Fisioter Bras.
2023;24(2):191-203
ARTIGO
ORIGINAL
Caracterização
sociodemográfica e clínica da síndrome respiratória aguda grave por COVID-19 em
Pernambuco, Brasil, 2020
Sociodemographic and clinical characterization of
severe acute respiratory syndrome by COVID-19 in Pernambuco, Brazil, 2020
Dominique
Babini Albuquerque Cavalcanti1
1Centro Universitário Maurício de Nassau,
Paulista, PE, Brasil
Recebido
em 8 de dezembro de 2022; Aceito 13 de março de 2023.
Correspondência: Dominique Babini
Albuquerque Cavalcanti, dbabini.fisioterapeuta@gmail.com
Como citar
Cavalcanti DBA. Caracterização
sociodemográfica e clínica da síndrome respiratória aguda grave por COVID-19 em
Pernambuco, Brasil, 2020. Fisioter Bras. 2023;24(2):191-203. doi: 10.33233/fb.v24i2.5356
Resumo
Objetivos: Analisar a relação de hospitalização e
mortalidade por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) desencadeada por
COVID-19 com as variáveis demográficas e clínicas, verificar quais os fatores
de risco estão relacionados com os quadros de SRAG, verificar quais os sintomas
mais frequentes de COVID-19 com SRAG e analisar a relação de hospitalização e
mortalidade por SRAG desencadeada por COVID-19 com as variáveis demográficas e
clínicas. Métodos: Trata-se de um estudo observacional retrospectivo dos
casos de SRAG por COVID-19. O estudo foi realizado com casos notificados à
Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco, no ano de 2020. Todos os casos
incluídos neste estudo foram confirmados através de exames laboratoriais. Para
análise das variáveis categóricas utilizou-se o teste Qui-Quadrado.
Considerou-se o nível de significância de 5%. Resultados: Até o dia 31
de dezembro de 2020, foram confirmados em Pernambuco 222.166 casos de COVID-19.
Destes, 30.379 foram enquadrados nos critérios de diagnóstico de SRAG,
perfazendo 13,67% do total de notificações no estado. Houve identificação de
febre em 61,3% (18.624) dos casos, tosse em 78,9% (21.108), dispneia em 57,91%
(17.594) e saturação de oxigênio abaixo de 95% em 10,53% (10.530). Idade
superior a 40 anos, sexo masculino, presença de comorbidades e de sintomas
respiratórios característicos de SRAG foram fatores que podem estar associados
a maiores frequências de internamento hospitalar e óbito. Conclusão: Os
desfechos internamento hospitalar e óbito apresentaram frequências
significativamente maiores em indivíduos com idade superior a 40 anos, sexo
masculino, com comorbidades, febre, tosse, dispneia e saturação de oxigênio
abaixo de 95%.
Palavras-chave: infecções por coronavírus;
incidência, SARS-CoV-2; síndrome respiratória aguda grave.
Abstract
Objectives: To
characterize the notified cases of Severe Acute Respiratory Syndrome (SARS) due
to COVID-19 in the State of Pernambuco (Brazil) in 2020, to verify which risk
factors are related to SARS conditions, to verify which are the most frequent
symptoms of COVID-19 with SARS and to analyze the relationship between
hospitalization and mortality due to SARS triggered by COVID-19 with
demographic and clinical variables. Methods: This is a retrospective
observational study of SARS cases due to COVID-19. The study was carried out
with cases notified to the State Department of Health of Pernambuco, in the
year 2020. All cases included in this study were confirmed through laboratory
tests. For analysis of categorical variables, the chi-square test was used. A significance
level of 5% was considered. Results: Until December 31, 2020, 222,166
cases of COVID-19 were confirmed in Pernambuco. Of these, 30,379 met the SARS
diagnostic criteria, making up 13.67% of the total notifications in the state.
There was identification of fever in 61.3% (18,624) of cases, cough in 78.9%
(21,108), dyspnea in 57.91% (17,594) and oxygen saturation lower than 95% in
10.53% (10,530). Age over 40 years, male gender, presence of comorbidities and
respiratory symptoms characteristic of SARS were factors that may be associated
with higher frequencies of hospitalization and death. Conclusion: The
outcomes hospitalization and death had significantly higher frequencies in
individuals over 40 years of age, male, with comorbidities, fever, cough,
dyspnea and oxygen saturation lower than 95%.
Keywords: coronavirus infections;
incidence, SARS-CoV-2; severe acute respiratory syndrome.
A
doença do novo coronavírus (COVID-19) é uma doença
infecciosa altamente transmissível causada pelo novo coronavírus
SARS-CoV-2 (Severe Acute Respiratory Syndrome - Coronavirus - 2). Emergiu em dezembro de 2019, na República
Popular da China, na cidade de Wuhan, causando um surto de pneumonia de
etiologia desconhecida na época, a princípio iniciado em um mercado de frutos
do mar e animais [1,2]. A partir de
lavado bronco-alveolar, sequenciamento completo do genoma, RT-PCR (reverse transcription polymerase chain reaction) e cultura de
pacientes hospitalizados, confirmou-se um novo tipo de coronavírus,
o SARS-CoV-2 [3].
Pelo
fato da COVID-19 ser uma doença com grande potencial para causar surtos em
ritmo exponencial, no final de janeiro de 2020, a Organização Mundial de Saúde
(OMS) declarou estado de emergência de saúde pública internacional [4]. No
Brasil, o primeiro caso foi reportado na cidade de São Paulo, no dia 25 de
fevereiro de 2020. Tratava-se de brasileiro, sexo masculino, 61 anos, que havia
retornado de viagem da Itália, país amplamente acometido pela doença [5,6]. Já
no estado de Pernambuco, os primeiros casos foram registrados em 05 de março de
2020 em um casal que havia retornado da Itália [7].
Após
esses registros, o governo do estado e algumas prefeituras começaram a publicar
decretos com medidas para o enfrentamento da COVID-19. Entre as estratégias
implementadas, constavam: a suspensão de aulas em escolas públicas e
particulares, cancelamento de eventos e orientações à população sobre
distanciamento e isolamento social [8].
A
maioria dos pacientes infectados são assintomáticos ou apresentam níveis
moderados de infecção, sendo possível, no entanto, evoluir para uma grave
insuficiência respiratória ou até mesmo vir a óbito. A transmissão pode ocorrer
de forma direta por meio de gotículas contaminadas, eliminadas pela tosse ou
espirro, também pela mucosa ocular, oral e nasal [9,10]. Segundo Zhu et al.
[11], os principais sintomas da COVID-19 são: febre, fadiga, tosse, dor
muscular, aperto no peito, falta de ar, dispneia, vômitos, diarreia, cefaleia,
calafrios, dor de garganta e dor abdominal.
Faz-se
necessário a preocupação com indivíduos que desenvolvem Síndrome Respiratória
Aguda Grave (SRAG), cujo risco para o desfecho óbito é maior. A confirmação da
presença de SRAG ocorre através da identificação dos seguintes critérios: febre, mesmo sendo autorreferida,
tosse ou dor de garganta, dispneia ou saturação de oxigênio abaixo de 95% (SaO2
< 95%) ou desconforto respiratório, e que tenham sido hospitalizados ou
evoluído a óbito independentemente de hospitalização prévia [9,10,12]. Uma vez
identificado, o caso de SRAG hospitalizado é compulsoriamente notificado e
digitado, de forma individual, no Sistema de Informação da Vigilância
Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe) e deve ter sua amostra biológica coletada
para a realização da análise laboratorial [13].
No
final de 2020, Pernambuco totalizou 222.166 casos de COVID-19, 18.419 internamentos
hospitalares e 9.654 óbitos pela doença [7]. Diante do contexto, nota-se a
relevância de se pesquisar sobre as características sociodemográficas e
clínicas dos pacientes com COVID-19 no estado de Pernambuco. O objetivo geral
do presente estudo foi caracterizar os casos notificados de SRAG por COVID-19
no Estado de Pernambuco (Brasil), em 2020. Os objetivos específicos foram:
verificar quais os fatores de risco estão relacionados com os quadros de SRAG;
verificar quais os sintomas mais frequentes de COVID-19 com SRAG; e, analisar a
relação de hospitalização e mortalidade por SRAG desencadeada por COVID-19 com
as variáveis demográficas e clínicas.
Foi
realizada uma pesquisa transversal retrospectiva dos casos de SRAG por
COVID-19. Foram utilizadas as diretrizes Strengthening
the Reporting of Observational Studies in Epidemiology
(STROBE) para guiar a qualidade do relato. O estudo foi realizado com casos
notificados ao Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde
(CIEVS) e de Doenças e
Todos
os casos de SRAG por COVID-19 incluídos neste estudo foram confirmados através
de exames laboratoriais para COVID-19, através de coleta de material de
secreção da nasofaringe, lavado bronco-alveolar, sorologia ou punção digital,
utilizando-se os testes RT-PCR, Elisa ou teste rápido, com resultado
detectável. Os critérios de inclusão considerados foram: presença de SRAG
identificada e registrada em notificação da SES-PE; Confirmação laboratorial
para COVID-19; caso notificado aos órgãos competentes do Estado de PE no ano de
2020; e, residir no Estado de Pernambuco. Como critérios de exclusão
considerou-se: a presença de notificações incompletas e/ou ilegíveis de
registros de casos.
Após
aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos do Centro
Universitário Maurício de Nassau, sob o parecer de nº 5.104.647, os órgãos
responsáveis da SES-PE forneceram o banco de dados dos casos de notificação de
pacientes com SRAG por COVID-19 no Estado de Pernambuco em 2020, contendo os
dados demográficos (idade, sexo, raça, Geres) e clínicos (comorbidade,
internamento hospitalar, evolução, sintomas apresentados) contemplados na ficha
de registro individual de casos de SRAG hospitalizados. Os dados foram
extraídos por dois pesquisadores independentes. Após isso, os dados foram
analisados no software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) 22.0 para Windows. Estatísticas
descritivas foram fornecidas para as características demográficas e clínicas.
Foram aplicados os testes de Kolmogorov-Smirnov para
analisar a distribuição das variâncias e de Barttlet
para verificar a homogeneidade das variâncias. Para análise das variáveis
categóricas utilizou-se o teste Qui-Quadrado.
Considerou-se o nível de significância de 5%.
Até
o dia 31 de dezembro de 2020, foram confirmados em Pernambuco 222.166 casos de
COVID-19. Destes, 30.379 foram enquadrados nos critérios de diagnóstico de
SRAG, perfazendo 13,67% do total de notificações no estado. A distribuição do
número de casos notificados por semana epidemiológica, considerando-se da
primeira à quinquagésima terceira semana está apresentada na Figura 1. Os meses
com mais casos notificados foram abril (7.491) e maio (7.975).
Fonte:
Autor (2020).
Figura
1 - Distribuição
temporal dos casos notificados de SRAG por COVID-19, segundo as semanas
epidemiológicas de 1 a 53/2020, Pernambuco (Brasil)
Na
tabela I, observa-se a caracterização demográfica e clínica dos casos
notificados de SRAG por COVID-19. A média de idade dos indivíduos cujos casos
foram notificados foi de 56,67 ± 20,14 anos. Houve predominância de homens,
raça parda, residentes em municípios que fazem parte da Gerência Regional de
Saúde I. A presença de comorbidades foi registrada em 41.22% dos indivíduos,
incluindo: doenças cardiovasculares, respiratórias, renais, imunossupressoras e
obesidade. O internamento hospitalar ocorreu em 78,32% dos casos registrados,
com taxa de óbito de 34,22%.
Tabela
I - Caracterização
demográfica e clínica dos casos notificados de SRAG por COVID-19, em
Pernambuco, Brasil, 2020
N
= número de casos; DP = desvio padrão; GERES = Gerência Regional de Saúde.
Fonte: Autor (2020)
A
distribuição dos sintomas característicos da SRAG está apresentada na figura 2.
Como pode ser observado, houve identificação de tosse em 78,9% (21.108), febre
em 61,3% (18.624) dos casos, dispneia em 57,91% (17.594) e SaO2 <
95% em 10,53% (10.530) (Figura 1).
Fonte:
Autor (2020)
Figura
2 - Sintomas
característicos de SRAG por COVID-19, em Pernambuco, Brasil, 2020
A
caracterização demográfica e clínica dos casos notificados de SRAG por COVID-19
de acordo com o internamento hospitalar está apresentada na Tabela II. Houve diferença estatística significativa
entre os grupos com e sem internamento hospitalar para todas as variáveis
analisadas (Tabela II).
Tabela
II - Distribuição
demográfica e clínica dos casos notificados de SRAG por COVID-19 conforme
status de internação hospitalar, em Pernambuco, Brasil, 2020
N
= número de casos; % = Frequência; O2 = Oxigênio; aTeste
Qui-quadrado. Fonte: Autor (2020)
Por
fim, na tabela III verifica-se a caracterização demográfica e clínica dos casos
notificados de SRAG por COVID-19 de acordo com o óbito. Houve diferença
estatística significativa entre os grupos com e sem óbito para todas as
variáveis analisadas (Tabela III).
Tabela
III - Caracterização
demográfica e clínica dos casos notificados de SRAG por COVID-19 por óbito, em
Pernambuco, Brasil, 2020
N
= número de casos; % = Frequência; O2 = Oxigênio; aTeste Qui-quadrado. Fonte: Autor
(2020)
O
estado de Pernambuco havia notificado até o final de 2020, 222.166 casos de
COVID-19. Deste total, 13,67% representaram casos graves, classificados como
SRAG, perfazendo 30379 casos. Considerando-se as semanas epidemiológicas de
2020, os meses com mais casos notificados foram maio e abril, havendo no
segundo semestre uma redução sustentada de casos, com tendência em dezembro, o
que depois veio a se confirmar no ano de 2021, com novo pico de caso no início
do ano corrente.
Esse
cenário se repetiu na maioria dos estados brasileiros e seguiu os fluxos das
taxas de isolamento social. No início da pandemia, vários estados decretaram
medidas de restrição de mobilidade, como uma das estratégias de redução de
transmissão do vírus, a exemplo de Pernambuco. Quando a taxa de isolamento
social começou a diminuir, em especial, a partir de outubro de 2020, com a
proximidade das eleições no país e festividades de Natal e Ano Novo, as curvas
de casos e óbitos voltaram a crescer no Brasil [14].
A
caracterização sociodemográfica dos casos notificados de SRAG por COVID-19 em
Pernambuco, no ano de 2020, foi determinada pela predominância de homens, da
raça parda, com idade entre 60 e 79 anos, residentes em Recife e grande região
metropolitana, com comorbidades. O Ministério da Saúde divulgou em 2020 o
perfil de pacientes com SRAG por COVID-19 no Brasil, tendo evidenciado
prevalência da síndrome entre os homens [15]. Ao se observar os dados que
contemplam todo o país, a predominância de casos de COVID-19 ocorre na raça
branca, tendência diferente do que se registrou no Estado de Pernambuco. Esse
achado pode ser justificado por questões étnico-raciais, já que no Nordeste
brasileiro há predominância de pessoas que se autodeclaram pardas [16].
Os
idosos se constituem como o grupo com maior risco de desenvolver SRAG,
resultado da idade avançada associada a presença de comorbidades, já que há
aumento da prevalência de doenças crônicas com o envelhecimento da população
[17]. Até o final de 2020, no Brasil, foram notificados cerca de 580 mil casos
de SRAG por COVID-19, sendo 20% referentes a faixa etária entre 60 e 69 anos
[18]. Indivíduos com comorbidades também constituem um grupo de risco já
estabelecido pela literatura para SRAG por COVID-19 [19,20,21]. A presença de
doenças crônicas torna o indivíduo mais susceptível a morbimortalidade por
COVID-19, variando a depender da fragilidade individual, a qual pode
oportunizar a ação potencial do vírus. Askin, Tanriverdi e Askin [22] referem
que doenças cardiovasculares podem elevar em até doze vezes o risco de
mortalidade nos casos diagnósticos de SRAG por COVID-19.
Com
relação aos critérios para caracterização dos sintomas de SRAG, verificou-se
predominância de presença de tosse, seguida de febre e dispneia. A dessaturação de oxigênio foi o achado menos comum. Paiva et
al. [21] em estudo com 4230 pacientes com SRAG por COVID-19, encontraram
resultados similares, destacando que os sinais e sintomas mais frequentes foram
febre, tosse e dispneia. Zhang et al. [23], em
um estudo retrospectivo com 380 pacientes com confirmação de infecção por
COVID-19, verificaram que a tosse secretiva foi a
condição mais frequente na amostra.
Idade
superior a 40 anos, sexo masculino, presença de comorbidades e sintomas
característicos de SRAG mostram-se fatores que aumentaram a frequência de
internamento hospitalar e óbito na população estudada. Em 2020, a
hospitalização por SRAG, a partir do primeiro caso de COVID-19 notificado no
Brasil, superou o registrado no mesmo período, em cada um dos dez anos
anteriores, mesmo com o reconhecido atraso de notificação existente. O aumento
das hospitalizações por SRAG em 2020, a falta de informação específica sobre o
agente etiológico das hospitalizações e a predominância de casos entre idosos,
no mesmo período em que cresceu o número de casos novos de COVID-19, é
consistente com a hipótese de que a COVID-19 está sendo detectada pelo sistema
de vigilância de SRAG, que ressalta os seguintes fatores de risco para
hospitalização desse público: idade maior de 60 anos e presença de comorbidades
como hipertensão, diabetes, cardiopatias e doenças respiratórias [24]. Em
Pernambuco, ao final de 2020, haviam sido registrados 9926 hospitalizações e
7305 óbitos em indivíduos com 60 anos ou mais com SRAG por COVID-19, perfazendo
38,5% e 75,6% do total registrado, respectivamente [25].
Como
já citado anteriormente, homens são mais acometidos por COVID-19 no país, e
isso reflete no maior número de internamentos e óbitos entre eles, o que pode
ser justificado, em partes, pelo fato de homens terem o hábito de acessar menos
os serviços de saúde, buscando-os em situações emergenciais, quando o quadro já
pode ter agravado [26]. Vale ressaltar, também, que a presença de comorbidades
aumenta o risco de letalidade nesses indivíduos. Wang et al. [27]
evidenciaram que pessoas com comorbidades tendem a apresentar a forma mais
grave da doença, com maior necessidade de internação em UTI, além da associação
encontrada entre o uso de suporte ventilatório e internação em UTI. Em outro
estudo, conduzido por Fang et al. [20] foram
considerados fatores associados à maior gravidade da doença na população em
geral, com maior chance de pior prognóstico, a admissão em UTI (RR: 5,61, IC
95%: 2,68–11,76) e o uso de ventilação invasiva (RR: 6,53, IC 95%: 2,70–15,84).
A
principal limitação do estudo refere-se a baixa qualidade
do preenchimento das
fichas de notificação e da sua heterogeneidade de termos
descritos, assim como
a subnotificação de casos. Como pontos fortes, destaca-se
que a análise de
bancos de dados secundários é uma das melhores formas de
avaliar a situação
epidemiológica de determinada população.
Sugere-se, ainda, a continuidade da
investigação, através da análise do
cenário do ano de 2021, a fim de comparar a
situação epidemiológica local, analisar
possíveis diferenças na caracterização da
amostra e desfecho clínico, para que estratégias eficazes
possam ser traçadas
para assistência à saúde da população.
Em
conclusão, registrou-se maiores frequências de quadros de SRAG por COVID-19 no
estado de Pernambuco, em 2020, em indivíduos com 60 a 79 anos, do sexo
masculino, raça parda, residentes em Recife e região metropolitana, com
comorbidades. Os sintomas mais frequentes foram tosse, febre e dispneia, e os
casos de hospitalização e óbito foram mais comuns em pessoas com 40 anos ou
mais, do sexo masculino, com comorbidades e sintomas característicos de SRAG.
Conflito
de interesse
Declaro
que não possuo conflito de interesse de ordem: financeiro, comercial, político,
acadêmico e pessoal
Fonte
de financiamento
Esta
pesquisa não foi financiada
Contribuição
dos autores
Concepção
e desenho da pesquisa:
Albuquerque DBA; Obtenção de dados: Albuquerque DBA; Análise e
interpretação dos dados: Albuquerque DBA; Análise estatística:
Albuquerque DBA; Redação do manuscrito: Albuquerque DBA; Revisão
crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante:
Albuquerque, DBA.