Fisioter Bras. 2023;24:(5):690-705
REVISÃO
Preditores
da laserterapia de alta e baixa intensidade em
pacientes com úlcera do pé diabético: uma revisão sistemática
Predictors of high and low intensity laser therapy in
patients with diabetic foot ulcer: a systematic review
Iramar Baptistella
do Nascimento, Maria Elisa Duarte França, Raquel Fleig
1Universidade do Estado de Santa Catarina
(UDESC), Florianópolis, SC, Brasil
Recebido
em: 2 de agosto de 2022; Aceito em: 18 de julho de 2023.
Correspondência: Iramar Baptistella do Nascimento, iramar.nascimento@udesc.br
Como citar
Nascimento IB, França
MED, Fleig R. Preditores da laserterapia
de alta e baixa intensidade em pacientes com úlcera do pé diabético: uma
revisão sistemática. Fisioter Bras. 2023;25(5):690-705. doi: 10.33233/fb.v24i5.5240
Resumo
Introdução: As ulceras de pé diabético tornou-se
um dos principais problemas após o diagnóstico da doença e a cicatrização das
feridas são desafios a serem superados. Objetivos: Verificar se os
preditores da laserterapia de alta e baixa
intensidade podem ser considerados de indicação primária para a seleção dos
tratamentos de úlceras de pés diabéticos. Métodos: Revisão sistemática
nas bases PubMed/Medline, Web of
Science, Scopus, Lilacs. Utilizou-se o cheklist PRISMA e, para o risco de viés, o Banco de Dados
de Evidência Fisioterápica (PEDro). Resultados:
Identificou-se a importância do comprimento da onda no processo de regeneração
tecidual e granulação, com a possibilidade de variações quando em terapia laser
de baixa intensidade, mas com alta intensidade, não deve haver variações. Conclusão:
A laserterapia pode ser de indicação primária visto
que oportuniza um menor tempo de cicatrização e sugere-se o uso de ambas as
irradiações de alta e baixa intensidade no período de no mínimo 4 e máximo 15
semanas, de 2-4 J/cm2 com 660 nm e,
dosagem fixa de 10 J/cm2 com 660 nm, de
forma que não ocorram exposições múltiplas quando em radiações de alta
intensidade, uma vez que diferentes dosagens de alta intensidade pode inibição
a proliferação celular.
Palavras-chave: laserterapia;
diabetes; úlceras de pé.
Abstract
Introduction: Diabetic foot
ulcers have become one of the main problems after the diagnosis of the disease
and wound healing are challenges to be overcome. Objective: To verify if
the predictors of high and low intensity laser therapy can be considered as a
primary indication for the selection of treatments for diabetic foot ulcers. Methods:
Systematic review in PubMed/Medline, Web of Science, Scopus, Lilacs databases.
The PRISMA checklist was used and, for risk of bias, the Physiotherapy Evidence
Database (PE-Dro). Results: The importance of
the wavelength in the tissue regeneration and granulation process was
identified, with the possibility of variations when in low intensity laser
therapy, but with high intensity, there should be no variations. Conclusion:
Laser therapy may be a primary indication as it allows for a shorter healing
time and the use of both high and low intensity irradiation is suggested for a
period of at least 4 and maximum 15 weeks, from 2-4 J/cm2 with 660
nm and, fixed dosage of 10 J/cm2 with 660 nm, so that multiple
exposures do not occur when in high intensity radiation, since different doses
of high intensity can inhibit cell proliferation.
Keywords: laser therapy; diabetes; foot ulcers.
As
úlceras do pé diabético (DFUs) permanecem como uma das principais causas de
amputação não traumática dos membros inferiores [1], com um risco de até 25% no
decorrer da vida do diabético [2]. Um estudo em 2018 indicou uma sobrevida de 5
anos de 50-60% dos pacientes diabéticos [3]. O caminho para o desenvolvimento
de DFUs é de origem multifatorial e consiste em uma ocorrência de alto risco
[4]. Dentre outras causas, um estudo de impacto apontou a forte relação das
úlceras de extremidade inferior com os fatores de origem neuropática, história
de retinopatia diabética, por nefropatias, doenças renais em estágio primário
(ESRD), distúrbios vasculares periféricos e até mesmo por deformidades ósseas
[5].
Nos
pacientes com DFUs, o diagnóstico é visto como um preocupante problema de saúde
[6]. Dentre as categorizações das DFUs, as de origem neuropáticas e
neuroisquêmicas são responsáveis por um maior número de ocorrências, ainda que
na atual década estudiosos identificaram a maioria dos casos provenientes da
classificação neuropática com um percentual de 85% [7].
Nos
desfechos de amputação dos membros inferiores em DFUs, embora os profissionais especializados
devam considerar como um método de tratamento que se propõem melhorar a
qualidade de vida do paciente, cujo manejo preventivo é uma prioridade que visa
uma atenção especial e bom tratamento antes de se optar pela concepção da perda
[6,8]. No entanto, os fatores que dificultam a cicatrização das feridas
diabéticas são desafios crescentes a serem superados no processo de
proliferação, granulação e epitelização, uma vez que o déficit de insulina gera
deficiências no metabolismo humano, como, por exemplo, as resposta fisiológicas
limitadas quanto à síntese de colágeno, número de fibroblastos, metabolização
dos hidratos de carbono, ácidos graxos e proteínas [9].
Os
profissionais da saúde são incentivados ao desenvolvimento de estratégias profiláticas
para úlceras nos pés e em processos de cicatrização em mulheres diabéticas. A
ideia é a de prever a probabilidade de cura em pacientes com DFUs, incluindo
variáveis específicas do homem em tratamento e da própria ferida ou de
situações que necessitam a cicatrização, relacionando o uso da prática clínica
no índice de cura [10]. Tal propósito é consistente, visto que existe uma real
necessidade de uma metodologia prática e com maior facilidade de uso, que por
sua vez possibilite de forma generalizada estratificar pacientes com DFUs e
ajustar às diferenças no estado de saúde dos mesmos.
Da
mesma forma, as dificuldades de se estabelecerem diretrizes devido aos
coeficientes que interferem na cicatrização, como a interrupção contínua do
suprimento sanguíneo provenientes das calosidades ósseas, o nível de destruição
tecidual descendente das infecções, a redução da síntese de colágeno oriundo do
edema, o trauma mecânico nas técnicas de curativos, o retardo reepitelização
devido a idade e o risco de necrose pela quimioterapia [9].
Vale
destacar o estudo de Carter et al. [11], que evidenciou a exclusão de
casos relevantes de pesquisas de ensaios clínicos que tinham como propósito o
tratamento de feridas graves, ratificando a falta de métodos pragmáticos e de
concepções holísticas, demarcando a exclusão de mais de 50% da população em 15
dos 17 ensaios clínicos randomizados (ECRs). Outros fatores a serem levados em
consideração são as prioridades de estratégias de tratamentos de DFUs e as
relações com tempo de cicatrizações e incidências. Um estudo na India em
pacientes com diabetes mellitus do tipo 2 apontou um percentual de cura de 60%
dos casos e, por outro lado, 23,4% nunca cicatrizam com uma ação de voltar de
15,1%. A pesquisa apontou uma mediana quanto ao número de dias para cura da
úlcera de 241 dias e o tempo médio para um paciente ficar livre da enfermidade
foi de 6 meses [12].
O
manejo da DFUs parece não apresentar conformidades com as diretrizes atuais e
apresentam diversidades entre os diferentes países e centros. As diretrizes
atuais são muito gerais, não utilizando completamente as terapias recomendadas
com a necessidade de medidas inovadoras para garantir o cuidado ideal [13].
Desta forma, torna-se importante investigar os efeitos da terapia laser da alta
intensidade (HILT) e baixa (TLBI) no tratamento de alguns distúrbios
neurológicos na cicatrização de feridas e na redução dos níveis de
prostaglandina no sangue [9,14]. Pesquisas revelaram uma segurança e eficácia
na utilização da HILT como Nd: YAG (alumínio dopado com neodímio) que apresenta
alta potência de pico (3 kW), comprimento de onda de 1.064 nm e fornece efeitos
térmicos, químicos e mecânicos [15].
Nas
TLBI, a energia absorvida estimula moléculas e átomos de células, mas não
provoca aumento rápido ou significativo da temperatura do tecido em que sua
efiência na cicatrização e granulação outros tratamentos não atingiram o seu
propósito [16]. Desta forma, o presente estudo tem por objetivo verificar se a
HILT e TLBI podem ser de indicação primária para a seleção dos tratamentos de
DFUs.
O
protocolo desta revisão sistemática obteve seu registro no CRD (Center for
Reviews and Dissemination) Registro prospectivo internacional de avaliações
(PROSPERO) sob o número CRD - 42020149664.
Critérios
de elegibilidade
Através
de um protocolo pré-estabelecido, os estudos deveriam conter os aspectos
relacionados a terapias de laserterapia para tratamentos de DFUs. Não houve
restrição ou limitação de ano de publicação e idioma. Para análise qualitativa
foi preconizado os estudos quantitativos de caráter experimental. Adotou-se o
mesmo procedimento no que se refere às pesquisas metodológicas contendo
estratégias de busca na literatura científica e métodos para o desenvolvimento
de estudos de revisões sistemáticas. Já outras escritas contidas em editoriais,
opiniões pessoais, comentários, jornais, cartas, cartilhas e resumos de
congressos não foram considerados para esta pesquisa.
Fontes
de informação
Fontes
de informação e estratégias de coleta:
utilizaram-se as bases de dados
PubMed/Medline, Web of Science, Scopus, Lilacs. A lista de
referências dos
estudos incluídos foi revisada manualmente para se constituir
uma avaliação
mais precisa. Utilizaram-se os Descritores em Ciência da
Saúde da Biblioteca
Virtual em Saúde Lilacs (DeCS) para obtenção das
palavras-chave. Foram
selecionados os seguintes descritores: laser therapy, diabetes, foot
ulcer,
associados ao operador booleano“OR” e “AND”.
Para todos os sites utilizou-se a
mesma estratégia de busca: “laser therapy” AND
“diabetes” AND “foot ulcer”;
“diabetes” AND “foot ulcer” AND “laser
therapy”;“laser therapy” OR “diabetes”
OR “foot ulcer”; “diabetes” 0R “foot
ulcer”OR “laser therapy”.
Estratégias
de busca
Na
primeira etapa de coleta, utilizou-se o gerenciador de referências EndNote X9.1
[18]. Esta pesquisa utilizou-se da estratégia "PICO" População:
Pacientes com DFUs. Intervenção: HILT e TLBI. Controle: O principal comparador
estabelecido foram os resultados terapêuticos com os tratamentos HILT e TLBI.
Resultado de interesse: tempo necessário para a cura completa do DFU e a
porcentagem de redução da WSA [19].
Processo
de seleção
Esta
revisão sistemática da literatura utilizou um processo de seleção baseado nos
itens para Revisão Sistemática e Meta-Análises do cheklist PRISMA 2020 [17]. Um
pré-protocolo envolvendo um relatório de avaliação foi desenvolvido para dar
início ao estudo e estabelecer critérios de escolha.
Processo
de coleta e lista de dados
Consecutivamente
foi aplicado um processo de seleção de referencial para revisões
sistemáticas seguindo as seguintes etapas: identificação através dos sites de
pesquisa supramencionados; a triagem pelos títulos e resumos; a elegibilidade
sobre a população; métodos, relevância do projeto; dados de associação sobre e
resultados; estudos avaliando os fatores que influenciam na cicatrização na
DFUs e os efeitos da HILT e TLBI na cicatrização. Pesquisas sobre o índice de
cicatrização de feridas e modelos preditores preventivos da DFUs.
Seleção
dos estudos: dois autores IBN e RF extraíram os dados mais relevantes a partir
da obtenção das pesquisas nos respectivos sites. Posteriormente, a análise foi
desenvolvida de forma independente e, em caso de discórdia, um terceiro autor
fazia-se uma revisão das prioridades pré-estabelecidas no protocolo inicial
favorecendo as pesquisas de ano mais recente, metodologia mais abrangente e
força de evidência científica. Qualquer informação não bem esclarecida ou por
falta de dados, os autores dos respectivos periódicos seriam contatados.
Estudos
elegíveis para inclusão: De acordo com o protocolo pré-estabelecido, a busca
teve sua prioridade quando o desenho do estudo foi para ensaio clínico
randomizado. As pesquisas poderiam ser apenas em seres humanos maiores de 30
anos e com menos de 70 anos.
Na
análise dos estudos verificava-se a técnica e estratégia fisioterápica
utilizada e as pesquisas mais recentes de maior impacto foram priorizadas. Vale
ressaltar que nas pesquisas de ensaios clínicos observavam-se os parâmetros de
confiabilidade quanto ao uso da terapia laser com HILT e TLBI e sua eficácia.
Todos os estudos incluídos poderiam ser escritos em inglês, português e
espanhol.
Critérios
de exclusão: artigos científicos não relevantes que abordaram outras afecções e
condições que não fossem voltadas para avaliar a eficácia da HILT e TLBI em
pacientes com DFUs e fatores relacionados a sua cicatrização. Também foram
excluídos os estudos observacionais e não randomizados. Para este estudo não
foram considerados para inclusão os capítulos de livros, artigos pessoais,
editoriais, cartas, opiniões, comentários e resumos de congressos.
Avaliação
do risco de viés nos estudos selecionados
Avaliação
do risco de viés nos estudos selecionados: utilizou-se o Registro Central de
Ensaios Controlados (CENTRAL) e o Banco de Dados de Evidência Fisioterápica
(PEDro). Desta forma, dois revisores (IBN e RF) avaliaram de maneira
independente os ensaios clínicos randomizados utilizando a escala PEDro, que
apresenta 11 itens contendo perguntas do tipo sim ou não e a pontuação varia
entre zero a dez [20]. A qualidade dos estudos é classificada da seguinte
maneira: baixa qualidade quando um estudo apresentou uma pontuação (pontuação ≤
3), qualidade razoável (pontuação 4 ou 5) ou alta qualidade (pontuação ≥ 6).
Considerou-se para inclusão os estudos de qualidade razoável ou de alta
qualidade. Além de tudo, a lista de referências de todos os estudos que foram
pesquisados e incluídos nesta pesquisa teve por objetivo enriquecer a temática
e contribuir para estudos adicionais relevantes.
Nas
bases de dados selecionadas para a busca de artigos, foram identificados 2.959
artigos relacionados ao tema de interesse. Após a retirada de 1.023 artigos
duplicados, foram obtidos 1.936 artigos para análise nos idiomas português,
inglês e espanhol. Uma análise abrangente de títulos e resumos eliminou 993
artigos, resultando em 943 artigos. Posteriormente, artigos foram excluídos com
base na questão PICO (n = 889). Na segunda etapa, todos os 54 artigos que
restaram foram lidos na íntegra e 21 estudos faltaram dados para identificar as
estratégias utilizadas com efeitos da terapia laser, nove avaliaram outros
desfechos e 19 pesquisas apresentaram incompatibilidade quanto aos dados de
associação não bem elucidados entre as terapêuticas e dose aplicada. O
fluxograma que mostra o processo de identificação, inclusão e exclusão
encontra-se com maiores detalhes na Figura 1.
Figura
1 - Atividades do
processo de seleção através do diagrama de busca bibliográfica adaptado do cheklist (PRISMA 2020)
Cinco
estudos foram incluídos na análise qualitativa [21,22,23,24,25]. Determinados dados
foram coletados, tais como os autores, ano de publicação do estudo, população,
método de intervenção e o resumo dos resultados de cada estudo contendo o valor
de p e médias com desvio padrão. Os estudos foram publicados a partir de 2010.
Depois de colher os dados e os achados nas diferentes pesquisas, o objetivo foi
organizá-las de forma a facilitar a interpretação e integralização das
resultantes.
Devido
a heterogeneidade dos estudos selecionados, a meta-análise
(quantitativa) não
foi possível. Todavia, todas as pesquisas tiveram o objetivo de
verificar a
eficácia da HILT e TLBI com o propósito de investigar e
promover a cicatrização
de pacientes diabéticos com idades superiores a 30 anos com
úlceras agudas ou
crônicas nos pés. Consequentemente, em um sistema
estruturado dentro de uma
síntese qualitativa, os resultados apontaram um forte impacto
das HILT e TLBI
na cicatrização, contemplando métodos de varredura
e pontual, também sobre
especificações quanto ao comprimento de ondas utilizadas
nas diferentes
estratégias e tempo de aplicação, contendo
informações sobre os períodos de tratamentos.
Em
síntese geral, os valores foram significativos quanto a sua eficácia e redução
de áreas tratadas em DPUs. Diferentes estratégias e metodologias foram
observadas e analisadas. Dentre outras, o uso de placebo, cegamentos e
randomizações que permitiram a verificação sobre o impacto do estudo e a
eficicácia da laserterapia comparada aos tratamentos padronizados (p < 0,05),
com maiores detalhes na tabela I.
Tabela
I - Características
dos estudos de ensaios clínicos randomizados incluídos na seleção (2011 a 2019)
A
tabela II apresentou os resultados concebidos pela escala PEDro, ou seja, 11
itens contendo perguntas com respostas de sim ou não e uma pontuação geral que
varia de zero a dez. Os resultados indicaram quatro estudos com qualidades
razoáveis [21,22,23,24,25] e apenas um apresentou qualidade alta [23].
Tabela
II - Pontuação de
acordo com os critérios da escala PEDro
HILT
= Terapia Laser de alta intensidade; TLBI = Terapia Laser de baixa intensidade.
Critérios: ElG = Elegibilidade; ALT = Alocação
aleatória dos participantes; DSC = distribuição dos sujeitos foi cega; SEIG =
Semelhança no início do estudo entre os grupos; SUJOC = sujeitos do estudo
participaram de forma cega; TEROC = terapeutas do estudo participaram de forma
cega; AVAOC = avaliadores participaram de forma cega, ACAD = Acompanhamento
adequado, ITA = Intuito de tratar a análise, CG = Comparação entre grupos, MPV
= O estudo apresenta tanto medidas de precisão como medidas de variabilidade
para pelo menos um resultado-chave
Síntese
dos resultados
As
pesquisas científicas apontaram a importância do comprimento da onda, tempo de
tratamento e dose aplicados no processo de regeneração tecidual e granulação,
com a possibilidade de variações quando em TLBI. No entanto, nas HILT não deve
haver variações quando em intensidades elevadas. A não padronização das
técnicas dificultam as estratégias metodológicas a serem aplicadas de forma
adequada.
Os
achados literários mostram que as terapias com HILT e TLBI podem ser
consideradas de forma segura e uma opção de impacto científico qualificado na
analgesia e cicatrização de feridas para pacientes com DFUs. A laserterapia vem
sendo recomendada para situações de feridas não cicatrizantes [26], com forte
relação ao paciente com diagnóstico de diabetes.
A
cicatrização relacionada à área da superfície da ferida (WSA) apontou nos
achados literários uma melhora na circulação sanguínea e efeitos metabólicos
com a laserterapia. Sobre os efeitos do laser de alta intensidade, pesquisas
científicas identificaram o seu efeito analgésico, anti-inflamatório e
cicatrizador [9,27]. Duas pesquisas com HLLT, indicaram que o uso da terapia de
alta intensidade promove a redução da área da superfície da ferida (WSA) em
comparação com a terapia médica padrão (TMP) com curativos convencionais,
soluções salinas e antibióticos, indicados para DPUs. Ambos os estudos
utilizaram o mesmo aparelho de terapialaser (Nd-YAG), com três fases de
aplicação e manual de distância (MD) (rápida, fixa e lenta). No entanto, o
primeiro com 3 KW e densidade de energia de 510 mJ/cm2, energia de
10 J/cm2, comprimento de onda de 1.064 nm, e a outra pesquisa, com
sonda de 5 mm e densidade de energia de 4 J/cm2 a uma distância de 1
cm da superfície da úlcera.
Os
dois estudos supracitados mostraram valores significativos quanto à redução da
WSA (p < 0,05) [24,25]. Contraditório a uma pesquisa precedente, que
demonstrou probabilidades não satisfatórias no uso de HILT. No entanto, os
estudiosos utilizaram durante as terapias variações de dosagens com
intensidades elevadas, podendo inibir a proliferação celular ao invés de
estimular sobre a capacidade do laser como um facilitador para recuperação
tecidual com diferentes doses aplicadas com baixa intensidade, 2,5 ou 5 J/cm2,
sinalizando um efeito estimulador [28].
Um
estudo atual elucidou e contribuiu para as deduções sobre a capacidade do laser
como um facilitador para recuperação tecidual com diferentes doses aplicadas
com baixa intensidade, 2,5 ou 5 J/cm2, sinalizando um efeito
estimulador [27]. Estudos em animais foram fundamentais para a contribuição
sobre o uso da TLBI, principalmente sobre o tema referente aos efeitos
fotobiológicos da radiação na morfologia celular [29,30,31]. Pesquisa na década de
2000 demonstrou que a resposta do laser de baixa intensidade oportuniza a
estimulação mitocondrial e proporciona a migração e proliferação das células
[28]. Os autores usaram dose de 5,0 J/cm2 e, subsequentemente, 2 a 3 doses de
2,5 J/cm2, comprovando a ausência de qualquer tipo de dano. Uma
pesquisa realizada no Canadá utilizou TLBI após 9 semanas de tratamento de 21
feridas, nenhuma apresentou deteriorização, os resultados indicaram 61,9% de
melhora significativa de fechamento e 42,8%, indicando um estímulo nas
moléculas de átomos a nível celular e fornecimento de fatores bioestimulantes
[29].
Já
se tornou notável a preocupação de estudios com a cicatrização de feridas em
seres vivos com diagnóstico de diabetes e o uso de terapia laser no processo de
reparação tecidual. Pesquisa recente comparou duas energias de alta
intencidade, 660 nm versus 780 nm a 20 J/cm2. Os autores evidenciaram
que o comprimento da onda de 660 nm prioriza a qualidade e quantidade de tecido
de granulação [30]. Dentre outras, o aumento da neocolagenase, novos vasos e
modulação da expressão metaloproteinases (MMP-2) utilizando 40 mW; 660 nm; 4
J/cm2) [31]. Portanto, a análise de fatores relacionados à
metodologia de aplicação se torna relevante, uma vez que o comprimento de onda
indicou uma maior viabilidade de cicatrização quando os limites não
ultrapassaram 660 nm [30]. Da mesma maneira, foram os resultados que
confirmaram os fatores analgésicos com aumento da síntese de endorfina,
diminuição da bradicinina e aumento do metabolismo celular com a utilização da
TLBI [32].
As
dosagens de baixa intensidade parecem apresentar um prognóstico mais seguro nos
achados literários, tando nas terapêuticas de dosagens variadas quanto em
dosagens únicas [22,33]. A utilização de uma dose de 3 J/cm2, comprimento de
onda 632,8 nm, mudando as dosagens de irradiação, demonstrou impacto na
diminuição da área da ferida [33]. Dois estudos incluídos na presente pesquisa
com TLBI apresentaram redução significativa da ferida com um comprimento de
onda de 632,8 nm (4 J/cm2) e 660 nm, 4-8 J/cm2
respectivamente [21,22] e, quanto ao tempo, as evidências com o uso da TLBI
parece encurtar o tempo de regeneração tecidual e aumento no percentual de
redução da WSA [24].
Quanto
ao tempo e número de sessões percebeu-se o uso da TLBI com 12 sessões, 15 dias
sequenciais e um estudo chegou a acompanhar os pacientes por 20 semanas e todos
obtiveram resultados significativos [21,22,23]. Nas HILT os tratamentos mostraram
valores significativos com 4 e 8 semanas de tratamentos, demarcando um período
com resultados expressivos para redução da WSA [24,25].
Observa-se
nos últimos dez anos uma forte preocupação com os prognósticos das DPUs e
estudos com a utilização das HILT e TLBI que obtiveram maiores informações
sobre diferentes estratégias de regeneração tecidual e granulação a partir do
uso do laser [3,6,8,31]. Contudo, perdura um carecimento de estratégias para a
aquisição de maiores amostras e métodos de cegamentos. Uma afirmativa
consistente, uma vez que esta pesquisa apresentou fatores limitadores que
dificultaram a inclusão de ensaios clínicos randomizados devido ao restrito
número de estudos específicos ao tema com caraterísticas favoráveis a pontuação
frente à escala PEDro. Dentre outras, a falta de aleatoriedade nas seleções das
amostras, a dessemelhança entre os grupos no início de diferentes pesquisas
encontradas, a falta de duplo cego e outros fatores que excluíram grande parte
das pesquisas. Por fim, a heterogeneidade nos estudos selecionados, o que
impediu a realização de resultados quantitativos em uma metanálise. O ponto
positivo foram os diferentes estudos que exploraram o uso do laser em outras
situações, bem como o seu potencial no metabolismo fisiológico a nível celular.
Contudo,
as duas práticas de HILT e TLBI são promissoras ao processo de regeneração
tecidual indicando informações relevantes e/ou novas perspectivas para os
futuros ensaios clinicos randomizados.
As
terapêuticas apontaram valores significativos e de maior eficiência quanto à
redução da WSA de DPUs. No entanto estudos inovadores são importantes, uma vez
que os tratamentos com laser oportunizaram um menor tempo de cicatrização
comparado às terapias padronizadas. Desta forma, o presente estudo sugere
técnicas inovadoras que contemplem a utilização de ambas as irradiações de alta
e baixa intensidade no período de no mínimo 4 e máximo 15 semanas, com 2-4 j/cm2
com o comprimento de onda 660 nm e, dosagens fixa de 10 J/cm2 com
660 nm, de forma que não ocorram exposições múltiplas quando em radiações de
alta intensidade, uma vez que diferentes dosagens de alta intensidade sugere
inibição da proliferação celular.
Conflito
de interesse
Os
autores declaram que não houve conflito de interesse
Fontes
de financiamento
Não
houve financiamento
Contribuição
dos autores
Concepção
e desenho da pesquisa:
Nascimento IB, Fleig R; Coleta de dados:
França MED, Fleig R; Análise e interpretação dos
dados: Nascimento IB, Fleig R; Redação do
manuscrito: Nascimento IB, França MED e Fleig R; Revisão
crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Nascimento
IB, França MED, Fleig R