Fisioter Bras.
2023;24(3):333-47
ARTIGO
ORIGINAL
Benefícios
agudos do método reequilíbrio toraco-abdominal nas
alterações cardiorrespiratórias em pacientes submetidos a cirurgias abdominais
Acute benefits of the thoraco-abdominal rebalancing
method in cardiorespiratory changes in patients undergoing abdominal surgery
Ana
Clara Faria de Carvalho1, Miriana Carvalho
Klem1, Ricky Oliveira da Silveira1, Ester Pinheiro de
Cardoso1, Thiago Klem Pereira2,
Luciana Armada3, Marco Orsini3
1Centro Universitário Serra dos Órgãos
(UNIFESO), Teresópolis, RJ, Brasil
2Hospital das Clínicas de Teresópolis
Constantino Ottaviano, UNIFESO, Teresópolis, RJ,
Brasil
3Universidade Iguaçu (UNIG), Rio de
Janeiro, RJ, Brasil
Recebido
em: 23 de fevereiro de 2023; Aceito em: 27 de abril de 2023.
Correspondência: Miriana
Carvalho Klem, mirianacarvalho@gmail.com
Como citar
Carvalho ACF, Klem MC, Silveira RO, Cardoso EP, Pereira TK, Armada L, Orsini M. Benefícios agudos do método reequilíbrio toraco-abdominal nas alterações cardiorrespiratórias em pacientes submetidos a cirurgias abdominais. Fisioter Bras. 2023;24(3):333-47. doi:10.33233/fb.v24i3.5492
Resumo
Introdução: As cirurgias abdominais estão dentre
as mais realizadas na atualidade, essas apresentam grandes complicações
pós-cirúrgicas e consequentemente aumento do tempo de internação
intra-hospitalar. A fisioterapia possui várias técnicas que visam a diminuição
das complicações respiratórias, tendo como objetivo reduzir a morbidade,
alterações da biomecânica respiratória, tempo de hospitalização e os custos
hospitalares. Objetivo: O presente trabalho é um estudo sobre os efeitos
agudos do método reequilíbrio tóraco-abdominal (RTA)
nas alterações cardiorrespiratórias, em pacientes submetidos a cirurgias
abdominais. Métodos: Foi realizado um ensaio clínico prospectivo no
hospital das clínicas de Teresópolis Constantino Ottaviano
(HCTCO), nos meses de março a junho de 2021, em pacientes submetidos a
cirurgias abdominais. Foram avaliados antes e após os manuseios da fisioterapia
os seguintes parâmetros: sinais vitais, ausculta pulmonar, esforço respiratório
e padrão respiratório. Resultados: Participaram da pesquisa 11
pacientes, nos quais o método RTA apresentou efeitos positivos no sistema
cardiorrespiratório, visto a melhora nos sinais vitais (FR,FC),
cirtometria torácica, padrão respiratório, ausculta
pulmonar e sinais de esforço respiratório. Conclusão: O método RTA
mostrou-se benéfico quando aplicado em paciente no pós-operatório abdominal,
melhorando os sinais cardiorrespiratórios sem oferecer riscos ao paciente.
Palavras-chave: cavidade abdominal; complicações
pós-operatórias; cuidados pós-operatórios; fisioterapia; mecânica respiratória.
Abstract
Introduction: Abdominal
surgeries are among the most performed nowadays; they present major
post-surgical complications and consequently increase the length of hospital
stay. Physical therapy has several techniques that aim to reduce respiratory
complications, aiming to reduce morbidity, changes in respiratory biomechanics,
hospital stay and hospital costs. Objective: The present work is a study
on the acute effects of the thoracoabdominal rebalancing method (TRT) on
cardiorespiratory changes in patients undergoing abdominal surgery. Methods:
A prospective clinical trial was carried out at the Hospital das Clínicas Constantino Ottaviano
(HCTCO) at Teresópolis, Rio de Janeiro State, from
March to June 2021, in patients undergoing abdominal surgery. The following
parameters were evaluated before and after physical therapy handling: vital
signs, pulmonary auscultation, respiratory effort and breathing pattern. Results:
Eleven patients participated in the research, in whom the RTA method had
positive effects on the cardiorespiratory system, as the improvement in vital
signs (RF, HR), chest cirtometry, breathing pattern,
pulmonary auscultation and signs of respiratory effort participated in the
study. Conclusion: The RTA method proved to be beneficial when applied
to a patient in the abdominal postoperative period, improving cardiorespiratory
signs without posing any risk to the patient.
Keywords: abdominal cavity; postoperative complications;
postoperative care; physiotherapy; respiratory mechanics.
O
abdômen é a região que armazena os órgãos do sistema digestório. A cavidade
abdominal possui vísceras, membranas e músculos. Ela pode ser dividida em nove
regiões (hipocôndrio direito, epigástrio, hipocôndrio esquerdo, flanco direito,
mesogástrio, flanco esquerdo, fossa ilíaca direita, hipogástrio e fossa ilíaca
esquerda), e quatro quadrantes (superior direito, superior esquerdo, inferior
direito e inferior esquerdo), e armazena órgãos importantes, tais como:
estômago, fígado, pâncreas, vesícula biliar, baço, intestinos delgado e grosso,
rins, bexiga urinária, assim por diante. Estes são revestidos pelo peritônio
[1].
O
número de procedimentos cirúrgicos tóracoabdominais
vem crescendo cada vez mais na atualidade, já que são realizados como método de
diagnóstico e tratamento para variados tipos de doenças [2]. Na atualidade,
grande parte das cirurgias abdominais, quando possível, são realizadas por
laparoscopia, que consiste num procedimento cirúrgico via vídeo, menos invasivo
e com chances reduzidas de complicações, porém em diversos casos, este método
não é viável, e são necessárias as realizações das laparotomias [3,4]. As
laparotomias são aberturas cirúrgicas nas cavidades abdominais, que possuem
como finalidades: acesso aos órgãos abdominais em procedimentos eletivos,
drenagens de líquidos, diagnósticos e urgências hospitalares, quando não se
sabe a origem do problema, porém é necessária uma rápida abordagem [4].
As
cirurgias abdominais se subdividem em cirurgias de andar superior do abdômen
também chamadas de cirurgias abdominais altas (CAA), e cirurgias de andar
inferior de abdômen. As incisões mais frequentes são as verticais, oblíquas e
transversais. Dentre os principais procedimentos cirúrgicos abdominais, de
acordo com os quadrantes abdominais temos: quadrante superior direito e
esquerdo (colecistectomia, colectomia,
esofagectomia, gastrectomia, hepatectomia, entre
outros) e nos quadrantes inferiores direito e esquerdo (apendicectomia, cistectomia, colectomia, ooforectomia e histerectomia [2,4].
As
complicações no sistema respiratório são
comuns no pós-operatório de cirurgias
abdominais, tais como: pneumonia, atelectasia, broncoespasmos,
insuficiência
respiratória aguda, ventilação mecânica,
intubação, infecção brônquica,
redução
dos volumes e capacidades pulmonares, alterações no
padrão ventilatório,
diminuição da função diafragmática,
diminuição da expansibilidade torácica,
redução da ventilação nas bases pulmonares,
entre outros [5,6,7]. Tais
complicações podem ser causadas por três tipos de fatores: pré-operatórios
(sedentarismo, tabagismo, idade avançada, obesidade e comorbidades), perioperatórios (técnica cirúrgica, rupturas dos músculos
participantes da respiração durante a incisão, tempo e anestesia geral), e
pós-operatórios (instabilidade hemodinâmica, tempo prolongado em suporte
ventilatório invasivo, imobilização e dor aguda local [8].
A
atuação fisioterapêutica possui um papel indispensável no pós-operatório de
cirurgias abdominais, visto que ela tem como objetivo geral a promoção da saúde
e prevenção de complicações cardiorrespiratórias e musculoesqueléticas, tais
como: alterações do padrão ventilatório, diminuição da expansibilidade
torácica, pneumonias, atelectasias, diminuição de força muscular e efeitos
deletérios do tempo prolongado no leito [8].
O
método reequilíbrio tóraco-abdominal (RTA) é uma
técnica que utiliza como estratégia posicionamentos, mobilizações, alongamentos
e fortalecimentos da musculatura respiratória. Os apoios e manobras manuais com
o objetivo de potencializar a ventilação pulmonar, aumentar a força muscular
respiratória, remover secreções pulmonares e de vias aéreas superiores,
tonificar sinergismo muscular e com isso reduzir os esforços respiratórios, uso
da musculatura acessória e redução da expansão torácica [9,10].
O
presente estudo possui como objetivo geral a avaliação dos efeitos agudos do
Método RTA nas alterações cardiorrespiratórias em pacientes submetidos a
cirurgias abdominais. Além de analisar alterações cardiorrespiratórias a fim de
compará-las antes e após a realização do método RTA, para assim descrever sua
eficácia, com isso promover a reabilitação, melhora das alterações
respiratórias, complicações evitáveis e proporcionando também maior qualidade
de vida aos pacientes.
Trata-se
de um estudo do tipo clínico, transversal e prospectivo.
População
e local do estudo
A
amostra foi composta por 11 adultos maiores de 18 anos, com diagnóstico de
pós-operatório de cirurgias abdominais, presentes na enfermaria do Hospital das
Clínicas de Teresópolis Constantino Ottaviano, no munícipio
de Teresópolis. Os participantes foram avaliados durante o período de março a
julho de 2021.
Aspectos
éticos
O
estudo foi encaminhado ao comitê de ética do Centro Universitário Serra dos
Órgãos – UNIFESO, e o projeto de pesquisa está em consonância com a Resolução
466/12 do Conselho Nacional de Saúde. A partir da aprovação do CEP, CAAE:
42764521.6.0000.5247, os pacientes informados sobre o estudo,
concordaram e assinaram o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido.
Critérios
de elegibilidade
Foram
incluídos no estudo indivíduos adultos maiores de 18 anos, internados no HCTCO,
estáveis hemodinamicamente e submetidos a cirurgias abdominais. Foram excluídas
participantes que apresentassem: instabilidade hemodinâmica, processo
inflamatório acentuado e deiscência da sutura cirúrgica.
Estratégias
para coleta de dados
A
coleta de dados foi realizada de acordo com a ficha de avaliação (Apêndice II)
antes e após, os manuseios. A seleção dos pacientes foi composta por três
etapas:
1 - Avaliação
dos pacientes caracterizada por coleta dos sinais vitais, escala de dor EVA,
ausculta pulmonar, esforço respiratório, padrão respiratório e cirtometria com duração estimada de 5 minutos;
2 - Realização
do tratamento fisioterapêutico, caracterizado por aplicação do protocolo de
manuseios do método RTA, com duração de 20 minutos;
3 - Avaliação
dos pacientes pós-intervenção com duração estimada de 5 minutos.
Os pacientes que foram incluídos no estudo
foram submetidos a uma única sessão de fisioterapia, pelo discente e
supervisionado pelo professor.
Protocolo
de tratamento
O protocolo de tratamento foi aplicado no
hospital em pacientes pós-cirúrgicos abdominais. Todos os participantes foram
tratados uma única vez a fim de avaliar o efeito agudo do método reeducação tóraco-abdominal. Sendo realizadas as seguintes manobras:
apoio ílio-costal, apoio tóraco-abdominal, apoio
abdominal inferior e ajuda inspiratória.
Análise
estatística
Os
dados coletados foram tabulados na planilha de Excel, analisados utilizando o
software estatístico SPSS 20. Foi utilizado o teste t de Student
para comparação de médias dos parâmetros avaliados, antes e após o emprego dos
métodos fisioterápicos empregados. Os resultados foram apresentados na forma
com média e desvio- padrão, sendo considerado um valor de p < 0,05
significativo estatisticamente.
O
presente estudo incluiu 11 pacientes internados, dos quais apenas um foi
excluído diante sua instabilidade hemodinâmica, no HCTCO no município de
Teresópolis, RJ. A média de idade foi de 57,36 ± 15,8 anos. Em relação ao gênero,
63% foram do sexo feminino e 36% do sexo masculino. A distribuição da amostra
de pacientes submetidos ao método RTA na enfermaria do HCTCO encontram-se na
Tabela I.
Tabela
I - Distribuição do
número e porcentagem de pacientes submetidos ao método
No
presente estudo foi utilizada a escala de dor EVA nos pacientes que antes dos
manuseios a média foi 2 que significa leve e após os manuseios 1 que também
significa leve, o que sugere que os pacientes não obtiveram aumento do quadro
álgico e com isso tiveram diminuição da intensidade da dor. Porém não foi observada
diferença na significância estatística da dor antes e após os manuseios (p valor = 0,22).
Gráfico
1 - Média da escala
de dor EVA (n = 11)
Tabela
II - Dados dos
parâmetros da cirtometria de tórax antes e após os
manuseios do RTA (n = 11)
*Teste
t de Student
Tabela
III - Dados dos
parâmetros cardiorrespiratório antes e após os manuseios do RTA (n = 11)
*Teste
t de Student
No
que tange ao padrão respiratório antes do manuseio, 2 (18%) apresentavam
abdominal; apical foram 7 (63%); misto 3 (27%) e após os manuseios apical 2
(18%) e misto 9 (81,81%), porém foi observada diferença dos padrões
respiratórios.
Gráficos
2 e 3 - Padrão
respiratório (n = 11)
Em
relação aos sinais de esforço respiratório antes do manuseio, foram os
seguintes: 8 (72%) apresentavam e 3(27%) não apresentavam; após os manuseios
100% não apresentava sinais de esforço respiratório. Durante o estudo, nenhum
paciente apresentou tiragem respiratória, nem antes e nem depois dos manuseios.
54% dos pacientes antes dos manuseios apresentavam uso de musculatura acessória
e após os manuseios nenhum paciente apresentou.
Gráfico
4 – Sinais de
esforço respiratório (n = 11)
Gráfico
5 – Uso da
musculatura acessória (n = 11)
Nas
alterações morfológicas antes do manuseio, 81% apresentavam diminuição da
expansibilidade torácica e, após o manuseio, 63% que apresentaram. De acordo
com a ausculta pulmonar, antes do manuseio, 100% apresentavam diminuição (base
D 21%; base E 21%; bases 38%; ambos hemitórax 10% e
ápice 10%) e após os manuseios 36% em base D, 19% em bilateral e 45% sem
alteração.
Gráfico
6 – Expansibilidade
torácica (n =11)
Gráfico
7 e 8 - Ausculta
pulmonar (n = 11)
O
presente estudo buscou identificar os benefícios agudos do método RTA, quando
realizado em pacientes submetidos a cirurgias abdominais, por meio de uma ficha
de avaliação estruturada pelos autores. Para isso foram selecionados 12
pacientes, e apenas um foi excluído diante de sua instabilidade hemodinâmica.
De
acordo com as informações demográficas dos pacientes participantes deste
estudo, 63% dos pacientes eram mulheres e os outros 36% homens, com a idade
média de 57,36 anos, dados que se assemelham ao estudo realizado por Ávila [5],
com objetivo de avaliar as incidências das
complicações pulmonares no pós-operatório
de cirurgias no tórax e abdômen, o mesmo obteve 65,5% da
pesquisa
composta pelo sexo feminino e apenas 34,4% do sexo masculino,
porém difere-se
pela média de idade, sendo 46,61% anos.
Ajambuja et al. [11] avaliaram dez
crianças com doença do refluxo gastresofágico (DRGE), com o intuito de
identificar os efeitos do método RTA, em parâmetros cardiorrespiratórios comportamento
e sintomas nos mesmos. Os resultados demostraram redução da frequência
respiratória (FR) e aumento da saturação periférica de oxigênio (SpO2)
e frequência cardíaca (FC), imediatamente após a realização do RTA, tendo se
mantido após 15 min apenas a SpO2 e a FC. Ruppenthal
et al. [12] realizaram uma pesquisa em Porto Alegre/RS, com 21
pacientes, para comparar as alterações nos sinais vitais com a realização de
terapia expiratória manual passiva (TEMP) e método RTA, em pacientes
pós-acidente vascular cerebral (AVE) ventilados mecanicamente. Os participantes
foram divididos em dois grupos, e os protocolos eram aplicados durante 20
minutos, com o paciente inicialmente em decúbito lateral direito, após decúbito
lateral esquerdo e ao final decúbito dorsal, porém não foi possível identificar
resultados com relevância estatística nos sistemas cardiorrespiratórios. O que
difere do atual estudo, no qual foi possível observar que diante da realização
do método RTA, houve melhoras na SpO2, sendo observado o valor de
91,66 (± 2,44) antes dos manuseios e de 97,36 (± 2,42) após os manuseios, no
entanto não houve significância estatística. Após a realização do método RTA,
foi possível também identificar melhoras significativas estatisticamente no FC
e FR, nas quais a FC antes das realizações do método RTA eram 95 (± 18,76) e
após 87,36 (± 16,41), na FR antes dos mesmos era 24 (± 4,04) e após 19,36 (± 2,42).
De
acordo com o estudo de Lopes et al. [13], que teve como objetivo
investigar os efeitos do método RTA nos parâmetros ventilatórios em sujeitos
com paralisia cerebral (PC), realizando duas sessões semanais do método RTA,
não foi possível observar modificações consideráveis estatisticamente no padrão
respiratório e avaliação do perímetro tóraco-abdominal
(axilar, esternal e umbilical) na inspiração e
expiração dos pacientes. Já na presente pesquisa, os resultados são divergentes
do estudo de Lopes et al. [13], já que foi possível verificar valor
estatístico nos padrões respiratórios e cirtometria
torácica. No padrão respiratório, antes da aplicação dos manuseios do método
RTA, foi possível contatar 2 (18%) pacientes com padrão abdominal, 7 (63%) apical
e 3 (27%) misto, após os manuseios os padrões se modificaram para 2 (18%) apical
e 9 (81,81%), misto. Na cirtometria, observou-se
significância estatística nos seguintes pontos: axilar repouso que antes da
realização do método RTA era 101 (± 12,84) e após 102 (± 12,70), xifoide
inspiração máxima antes 96,68 (± 13,23) e após 98,04 (± 13,18), xifoide repouso
antes 95,86 cm (± 13,60) e após 96,68 cm (± 13,62), umbilical inspiração máxima
sendo antes 97,5 (± 16,79) e após 99,09 (± 16,57), umbilical repouso antes
96,45 (± 16,58) e após 97,72 (± 16,40) e umbilical expiração máxima, sendo antes
96,13 (± 16,65) e depois 96,81 (± 16,66). O trabalho de Baptista et al.
[14] também avaliou o efeito imediato do RTA na mecânica respiratória em
portadores da Doença de Parkinson (DP), e uma das variáveis avaliadas era a
mobilidade torácica, através da cirtometria, nos 10
pacientes avaliados após uma sessão de 20 minutos de duração, porém também não
se obtiveram resultados significantes na cirtometria.
Foi
observado que 72% dos pacientes apresentavam sinais de esforço respiratório
antes dos manuseios, 54% dos pacientes antes dos manuseios apresentavam uso de
musculatura acessória, enquanto após os manuseios 100% não apresentou nenhum
sinal dos expostos supracitados. No estudo realizado por Ajambuja
et al. [11], com dez pacientes em seu estudo descritivo, em
Florianópolis, SC, observaram-se os efeitos do método RTA, em parâmetros
cardiorrespiratórios e sintomas em crianças com DRGEM, sete das dez crianças
avaliadas apresentaram sinais de desconforto respiratório, e após o RTA apenas
uma manteve-se com os mesmos. Oliveira et al. [15] demostraram também
que após realizar os manuseios do método RTA em recém-nascidos (RN) com
diagnóstico de Taquipneia Transitória do Recém-Nascido, no grupo
controle antes da realização da fisioterapia convencional, 95% dos RN
apresentava uso da musculatura acessória (sendo os graus: 16% leve, 58%
moderado e 26% grave), e após 89% permaneceu com o uso da mesma (70,5% leve e
29,5 moderada), e no mesmo estudo em contrapartida no grupo de intervenção, com
aplicação do método RTA, 97% apresentava sinais de uso da musculatura acessória
antes dos manuseios (7% leve, 76% moderado e 17% grave), e logo após, apenas
76% permaneceu com os mesmos, sendo 76% leve e 24% moderada.
Junior
et al. [16] realizaram um estudo composto por 36 participantes, sendo 80%
mulheres com a média de idade entre 51 e 54 anos, com objetivo de avaliar os
efeitos do atendimento fisioterapêutico imediato pós-cirúrgico abdominal
imediato na sala de recuperação pós-anestésica (SRPA). Os participantes foram dividos em dois grupos, nos quais o grupo um era submetido
a fisioterapia respiratória (propriocepção diafragmática, expiração forçada,
tosse assistida, exercícios de padrões respiratórios e deambulação precoce)
SRPA e enfermaria, e o grupo dois apenas na enfermaria. Ele não obteve
resultados significativos diante da diferença na ausculta pulmonar. O que
difere da atual pesquisa na qual, antes do manuseio do método RTA, 100%
apresentavam diminuição e após 45% não apresentavam alterações na ausculta
pulmonar.
Diante
da utilização da escala de dor EVA, o atual trabalho não obteve significância
estatística, sendo 02 antes e 01 após os manuseios, e com isso foi possível
observar que com o método RTA os pacientes não obtiveram aumento do quadro
álgico, mas sim a diminuição de sua intensidade. O que se assemelha a pesquisa
de Rocatto et al. [17], que teve como intuito
avaliar os efeitos da fisioterapia respiratória na melhora da dor e função
respiratória do pós-cirúrgico de colecistectomia,
observando 38 pacientes em Cuiabá/MT. Foram incluídos pacientes com Glasgow 15,
ambos os sexos, que foram submetidos após seis horas de PO, a fisioterapia
respiratória (exercícios diafragmáticos, inspirações profundas associadas à
expiração com freno labial e inspirações fracionadas). O mesmo conseguiu
registrar melhora no nível de dor após o atendimento fisioterapêutico,
modificando de moderada para leve, porém ainda sim, o nível de dor
encontrava-se maior que o registro pré-operatório. Assim como no estudo clínico
randomizado de Oliveira et al. [15], com 49 recém-nascidos, que utilizou
a escala de dor NIPS (Neonatal Infant Pain Scale), cujo intuito era
comparar o aumento da dor imediata após o manuseio em recém-nascidos com
taquipneia transitória, após comparar 29 RNs do grupo
de intervenção (RTA) e grupo controle (fisioterapia convencional: terapia
expiratória passiva manual, vibração expiratória torácica, compressão
expiratória torácica, vibração torácica ou expiração lenta prolongada), o mesmo
também pode concluir que o método RTA não elevou o risco de quadro álgico nos
mesmos e reduziu a dor imediatamente após.
Diante
dos resultados supracitados e discutidos, foi possível evidenciar que o método
RTA possui benefícios agudos no sistema cardiorrespiratório após a sua
aplicação, tais como: diminuição da frequência cardíaca, frequência
respiratória, alterações biomecânicas no tórax, tais como expansão e
mobilidade. Sendo assim, sua aplicação torna-se útil, segura e benéfica no
pós-operatório abdominal.
É
importante destacar que os resultados obtidos no atual estudo, são inéditos,
visto que não foi possível identificar na literatura referencial teórico sobre
o mesmo tema, dificultando inclusive o embasamento científico do mesmo. É
necessária a realização de mais estudos relacionados ao método nas disfunções
cardiorrespiratórias em adultos.
Conflitos
de interesse
Declaro
que não possuo conflito de interesse de ordem: financeiro, comercial, político,
acadêmico e pessoal
Fonte
de financiamento
Esta
pesquisa não foi financiada
Contribuição
dos autores
Concepção
e desenho da pesquisa:
Carvalho ACF, Klem MC; Coleta de dados:
Carvalho ACF, Silveira RO, Cardoso EP; Análise e interpretação dos dados:
Carvalho ACF, Silveira RO, Cardoso EP, Klem MC,
Pereira TK; Análise estatística: Carvalho ACF, Silveira RO, Cardoso EP, Klem MC, Pereira TK; Redação do manuscrito: Carvalho
ACF, Silveira RO, Cardoso EP, Klem MC, Pereira TK; Revisão
crítica do manuscrito quanto ao conteúdo intelectual importante: Armada L, Orsini M.