Fisioter Bras. 2023;24(1):76-88
ARTIGO ORIGINAL
O efeito da
eletroestimulação de 65 Hz sobre a incontinência urinária, força dos músculos
do assoalho pélvico e impacto na vida diária de pacientes após prostatectomia
radical: experimento controlado randomizado duplo cego
The effect of 65 Hz electrostimulation on urinary incontinence, pelvic
floor muscle strength and impact on daily life of patients after radical
prostatectomy: double-blind randomized controlled trial
Patrícia Zaidan1,
Elirez Bezerra da Silva1
1Universidade do Estado do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil
Recebido em 17 de maio de
2022; Aceito em 5 de janeiro de 2023.
Correspondência: Patricia Zaidan, E-mail: patriciazaidan@gmail.com
Como citar
Zaidan P, Silva EB O
efeito da eletroestimulação de 65 Hz sobre a incontinência urinária, força dos
músculos do assoalho pélvico e impacto na vida diária de pacientes após
prostatectomia radical: experimento controlado randomizado duplo cego. Fisioter
Bras. 2023;24(1):76-88 doi: 10.33233/fb.v24i1.5174
Resumo
Introdução: A prostatectomia radical é um
procedimento cirúrgico eficaz para a cura do câncer de próstata. Contudo,
apresenta como uma das consequências a incontinência urinária (IU). Objetivo:
Verificar o efeito da eletroestimulação de 65 Hz sobre a IU de pacientes com
deficiência esfincteriana, consequente de uma cirurgia de prostatectomia
radical. Métodos: Trata-se de um ECR duplo cego. Os pacientes passaram
por uma triagem e foram alocados aleatoriamente em três grupos: Grupo
exercícios dos MAP (EMAP, n = 23), grupo eletroestimulação 50 Hz mais
exercícios dos MAP (EE50+EMAP, n = 19), grupo eletroestimulação 65 Hz mais
exercícios dos MAP (EE65+EMAP, n = 23). A frequência semanal foi de duas vezes
e a quantidade de sessões foi aquela necessária para recuperar a continência
urinária, não ultrapassando de 20. Foram utilizados o risco relativo (RR) e
ANOVA 3 X 2 para a análise estatística dos dados. Resultados: O risco
relativo de IU do Grupo EE65+EMAP em relação ao Grupo EMAP foi igual a 0,48
(IC95% 0,31 a 0,73), enquanto que o risco relativo de IU do Grupo EE50+EMAP em
relação ao Grupo EMAP foi igual a 0,89 (IC95% 0,77 a 1,04). Conclusão: A
frequência de 65Hz foi mais eficaz que a de 50 Hz na recuperação da continência
urinária de homens prostatectomizados.
Palavras-chave: estimulação elétrica; incontinência
urinária; assoalho pélvico; prostatectomia.
Abstract
Introduction: Radical prostatectomy is an effective surgical
procedure for the cure of prostate cancer. However, urinary incontinence (UI)
is one of the consequences. Objective: To verify the effect of 65 Hz
electrostimulation on the UI of patients with sphincter deficiency, resulting
from radical prostatectomy surgery. Methods: This is a double-blind RCT.
Patients underwent screening and were randomly allocated to three groups: MAP
exercise group (EMAP, n = 23), 50 Hz electrostimulation group plus MAP exercises
(EE50 + EMAP, n = 19), 65 Hz electrostimulation group plus exercises MAP (EE65
+ EMAP, n = 23). The weekly frequency was twice and the number of sessions was
that necessary to recover urinary continence, not exceeding 20. The relative
risk (RR) and ANOVA 3 X 2 were used for the statistical analysis of the data. Results:
The relative risk of UI of the EE65 + EMAP Group in relation to the EMAP Group
was equal to 0.48 (95% CI 0.31 to 0.73), while the relative UI risk of the EE50
+ EMAP Group in relation to the EMAP Group was equal to 0.89 (95% CI 0.77 to
1.04). Conclusion: The frequency of 65 Hz was more effective than that
of 50 Hz in the recovery of urinary continence in men with prostatectomy.
Keywords: electric stimulation; urinary incontinence; pelvic
floor; prostatectomy.
A
prostatectomia radical é o procedimento cirúrgico no tratamento para a cura do
câncer de próstata [1], mas apresenta consequências, das quais a incontinência
urinária (IU) por deficiência esfincteriana [2]. Tal IU, geralmente, ocorre
pela deficiência dos esfíncteres externos, que podem ser fortalecidos por
técnicas fisioterapêuticas, proporcionando a continência urinária [3]. A International Continence Society
(ICS) recomenda os exercícios dos músculos do assoalho pélvico (MAP) como
primeira linha de ação no tratamento da IU por deficiência esfincteriana, pois
envolve baixo custo e risco, além de eficácia comprovada [4].
A
eletroestimulação associada ou não aos exercícios dos MAP pode contribuir para
o fortalecimento dos MAP, favorecendo uma contração consciente e efetiva nos
aumentos da pressão intra-abdominal, evitando as perdas urinárias involuntárias
[5]. Por meio de eletrodos cutâneos ou endoanais, que
usam o sinal elétrico como estímulo para a contração muscular, promove o
incremento na resistência e força esfincteriana [6]. Mesmo considerando a
eficácia de quatro experimentos controlados randomizados (ECR) de mesmo
objetivo [7,8,9,10], que antecederam o presente, entende-se que a musculatura
masculina tem uma área de fibras tipo II maior, com mais ação glicolítica,
enquanto as mulheres têm sua composição muscular com maior área de fibras do
tipo I, com mais ação oxidativa [11]. Ressalta-se que frequências acima de 60
Hz estimulam predominantemente fibras tipo II por estarem localizadas em pontos
mais superficiais, onde a corrente elétrica chega mais rápido, normalizando a
função dos MAP, pela contração efetiva nos aumentos da pressão intra-abdominal
evitando perdas involuntárias de urina [12,13,14], assim supõe-se que a frequência
de 65 Hz possa ser mais eficiente que a de 50 Hz, no tratamento da IU em
homens.
Além do
já exposto, os MAP são compostos por fibras oxidativas, glicolíticas-oxidativas
rápidas e glicolíticas rápidas, o esfíncter externo, poderá ser fortalecido,
proporcionando a continência urinária, se as fibras glicolíticas-oxidativas
rápidas e glicolíticas rápidas forem ativadas. Ressalta-se que a ativação
dessas fibras só ocorre quando estimuladas por frequências maiores que 50 Hz
[14,15,16].
Este ECR
objetivou verificar 18Hz sobre a IU em pacientes com deficiência esfincteriana,
consequente de uma cirurgia de prostatectomia radical.
Delineamento
Experimento
com controle ativo, randomizado e duplo cego, de intervenção paralela, redigido
pelas recomendações Consort 2010 Statement
[17], registro RBR-2h6sck (ReBEC) em http:
//www.ensaiosclinico s.gov.br/rg/RBR-2h6sck/.
Realizado de 2017 a 2019, no Serviço de Fisioterapia do Ambulatório de Urologia
do Hospital Federal dos Servidores do Estado do Rio de Janeiro (HFSE/RJ),
Brasil. Aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa envolvendo Seres Humanos deste
hospital sob protocolo 49971115.5.0000.5259.
Amostra
Constituiu-se
pelos critérios de inclusão: ser pacientes com IU por deficiência
esfincteriana, consequente de cirurgia de prostatectomia radical retropúbica; idade ≥ 50 anos; tempo de 1 a 6 meses
pós-cirúrgia, usando de 2 a 5 protetores descartáveis
diários; estadiamento do câncer em risco baixo ou intermediário [18]. Como
critério de exclusão adotou-se: sintomas de infecção urinária e de obstrução do
trato urinário inferior; fístula anal; implante metálico no corpo; ressecção
transuretral da próstata; radioterapia prévia; doenças neurológicas. Atendendo
as normas éticas da Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, todos os
pacientes foram informados sobre os procedimentos e assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido concordando em participar da pesquisa.
Tamanho amostral
Utilizou-se
o software G Power 3,0,10 para o referido delineamento de pesquisa que gerou um
tamanho amostral para um grupo (n = 20) e outro com (n = 25). Como houve mais
um grupo para a comparação dos desfechos, especificamente IU, usou-se o risco
relativo (RR) nas: (EMAP vs, EE50) vs. (EMAP vs, EE65). Assim acrescentou-se a quantidade do maior grupo
estimado pelo software, ficando a amostra final (n = 70).
Randomização
Na
alocação dos participantes realizou-se uma randomização simples para os grupos:
exercícios dos músculos do assoalho pélvico (EMAP); eletroestimulação com
frequência de 50 Hz +EMAP (EE50+EMAP); eletroestimulação com frequência de 65
Hz +EMAP (EE65+EMAP), para tal utilizou-se o software Microsoft Office Excel®
2005.
Intervenção
Foi comum
aos 3 grupos propostos: frequência semanal de duas vezes; quantidade de sessões
necessárias para recuperar a continência urinária, não ultrapassando de 20.
Especificamente para os distintos grupos, realizou-se:
EMAP (controle ativo)
A
execução dos exercícios dos MAP foi realizada com instrução verbal. O
fisioterapeuta solicitava a inspiração diafragmática associada ao relaxamento
dos MAP e, ao expirar lentamente, contrair os MAP. Com o paciente em decúbito
lateral, joelhos e quadris flexionados, as contrações máximas dos MAP tinham
intervalos de 6 segundos entre as mesmas, totalizando 2 séries de 5 repetições,
a fim de trabalhar as fibras fásicas, para isso, o
fisioterapeuta realizava o toque digital no canal anal e com a outra mão
posicionada sobre o abdome controlando a contração concomitante deste músculo
com os MAP. Em seguida, era solicitado verbalmente a contração dos MAP
sustentada por 4 segundos e intervalos de 4 segundos entre as mesmas,
totalizando 3 séries de 8 repetições, a fim de trabalhar as fibras tônicas. Na
posição sentada na cadeira com os pés apoiados no chão e na posição
ortostática, recostado na parede, com os pés paralelos e joelhos semifletidos, foram repetidos os exercícios para trabalhar
as fibras tônicas, como descrito acima. Duração do protocolo foi de 20 minutos.
EE50+EMAP
Submeteu-se
à eletroestimulação com eletrodo endoanal (Dualpex 961 – Quark®), na posição de decúbito lateral com
joelhos e quadril flexionados. Utilizou-se frequência de 50 Hz, largura de
pulso de 500 µs, intensidade de acordo com o nível de tolerância relatada pelo
paciente, tempo de contração de 4 segundos e tempo de repouso de 8 segundos,
por 20 minutos. Foi dado o comando verbal para que contração dos MAP durante o
estímulo e relaxamento no repouso elétrico. Dois minutos imediatamente após a
eletroestimulação, aplicou-se os exercícios dos MAP, os mesmos realizados pelo
grupo EMAP.
EE65+EMAP
Idêntica
à intervenção do grupo EE50+EMAP, mas com frequência de 65 Hz e largura de
pulso de 500 µs.
Desfechos
O
desfecho primário foi a IU e os secundários a força dos MAP e o impacto da
incontinência urinária na vida diária. Todos os desfechos foram medidos antes
da intervenção e após 20 sessões de tratamento ou imediatamente após alta do
paciente.
Incontinência urinária
Realizou-se
uma anamnese acerca dos sintomas urinários, quantidades de protetores
descartáveis utilizados por dia, perdas de urina aos esforços e patologias
associadas. O critério de sucesso para atingir a continência urinária, além do padtest de 1 hora com valor menor que 1 g [19], foi uso de
nenhum protetor descartável diário.
Força dos músculos do
assoalho pélvico
Para
medir a força dos MAP usou-se o perineômetro Peritron (PFX 9300®, Cardio-Design
Pty, Ltd, Baulkham Hills,
Austrália, 2153) calibrado antes de cada medição, com erro típico da medida de
3,1 cmH2O (4%) e CCI de 0,99 (IC95% = 0,98 a 0,99) [20].
Após 2 a
4 dias da familiarização, o paciente foi posicionado em decúbito lateral com
joelhos e quadril flexionados, despido da cintura para baixo. O fisioterapeuta
introduzia no canal anal, com uma das mãos o sensor do perineômetro,
e a outra mão foi posicionada sobre o abdome para o controle da contração
concomitante deste músculo com os MAP. A pressão anal foi então medida com um
sensor de elastômero de silicone grau médico sem costura. O sensor é conectado
a um microprocessador portátil com um tubo de látex, permitindo a medição da
pressão de contração exercida pela MAP em centímetros de água (cmH2O),
quantificando, assim, a força indireta dos MAP. Os pacientes foram instruídos a
realizar 3 contrações máximas dos MAP com um intervalo de 30 segundos entre
elas, desencorajou-se co-contrações de glúteos,
adutores do quadril e a manobra de Valsalva [21,22,23].
Foi registrado o valor máximo das três contrações.
Impacto da incontinência
urinária na vida diária (AVD)
Utilizou-se
o International Consultation
on Incontinence Questionnaire - Short Form
(ICIQ-SF) traduzido para a língua portuguesa, adaptação cultural e validação
para uso em pesquisas clínicas no Brasil [24]. Validado para tal fim, este
instrumento tem satisfatória confiabilidade e responsividade, com grau de
recomendação A [25].
Cegamento
Cegou-se
o avaliador dos desfechos e o analista estatístico.
Análise dos dados
Satisfeitos
os pressupostos estatísticos realizou-se o teste de Risco Relativo e a ANOVA 3
X 2 com medidas repetidas, sequencialmente o teste post hoc de Tukey para amostras desiguais. O nível de significância
adotado foi de p = 0,05 e toda análise foi realizada no software SPSS 18,0.
Estimada
a necessidade de n = 70, apenas 65 participaram e concluíram, não havendo perda
amostral. Os 5 participantes a menos ao estimado, só foi aceito porque o teste
post hoc mostrou um poder de 0,90, que é superior usual de 0,80. Fato que não
diminuiu a probabilidade de se tomar uma decisão correta.
Figura 1 - Diagrama de fluxo
Tabela I - Características amostral
*Risco
baixo e intermediário do câncer de prostata
Após o
tratamento, os 23 participantes do Grupo EMAP permaneceram com IU, 11 do
EE65+EMAP permaneceram com a IU e 17 do Grupo EE50+EMAP permaneceram com IU. O
RR de IU do Grupo EE65+EMAP Vs. Grupo EMAP foi igual a 0,48 (IC95% 0,31 a
0,73), enquanto que o RR de IU do Grupo EE50+EMAP Vs. Grupo EMAP foi igual a
0,89 (IC95% 0,77 a 1,04), a diferença entre os dois riscos relativos apresentou
p = 0,0078.
Tabela II - Análise descritiva da força dos
MAP (cmH2O), impacto da IU nas AVD (escore) e IU (gramas)
Foram
satisfeitos os pressupostos de distribuição normal (Kolmogorov-Smirnov)
e homogeneidade de variância dos dados (Teste de Levene) para as ANOVA 3 x 2
para a força dos MAP e o impacto nas AVD.
Para a
força dos MAP, a ANOVA 3 x 2 apresentou p = 0,000018 na interação grupo x
momento. O teste post hoc de Tukey mostrou que os
grupos foram homogêneos em relação aos valores iniciais da força dos MAP (p ≥
0,93), ocorrendo aumento significativo da força nos três grupos (p = 0,000132).
Não houve diferença significativa da força dos MAP entre os grupos (p ≥
0,10).
Quanto ao
impacto da IU nas AVD, a ANOVA 3 x 2 apresentou p = 0,0000001 na interação
grupo x momento. O teste post hoc de Tukey mostrou
que os grupos foram homogêneos em relação aos valores iniciais do impacto da IU
nas AVD (p ≥ 0,99). Houve diminuição significativa neste desfecho só nos
grupos EE65+EMAP e EE50+EMAP (p = 0,000132). O grupo EE50 + EMAP Vs. o grupo
EMAP (0,026) e o grupo EE65+EMAP Vs. o grupo EE50+EMAP (p = 0,000134) e Vs. o
EMAP (p = 0,000132).
Figura 2 - Comparação da força dos MAP
intragrupo
Figura 3 - Comparação do impacto da IU na AVD
intra e intergrupos
Pelas
lesões anatômicas pós-cirúrgica de prostatectomia radical, a junção
uretrovesical se torna menos favorável a manter a continência urinária,
causando maior exigência do esfíncter uretral externo, que depende do bom
funcionamento de suas miofibrilas [7,26]. Ao entender que em homens esta
musculatura é predominante em fibras tipo II e que frequências acima de 60 Hz
excitam estas fibras [11,12,13,14], compreende-se o RR apresentado (Tabela I) é menor
0,52 (IC95% 0,35 a 0,77) no grupo EE65+EMAP vs. grupo EMAP, quando comparado ao
grupo EE50+EMAP Vs. grupo EMAP 0,89 (IC95% 0,77 a 1,04). Tal achado se explica
porque as fibras rápidas, que estão localizadas mais superficialmente podem ser
estimuladas com mais eficiência [27,28]. No ECR [29], comparou-se a
eletroestimulação de 65Hz com contração ativa-assistida e exercícios dos MAP
Vs. apenas exercícios dos MAP, mostrou que a eletroestimulação reduziu o risco
absoluto de permanecer incontinente em 42% e relativamente, este risco foi
reduzido de 56%.
Mesmo
considerando os exercícios dos MAP como primeira linha de tratamento para IUE
[4], este ECR mostrou que o grupo EMAP não foi eficaz em nenhum dos
participantes após as 20 sessões propostas, tal ineficácia pode ser atribuída
ao número reduzido de sessões. Esta hipótese se sustenta no estudo [8], no qual
os 21 participantes do grupo que realizou exercícios dos MAP, em 24 sessões, 2
vezes por semana, também permaneceram incontinentes. Corroborando ainda a
hipótese levantada, estudo [9] mostrou que 26 participantes do grupo que
realizou exercícios dos MAP por 24 sessões, 2 vezes por semana, 65,38% ainda
permaneceram incontinentes. Antagonicamente outro estudo [30] observou que 47
participantes ao realizarem exercícios dos MAP, 76,7% alcançaram a continência,
mas realizaram-se 2 sessões diárias, por 90 dias, totalizando 180 sessões.
Indiscutivelmente há eficácia nos exercícios dos MAP, contudo, fica evidente a
necessidade de um número maior de sessões ao proposto por este ECR, para que
ocorra a eficácia. Assim, quando o número de sessões for pequeno, a associação
da eletroestimulação à 65Hz potencializa os efeitos dos exercícios dos MAP,
obtendo a continência urinária.
Homogêneos
inicialmente, os 3 grupos, em força dos MAP e impacto nas AVD. A (Tabela II e
Figuras 2 e 3) mostram que a força dos MAP, no grupo EMAP aumentou 59,9% (Pré = 48,9 ± 25,6 vs. Pós = 78,2 ± 25,9 cmH2O), no grupo
EE65+EMAP um ganho de 79,9% (Pré = 62,9 ± 38,7 vs.
Pós = 118,0 ± 40,5 cmH2O) e no grupo EE50+EMAP 60,6% (Pré
= 64,5 ± 39,8 vs. Pós = 103,6 ± 47,4 cmH2O), todos significativos (P
< 0,05). Mesmo havendo correlação do aumento da força dos MAP e continência
urinária [6,7], acredita-se que a continência só ocorra, quando este aumento
atingir valores entre 109,6 a 126,4 cmH2O, que corresponde ao IC95%
da força dos MAP obtido pelo grupo EE65+EMAP. Deve-se ressaltar que no presente
ECR, 80% dos incontinentes tiveram força dos MAP abaixo 109,6 cmH2O
e 64% dos continentes acima.
Quanto ao
impacto da IU nas AVD, o presente ECR evidenciou que o grupo EE65+EMAP
apresentou-se significativamente menor em relação ao grupo EE50+EMAP (Tabela II
e Figura 3). Isso se deve ao menor número de participantes que permaneceram
incontinentes no grupo EE65+EMAP, que se confirmou com os resultados do
questionário ICIQ-SF, ao apresentar os seus escores de acordo com as respostas
de cada participante com relação a sua percepção quanto a redução da
incontinência urinária.
O fato dos grupos terem executado diferentes tempos de sessão (EMAP
= 20 min; EE50 + EMAP = 40 min; EE65 + EMAP = 40 min) parecer ser uma
limitação, muito pelo contrário, é um ponto forte do estudo: a lógica deste
desenho transformou um grupo controle ativo (EMAP), em grupo controle inativo.
Como os três grupos realizaram 20min de exercícios para os músculos do assoalho
pélvico, os outros dois grupos experimentais, EE50 + EMAP e EE65 + EMAP,
passaram a ter a eletroestimulação comparada à inatividade do grupo EMAP. O
estudo apresentou como limitações as realizações das cirurgias de
prostatectomia radical por diferentes cirurgiões da mesma equipe médica e a
realização das biópsias por diferentes patologistas do HFSE. Sugerem-se novos
estudos que possam controlar as limitações apresentadas.
A
frequência de 65Hz foi significativamente mais eficaz que a de 50 Hz na
recuperação da continência urinária e na diminuição do impacto da IU nas AVD de
homens prostatectomizados.
Conflitos
de interesse
Os autores
declaram não haver conflito de interesse.
Fonte
de financiamento
Bolsa
CAPES
Contribuição
dos autores
Concepção
da pesquisa, desenvolvimento e redação, coleta de dados: Zaidan
P; Concepção e desenho da pesquisa, análise estatística e revisão do
manuscrito: Silva EB