Fisioter Bras. 2023;24:(5):605-17
ARTIGO
ORIGINAL
Perfil
da atuação dos Agentes Comunitários de Saúde quanto às sequelas pós COVID-19 em
Santarém/PA
Profile of the performance of Community Health Workers
regarding post-COVID-19 sequelae in Santarém/PA
Tafne Moraes Pereira, Yaritsa
Gabrielly da Silva Campos, Eliane Ferreira Marinho, Daliane Ferreira Marinho
Universidade
do Estado do Pará (UEPA), Santarém, PA, Brasil
Recebido
em: 15 de maio de 2023; Aceito em: 28 de setembro de 2023.
Correspondência: Yaritsa Gabrielly da Silva Campos, gabriellyyaritsa@gmail.com
Como citar
Resumo
Introdução: No cenário pandêmico da COVID-19, os
Agentes Comunitários de Saúde (ACS) garantiram a oferta de assistência a
população. Entretanto, muitos não receberam o devido treinamento para atuarem
de forma mais segura e em relação as sequelas sistêmicas que a infecção poderia
ocasionar. Objetivo: avaliar o conhecimento dos ACS antes e após a
oferta de uma capacitação a respeito das sequelas da COVID-19 e como ocorreu a
sua atuação durante o momento mais crítico da pandemia. Métodos: Pesquisa
primária, quantitativa, de caráter descritivo, com coleta de dados realizada a
partir da aplicação de dois questionários padronizados e estruturados com
perguntas fechadas. Resultados: A amostra foi composta por n = 37 ACS
atuantes em UBS da área urbana da cidade, sendo 94% do sexo feminino, com mais
de 5 anos de atuação. 89% deles relataram não ter recebido treinamento adequado
sobre a COVID-19 e suas sequelas, e 84% contraíram o vírus. Sobre os sintomas, apontaram
perda de olfato, dor de cabeça, tosse seca, febre e perda do paladar como mais
recorrentes, e reconheceram doença pulmonar prévia e doença renal como as
comorbidades que mais propiciam o desenvolvimento do quadro complexo da
infecção. Entre as sequelas, destacaram ansiedade e fadiga muscular
generalizada. Afirmaram que direcionam a população à UBS quando percebem tais
sequelas. Conclusão: Os ACS obtinham um conhecimento prévio generalizado
acerca das sequelas da COVID-19, o qual se tornou um pouco mais profundo após a
capacitação oferecida, além de elucidarem a sua rotina de trabalho durante o
período de pico pandêmico da COVID-19.
Palavras-chave: agentes comunitários de saúde;
COVID-19; capacitação em serviço.
Abstract
Introduction: In the COVID-19
pandemic scenario, Community Health Workers (CHW) guaranteed the provision of
assistance to the population. However, many did not receive proper training to
act more safely and in relation to the systemic sequelae that the infection
could cause. Objective: To assess the knowledge of CHWs before and after
offering training on the sequelae of COVID-19 and how they acted during the
most critical moment of the pandemic. Methods: Primary, quantitative,
descriptive research, with data collection performed from the application of
two standardized and structured questionnaires with closed questions. Results:
The sample consisted of n=37 CHW working in UBS in the urban area of the city,
94% female, with more than 5 years of experience. 89% of them reported not having
received adequate training on COVID-19 and its sequelae, and 84% contracted the
virus. Regarding the symptoms, they pointed out loss of smell, headache, dry
cough, fever and loss of taste as the most recurrent and recognized previous
lung disease and kidney disease as the comorbidities that most favor the
development of the complex picture of the infection. Among the sequelae,
anxiety and generalized muscle fatigue were highlighted. They stated that they
direct the population to the UBS when they perceive such consequences. Conclusion:
The CHWs obtained generalized prior knowledge about the consequences of
COVID-19, which became a little deeper after the training offered, in addition
to clarifying their work routine during the peak period of the COVID-19
pandemic.
Keywords: community health workers;
COVID-19; inservice training.
O
Agente Comunitário de Saúde (ACS) destaca-se como o mediador entre os serviços
de saúde e a comunidade [1].
No cenário pandêmico ocasionado pelo vírus
SARS-CoV-2,
os ACS garantiram um serviço ampliado em relação
à prevenção e promoção de
saúde ao corpo social, pois a infecção
respiratória podia variar de um quadro
assintomático a uma síndrome de desconforto
respiratório agudo potencialmente
fatal [2].
Com
isso, a realidade dos ACS foi ajustada durante a pandemia mediante o contexto
epidemiológico de cada região e sua atuação variava desde o reconhecimento das
áreas de riscos até o auxílio aos infectados e detecção dos sinais e sintomas
da doença [3,4]. Nesse sentido, com o avanço da doença, estudos afirmaram que o
SARS-CoV-2 poderia produzir uma série de alterações e distúrbios nos diferentes
tecidos do corpo em virtude da resposta inflamatória [5,6].
Essas
alterações podem se apresentar nos diversos sistemas do corpo humano e vem
sendo notadas pelos acometidos e estudadas pelos pesquisadores, porém, ainda
são raros os estudos nessa temática. Dessa forma, o conhecimento dos ACS acerca
das sequelas pós-COVID faz-se necessário, pois como profissional de primeiro
contato, pode identificar e abordar moradores que demonstram desenvolvimento de
sequelas e assim direcioná-los a unidade de saúde para iniciar o tratamento
precoce, e evitar possíveis agravamentos.
Nesse
sentido, a oferta de capacitações frequentes a esses profissionais da saúde é
sempre necessária, sobretudo no cenário relacionado ao vírus que até então era
desconhecido, o da COVID-19. Então, além de informá-los sobre o vírus e sua
forma de infecção, a partir de certo momento da pandemia se tornou necessário
ainda informá-los a respeito das sequelas advindas pós-infecção. Para que assim
pudessem também estar aptos a atuar de forma fidedigna na sua detecção e
encaminhamento a reabilitação.
Dessa
forma, este estudo se propôs a mensurar o conhecimento dos ACS antes e após uma
capacitação a respeito das sequelas da COVID-19, a fim de verificar o nível de
eficiências de momentos como este. Além de fazer um levantamento quanto ao
perfil laboral destes profissionais durante a pandemia, haja vista que em todo
país estes profissionais foram e continuam sendo de suma importância para a
vigilância em saúde, mas que, no entanto, não receberam a atenção devida para
capacitá-los. Isso devido a inúmeros fatores relacionados ao período turbulento
da gestão da saúde durante os momentos críticos da pandemia.
Tipo
de estudo e local da pesquisa
Tratou-se
de uma pesquisa primária, quantitativa e de caráter descritivo, realizada no
período de setembro e outubro de 2022. Foi realizada a aplicação de dois
questionários padronizados, que visavam levantar o conhecimento dos ACS das UBS
centrais da cidade de Santarém/PA (UBS Aparecida/Caranazal,
UBS Mapiri/Liberdade, UBS Jardim Santarém e UBS
Fátima/Aldeia/Laguinho) a respeito das sequelas da COVID-19.
Caracterização
da amostra
A
pesquisa utilizou de amostragem não-probabilística do tipo intencional tendo
como público alvo os ACS das UBS centrais da cidade de Santarém/Pará, devido a
estas estarem responsáveis pela cobertura de bairros com grande número
populacional e estarem cobrindo uma ou mais região, além do número de
profissionais atuantes. A amostra foi composta por um n=37 de ACS.
Critérios
de inclusão e exclusão
Foram
incluídos no estudo ACS ativos nas UBS durante o período pandêmico, de ambos os
sexos, que aceitassem participar do estudo, assinassem o Termo de consentimento
livre e esclarecido (TCLE) e que respondessem aos dois instrumentos de coleta
de dados de forma completa, ou ao primeiro instrumento de forma completa. E
foram excluídos os ACS com menos de seis meses de atuação na região e que não
participaram das capacitações oferecidas.
Instrumento
de dados da coleta e etapas da pesquisa
Após
o aceite da Secretaria Municipal de Saúde para realização do estudo nas UBS
escolhidas, houve uma conversa com os enfermeiros responsáveis para reunir os
ACS. No primeiro momento reunidos, foi realizada uma conversa inicial sobre o
projeto, seguido da aplicação do TCLE para aqueles que aceitarem fazer parte da
pesquisa e do primeiro questionário, que investigava sobre os conhecimentos
prévios dos ACS acerca das sequelas da COVID-19, além de características
sociodemográficas destes.
Na segunda etapa ocorreu o momento de
capacitação dos ACS através de palestras com recursos audiovisuais, entrega de
folders e momento de discussão do tema, bem como esclarecimento de dúvidas
acerca das abordagens e encaminhamentos necessários nos casos de pessoas que
apresentem sequelas da COVID-19 na comunidade.
Em
um terceiro momento, após três semanas da segunda etapa, foi realizada a
aplicação de um segundo questionário referente aos assuntos abordados durante o
momento de capacitação dos ACS, com perguntas acerca do efeito deste sobre a
sua compreensão dos sinais e sintomas das sequelas da COVID-19 em pessoas que
residiam na comunidade em que atuavam. Esse segundo questionário foi aplicado a
fim de poder analisar o efeito da capacitação ofertada na compreensão dos ACS
sobre as sequelas de COVID-19 e também o efeito sobre a atuação destes junto à
comunidade.
Os
questionários semiestruturados com perguntas fechadas que foram aplicados
estavam divididos em duas partes: a primeira composta de questões
sociodemográficas e a respeito da atividade laboral dos ACS durante a pandemia
e a segunda composta de questões diretas de múltipla escolha sobre as sequelas
da COVID-19, como identificá-las e o que fazer ao identificá-las em um
indivíduo do seu território. Vale ressaltar que após a capacitação, o segundo
questionário aplicado aos participantes continha apenas as perguntas
relacionadas a segunda parte do questionário inicial.
Método
de análise de dados
Com
os dados obtidos nos dois questionários foi efetuada a análise quantitativa
utilizando o programa software Microsoft Excel 2019, considerando-se variáveis
como porcentagem, média e desvio padrão.
Preceitos
éticos
O
presente trabalho seguiu os preceitos da resolução n° 466 de 12 de dezembro de
2012, sendo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade do
Estado do Pará (UEPA), Campus XII, sob o parecer 5.719.658.
Participaram
do estudo quatro UBS da zona central da cidade, e responderam ao primeiro
questionário um n=37 ACS, e ao segundo questionário um n=32 ACS.
De
acordo com os dados obtidos, os ACS participantes da pesquisa eram em sua
maioria do sexo feminino, correspondendo a 35 (94%) de um total de 37
participantes. Além disso, 36 (97%) deles obtinham mais de 5 anos de atuação na
área, todos os 37 (100%) ACS afirmaram que são responsáveis por mais de 100
famílias dentro do território atuante e 17 (46%) realizam em média 40 visitas
semanais.
Em
relação à atuação dos ACS no período da pandemia da COVID-19, 33 (89%)
afirmaram que não receberam treinamento que consideraram adequado durante a
pandemia de COVID-19, enquanto somente 4 (11%) afirmaram ter recebido. Do
total, 17 (46%) disseram ter atuado parcialmente com visitas às casas do seu
território durante a pandemia, preferindo utilizar outros meios para
comunicar-se com os moradores, como: mensagens (89%), ligações telefônicas
(100%) e chamadas de vídeo (14%).
A
respeito do uso de EPI’s recomendados pelo Ministério
da Saúde, 23 (62%) ACS responderam que utilizaram parcialmente, enquanto 8
(22%) responderam que não utilizaram e somente 6 (16%) responderam que
utilizaram corretamente todos os EPI’s. Ainda,
31(84%) dos 37 ACS afirmaram ter contraído o vírus da COVID-19 no período de
pico da pandemia, sendo que 24 (65%) afirmaram ter ficado com sequela e as
principais foram perda de memória e dores nas articulações.
Tratando-se
do questionário sobre a COVID-19, a figura 1 evidencia que as manifestações
mais reconhecidas pelos ACS em relação à COVID-19 foram à perda de olfato, dor
de cabeça, tosse seca, febre e perda do paladar.
Fonte:
Dados do pesquisador
Figura
1 – Dados quanto a
resposta dos participantes sobre as manifestações clínicas que indicam COVID-19
Com
relação ao desenvolvimento de um quadro complexo de COVID-19 por complicações
de comorbidades, antes da capacitação 95% responderam que seria a doença
respiratória já instalada que levaria a tal quadro, enquanto que depois da
capacitação, a maioria (97%) já respondeu ser a doença renal, como mostra a
figura 2.
Fonte:
Dados do pesquisador
Figura
2 – Dados quanto a
resposta dos ACS em relação ao quadro complexo de COVID-19 por complicações
relacionadas a comorbidades
Sobre
as possíveis sequelas que a infecção por COVID-19 pode acarretar no organismo
humano, a figura 3 destaca que antes e após a capacitação a ansiedade e a
fadiga muscular generalizada permaneceram como as mais mencionadas como
sequelas pós-infecção.
Fonte:
Dados do pesquisador.
Figura
3 – Dados em
porcentagem da resposta dos ACS em relação à possíveis sequelas de COVID-19
pós-infecção
Já
em relação à conduta que os ACS deveriam tomar quando detectarem um paciente
com sequela pós COVID-19 nas suas áreas, a figura 4 mostra que após a
capacitação destacaram-se não somente o “direcionar o paciente à UBS”, como
muitos responderam no primeiro questionário, mas também informá-los sobre a
procura de um centro de “reabilitação”. Ambos com o aumento do percentual de
percepção dos ACS quanto a essas abordagens.
Fonte:
Dados do pesquisador.
Figura
4 – Dados em
porcentagem sobre a conduta dos ACS frente a um paciente com sequela de
COVID-19
Diante
dos dados obtidos no estudo, chama a atenção a prevalência de profissionais ACS
do sexo feminino (94%) atuantes nas UBS centrais de Santarém/PA, bem como a
atuação da maioria (97%) por mais de 5 anos nos territórios pelos quais são
responsáveis, o que infere uma vasta experiência em como manusear o trabalho
com a comunidade, já que representam o elo principal entre esta e as UBS na APS
(Atenção Primária em Saúde) [1].
Entretanto,
no estudo observou-se que durante a pandemia da COVID-19, a maioria dos ACS
(89%) afirmou a falta de treinamento a respeito do vírus e da fisiopatologia da
doença. Tal fato demonstra certo descaso com a classe. No Brasil só foram
chancelados como trabalhadores essenciais no enfrentamento da pandemia cinco
meses depois do primeiro caso confirmado, quando foi publicada a Lei n. 14.023
de 2020 [7]. Além disso, a falta do conhecimento de bases científicas e a
negligência do suporte educacional sobre a doença influenciou diretamente na
sua abordagem com a população [8].
Ainda,
nesse período, os profissionais tiveram que se adequar a um novo cenário de
trabalho, que segundo a literatura [9] foi essencial para a efetividade da
continuidade da assistência populacional. Utilizaram de ferramentas tecnológicas
como mensagens, ligações e chamadas de vídeo para comunicar-se com a população,
permitindo a prestação de serviços.
Mesmo
assim, algumas visitas domiciliares ainda se faziam necessárias no período
pandêmico, o que os deixavam expostos a riscos de contaminação ao ter de sair
de casa para assistir aos comunitários. A literatura demonstra [10], assim como
o presente estudo, que os ACS faziam uso de EPI’s
durante o trabalho na pandemia, porém não utilizavam da forma adequada por não
terem recebido treinamento de como poder utilizar cada equipamento, já que não
costumavam utilizá-los, ou por não terem disponível nas UBS quando necessário.
Outro
fato a se destacar foi o de que 84% dos 37 ACS participantes do estudo
afirmaram ter contraído o vírus da COVID-19 no período de pico da pandemia, dos
quais 65% foram infectados e ficaram com sequelas pós-COVID-19. A exposição
destes profissionais diante da intensa rotina de trabalho pode ter sido uma das
causas principais, a qual mesmo sendo realizados ajustes ditos favoráveis, por
outro lado requeriam mais dedicação dos ACS nas visitas domiciliares e na UBS,
para assim diminuir a procura populacional nas unidades e evitar aglomeração
[8,9,11].
Em
relação às sequelas, estes profissionais destacaram que entre eles a perda de
memória e dores nas articulações tiveram maior incidência no pós-COVID-19. A
literatura [12] destaca que por ser uma infecção generalizada ainda em estudo
de seu potencial de persistência e efeitos no corpo humano, a COVID-19 pode levar
os pacientes a persistirem por longos períodos com sequelas como estas e ainda
ser o estopim para que outras consequências possam vir a surgir.
O
estudo destacou também os sintomas mais reconhecidos pelos ACS em um caso de
COVID-19, caracterizados como perda de olfato, dor de cabeça, febre e perda do
paladar, respectivamente. No quadro sintomático, a literatura infere que o grau
infeccioso por COVID-19 pode ser de leve a grave e inclui justamente os
sintomas reconhecidos pelos participantes da pesquisa, além da dispneia
[13,14], o que demonstra o conhecimento generalista que estes profissionais tem
e apesar de não terem recebido treinamento, a maioria sabe como reconhecer um
paciente infectado.
Quando
questionados quanto a infecção já instalada poder desencadear um quadro
complexo por complicações devido a comorbidades que o indivíduo possa ter, os
ACS destacaram, antes de receberem a capacitação, que doenças respiratórias
pregressas no organismo podem desenvolver complicações severas e levar à óbito,
assim como é mencionado pelos pesquisadores [10], ao mesmo tempo que também
relatam que em meio a pandemia, muitas mortes de causas respiratórias ocorreram
sem estarem relacionadas diretamente com a COVID-19 [15].
Já
após receberam a capacitação, os profissionais destacaram que uma doença renal
crônica poderia levar a um quadro mais grave de COVID-19. Vários estudos
[16,17] relacionaram também o envolvimento renal na incidência de internações
na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e mortes entre pacientes hospitalizados,
porém ganharam destaque as lesões agudas, como insuficiência renal aguda e
lesão renal aguda [17].
Ao
responderem o questionário, os ACS ressaltaram a fadiga muscular generalizada e
a ansiedade como principais sequelas que haviam observado na população em
geral. Os pesquisadores sugerem que a infecção por COVID-19 pode levar a
déficits na força e resistência muscular, além da fadiga generalizada,
provavelmente devido aos efeitos pró-inflamatórios da infecção viral e ao descondicionamento que ocorre durante o período de
recuperação [18,19].
Quanto
à ansiedade, a pandemia propriamente dita foi o principal estopim para que a
maioria da população estivesse refém deste mal. A literatura destaca que a
mudança repentina de ter que estar em isolamento social associado a
preocupações de estar protegido e proteger os outros gerou nos indivíduos
sensação profunda de ansiedade, além de pânico e estresse, mesmo que não
tivessem sequer se infectado com o vírus [19,20].
Ainda,
em relação a conduta que os ACS deveriam ter quando detectassem um paciente com
sequela pós-COVID-19, enfatizaram o trabalho de direcionar o paciente à UBS,
além de informá-los sobre a procura de um centro de reabilitação. Os estudos
demonstram que, no pós-infecção por COVID-19, o trabalho do ACS também é
primordial para identificar as sequelas, prioritariamente das pessoas que não
conseguem se deslocar até as unidades de saúde [21], por isso a importância de
capacitar esses profissionais. Ademais, a informação repassada sobre a
reabilitação pós-COVID-19 aponta a sensibilidade dos ACS na preocupação da
recuperação e bem-estar dos moradores e, assim, de toda a população.
As
limitações do estudo foram relacionadas ao fato de ser realizado apenas em
unidades das áreas centrais da cidade, ou seja, abordando apenas uma parte dos
ACS e os que atuam na cidade. Apesar de essas áreas serem as mais populosas da
cidade, ainda assim, deixou de lado a investigação de sequelas entre a
população das zonas rurais. Isso ocorreu devido à dificuldade de operar dentro
de um território rural muito extenso, onde as UBS ficam muito distantes umas
das outras. Ademais, encontramos dificuldade na busca de literaturas nacionais
relacionados ao tema das orientações e capacitações dos ACS, principalmente
durante o período da pandemia.
Através
da comparação realizada no estudo, os dados demonstraram que os ACS obtinham um
conhecimento prévio generalizado a respeito das sequelas da COVID-19 e que a
partir da capacitação conseguiram ampliar este conhecimento. A análise dos
resultados demonstrou ainda um pouco do perfil sociodemográfico dos ACS
atuantes em algumas UBS da cidade de Santarém-Pará, e ressaltou a mudança na rotina
de trabalho da classe durante a pandemia, incluindo a diminuição das visitas
domiciliares e o aumento do serviço remoto. Além disso, elucidou a importância
deste profissional para a APS e para a comunidade. Dessa forma, novos estudos
são necessários para embasar, ampliar e diversificar os resultados na
literatura a respeito do trabalho dos ACS durante a pandemia e na identificação
das sequelas da COVID-19.
Vinculação
acadêmica
Este
artigo representa Trabalho de Conclusão de Curso de Tafne
Moraes Pereira e Yaritsa Gabrielly
da Silva Campos, orientado pela professora Doutora Daliane
Ferreira Marinho e Co-orientado pela professora
Mestre Eliane Ferreira Marinho na Universidade do Estado do Pará (UEPA),
Santarém/PA.
Conflitos
de interesse
Os
autores declaram não haver conflitos de interesse de qualquer natureza.
Fontes
de financiamento
Financiamento
próprio.
Contribuição
dos autores
Concepção
e desenho da pesquisa:
Pereira TM, Campos YGS, Ferreira DM; Coleta de dados: Pereira TM,
Campos YGS; Análise e interpretação dos dados: Pereira TM, Campos
YGS, Ferreira DM; Análise estatística: Pereira TM, Campos
YGS; Redação do manuscrito: Pereira TM, Campos YGS, Ferreira EM,
Ferreira DM; Revisão crítica do manuscrito quanto ao conteúdo
intelectual importante: Pereira TM, Campos YGS, Ferreira EM, Ferreira DM.