Fisioter Bras.
2023;24:(5):543-54
ARTIGO
ORIGINAL
Avaliação
da coordenação motora de crianças com Transtorno do Espectro Autista
Evaluation of motor coordination of children with
Autism Spectrum Disorder
Danielle
Lara Queiroz Ferreira1, Nilce Maria de Freitas Santos2, Gisélia Gonçalves de Castro1
1Centro Universitário do Cerrado
Patrocínio (UNICERP), Patrocínio, MG, Brasil
2Instituto Brasileiro de Reabilitação e
Aprimoramento Especializado (IBRAESP), Uberlândia, MG, Brasil
Recebido
em: 25 de janeiro de 2023; Aceito em: 25 de setembro de 2023.
Correspondência: Nilce Maria de Freitas Santos,
dranilcesantos@gmail.com
Como citar
Ferreira DLQ, Santos NMF, Castro GGC. Avaliação da coordenação motora de crianças com Transtorno do Espectro Autista. Fisioter Bras. 2023;24(5):543-54. doi: 10.33233/fb.v24i5.5391
Resumo
O
Transtorno do Espectro Autista é classificado como transtorno do
neurodesenvolvimento comportamental ou mental, que se relaciona com algum fator
ambiental ou condição genética. O estudo objetivou avaliar a coordenação motora
das crianças com o Transtorno do Espectro Autista. É um estudo transversal,
pesquisa de campo, com abordagem quantitativa. A coleta de dados foi realizada
por meio do preenchimento de um questionário do perfil sociodemográfico e
aplicação do Teste Körper Koordinations
test Für Kinder, que
detecta possíveis déficits na coordenação motora global. O presente estudo teve
a participação de crianças entre 4 e 11 anos de idade diagnosticadas com
Transtorno do Espectro Autista, da Associação de Pais de Crianças Autistas TEAcolher do município de Patrocínio. Foram avaliadas 21
crianças, sendo 85,7% do sexo masculino, a maioria apresentou comunicação
verbal (95,2%). Também foi observado que 16 (76,2%) crianças apresentaram
déficit na coordenação. Outro dado encontrado foi que quanto maior a idade do
paciente melhor é o nível de motricidade global e que o índice de massa
corpórea não influenciou no nível de motricidade global das crianças deste
estudo. Conclui-se que a criança com Transtorno do Espectro Autista apresenta
déficit na coordenação motora associada a disfunções no ritmo, equilíbrio,
lateralidade, força, agilidade e velocidade avaliadas pelo teste citado acima.
Dessa forma, a avaliação da coordenação motora destas crianças possibilita a
identificação de alterações do desenvolvimento motor, possibilitando assim uma
intervenção precoce favorecendo o desenvolvimento infantil adequado.
Palavras-chave: transtorno do espectro autista;
transtornos das habilidades motoras; criança.
Abstract
Autistic Spectrum Disorder is classified as a
behavioral or mental neurodevelopmental disorder, which is related to some
environmental factor or genetic condition. This study aimed to assess motor
coordination in children with Autism Spectrum Disorder. This research is
characterized as a cross-sectional study, field research, with a quantitative
approach. Data collection was performed by filling out a questionnaire of the
socio-demographic profile and applying the Körper
Koordinations Für Kinder
test, that detects possible deficits in global motor coordination. The
present study had the participation of children between 4 and 11 years old
diagnosed with Autistic Spectrum Disorder, from the Association of Parents of
Autistic Children TEAcolher in the municipality of Patrocínio. Twenty-one children were evaluated, 85.7% male,
the majority presented verbal communication (95.2%). It was also observed that
16 (76.2%) children had a deficit in coordination. Another finding was that the
older the patient, the better the level of global motricity and that the body
mass index did not influence the level of global motricity of the children in
this study. It is concluded that the child with Autism Spectrum Disorder
presents deficit in motor coordination associated with dysfunctions in rhythm,
balance, laterality, strength, agility, and speed evaluated by the test above
mentioned. Thus, the assessment of motor coordination in these children makes
it possible to identify changes in motor development, thus enabling early
intervention, favoring adequate child development.
Keywords: autism spectrum disorder; motor
skill disorders; child.
Atualmente
estão sendo utilizados diversos critérios para o diagnóstico do Transtorno do
Espectro Autista. O DSM-5, Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais é de suma importância para dar um norte maior aos profissionais para
estabelecer diagnósticos [1]. Embora as alterações motoras e sensoriais não
sejam consideradas características principais do Transtorno do Espectro
Autista, podem estar presentes nessas crianças. Podendo apresentar também hiper ou hiporreatividade
(aumento ou diminuição das respostas) aos estímulos [2].
Em
relação ao desenvolvimento da coordenação motora, a criança com autismo
manifesta dificuldade de entender seu corpo em sua globalidade, em movimento e
em segmentos, como, por exemplo, quando as funções de cada parte do corpo são
ignoradas ou não são percebidas, podendo observar ações, movimentos e gestos
pouco adaptados. Assim sendo, o distúrbio na estruturação do esquema corporal
também atrapalha o desenvolvimento do equilíbrio e da lateralidade, que são
funções de base, essencial para a obtenção de aprendizagens cognitivas e
autonomia [3].
Marcha,
destreza manual, equilíbrio, controle de objetos e habilidades com bola são
algumas das alterações motoras que uma criança com autismo pode apresentar. O
desenvolvimento motor é um sistema de mudanças interligadas e complexas, das
quais participam todos os aspectos de maturação e crescimento dos sistemas
orgânicos, encontrando-se essas interligações alteradas na criança com autismo
[4]. De acordo com Ataíde [5], os neurónios ligados à aprendizagem motora são
capazes de deprimir ou fortalecer a eficácia das sinapses, visto que no autismo
estas células deprimem a ‘poda sináptica’, fundamental à seleção dos
neurotransmissores.
Tendo
em vista tais acometimentos, alguns estudos têm mostrado a influência da
compreensão corporal para ajudar nas primeiras fases do desenvolvimento motor,
de modo que essa auxilia em outras áreas contribuintes como organização
espacial e equilíbrio [6]. A maior parte dos estudos relacionados ao tratamento
de crianças com Transtorno do Espectro Autista encontrados na literatura
menciona somente o acompanhamento de terapeutas ocupacionais e psicólogo,
negligenciando o impacto motor que esse transtorno pode trazer, com quadros
hipotônicos e eixos desorganizados, o que já na primeira fase da vida pode
provocar um atraso no desenvolvimento neuropsicomotor [7].
Existem
dois tipos de coordenação motora: a motricidade fina que está relacionada ao
conjunto de movimentos específicos realizados pelos músculos menores, e a
motricidade grossa ou global que envolve a musculatura tónica e o conjunto de
ações do Sistema Nervoso Central (SNC) [5]. Crianças com o diagnóstico de
Transtorno do Espectro Autista possuem algumas alterações motoras, como atrasos
na coordenação, provocando déficits na aprendizagem de habilidade motoras
grossas e finas, que incluem a organização espacial e temporal, esquema
corporal, motricidade global e equilíbrio [8].
Quando
a estimulação motora não é feita de forma adequada, pode provocar várias
deformidades no corpo do indivíduo, no caso das crianças com Transtorno do
Espectro Autista parecem estar mais presentes a alteração postural, estando
também associado com o atraso no desenvolvimento psicomotor, distribuição de
peso anormal (obesidade) e alteração no tônus muscular [9].
O
tratamento de crianças com autismo que manifestam dificuldade no comportamento
motor, demanda um diagnóstico preciso através de avaliações complexas das
competências e déficit do seu desenvolvimento, dessa forma exige dos
profissionais da área um objeto de estudo específico, além de professores,
familiares e pais a interação entre todos, para que assim as intervenções sejam
feitas de forma eficazes [10].
Segundo
Santos e Mélo [11] as crianças com Transtorno do
Espectro Autista precisam ser avaliadas observando-as como um todo, realizar
uma avaliação global, de modo a favorecer o desenvolvimento da aprendizagem. A
área da fisioterapia nesse campo ainda é pouco debatida, entretanto é
fundamental para o processo de evolução e amadurecimento dessas crianças. Ao
utilizar a fisioterapia como ferramenta, poderão prevenir e diminuir os
déficits dos comportamentos psicomotores prováveis de encontrar nessas crianças
permitindo o desenvolvimento de habilidades funcionais [4].
Portanto,
conhecer as alterações motoras, particularmente o comportamento da coordenação
motora das crianças com Transtorno do Espectro Autista se faz necessário, visto
que prováveis déficits psicomotores podem ser encontrados em virtude do não
amadurecimento neurológico de forma adequada. Acredita-se que o perfil
psicomotor das crianças com Transtorno do Espectro Autista seja inferior ao de
uma criança com desenvolvimento típico. Com isso, o objetivo do estudo é
avaliar a coordenação motora destas crianças.
Este
estudo é caracterizado como um método de pesquisa de campo, com abordagem
quantitativa, cuja amostra foi composta de 21 crianças diagnosticadas com
Transtorno do Espectro Autista, da Associação de Pais de Crianças Autistas TEAcolher do município de Patrocínio, Minas Gerais. A
coleta de dados foi feita em um local adequado para a realização do teste, no
Centro Universitário do Cerrado. O estudo foi aprovado pelo COEP - Comitê de
Ética em Pesquisa – UNICERP sob o protocolo Nº: 20201450FIS010.
Primeiramente
os responsáveis foram esclarecidos sobre o procedimento do estudo e a
importância, posteriormente foi coletada a assinatura do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (TCLE). O Termo de Assentimento foi dispensado.
Como
critério de inclusão crianças entre 4 e 11 anos de idade diagnosticadas com
Transtorno do Espectro Autista. Os critérios de exclusão foram crianças que
apresentavam outras patologias associadas ao Transtorno do Espectro Autista. A
exclusão foi realizada após análise das fichas existentes na Associação, que
constam todos os dados das crianças, e anamnese realizada com os pais e/ou
responsáveis.
Após
a assinatura do TCLE e do preenchimento do questionário do perfil
sociodemográfico da criança com Transtorno do Espectro Autista, foi realizado o
Teste Körper Koordinations
test Für Kinder, para
detectar possíveis déficits na coordenação motora global através do indicador
da habilidade motora relacionada com a idade cronológica, equilíbrio dinâmico,
lateralidade da criança, e o perfil da força.
O
teste utilizado é composto por 4 provas, a primeira é constituída por 3 traves
de equilíbrio com 5 metros de comprimento, 3 cm de altura, sendo a primeira com
6 cm, a segunda com 4,5 cm e a terceira com 3 cm de largura, sendo apoiadas em
suportes transversais distanciados 50 cm um dos outros, sendo cada suporte com
15 cm de comprimento, 1,5 de largura e 5 cm de altura. Apresenta também 3 bases
de saída com 25 cm de comprimento, 25 cm de largura e 5 cm de altura. Nessa
prova a criança deve andar de costas sobre as traves por 3 repetições em cada e
a pontuação máxima de passos é de 8 pontos, com objetivo de avaliar o equilíbrio
da criança na marcha para trás.
A
segunda prova, trata-se do salto monopedal, onde a
criança deve saltar sobre blocos de espuma, cada um medindo 50 cm de
comprimento, 20 cm de largura e 5 cm de altura, sendo que a quantidade de
espumas depende da idade dela, com o objetivo de avaliar a coordenação, energia
dinâmica e força dos membros inferiores.
A
terceira prova é a do salto laterais, a qual delimita um espaço de 100 cm de
comprimento e 60 cm de largura com um obstáculo de 60 cm de comprimento, quatro
cm de largura e dois cm de altura, colocado de tal forma que divida o lado mais
comprido do retângulo em duas partes iguais, nesta prova a criança deve
executar 2 tentativas de saltos laterais o mais rápido possível por 15 segundos
cada tentativa, com objetivo de avaliar a velocidade da criança em salto
alternados.
A
quarta prova é a transferência lateral, a mesma exigiu duas placas de madeira,
cada uma com 25 cm de comprimento, 25 cm de largura e 1,5 cm de altura, em que
nas esquinas se encontram parafusadas quatro pés com 3,5 cm de altura,
totalizando cinco cm de altura, na qual a criança deve mover-se lateralmente
sobre as plataformas, pois as mesmas são posicionadas uma do lado da outra,
durante um tempo de 15 segundos em cada tentativa, esse deslocamento é
realizado duas vezes, primeiro para direita e depois para esquerda, avaliando a
lateralidade assim como a estruturação espaço temporal da criança.
O
quociente motor é obtido verificando-se na tabela de pontuação do teste, o
valor do score relacionando-o com a idade da criança, sendo somada todas as
provas, e a classificação da coordenação motora está baseada na tabela I.
Tabela
I – Classificação da
Coordenação Motora para o teste Teste
Körper Koordinations test Für Kinder
Fonte:
Júnior (2012)
Para
atingir o objetivo do Índice de Massa Corporal (IMC), ele foi calculado
dividindo o peso da criança pela sua altura elevada ao quadrado. Foi utilizado
uma fita métrica para aferir a altura e uma balança digital G-Tech fabricada na
China para verificar o peso de todas as crianças.
Todas
as coletas do teste e a aplicação do questionário sociodemográfico foram
aplicados individualmente com cada criança acompanhada de um membro de sua
família.
Após
a coleta, os dados foram armazenados em uma planilha do programa Microsoft
Office Excel®. Para a análise estatística dos dados foi utilizado o software Bioestatic versão 5.3.
Para
a análise descritiva das variáveis quantitativas utilizaram-se medidas de
tendência central (média e desvio padrão) e as variáveis nominais foram
apresentadas através da análise de distribuição e frequência.
Para
verificar a existência de correlação do nível de motricidade global dos 21
pacientes diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista e suas idades e
IMC, foi aplicado o teste de normalidade Kolmogorov-Smirnov
(K-S) e após o teste de correlação não paramétrico de Spearman.
O
nível de significância adotado foi igual a 0,05, ou seja, caso o p<0,05 este
será considerado estatisticamente significativo
Foram
avaliadas 21 crianças, com idade média de 08 anos (DP ± 2,12), sendo 85,7 % do
sexo masculino e 14,3% do sexo feminino. Concernente a comunicação, a maioria
apresentou comunicação verbal (95,2%).
No
gráfico 1, foi analisado a frequência por classificação de todas as crianças
avaliadas no estudo. Foi observado que 16 (76,2%) crianças apresentaram
insuficiência na coordenação, 03 (14,2%) crianças apresentaram perturbações na
coordenação, 01 (4,8%) criança apresentou normalidade na coordenação e 01 (4,8%)
criança apresentou coordenação motora muito boa.
Fonte:
Dados da pesquisa
Gráfico
1 - Classificação da
coordenação motora das crianças com Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)
De
acordo com o teste de Spearman, houve uma correlação
estatisticamente significativa (p-valor = 0,0049) com coeficiente igual a
0,5894 - correlação positiva, ou seja, quanto maior a idade do paciente melhor
é o nível de motricidade global (gráfico 2).
Fonte:
Dados da pesquisa
Gráfico
2 - Dispersão -
Idade x Soma Testes
Quando
comparados os resultados dos testes aplicados agora com o IMC dos pacientes, de
acordo com o teste de Spearman, não houve uma
diferença estatisticamente significativa (p-valor = 0,8097) com coeficiente
igual a 0,0559 – sem correlação, ou seja, o IMC não influencia no nível de
motricidade global das crianças deste estudo. O IMC obteve uma média de 18,76
(gráfico 3).
Fonte:
Dados da pesquisa
Gráfico
3 - Dispersão - IMC
x Soma Testes
Através
deste estudo foi possível observar que a maioria das crianças diagnosticadas
com TEA são do sexo masculino, que quanto maior a idade do indivíduo melhor é o
nível de motricidade global e que o Índice de Massa Corporal não influenciou na
coordenação motora dessas crianças.
A
maioria das crianças com Transtorno do Espectro Autista do presente estudo
(85,7%) foram do sexo masculino corroborando com diversas pesquisas
[3,8,12,13,14]. O fato de o Transtorno
do Espectro Autista ser mais presente nos meninos pode ser explicado por duas
teorias que afirmam existir influência genética, a primeira diz que a
testosterona circulante se liga a receptores cerebrais aumentando a excitação
cerebral, a região da amigdala é a mais afetada, e assim os meninos têm mais
predisposição ao estresse e ao Transtorno do Espectro Autista [15]. A segunda
teoria afirma que algumas regiões do cromossomo Y possuem genes específicos,
por exemplo é SRY (sex determing region
Y) que promove crescimento testicular e atua como modulador da função
catecolaminérgica no SNC por meio da enzima monoaminoxidase
A, que é responsável por quebrar catecolaminas e monoaminas
[16].
O
nível de catecolaminas e seus metabólitos são alterados em pacientes com
Transtorno do Espectro Autista, logo sugere-se que os meninos, por apresentarem
os genes que controlam a regulação, estariam mais susceptíveis. Além do gene
SRY, outros genes presentes no cromossomo Y também possuem expressão cerebral
envolvida no controle da regulação das catecolaminas, e esses genes são
específicos do sexo masculino. Sendo assim, também explicariam o maior
acometimento de meninos com Transtorno do Espectro Autista [16].
A
maioria das crianças avaliadas (76,2%) apresentaram déficit na coordenação o
que corrobora com a pesquisa que avaliou 27 crianças com autismo através do
teste KTK, sendo encontrada a predominância de 18 (67%) das crianças com
déficit na coordenação [12]. Fernandes, Souza e Camargo [13] também avaliaram
20 crianças autistas utilizando o mesmo teste e observaram que 9 (45%) das crianças
apresentaram déficit na coordenação, e no estudo conduzido por Ataíde [5]
encontrou-se 6 (30%) das crianças com déficit na coordenação e 9 (45%) das
crianças com perturbação da coordenação divergindo no presente estudo.
Entretanto, Rodrigues et al. [17] através do mesmo teste e com 14
crianças com o mesmo diagnóstico percebeu que a maioria das crianças
pesquisadas, no caso 10 (71,4%), demonstrou um desenvolvimento normal de sua
coordenação motora, e apenas 4 (28,6%) obtiveram um desenvolvimento classificado
como perturbações na coordenação.
Este
estudo mostrou que quanto maior a idade do indivíduo melhor é o nível de
motricidade global, dados que estão de acordo com o estudo que verificou que no
intervalo de idades dos 11 aos 14 anos tem se uma percentagem maior de crianças
com coordenação normal 5 (27,3%) [5]. Rodrigues et al. [17] encontraram
em sua pesquisa que independentemente da idade, crianças com TEA apresentam
déficits motores claramente expostos. Discordando destes resultados outra pesquisa
que realizou esse teste com 50 crianças de uma escola, e constatou um
decréscimo significativo nos níveis de coordenação em escolares com idade mais
avançada [18].
Foi
observado também que o IMC não influencia no nível de motricidade global das crianças
desta pesquisa dados que discordam com o estudo realizado por Ataíde que
mostrou que nas crianças com obesidade prevaleceu a coordenação motora com
perturbação 9 (77,8%) e nas crianças com IMC normal/sobrepeso prevaleceu a
coordenação motora total normal 5 (45,5%) [5].
Pode-se
considerar como limitação do presente estudo a transversalidade, sugere-se o
acompanhamento dessas crianças para que se tenha uma melhor visão da
coordenação motora delas e sua evolução. Destaca-se que o conhecimento do nível
de coordenação motora das crianças portadoras de TEA é de extrema importância
na elaboração de programas e intervenções motoras visando o desenvolvimento
motor dessas crianças.
Conclui-se
que a criança com TEA apresenta déficit na coordenação motora associada a
disfunções no ritmo, equilíbrio, lateralidade, força, agilidade e velocidade
avaliadas pelo teste KTK. Dessa forma, a avaliação da coordenação motora destas
crianças possibilita a identificação de alterações do desenvolvimento motor,
possibilitando assim uma intervenção precoce para favorecer o desenvolvimento
infantil adequado dessas crianças.
Conflitos
de interesse
Não
há conflitos de interesse
Fontes
de financiamento
Sem
financiamento
Contribuição
dos autores
Concepção
e desenho da pesquisa:
Castro GG, Ferreira DLQ; Coleta de dados: Ferreira DLQ; Análise e
interpretação dos dados: Santos NMF, Castro GG, Ferreira DLQ; Análise
estatística: Santos NMF; Redação do manuscrito: Santos NMG, Castro
GG, Ferreira DLQ; Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo
intelectual importante: Santos NMF, Castro GG