Fisioter Bras. 2023;24(6):918-31
REVISÃO
A
dança no trabalho de parto: revisão sistemática
The dance in labor: systematic review
Taís da
Cunha Schneider1, Yasmin Podlasinski da
Silva2, Magda Patrícia Furlanetto1
1Centro Universitário Ritter dos Reis (UniRitter), Porto Alegre, RS, Brasil
2Universidade Luterana do Brasil (ULBRA),
Canoas, RS, Brasil
Recebido
em: 25 de agosto de 2022; aceito em 6 de novembro de 2023.
Correspondência: Yasmin Podlasinski
da Silva, yasminpodlasinski97@gmail.com
Como citar
Schneider TC, Silva YP, Furlanetto MP. A dança no trabalho de parto: revisão sistemática. Fisioter Bras. 2023;24(6):918-31. doi: 10.33233/fb.v24i6.5239
Resumo
Introdução: A dança no transparto
possui o intuito de trazer efeitos benéficos às gestantes nesse processo
fisiológico. O uso dessa prática é uma alternativa ao método farmacológico a
fim de evitar complicações, dor, medo, além de trazer conforto e satisfação às
parturientes. Objetivo: Revisar sistematicamente os estudos publicados
nos últimos 10 anos a respeito da atuação e dos efeitos da dança no trabalho de
parto. Métodos: Revisão sistemática de literatura realizada através de
busca bibliográfica digital em artigos do tipo ensaios clínicos e estudos
randomizados, no período compreendido entre os anos de 2011 e 2021, nas bases
de dados eletrônicas PubMed, BVS Scielo
e Science Direct. Resultados: Foram incluídos 4 artigos aplicáveis aos
critérios de elegibilidade. A população estudada foi de mulheres de 18 a 35
anos, parturientes, que avaliaram os efeitos relacionados a dança no transparto. Não houve grande variabilidade dos recursos
utilizados e os estudos apresentaram resultados positivos e semelhantes. Conclusão:
A dança mostrou-se benéfica para as parturientes durante
o trabalho de parto em
relação ao conforto, satisfação e na
diminuição da percepção de medo e trauma
no parto. No entanto, mais pesquisas são necessárias,
tendo em vista os escores
metodológicos moderados e escassez dos estudos analisados.
Palavras-chave: dança; dançaterapia;
trabalho de parto; parto.
Abstract
Introduction: Dance in the transpartum used with the aim of bringing beneficial
effects to pregnant women in this physiological process. The use of this
practice appears as an alternative of pharmacological method in order to avoid
complications, pain, fear, in addition to bringing comfort and satisfaction to
the parturients. Objective: To systematically
review the studies published in the last 10 years about the performance and
effects of dance in labor. Methods: Systematic literature review
conducted through a digital bibliographic search in articles like clinical
trials and randomized studies, in the period between 2011 and 2021, in the
complete electronic databases PubMed, BVS Scielo and
Science Direct. Results: 4 articles applicable to the eligibility
criteria were included. The population studied was women aged between 18 and
35, who are parturient, that show the effects related to dance in the transpartum. There was no great variability in the
resources used and the studies positive and similar results. Conclusion:
Dancing proved to be beneficial for parturients in
the studies analyzed during labor in terms of comfort, satisfaction and in
reducing the perception of fear and trauma during childbirth. However, more
research is needed, given the moderate methodological scores and the scarcity
of important studies.
Keywords: dance; dance therapy; labor
presentation; childbirth.
A
dança existe desde os tempos mais remotos e sua história se confunde com a da
humanidade. Seu surgimento é descrito como a necessidade de reverenciar o
divino, uma vez que quase todas as danças tiveram origem nos rituais de
adoração aos deuses da natureza [1]. Historicamente, as artes valorizam os
movimentos criativos e de vanguarda que vão contra as convenções estabelecidas,
e têm sido a inspiração para muitas inovações [2]. É um registro de vida, de
força e de expressão – do estar no mundo - uma educação dos sentidos [3].
Enquanto forma é entendida como movimento corporal humano, enquanto técnica
como processo de transformação do movimento cotidiano em movimento de dança e
enquanto poesia é concebida como ato de criação mediante os movimentos do
corpo. Logo, esses três conceitos se articulam para construir uma concepção da
dança como manifestação do corpo humano em movimento [4].
A
dança costuma ser prazerosa, gerando uma sensação de alívio e excitação [2].
Como atividade física melhora a disposição para as atividades do dia a dia,
podendo proporcionar ao indivíduo que a pratica, força muscular, estética
corporal e autoestima [5]. Além disso, essa prática traz sensações de bem-estar
e dá estímulos para a pessoa que a realiza, levando o indivíduo a ter mais
motivação e autodeterminação [6]. A inatividade física é um dos principais
desafios à saúde global, pois está associada a efeitos adversos relacionados ao
envelhecimento, controle de peso, função física, longevidade e qualidade de vida. A
realização de dança estruturada de qualquer gênero é igualmente e
ocasionalmente mais eficaz do que outros tipos de exercícios para melhorar uma
série de medidas de resultados de saúde. Os profissionais de saúde podem
recomendar a dança estruturada como uma alternativa segura e eficaz de
exercício [7].
Como
modalidade terapêutica é uma intervenção não farmacológica, segura o suficiente
para ser utilizada por gestantes. A maioria das mulheres enfrenta vários
fatores de estresse, como mudanças emocionais, físicas e sociais quando estão
grávidas. Essas consequências incluem aborto espontâneo, parto prematuro,
retardo de crescimento e redução do vínculo materno-fetal. Isso pode levar a
atrasos ou cancelamentos de tratamentos médicos se as gestantes sentirem
estresse ou dor [8]. Algumas parturientes procuram intervenções não
farmacológicas durante o trabalho de parto para aumentar o controle do trabalho
de parto e da qualidade da experiência. Quando as mulheres se exercitam durante
a gravidez, elas têm um menor risco de diabetes gestacional, pré-eclâmpsia,
ganho de peso gestacional, parto cesariana ou vaginal instrumentado, além de
diminuir o tempo de recuperação pós-parto. O exercício durante a gravidez
também pode aumentar a aptidão cardiorrespiratória, ao mesmo tempo que promove
um fluxo sanguíneo saudável, equilibra o sistema neuroendócrino, combate a
fadiga e reduz o estresse [9].
Neste
contexto, a “dança do parto” é uma
combinação de movimentos pélvicos e
rítmicos
do corpo, posições eretas e mudanças de
posição [9]. A dança aeróbica pode ser
um exercício de baixo impacto e risco mínimo do qual
mulheres grávidas podem
participar, podendo ser usada para ajudar na progressão do
trabalho de parto.
Estudos e artigos de opinião descrevem a dança durante a
gravidez como algo
alegre, relaxante, fortalecedor e que oferece uma conexão entre
a mãe e o bebê
em desenvolvimento. Embora existam pesquisas sobre os benefícios
dos exercícios
durante a gravidez, poucos estudos avaliaram os exercícios e
seus efeitos sobre
a dor e a progressão do primeiro estágio do trabalho de
parto [10].
Devido
aos efeitos colaterais dos agentes farmacológicos para a dor do parto na mãe e
no recém-nascido, o uso de métodos não farmacológicos recentemente se tornou
popular, de boa aceitação pelas parturientes e têm sido utilizados para apoiar
o enfrentamento da dor durante o parto. Em essência, devem ser simples e não
afetar adversamente o processo [13]. Atualmente, as mulheres esperam cada vez
mais participar das decisões sobre seus cuidados de saúde, especialmente
durante o parto [11]. Existem escolhas a serem feitas durante esse processo,
como métodos de alívio da dor do parto, e cada método tem riscos e benefícios,
com eficácia, disponibilidade e aceitabilidade diferentes [12].
No
entanto, a literatura tem se mostrado escassa acerca de informações sobre os
efeitos da dança no trabalho de parto. Desta forma, estudos que avaliem os
recursos terapêuticos utilizados podem ser de grande valia para que seja
possível identificar as decorrências no trabalho de parto e, desta forma,
prosseguir com os meios para oferecer uma melhor experiência nesse processo.
Diante dos efeitos, este estudo tem por objetivo revisar os estudos publicados
nos últimos 10 anos a respeito da dança no trabalho de parto em parturientes.
Trata-se
de uma revisão sistemática de literatura realizada através de busca
bibliográfica digital em artigos científicos publicados em revistas impressas e
eletrônicas de ensaios clínicos randomizados (ECR) e ensaios clínicos (EC), de
acordo com as recomendações do Preferred Reporting Items for Systematic reviews and Meta-Analyses (PRISMA, 2009), no período compreendido entre os
anos de 2011 a 2021, nas bases de dados eletrônicas PubMed,
BVS, Scielo e Science Direct. Foram selecionados
estudos com idioma de publicação em inglês em diferentes estratégias para
assegurar uma busca abrangente (Quadro 1). A questão norteadora deste estudo
foram quais são os efeitos da dança no trabalho de parto, gerando assim
palavras-chave referentes à população, tipo de intervenção e desfecho.
Quadro
1 - Descritores em
Ciências da Saúde (DeCS) e operadores booleanos
utilizados nas buscas em bases de dados
As
buscas foram realizadas por dois avaliadores independentes que selecionaram os
estudos potencialmente relevantes a partir dos títulos e resumos dos resultados
obtidos nas bases de dados. Quando essas seções não forneceram informações
suficientes para serem incluídas, o texto completo foi verificado.
Posteriormente, os mesmos revisores avaliaram independentemente os estudos
completos e realizaram a seleção de acordo com os critérios de elegibilidade,
ou seja, o uso de uma metodologia que tenha envolvido uma intervenção voltada
para os efeitos da dança no trabalho de parto em pelo menos um grupo
pesquisado. Os casos discordantes foram resolvidos por consenso. Autores, ano
de publicação, participantes, tipo de intervenção e resultados das variáveis de
interesse foram obtidos de forma independente pelos dois revisores, utilizando
um formulário padronizado. A análise dos dados foi realizada de forma
descritiva, procedendo-se a categorização dos dados extraídos em grupos
temáticos a partir das variáveis de interesse.
A
qualidade metodológica e a confiabilidade estatística dos ensaios clínicos
foram testadas através da escala da plataforma PEDro
[14,15] que é composta por 11 itens que são respondidos com o binômio “sim ou
não”. Cada item respondido como “sim” recebe a pontuação “1 (um)” quando a
questão corresponde aos critérios de avaliação e a ausência dos critérios não
recebe pontuação. Destes onze itens, nove são baseados na escala Delphi [16] e
dois foram inseridos, sendo um para verificar o período de acompanhamento
(“follow-up”) e outro para a comparação entre grupos. A escala utiliza o escore
de 0 a 10, mas são utilizados apenas os itens de 2 a 11, visto que o item 1 não
apresenta valor estatístico na escala PEDro, por se
referir à validade externa. Nestes critérios estão incluídos aspectos como
cegamento, acompanhamento, medidas de precisão e variabilidade, randomização,
entre outros. A pontuação é aplicada apenas pela contagem dos números de itens
que foram cumpridos, sendo assim quanto mais alto a pontuação recebida no
estudo, melhor a qualidade apresentada (pontuação máxima de 10).
Na
busca realizada, 52 referências foram localizadas. Destes, 15 artigos foram
oriundos na base de dados PubMed, 8 destes artigos
foram excluídos, pois não se aplicavam ao objetivo de análise. Na base de dados
Bireme foram encontrados 17 artigos, 8 foram excluídos por duplicidade, 9 foram
excluídos, já que não se aplicavam ao tema. Na base de dados Scielo foram encontrados 7 artigos e os 7 foram excluídos
por não se aplicar ao tema. Por fim, na base de dados Science, foram
localizados 13 artigos e os 13 foram excluídos, pois não se aplicavam ao tema.
Após a leitura analítica, 4 estudos foram selecionados como objeto de análise,
por apresentarem aspectos que respondiam à questão norteadora. A Figura 1
representa o fluxograma de pesquisa, que demonstram que 3 destes foram ECR e 1
foi EC. Além, disso, todos os estudos selecionados têm como idioma a língua
inglesa, cujas características podem ser observadas na Tabela I.
Figura
1 - Fluxograma de
pesquisa. PRISMA, 2009 [17]
Características dos estudos incluídos
As
características dos estudos selecionados quanto à intervenção, desfechos e
resultados são apresentadas na Tabela I. Os artigos incluídos utilizaram
recursos terapêuticos para o manejo da dor, do medo, da satisfação do parto e
nos resultados neonatais, da percepção e do conforto durante o trabalho de
parto. Alguns artigos apresentaram pouca descrição das técnicas, mas todos tiveram
como objetivo testar e avaliar os efeitos, assim como sua eficácia. Os recursos
terapêuticos utilizaram, em sua maioria, dança, música, massagem e cuidados
habituais manuseados durante o trabalho de parto.
Dentre
os artigos selecionados, um apresentou o uso da dança, da dança e da música,
analisando os efeitos na dor e no medo durante a fase ativa do trabalho de
parto. Dois avaliaram, através do trabalho de dança, a redução da dor, a
satisfação das parturientes durante a fase ativa do trabalho de parto e um
deles avaliou também a satisfação nos resultados neonatais. Já o outro estudo
analisou o efeito da dança do parto na percepção e no conforto do parto
traumático.
Pacientes
estudados
Entre
os estudos, o número de participantes variou de 60 a 160 e apresentaram
indivíduos na sua maioria adolescentes e adultas do sexo feminino. As
características estão agrupadas na Tabela I.
Tabela I - Fontes
bibliográficas identificadas, local de realização do estudo, tipo de estudo, características
de amostra, tipo de intervenção estudada e desfecho avaliado
EC
= Ensaio Clínico; ECR = Ensaio Clínico Randomizado
Avaliação
do risco de viés dos estudos
No
que se refere às pontuações obtidas por meio da Escala PEDro,
os quatro estudos obtiveram média de 5,25, considerando a pontuação máxima de
10 pontos. Nesta escala que avalia ECR e EC, os critérios que mais apresentaram
falhas metodológicas foram: o parâmetro de cegamento, a alocação secreta, a
intenção de tratamento e a medida de precisão. Dos quatro trabalhos analisados,
dois apresentaram pontuação 6, um apresentou pontuação 5 e um apresentou
pontuação 4, como a Escala PEDro tem seus principais
fundamentos nos critérios de viés interno, a maior obteve uma pontuação
moderada, conforme demonstrado na Figura 2
S = “sim”; N = “não”, NP: : não pontuam na
Escala PEDro
Figura
2 – Avaliação do
risco de viés através da Escala PEDro [15]
Análise
dos desfechos
Os
resultados obtidos em relação aos métodos de avaliação, grupos de intervenção,
intervenção, terapias, frequência, duração e as principais conclusões estão
dispostos na Tabela III.
Tabela
II - Resultados e conclusões dos estudos selecionados
Os
estudos selecionados para esta revisão constataram efeitos positivos nos
desfechos avaliados quando a dança foi utilizada como recurso terapêutico. Os
relatos demonstram que, basicamente, ocorreu a redução da dor, do medo e da
percepção de trauma, assim como o aumento da satisfação e conforto através dos
métodos utilizados no trabalho de parto. No quesito avaliação, aparecem com frequência
a EVA, formulários e questionários de expectativa, experiência e conforto no
parto, bem como a utilização de escalas de conforto, percepção de trauma no
parto e satisfação ao nascimento.
A
avaliação da qualidade metodológica dos artigos selecionados através da escala
da plataforma PEDro [14,15] demonstrou que dois
artigos incluídos na síntese obtiveram o escore 6/10, um apresentou escore 5/10
e o outro apresentou escore 4/10. Dentre os critérios ausentes nos estudos,
destacam-se a alocação secreta, o cegamento dos participantes durante as
intervenções, a intenção de tratamento e as medidas de precisão e
variabilidade. Estes critérios ressaltam importância da randomização e
cegamento para um trabalho científico com maior confiabilidade e menor risco de
viés. Sobre os itens a serem destacados, pois obtiveram pontuação positiva,
destacam-se os critérios de elegibilidade e randomização dos estudos, os
indicadores de prognósticos, o cegamento dos avaliadores, a mensuração e
análise estatística dos resultados e a comparação estatística intergrupos.
Unindo todos estes fatores, coloca-se em risco os achados de alguns estudos,
portanto, é necessário serem analisados com cautela.
Nesta
pesquisa, três dos estudos [18,19,20] avaliaram a utilização e a eficácia da
dança para reduzir e perceber a dor durante o trabalho de parto. No primeiro
estudo bons resultados foram apresentados no alívio da dor e mostrou que, de
fato, a dança associada à massagem reduziu a intensidade álgica durante a fase
ativa do parto [18]. O estudo posterior avaliou o mesmo desfecho, porém
associado à música. O método terapêutico se demonstrou eficaz e atraente para
mulheres que desejam ter mais controle sobre suas experiências de parto [19]. O
mesmo resultado positivo, utilizando a dança associada a massagem e música,
evidenciou que a dança impactou positivamente a percepção da dor durante o
trabalho de parto [20]. Corroborando esses achados, o estudo de Akkoz e Karaduman afirma que a
massagem sacral aplicada durante o trabalho de parto reduziu a dor do parto da
mulher, diminuiu os níveis de preocupação e ansiedade, levou a uma maior
sensação de satisfação entre as mulheres grávidas em relação ao trabalho de
parto, afetou positivamente a percepção do parto e não teve efeitos colaterais
fetais [22].
Visto
que os cuidados obstétricos durante o trabalho de parto têm como objetivo
fornecer conforto físico e emocional para a gestante, Akin
et al. [21] avaliaram o efeito da dança na percepção do trauma e
conforto do parto e concluem que a dança, de forma isolada ou associada a
outros recursos, tem efeito benéficos durante o parto, aumentando o conforto
físico, psicoespiritual, sociocultural e ambiental.
Nesta mesma linha, o estudo de Bolanthakodi et al.
[23] afirma que fazer ioga no período pré-natal diminui os níveis de dor e
aumenta o conforto das mulheres no parto. A ioga, assim como a dança, é uma
medicina mente-corpo não invasiva, fácil de aprender e prática complementar de
saúde, sendo eficaz e benéfica no parto. Os resultados do estudo de Gönenç e Dikmen demonstram
redução da dor e medo associados ao parto e proporcionam o relaxamento durante
a fase ativa [19]. Um estudo realizado utilizando a dança como terapia em
mulheres após as sessões de radioterapia demonstrou que esta técnica é capaz de
mudar sentimentos e promovem emoções positivas entre as mulheres, bem como
alívio da dor, fadiga, distúrbios do sono, dores nas articulações, rigidez dos
braços e desconforto muscular. Além disso, sensações de dor e tensão foram
superadas por meio do movimento e dança [24].
Corroborando
esses achados, os estudos de Abdolahian et al.
[18] apresentam resultados semelhantes aos encontrados por Akin
et al. [20] quanto a satisfação das mães no parto. Ambos afirmam que a
dança aumenta a satisfação, trazendo prazer e bem-estar para o trabalho de
parto. Há evidências de que o envolvimento em alguma forma de criatividade,
como a dança, pode levar a um relaxamento profundo. Estudos descrevem que essa
prática durante a gravidez fortalece e oferece uma conexão ainda maior entre a
mãe e o bebê em desenvolvimento, melhorando assim a satisfação [9]. Ela traz
uma mescla de sensações multissensoriais, emocionais, cognitivas e físicas,
podendo ser usada para promover a motivação e satisfações a parturiente [25].
Segundo
o estudo de Kram et al. [9], a dança pode
trazer inúmeros benefícios como melhorar a satisfação, estimular o
posicionamento ereto e a mobilidade, encurtar a duração e melhorar a dor
durante o trabalho de parto [9]. Dançar durante a gravidez se tornou cada vez
mais popular devido às tendências da mídia. A comunicação social aumentou o
interesse de dançar durante o trabalho de parto, por conta da circulação de
vídeos nas redes sociais. Esse interesse tem gerado e repercutido bastante sobre
o método, trazendo mais relevância e importância para a técnica [10].
Apesar
da relevância dos resultados descritos nos estudos, algumas limitações devem
serem analisadas. Cabe ressaltar que a dança como terapia tem ganhado espaço e
repercutido aos poucos no meio científico. Sendo assim, o número de publicações
e rigor metodológico constituem risco de viés a estes achados. Foi possível
verificar a escassez de investigações sobre esse recurso no campo geral da
saúde, bem como da fisioterapia, limitando este trabalho e evidenciando a
necessidade da realização de mais pesquisas futuras para identificar a melhor
forma de utilizar esse recurso da forma mais adequada.
A
dança mostrou-se benéfica para as parturientes durante o
trabalho de parto em
relação ao conforto, satisfação e na
diminuição da percepção de medo e trauma
no parto. Ainda que os estudos analisados tenham apresentado bons
resultados
quando utilizado a dança como terapia durante o trabalho de
parto, apresentam
limitações referentes a uma amostra homogênea de
mulheres nulíparas, a falta de
ocultação de alocação, a dificuldade de
comparação dos achados com estudos
anteriores e o não cegamento de avaliadores em alguns dos
estudos. Sugere-se
ter uma análise mais criteriosa dos movimentos de dança
durante o trabalho de
parto, assim como realizar a prática com amostragens mais
amplas.
Conflitos
de interesse
Os
autores não apresentam conflitos de interesse nessa pesquisa.
Fontes
de financiamento
A
pesquisa não possui fonte de financiamento.
Contribuição
dos autores
Concepção
e desenho da pesquisa:
Schneider TC, Furlanetto MP; Coleta de dados:
Schneider TC, Furlanetto MP; Análise e
interpretação dos dados: Schneider TC, Furlanetto
MP; Redação do manuscrito: Schneider TC, Silva YP, Furlanetto
MP; Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante:
Schneider TC, Silva YP, Furlanetto MP