Fisioter Bras.
2023;24(3):292-303
ARTIGO
ORIGINAL
Função
pulmonar, fadiga e qualidade de vida de pacientes oncológicos pediátricos
Pulmonary function, fatigue and quality of life of
pediatric oncologic patients
Giana Berleze Penna1, Luciane Dalcanale
Moussalle1, Bruna Kuhn2, Fabricio Edler
Macagnan1, Jéssica Knisspell de Oliveira1,
Charise Alexandra Fonseca de Mesquita1
1Universidade Federal de Ciências da
Saúde de Porto Alegre, RS, Brasil
2Universidade Federal do Rio Grande do
Sul, Porto Alegre, RS, Brasil
Recebido
em: 16 de fevereiro de 2023; Aceito em: 8 de maio de 2023.
Correspondência: Giana Berleze
Penna, gianapenna@gmail.com
Como citar
Penna GB, Moussalle LD, Kuhn B, Macagnan FE,
Oliveira JK, Mesquita CAF. Função pulmonar, fadiga e qualidade de vida de
pacientes oncológicos pediátricos. Fisioter Bras. 2023;24(3):292-303.
doi: 10.33233/fb.v24i3.5396
Resumo
Objetivo: Avaliar a função pulmonar, a fadiga e
a qualidade de vida de crianças e adolescentes diagnosticados com câncer e
comparar os resultados entre os que estiveram em tratamento oncológico na
internação com os que permaneceram em acompanhamento ambulatorial. Métodos:
Estudo transversal incluindo pacientes oncológicos pediátricos (6-17 anos).
Avaliada a função pulmonar com a espirometria, a fadiga e a qualidade de vida
através do questionário Pediatric Quality of Life. Resultados:
Foram avaliados 50 pacientes, 24 internados para tratamento oncológico e 26 em
atendimento ambulatorial (cinco em fase de manutenção da quimioterapia e 15 em
follow-up). A FP apresentou alteração em 26% dos pacientes, não havendo uma
diferença significativa (p = 0,416) entre os internados (33,3%) e os
ambulatoriais (19,2%), e nem para as variáveis de fadiga. Pacientes internados
não apresentaram diferença na QV em relação aos ambulatoriais (p = 0,309), mas
os pais perceberam pior QV nos pacientes internados (p = 0,046). Foi encontrada
uma concordância moderada (r = 0,669) entre as percepções dos pais (escore
67,65 ± 16,06) e pacientes (escore 74,47 ± 15,42) quanto à QV. Na análise da
fadiga não foi encontrada concordância entre as percepções de pais e pacientes
(r = 0,353), pois eles perceberam-se melhores. Conclusão: Pacientes
oncológicos pediátricos não apresentaram uma alteração significativa de FP,
fadiga e QV, embora quando internados para tratamento, demonstraram uma pior QV
que os acompanhados em ambulatório na percepção de seus pais.
Palavras-chave: oncologia; pediatria, espirometria;
qualidade de vida; fadiga.
Abstract
Objective: To evaluate the pulmonary
function (PF), the fatigue and quality of life (QoL) of children and
adolescents diagnosed with cancer and to compare the results among those who
were in oncological treatment in hospitalization with those who keep in
outpatient follow-up. Methods: Cross-sectional study including pediatric
oncology patients (6-17 years). We evaluated PF with spirometry, fatigue, and
QoL using the Quality of Life Pediatric Questionnaire. Results: Fifty
patients were evaluated, 24 hospitalized for oncological treatment and 26 on
outpatient follow-up (five in the chemotherapy maintenance phase and 15 on
follow-up). PF presented alteration in 26% of patients, not occurring
significant difference (p = 0.416) among inpatients (33.3%) and outpatients
(19.2%), nor for fatigue variables. Inpatients did not present a difference in
QoL in relation to outpatients (p = 0.309), but the parents perceived a worse
QoL in hospitalized patients (p = 0.046). A moderate agreement (r = 0.669) was
found among perceptions of the parents (score 67.65 ± 16.06) and patients
(score 74.47 ± 15.42) in relation to QoL. In the analysis of fatigue, was not
found concordance among the perceptions of parents and patients (r = 0.353),
because they were perceived themselves better. Conclusion: Pediatric
oncology patients did not present significant alterations in PF, fatigue and QoL,
although when hospitalized for treatment, they presented worse QoL than those
monitoring in the outpatient clinic in the perception of their parents.
Keywords: oncology; pediatrics; spirometry;
quality of life; fatigue
Estimativas
da International Agency
for Research on Cancer demonstram que a ocorrência mundial de câncer
infantil é maior do que anteriormente se pensava, sendo cerca de 215.000 tipos
de câncer diagnosticados anualmente em menores de 15 anos [1]. No Brasil, para
o ano de 2023, estima-se 7.930 novos casos de câncer infanto-juvenil. Nesta
faixa etária o câncer corresponde a um grupo variado de doenças, mas
predominantemente as leucemias, tumores de sistema nervoso central e linfomas
[2].
O
câncer infantojuvenil possui uma apresentação clínica
e histológica diferente dos adultos, sem causas definidas, o que torna a sua
prevenção ainda mais complexa. Por isso é essencial o diagnóstico precoce, a
fim de definir um tratamento adequado, que pode ser desde a ressecção tumoral,
até drogas quimioterápicas, radioterapia e transplante de células-tronco hematopoiéticas.
Nesse contexto a internação hospitalar faz parte da rotina desses pacientes,
devido aos períodos de quimioterapia, por intercorrências ou complicações do
tratamento [3].
Além
das repercussões agudas do tratamento, há possibilidade do surgimento de
complicações mais tardias, entre elas destaca-se a perda de massa muscular, a
fadiga, problemas cardiovasculares e pulmonares, alterações metabólicas e
endócrinas, além de disfunções renais e hepáticas. Isso pode refletir na piora
da qualidade de vida (QV) e na redução da capacidade funcional (CF), durante e
após o tratamento, sendo este último o período que as crianças permanecem em
acompanhamento ambulatorial ou follow-up.
Já
no período da internação hospitalar, conforme a intensidade do tratamento e
suas consequências agudas, as crianças possuem uma tendência de permanecer mais
no leito, contribuindo para o imobilismo. Ao retornarem para suas rotinas
domiciliares, as práticas motoras mais rigorosas que mantêm a CF, como correr,
tornam-se mais complexas. É comum que a partir da redução das atividades de
vida diária (AVDs), a criança tenha queixas de
cansaço ou fadiga, dor muscular e dispneia [4,5].
Somado
ao exposto, há os efeitos adversos consequentes da quimioterapia ou associados
à radioterapia que podem levar a disfunções pulmonares, ocasionando lesão
pulmonar intersticial na fase inicial ou subsequente ao tratamento e, a longo
prazo, podem desencadear problemas como fibrose pulmonar ou bronquiolite
obliterante [6]. Desta forma, a identificação precoce de alterações pulmonares,
por meio de técnicas como a espirometria, torna-se relevante no manejo de
intervenções apropriadas para preservação da função pulmonar (FP) destes
pacientes e detecção de complicações pulmonares não-infecciosas [7].
Diante
disso, o objetivo do estudo foi avaliar a função pulmonar, a fadiga e a
qualidade de vida de crianças e adolescentes diagnosticados com câncer e
comparar os resultados entre os que estivessem em tratamento oncológico na
internação com os que permanecessem em acompanhamento ambulatorial.
Trata-se
de um estudo transversal, com pacientes oncológicos pediátricos dos 6 aos 17
anos em tratamento ou em follow-up oriundos de um hospital de referência na
cidade de Porto Alegre (RS), no período de março a setembro de 2017. Foram
excluídos pacientes com comorbidades e déficit cognitivo que restringiam a
realização dos testes, pacientes em cuidados paliativos no momento da avaliação
ou com alguma restrição da equipe médica por falta de condições clínicas
gerais.
Foi
utilizada uma ficha de cadastro para os pacientes, com informações referentes
ao seu diagnóstico e tratamento para identificação do perfil da amostra. Os
pacientes foram avaliados no decorrer da internação hospitalar, e os que
estavam em acompanhamento ambulatorial foram abordados após a consulta médica
de rotina.
A
avaliação da FP foi realizada pela espirometria, utilizando o espirômetro da marca Clement
Clarke One Flow FVC®,
bocais descartáveis e clipe nasal, de acordo com as diretrizes internacionais
[8] para provas de FP. Os pacientes foram orientados pelas avaliadoras (todas
previamente treinadas) a realizar uma inspiração máxima seguida de manobra
expiratória máxima e forçada, em posição sentada, pernas descruzadas e com
posicionamento adequado para obtenção dos parâmetros de pico de fluxo
expiratório (PFE), capacidade vital forçada (CVF), volume expiratório forçado
no primeiro segundo (VEF1) e a relação VEF1/CVF. As manobras foram realizadas
após uma breve demonstração e treinamento, sendo realizadas por no mínimo três
e no máximo sete vezes, com intervalo de um minuto entre elas. Foram utilizados
os 3 melhores valores, levando em consideração os critérios de aceitabilidade e
reprodutibilidade, entre os dois melhores resultados não poderia haver uma
diferença superior a 10%. Os valores da espirometria foram expressos em escore
Z, utilizando-se dados de referência para essa faixa etária [9].
Por
último, foi avaliada a fadiga e a QV da criança, por meio do “Pediatric Quality of Life™ (PedsQL™), que consiste
em um instrumento validado [10] para avaliar a QV relacionada à saúde em
crianças em condições agudas ou crônicas. É aplicado em versões diferentes
conforme as faixas etárias, e também foi realizado com os responsáveis pelas
crianças. O questionário é composto por 23 itens distribuídos nos domínios:
capacidade física, aspecto emocional, aspecto social e atividade escolar. O
questionário que avaliou a fadiga é composto por 18 questões dividido nos
domínios: cansaço geral, relacionado ao sono/descanso e cansaço mental. A
escala é do tipo “Likert”, que possui como opções de
resposta: “nunca”, “quase nunca”, “algumas vezes”, “muitas vezes”, “quase
sempre” (correspondendo a escores de 100, 75, 50, 25, 0) [10].
Para
o cálculo do tamanho de amostra foi considerado um alfa de 5% e poder de 80%,
desvio padrão de 0.17 nas variáveis de FP [11], chegando-se ao tamanho de
amostra de 47 crianças. A análise descritiva dos dados foi realizada através de
média e desvio padrão das variáveis quantitativas e, para as variáveis
qualitativas, frequências e percentuais. A função pulmonar, avaliada através
das medidas de VEF1 e CVF realizadas, foi padronizada e os escores foram
testados se estavam fora da normalidade através de teste t
para uma amostra. Para as comparações entre grupos, foi utilizado teste t de Student ou Qui-quadrado. A
concordância entre percepções de responsáveis e crianças foi avaliada pelo
coeficiente de correlação intraclasse e a comparação
do escore médio através do teste t para amostras pareadas. A significância
estatística adotada foi de 5% e as análises foram realizadas no software SPSS
versão 23.
Do
total de 50 pacientes, 24 estavam internados para tratamento oncológico e 26 em
atendimento ambulatorial, desses, cinco estavam em fase de manutenção da
quimioterapia e 15 em follow-up. Não houve perda amostral, pois todos os
sujeitos que estavam dentro dos critérios de inclusão foram avaliados na sua
integralidade. As principais características dos pacientes e os valores médios
do escore Z estão descritos na Tabela I.
Tabela
I - Características
da amostra
Resultados
apresentados em valores absolutos, exceto onde indicado (*). IMC = Índice de
Massa Corporal; LL = Leucemia Linfoide; LMA = Leucemia Mieloide Aguda; LH =
Linfoma de Hodgkin; LNH = Linfoma Não-Hodgkin; PNET = Tumores Embrionários
Intracranianos e Intraespinhais; VEF1 = Volume
Expiratório Forçado no Primeiro Segundo; CVF = Capacidade Vital Forçada
Em
uma análise geral, a FP apresentou alteração em 26% dos pacientes, não havendo
uma diferença significativa (p = 0,416) entre os internados (33,3%) e os
ambulatoriais (19,2%), e nem para as variáveis de fadiga (p > 0,05).
Entretanto, pacientes internados apresentaram pior QV somente na percepção dos
pais, pois houve uma diferença média de 9 pontos entre os grupos (p = 0,046).
Na percepção dos pacientes, a diferença teve uma média de 4,5 pontos entre os
que estavam internados e os ambulatoriais (p = 0,309).
Com
relação à amostra total, a fadiga e QV não diferiram entre os pacientes com FP
alterada ou normal, (p > 0,05) e o escore de fadiga não apresentou
correlação com a FP (p > 0,05) nessa população.
Na
análise da fadiga (Figura 1), não foi encontrada concordância entre as
percepções de pais e pacientes (r = 0,353), pois eles perceberam-se melhores,
com uma diferença média de 10 pontos no escore do questionário. Quanto à
percepção da QV (Figura 1) dos pais ou responsáveis (escore 67,65 ± 16,06),
esta não diferiu significativamente (p > 0,05) da percepção dos pacientes
(escore 74,47 ± 15,42), demonstrando uma concordância moderada entre eles (r =
0,669).
Figura
1 - Fadiga e
qualidade de vida (PedsQL) na percepção das crianças
e de seus responsáveis
Este
estudo compilou informações referente à avaliação da função pulmonar, fadiga e
qualidade de vida de crianças e adolescentes em tratamento oncológico na
internação hospitalar e também em acompanhamento ambulatorial. Apesar de alguns
pacientes internados apresentarem FP alterada (33,3%), não houve diferença
significativa em relação aos pacientes ambulatoriais. Entretanto, na percepção
dos pais, a QV dos que estavam em tratamento hospitalar é mais prejudicada.
Além disso, na avaliação da fadiga e da QV, as percepções dos pacientes e dos
pais demonstraram concordância.
Os
achados referentes à amostra diferem da literatura, já que a idade média foi
inferior e houve uma pequena predominância do sexo masculino [12,13,14] e de
doença metastática. A leucemia linfoide aguda e o linfoma de Hodgkin foram os
tipos de câncer mais comuns (25%), somente 24% eram tumores sólidos em nosso
estudo, corroborando outros resultados [12] e principalmente com a incidência
de câncer mundial, que em países em desenvolvimento os tipos de câncer mais
prevalentes seguem esta mesma ordem [15].
A
avaliação da FP de crianças e adolescentes em tratamento na internação e em
acompanhamento ambulatorial demonstrou estar alterada em 26% na amostra geral.
No estudo que avaliou FP de 75 sobreviventes de linfoma de Hodgkin e linfoma
não-Hodgkin, foram apresentados resultados semelhantes, pois somente 13% dos
sujeitos apresentaram alteração de FP. Isso sugere que as sequelas pulmonares
induzidas pelo tratamento oncológico podem permanecer assintomáticas por anos
com ou sem alterações na espirometria [16,17]. Diferentemente disso, em outros
dois estudos que avaliaram a FP de 39 sobreviventes de neuroblastoma
de alto risco e o outro de 143 sobreviventes de cânceres infantis foi encontrada
redução da FP em 79% e 65%, respectivamente [18,19]. Isto demonstra que mesmo
em sobreviventes é possível encontrar alterações pulmonares, e que pacientes
submetidos a protocolos com drogas de toxicidade pulmonar mais elevada
necessitam de maior controle pela equipe de saúde. A radiação torácica somada
às metástases pulmonares e o transplante de células-tronco hematopoiéticas
também são fatores que parecem predispor essa população a ter alterações de FP
[19,20,21,22,23]. Em nossa amostra não houve pacientes que tivessem recebido alguma
dessas terapias, e somente um sujeito avaliado tinha diagnóstico de metástases
pulmonares com FP alterada.
Ainda
assim, são escassas as comparações de FP entre pacientes internados para
tratamento com pacientes acompanhados regularmente em ambulatório. Entretanto,
ao comparar crianças sem diagnóstico oncológico com pacientes em manutenção de
quimioterapia, foi constatado não haver diferença significativa entre a FP de
ambos [6].
Poucos
estudos foram encontrados avaliando a fadiga através do PedsQL
juntamente com a QV. No estudo de Erickson et al. [24] foi mensurada a
fadiga de 20 adolescentes recebendo quimioterapia por 5 semanas, na primeira
semana, o escore foi de 69,45 ± 17,30 e na última semana, 72,45 ± 20,02, o que
difere dos nossos achados (escore 79,16 ± 11,53). Outro estudo [25] que
utilizou a Escala Multidimensional de Fadiga comparou adolescentes saudáveis
com adolescentes acometidos por câncer, evidenciando que as classificações de
fadiga foram mais coerentes para adolescentes com câncer e seus cuidadores em
relação aos adolescentes saudáveis. Isso pode ser justificado em parte pelos
pais estarem mais sintonizados com a saúde de seus filhos e hipervigilantes
ao câncer e sintomas do tratamento. Contudo este resultado sugere que os
cuidadores de pacientes com câncer tendem a notar um maior impacto da fadiga
comparando-se com o relato das próprias crianças e adolescentes (69,05 ± 17,25
versus 79,16 ± 11,53).
Semelhante
aos resultados encontrados no nosso estudo, a percepção das crianças referente
à QV atingiu um escore maior que 70 pontos, e o estudo de Pogorzala
et al. [26] revelou que, de modo geral, ela não foi significativamente
menor nesta população quando comparada a outras populações. Em um estudo [27]
que buscou avaliar a concordância entre os dois tipos de relatos
e identificar fatores influenciadores das divergências,
encontrou-se que o escore médio do PedsQL em relação
a percepção da criança de 66,0 ± 13,3, e a dos pais 60,3 ± 15,0, divergindo
muito pouco entre ambas as percepções. Apesar de a literatura evidenciar mais
frequentemente a questão da concordância entre as percepções [26,28,29], nossos
resultados mostraram que crianças internadas possuem uma pior QV na visão dos
pais, demonstrando que as crianças se avaliam com boa QV independentemente do
momento do tratamento, sendo que seus pais compreendem a internação hospitalar
como uma influência negativa na QV de seus filhos.
Nesse
contexto, a fisioterapia possui uma vantagem em propor uma terapêutica para
essa população, pois as crianças parecem suportar bem o tratamento mesmo
estando internadas. Esta inserção ocorre desde a internação hospitalar até o
acompanhamento ambulatorial para prevenir acometimentos pulmonares e a síndrome
do imobilismo, através da manutenção das AVD. A partir disso, a atenção
fisioterapêutica a esses pacientes pode estar contribuindo para uma melhor QV e
um incremento da CF/cardiorrespiratória, uma vez que evidências científicas,
mesmo ainda com estudos pequenos, apontam que o exercício físico na oncologia
pediátrica promove aumento da aptidão cardiorrespiratória e redução da fadiga
[30].
A
grande maioria das crianças e adolescentes em nosso estudo realizaram
fisioterapia durante a internação e receberam orientações referentes à
atividade física durante o acompanhamento fisioterapêutico ambulatorial, o que
pode ter contribuído para essa manutenção da QV. Estudos ainda sugerem que uma
intervenção a domicílio, em pacientes com leucemia que estão em terapia de
manutenção, poderia contribuir para um melhor condicionamento cardiovascular
devido a maior atividade física, o que poderia ser avaliado em estudos futuros
[6].
Uma
das limitações do nosso estudo foi a falta de homogeneidade amostral, incluindo
diferentes faixas etárias, tipos de câncer, protocolos de quimioterapia e
períodos de tratamento. Somado ao exposto, não foi possível ter acesso a todas
drogas utilizadas nos protocolos quimioterápicos, principalmente devido a
algumas possuírem toxicidade pulmonar. Há necessidade de mais estudos na área
que avaliem FP, fadiga e QV em grupos mais homogêneos, pois as pesquisas nessa
área possuem muitas peculiaridades, por possuir pacientes que exigem uma
abordagem terapêutica extremamente individualizada, conforme apresentação clínica
e comportamento da doença ao longo do tratamento.
Portanto,
pacientes oncológicos pediátricos não apresentaram uma alteração significativa
de FP, fadiga e QV, embora, quando internados para tratamento, demonstraram uma
pior QV que os acompanhados em ambulatório na percepção de seus pais.
Vinculação
acadêmica
Este
artigo representa o trabalho de conclusão de residência multiprofissional em
atenção ao câncer infantil de Giana Berleze Penna,
orientado pela professora Drª Luciane Dalcanale Moussalle na
Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre e Hospital da Criança
Santo Antônio, Porto Alegre, RS.
Conflito
de interesses
Não
há conflitos de interesses
Fontes
de financiamento
Programa
Nacional de Bolsas de Residência Multiprofissional do Ministério da Educação,
Governo Federal do Brasil.
Contribuições
dos autores
Concepção
e desenho da pesquisa:
Penna GB, Moussalle LD; Obtenção de dados:
Penna GB, Mesquita CAF, Oliveira JK; Análise e interpretação dos dados:
Penna GB, Moussalle LD, Macagnan
FE; Análise estatística: Moussalle LD, Macagnan FE; Obtenção de financiamento: Penna GB; Redação
do manuscrito: Penna GB, Mesquita CAF, Oliveira JK; Revisão crítica do
manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Macagnan
FE, Penna GB, Moussalle LD