Fisioter Bras.
2023;24:(4):426-43
ARTIGO
ORIGINAL
Análise
da marcha na osteoartrite de quadril e joelho, após intervenção
fisioterapêutica em grupo: ensaio clínico
Gait analysis in hip and knee osteoarthritis after
group physiotherapeutic intervention: clinical trial
Alany Gabrielli
Leite1, Beatriz Batista Vicente1, Ariel Aparecido da Cruz
Souza1, Beatriz Neves Francisco1, Caroline Pancieri Martucci1, Gustavo Yuji
Watanabe1, Cristina Elena Prado Teles Fregonesi1,
Alessandra Madia Mantovani2
1Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho (UNESP), Presidente Prudente, SP, Brasil
2Toledo Prudente Centro Universitário,
Presidente Prudente, SP, Brasil
Recebido
em: 13 de abril de 2023; Aceito em: 14 de julho de 2023.
Correspondência: Alany Gabrielli Leite, alany.leite@unesp.br
Como citar
Leite AG, Vicente BB, Souza AAC, Francisco BN, Martucci CP, Watanabe GY,
Fregonesi CEPT, Mantovani AM. Análise da marcha na osteoartrite de quadril e
joelho, após intervenção fisioterapêutica em grupo: ensaio clínico. Fisioter
Bras. 2023;24(4):426-43. doi: 10.33233/fb.v24i4.5447
Resumo
Introdução: A osteoartrite (OA) de quadril e
joelho tem, dentre as principais consequências, alterações na marcha e no
equilíbrio. Estudos têm mostrado que a prática de exercícios físicos é
recomendada para diminuição dos sintomas de indivíduos com OA. Objetivo:
Avaliar o efeito da utilização de um protocolo de intervenção sobre equilíbrio
corporal durante a marcha em indivíduos com OA de joelho e/ou quadril,
realizado em grupo. Métodos: Foram incluídos no estudo 18 pacientes com
idade igual ou superior a 50 anos com diagnóstico de OA de quadril e/ou joelho.
O tratamento totalizou 10 sessões, sendo duas sessões por semana, com objetivos
pré-definidos para cada semana, sendo realizada uma avaliação antes e após a
intervenção. Para a avaliação foi utilizada a escala EVA para dor, questionário
LEFS para avaliar funcionalidade, além da avaliação do equilíbrio durante a
marcha por meio da análise de parâmetros temporais da marcha com auxílio do baropodômetro eletrônico. Resultados: Após
realização das análises, verificou-se resultados significantes para a dor em
movimento (p = 0,016), função (p = 0,010) e apoio simples (p = 0,011).
Conclusão: Após a realização do protocolo de intervenção realizado em grupo por
10 sessões, houve melhora estatisticamente significativa das variáveis dor em
movimento, funcionalidade, através do questionário LEFS e apoio simples da
marcha.
Palavras-chave: Fisioterapia; equilíbrio; marcha;
osteoartrite.
Abstract
Introduction: Osteoarthritis
(OA) of the hip and knee has, among the main consequences, changes in gait and
balance. Studies have shown that the practice of physical exercises is
recommended to reduce the symptoms of individuals with OA. Objective: To
evaluate the effect of using an intervention protocol on body balance during
gait in individuals with knee and/or hip OA, carried out in a group. Methods:
Eighteen patients aged 50 years or older with a diagnosis of hip and/or knee OA
were included in the study. The treatment totaled 10 sessions, two sessions per
week, with pre-defined objectives for each week, with an evaluation being
carried out before and after the intervention. For the evaluation, the VAS
scale for pain, the LEFS questionnaire to assess functionality were used, in
addition to the assessment of balance during gait through the analysis of temporal
parameters of gait with the aid of an electronic baropodometer.
Results: After performing the analyses, there were significant results
for pain on movement (p = 0.016), function (p = 0.010) and simple support (p =
0.011). Conclusion: After carrying out the intervention protocol carried
out in a group for 10 sessions, there was a statistically significant
improvement in the variables pain on movement, functionality, through the LEFS
questionnaire and simple gait support.
Keywords: Physiotherapy, balance, gait,
osteoarthritis.
A
osteoartrite (OA) é um distúrbio musculoesquelético de causa multifatorial, com
evolução lenta e gradual, relacionada com o processo de envelhecimento [1]. É
caracterizada pela degeneração da cartilagem articular, remodelação óssea,
formação de osteófitos e inflamação sinovial,
ocasionando dor, rigidez, inchaço e incapacidade funcional [2].
Considerada
um grande problema de saúde pública, pelo fato de ser apontada como a doença
articular mais comum [3]. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a
incidência da OA no mundo e na população acima de 60 anos de idade é de
aproximadamente 18% e 10%, respectivamente, para mulheres e homens, afetando
cerca de 240 milhões de pessoas por todo o mundo [4]. A OMS estima que 130
milhões de pessoas sofrerão de OA em todo o mundo, até o ano de 2050, dessas,
40 milhões estarão gravemente incapacitadas [5].
Embora
possa afetar todas as articulações, quadril e joelho são as articulações mais
acometidas, estima-se que a articulação do joelho corresponde a 60,6% da
população afetada pela OA, enquanto o quadril afeta 5,5% dessa população [6,7].
Dentre as principais consequências da OA de quadril e joelho estão as
alterações na marcha e no equilíbrio [8]. A marcha é uma atividade funcional
importante e apresenta-se muitas vezes alterada em indivíduos idosos com
presença de OA de joelho [9]. Em relação às variáveis dos parâmetros espaços
temporais, também apresentam alterações na velocidade habitual de marcha, apoio
simples e aumento da fase de duplo apoio [9]. Conforme o grau de OA aumenta,
maior é a dificuldade do paciente em manter o equilíbrio, visto que os
pacientes com OA de joelho apresentam fraqueza do músculo quadríceps femoral
que provoca uma desarmonia entre os grupos musculares, alterando o equilíbrio e
controle postural, culminando para o aumento do risco de quedas [10,11].
Os
tratamentos podem variar, incluindo farmacoterapia, fisioterapia e cirurgia. No
entanto, a farmacoterapia apresenta efeitos colaterais, além de dependência
física e psíquica, a longo prazo. Enquanto a cirurgia é recomendada apenas para
pacientes com OA em estágio final, ou seja, quando a cartilagem praticamente
desapareceu e o espaço entre os ossos é quase inexistente [12].
O
tratamento por meio da fisioterapia, apresenta melhor custo-benefício. Os
exercícios são uma forma de tratamento de primeira linha defendida pelas
diretrizes da OA, os quais ajudam a reduzir a dor, melhorar a função física e
aumentar a qualidade de vida dos pacientes, principalmente, por meio de
fortalecimento muscular [13].
Ademais,
não são encontradas muitas referências na literatura científica sobre a
realização de exercícios em grupo, porém tem se mostrado interessante, devido a
utilização de poucos recursos financeiros e tecnológicos e, também, por
promover interação social entre os pacientes e alcançar os mesmos resultados do
tratamento individual [14].
Hipotetiza-se que um programa de exercícios em grupo
para indivíduos com OA de quadril e/ou joelho pode promover melhora da marcha,
por meio de exercícios; além da melhora dos sintomas musculoesqueléticos e
psicossociais, pela interação entre os indivíduos; bem como maior satisfação,
por diminuir o tempo de espera pelo tratamento fisioterapêutico.
Neste
sentido, o objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito da utilização de um
protocolo de intervenção sobre equilíbrio corporal durante a marcha em
indivíduos com OA de joelho e/ou quadril, realizado em grupo. No contexto do
que é atualmente preconizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS), foram
realizadas 10 sessões de intervenção.
Foi
realizado um ensaio clínico não aleatorizado no Centro de Estudos e de
Atendimentos em Fisioterapia e Reabilitação (CEAFIR), vinculado ao Laboratório
de Estudos Clínicos em Fisioterapia (LECFisio), da
Faculdade de Ciências e Tecnologia (FCT/UNESP). Este estudo foi aprovado pelo
comitê de ética em pesquisa, com número CAAE 20273419.7.0000.5402. Previamente,
os pacientes foram devidamente informados sobre os procedimentos e objetivos
deste estudo e, após concordarem, assinaram um termo de consentimento livre e
esclarecido.
Amostra
e critérios de elegibilidade
Foram
incluídos no estudo participantes com idade igual ou superior a 50 anos, de
ambos os sexos, com diagnóstico médico de OA de quadril e/ou joelho e que não
utilizassem dispositivos auxiliares de locomoção. A amostra foi incorporada por
conveniência e procura espontânea no CEAFIR, após divulgação nas redes sociais.
Os
critérios de exclusão consistiram em histórico de fraturas nos membros
inferiores nos últimos cinco anos, artroplastia
parcial ou total de quadril ou joelho, pontuação abaixo de 25 no questionário Lower Extremity Functional Scale (LEFS),
realização de tratamento fisioterapêutico nos últimos três meses para OA de
quadril ou joelho, ou que apresentassem alguma doença neurológica ou ortopédica
nos membros inferiores que limitasse a realização de exercícios.
Devido
à pandemia por Covid-19, previamente ao momento da sessão de atendimento
fisioterapêutico, os participantes passaram por um processo de higienização das
mãos e verificação da temperatura. Apenas entravam aqueles sem sinais de febre
e sem sintomas gripais. Para a realização do protocolo de intervenção, a
amostra foi dividida em dois grupos, respeitando o protocolo de distanciamento
social e uso de máscara durante as sessões. O tratamento totalizou 10 sessões,
sendo duas sessões por semana, com objetivos pré-definidos para cada semana. Os
participantes passaram por uma sessão de avaliação e reavaliação antes e após
esse período de intervenção, respectivamente.
Instrumentos
de avaliação
Inicialmente,
foi realizada uma avaliação dos participantes para coleta de dados pessoais
(nome, sexo, idade, ocupação) e antropométricos (altura, peso corporal, índice
de massa corporal (IMC).
Em
seguida, um questionário de funcionalidade Lower Extremity Functional Scale (LEFS) foi aplicado. Estes dados foram utilizados
para realização da caracterização da amostra e para verificação dos pacientes
nos critérios de inclusão. Posteriormente, foi aplicada a Escala Visual
Analógica (EVA) para avaliação da dor e realizada a Avaliação da Marcha, pela
Plataforma Footwalk Pro.
Lower Extremity Functional Scale (LEFS)
Questionário
traduzido e adaptado para a população brasileira, utilizado com o intuito de
avaliar a funcionalidade dos membros inferiores, composto de 20 questões
relacionadas às atividades de vida diária, cada uma pontuada de zero a quatro,
totalizando 80 pontos. Pontuações maiores indicam melhores condições de
funcionalidade [15]. Ressalta-se que pontuações inferiores a 48 pontos
significam um grave comprometimento de funcionalidade em pessoas com
osteoartrite de joelho e quadril [16].
Escala
Visual Analógica da Dor (EVA)
A
EVA é uma escala de rápida e de fácil aplicação, com o objetivo de mensurar a
intensidade da dor. Feita em uma linha reta numerada entre o número zero e dez,
onde zero significa ausência de dor e dez significa dor máxima suportada pelo
paciente. A dor é mensurada tanto no repouso quanto durante o movimento [17].
(Figura 1)
Figura
1 – Escala Visual
Analógica (EVA)
Avaliação
da Marcha - Plataforma Footwalk Pro
A
avaliação da marcha foi realizada no baropodômetro
eletrônico, composto por uma plataforma de dois metros de comprimento,
totalizando uma pista com cinco metros de comprimento, permitindo assim a
aceleração e desaceleração durante a marcha nos momentos iniciais e finais. As
análises foram realizadas com o auxílio do Software FootWork
Pro, versão 3.2.0.1. Cada sujeito foi instruído a deambular descalço pela
plataforma por seis vezes seguidas. Foram capturados, automaticamente pelo
software, dados de seis ciclos completos da marcha referentes aos dois metros
intermediários da pista.
Quanto
aos parâmetros espaço-temporais da marcha, foi analisado o tempo total do ciclo
(intervalo compreendido entre o choque dos calcanhares homolaterais). Os parâmetros
da organização temporal da fase de apoio da marcha foram capturados e
transformados em valores percentuais do ciclo da marcha: período total de
apoio, período de duplo apoio (soma dos períodos que ambos os pés tiveram em
contado com o solo durante um passo), apoio simples, comprimento do passo,
comprimento da passada e velocidade [18,19,20]. Esses dados foram fornecidos
automaticamente pela plataforma, com exceção da velocidade que precisa ser
calculada manualmente (Figura 2).
Os
itens foram avaliados antes e após a aplicação do protocolo de intervenção.
Figura 2 – Software
FootWork Pro versão
3.2.0.1. (A)
Representação da duração do período de apoio simples e duplo apoio, sendo o
traçado vermelho representativo do membro esquerdo e o traçado verde, do membro
direito. (B) Representação da análise do ciclo da marcha
Intervenção
A
intervenção consistiu na aplicação de um protocolo de treinamento de cinco
semanas, com objetivos pré-definidos para cada semana. 1ª semana: exercícios
focados no ganho de mobilidade, envolvendo movimentos ativos dos membros
inferiores, alongamentos balísticos, oscilações e adoção de diferentes
posições. 2ª semana: ganho de mobilidade e exercícios de resistências,
adicionando caneleiras, e envolvendo exercícios ativos de membros inferiores.
3ª semana: somente exercícios de resistência, com maior intensidade do que na
semana anterior. 4ª semana: exercícios de resistência e incluídos exercícios
funcionais, que simularam situações de desgastes musculoesqueléticos nas
atividades de vida diária. 5ª semana: exercícios funcionais com maior
intensidade e adicionados exercícios para treino de equilíbrio (Quadro 1).
Quadro
1 - Protocolo de
tratamento fisioterapêutico em grupo para osteoartrite de joelho e/ou quadril
Análise
estatística
Inicialmente,
os dados tabulados foram organizados em planilhas e as análises estatísticas
foram realizadas por meio do software SPSS (versão 19.0). Cada variável passou
pelo teste de Kolmogorov-Smirnov para testar sua
distribuição e, em seguida, tendo distribuição normal, o efeito do programa foi
testado por meio do teste t de Student para amostras
pareadas ou, se não-paramétrico, teste de Wilcoxon.
Os dados obtidos foram apresentados por meio de estatística descritiva por
médias, desvio padrão e o p-valor referente a cada análise.
O
estudo contou com 27 participantes, sendo sete homens (26%) e 20 mulheres (74%)
com média de idade de 64,19 ± 8,33 anos. Esses participantes apresentavam em
média 80,96 ± 14,97 kg, 1,59 ± 0,09 m e índice de massa corporal 32,23 ± 4,57
kg/m2. Após a perda amostral (por faltas ou desistência) do primeiro para o
segundo momento de avaliação (após intervenção), a amostra contou com 18
participantes para os testes de comparação.
Os
resultados da Escala Visual Analógica (EVA) em relação a dor em repouso e
movimento e função (LEFS), estão representados na Figura 3.
Os
dados referentes a Figura 4 compreendem a apresentação das análises colhidas
nas avaliações antes e após a aplicação do protocolo de intervenção, para os
parâmetros espaços temporais da marcha (apoio total, duplo apoio, apoio
simples, tempo do ciclo, comprimento do passo, comprimento da passada e
velocidade).
Após
realização das análises, verificaram-se resultados significativos para a dor em
movimento (p = 0,016), função (p = 0,010) e apoio simples (p = 0,011).
A
análise categórica da relação duplo apoio/apoio simples mostra que, antes da
intervenção, 10 pessoas apresentavam valores superiores a 0,50 nessa relação e
no momento após a intervenção proposta caiu para cinco pessoas (p = 0,022).
Mostraram-se
estatisticamente significantes os resultados dos valores de EVA em movimento (p
= 0,016), funcionalidade verificada pelo questionário LEFS (p = 0,010) e apoio
simples da marcha (p = 0,011). Já nas variáveis EVA em repouso, apoio total,
duplo apoio, tempo do ciclo, comprimento do passo, comprimento da passada,
velocidade e relação duplo apoio/apoio simples apresentam melhoras em seus
escores, mas não significativas. Dessa forma, é possível observar o efeito do
protocolo aplicado sobre os parâmetros de dor, funcionalidade e marcha.
A
redução da dor em repouso não se mostrou significativa, contrária ao autorrelato da dor em movimento, que se mostrou
significante. No estudo de Neta et al. [21], foi observada melhora da
dor, em pacientes submetidos a um programa de exercícios resistidos durante 12
semanas, realizados duas vezes por semana. Portanto, pode-se afirmar que os
protocolos com exercícios se mantêm recomendáveis para a melhora da dor.
A
função verificada pelo questionário LEFS mostrou que o exercício físico para
essa população produz melhora da funcionalidade, o que vai ao encontro da
revisão sistemática realizada por Turner et al. [22] na qual os autores
observaram melhora da função dos pacientes submetidos a um protocolo de
exercícios resistido; 11 estudos presentes na revisão sistemática revelaram que
o treinamento de resistência melhorou a função física. O protocolo mais comum
foi uma sessão de 30 a 60 minutos de 2 a 3 séries de 8 a 12 repetições, com
resistência inicial de 50% a 60% da resistência máxima que progrediu ao longo
de 3 sessões por semana durante 24 semanas. Desta forma, entende-se que os
protocolos de exercícios resistidos são eficazes na recuperação da
funcionalidade de pacientes com OA, dentro do período de cinco semanas.
Contudo, a avaliação da função usada no artigo foi realizada com o questionário
WOMAC (Western Ontario and McMasterUniversities),
enquanto no presente estudo, foi utilizado o questionário LEFS.
Já
a melhora do equilíbrio dinâmico durante a marcha não se mostrou significativa
estatisticamente, quando analisados os parâmetros espaços temporais da marcha,
como fase de duplo apoio, apoio total e tempo do ciclo, realizadas através do baropodômetro eletrônico. Porém, o apoio simples se mostrou
significativamente menor após o protocolo de intervenção, o que pode indicar
mais estabilidade e equilíbrio durante a marcha. O estudo de revisão
sistemática realizado por Mat et al. [23]
mostrou resultados positivos para a melhora do equilíbrio em pacientes com OA
de joelho submetidos a treinamento de força. O estudo realizado por Takacs et al. [24] mostrou que exercícios com pesos
e aeróbicos obtiveram resultados positivos na velocidade de caminhada do grupo
de intervenção, otimizando o controle neuromuscular da articulação do joelho,
levando a diminuição do risco de quedas [24].
No
entanto, estudos que utilizam o baropodômetro
eletrônico para análise das variáveis espaços temporais
da marcha em pacientes com OA de quadril e joelho, ainda são escassos,
dificultando a discussão dessas variáveis como resultados no risco de quedas
destes indivíduos. Na literatura, os estudos mais comuns que utilizam esse tipo
de tecnologia são os realizados em indivíduos com doença de Parkinson [25] e
neuropatia diabética [20].
O
presente estudo utilizou um protocolo de tratamento com 10 sessões, entretanto
na literatura há protocolos com um número maior de sessões que podem contribuir
ainda mais para a melhora desses pacientes, como corroborado na revisão
sistemática do Raposo et al. [26], que elegeu 8 estudos comparativos.
Aparentemente, as 10 sessões que normalmente são recomendadas no SUS precisam
ser revistas para certos desfechos.
O
estudo possui algumas limitações, como o número de paciente (27 pacientes), foi
uma amostra pequena devido ao cenário da pandemia da Covid-19 que
impossibilitou o estudo de ser aplicado em grupos maiores de pessoas. Outro
fator limitante foi o período de intervenção do estudo que para obter
resultados mais eficazes, seria necessárias mais de 10 sessões de atendimentos,
fator esse também impossibilitado pela pandemia. Porém, ainda assim o estudo
traz consigo bons frutos para área das ciências da saúde e que mesmo com as
limitações citadas anteriormente o estudo obteve bons resultados.
Portanto,
após a realização do protocolo de intervenção, realizado em grupo por 10
sessões, houve melhora estatisticamente significativa das variáveis dor em
movimento, funcionalidade, através do questionário LEFS e apoio simples da
marcha. O estudo não obteve melhora significativa nas outras variáveis da
marcha, porém houve melhoras no tempo de apoio total, duplo apoio, tempo de
ciclo, comprimento do passo e comprimento da passada da marcha desses
indivíduos, o que pode indicar uma melhora em relação ao risco de quedas.
Vinculação
acadêmica
Este
artigo representa parte da Monografia de Alany Gabrielli Leite, orientada pela professora Dra Cristina Elena Prado Teles Fregonesi
na Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.
Conflito
de interesses
Os
autores declaram não haver conflito de interesses.
Financiamento
Este
trabalho foi desenvolvido com financiamento próprio.
Contribuição
dos autores
Concepção
e desenho da pesquisa:
Leite AG, Fregonesi CEPT; Obtenção de dados:
Leite AG, Souza AAC, Francisco BN, Martucci CP,
Watanabe GY; Análise e interpretação dos dados: Vicente BB, Mantovani
AM; Análise estatística: Mantovani AM; Redação do manuscrito:
Vicente BB, Leite AG; Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo
intelectual: Leite AG.