem
vivenciar sofrimento significativo em suas vidas sexuais devido à condição ou catastrofização da dor [33].
Quanto
a idade, foi encontrado resultado significativo em relação a FGSIS, que indica
que mulheres com mais idade possuem uma autoimagem genital mais positiva. De
acordo com Rowen et al. [34], mulheres mais
jovens possuem maior possibilidade de estarem insatisfeitas com sua aparência
genital. Para Richters [35], conforme as mulheres
amadurecem, tendem a se comparar menos com outras mulheres e se preocupam menos
com a atratividade. Mais recentemente, Thomas et al. [36] mostraram que,
apesar de que as mulheres possam ter pensamentos negativos de autoimagem à
proporção que amadurecem, tendem a preocupar-se menos com isso.
A
BAS apresentou correlação somente no questionamento sobre ter filho ou não. Foi
identificado que mulheres que não tem filhos possuem uma pontuação maior na
escala. Segundo estudo, as mulheres, no período pós-parto, podem vivenciar uma
imagem corporal significativamente modificada. Também foi observado que a
imagem corporal neste período é muito mais difícil do que apenas um desagrado
com o peso, muitas relataram insatisfação e culpa sobre as mudanças no corpo e
a aparência pós-gravidez [37]. Em um estudo realizado por Chan et al.
[38], foi encontrado que em 6 semanas após o parto, 77,3% das mulheres estavam
apreensivas por não serem capaz de regressar a sua forma corporal anterior à
gravidez. Uma imagem corporal negativa pode se reproduzir fazendo com que a
mulher tenha um interesse sexual diminuído, menor sensação de intimidade com um
parceiro e menor responsividade sexual [39].
Também
foi possível observar que 27,55% das participantes possuíam o intestino preso,
o que pode estar diretamente relacionado à dispareunia,
devido à hiperatividade dos músculos do assoalho pélvico. Em um estudo com mulheres
que possuíam disfunção do assoalho pélvico, foi observado que 70% destas
possuíam defecação obstrutiva [40]. Para Bartolami et
al. [41], a constipação obstrutiva pode ocorrer devido à hiperatividade da
musculatura do assoalho pélvico, o que também causa disfunções sexuais. Outros
sintomas pertinentes encontrados neste estudo foram síndrome do intestino
irritável, dificuldade para urinar e perda de urina, que também podem estar
associados às disfunções sexuais.
Neste
estudo não houve correlações entre a BAS e a FGSIS com a orientação sexual,
frequência sexual e tratamento para dispareunia.
Vale
considerar que este estudo possui limitações, pois a maioria das mulheres ainda
possuem dificuldades em falar sobre temas que abordam a sexualidade, tornando a
amostra deste estudo pequena. Ressalta-se também que são escassos os estudos
que avaliam a autoimagem corporal e genital, o que leva a necessidade de mais
estudos para ampliar a discussão dos resultados encontrados.
Vários
fatores físicos, psicológicos, sociais e culturais podem influenciar na dispareunia. Uma imagem corporal e uma imagem genital
negativa podem incidir no interesse sexual e no prazer da mulher. Os resultados
deste estudo mostraram que mulheres com dispareunia
possuem uma autoimagem corporal positiva e uma autoimagem genital negativa.
Também foi possível apontar que mulheres com filhos possuem uma menor
apreciação corporal e que mulheres com maior idade e com uma dispareunia classificada como leve possuem uma autoimagem
genital mais positiva.
Conflitos
de interesses
Os
autores declaram que não houve conflito de interesse.
Fontes
de financiamento
Não
houve financiamento.
Contribuição
dos autores
Concepção
e desenho da pesquisa:
Frigo LF, Filippin NT; Coleta
de dados: Brondani I, Cuty
DP; Análise e interpretação dos dados: Brondani
I, Cuty DD; Análise estatística: Frigo
LF, Filippin NT, Brondani
I, Cuty DD; Redação do manuscrito: Frigo LF, Filippin NT, Brondani I, Cuty DD; Revisão
crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Frigo LF, Filippin NT