Fisioter Bras. 2023;24(6):826-36
ARTIGO
ORIGINAL
Prevalência
de condições musculoesqueléticas e fatores associados à dor
Prevalence of musculoskeletal conditions and
associated factors with joint pain in individuals with Chikungunya in Amapá, Brazil: a cross-sectional study
Cecília
Emily Costa dos Santos1, Daniely Prado
Barros1, Alessandro Pena Matos2, Maycon
Sousa Pegorari3, Cleuton Braga Landre1,
Natália Camargo Rodrigues Iosimuta1, Areolino
Pena Matos1
1Curso de Fisioterapia, Universidade
Federal do Amapá (UNIFAP), Macapá, AP, Brasil
2Hospital Ofir
Loiola, Universidade do Estado do Pará (UEPA), Belém, PA, Brasil
3Universidade Federal do Triângulo
Mineiro (UFTM), Uberlândia, MG, Brasil
Recebido
em: 19 de julho de 2023; Aceito em: 3 de novembro de 2023.
Correspondência: Areolino
Pena Matos, areolino.matos@gmail.com
Como citar
Santos CEC, Barros DP, Matos AP, Pegorari
MS, Landre CB, Iosimuta NCR, Matos AP. Prevalência de condições musculoesqueléticas
e fatores associados à dor articular em indivíduos com Chikungunya no Amapá, Brasil:
um estudo transversal. Fisioter Bras. 2023;24(6):826-36. doi: 10.33233/fb.v24i6.5515
Resumo
Introdução: A febre de Chikungunya é uma doença
infecciosa causada pelo vírus Chikungunya (VCHIK) e a dor articular é o sintoma
mais habitual nestes casos. A doença tende a cursar com disfunções
musculoesqueléticas (ME) por vezes incapacitantes. No Brasil, desde 2014 foram
identificados registros de casos, com altas taxas de pessoas infectadas. No
estado do Amapá, extremo norte do país, não há estudos que tracem o perfil da
população infectada e suas manifestações clínicas e musculoesqueléticas
pós-infecção por Chikungunya. Objetivo: Identificar a prevalência de
manifestações musculoesqueléticas e fatores associados à dor articular em
pessoas com febre de Chikungunya no estado do Amapá, Brasil. Métodos:
Estudo transversal e retrospectivo, que analisou dados provenientes do sistema
SINAN NET do Ministério da Saúde (MS) de 869 indivíduos infectados pelo VCHIK.
Foram utilizados dados sociodemográficos e clínicos de indivíduos
diagnosticados, foram incluídos no estudo os dados corretamente preenchidos de
acordo com a ficha de identificação e notificação do MS e excluídos formulários
preenchidos de forma incompleta. Procedeu-se a análise descritiva e
inferencial, adotando-se um nível de significância de 5% (p < 0,05) e intervalo de confiança (IC) de
95%. Resultados: A dor muscular (75,4%) e a dor nas costas (57,3%) foram
as condições ME mais prevalentes. Os resultados indicam associação direta e
positiva entre as dores articulares e a artrite (OR = 2,56/IC = 1,90–3,46); a
febre (OR: 2,42; IC: 1,27–4,60); a dor nas costas (OR: 4,34; IC: 3,26–5,80); as
mialgias (OR: 4,89; IC: 3,43 – 6,98); a cefaleia (OR: 3,69; IC: 2,45–5,55); e
também o exantema (OR: 1,89; IC: 1,44–2,48). Conclusão: Na amostra
analisada, observou-se que a dor muscular e as dores nas costas foram ainda
mais prevalentes do que a dor articular. A presença dessas duas queixas
musculoesqueléticas ainda está fortemente associada às queixas de dor articular
nesses indivíduos. Os achados podem alertar os profissionais de saúde para um
monitoramento mais rigoroso de indivíduos com múltiplas condições musculoesqueléticas
após a CHIK, visando evitar a possível cronificação das queixas articulares.
Palavras-chave: febre de Chikungunya; epidemiologia;
articulações; dor musculoesquelética
Abstract
Introduction: Chikungunya
fever is an infectious disease caused by the Chikungunya virus (CHIKV), with
joint pain being the most common symptom in these cases. The disease often
presents with musculoskeletal dysfunctions (MS) that can sometimes be
debilitating. In Brazil, since 2014, cases have been identified, with high infection
rates. In the state of Amapá, in the far north of the
country, there have been no studies that profile the infected population and
their clinical and musculoskeletal manifestations post-Chikungunya infection. Objective:
To identify the prevalence of musculoskeletal manifestations and factors
associated with joint pain in individuals with Chikungunya fever in the state
of Amapá, Brazil. Methods: A cross-sectional
and retrospective study analyzed data from the SINAN NET system of the Ministry
of Health (MH) from 869 individuals infected with CHIKV. Sociodemographic and
clinical data from diagnosed individuals were used. Data correctly filled out
in accordance with the MH identification and notification form were included in
the study, while incompletely filled forms were excluded. Descriptive and
inferential analyses were performed, with a significance level of 5% (p <
0.05) and a 95% confidence interval (CI). Results: Muscle pain (75.4%)
and back pain (57.3%) were the most prevalent musculoskeletal conditions. The
results indicate a positive and direct association between joint pain and
arthritis (OR=2.56/CI = 1.90–3.46); fever (OR: 2.42; CI: 1.27–4.60); back pain
(OR: 4.34; CI: 3.26–5.80); myalgia (OR: 4.89; CI: 3.43 – 6.98); headache (OR:
3.69; CI: 2.45–5.55); and rash (OR: 1.89; CI: 1.44–2.48). Conclusion: In
the analyzed sample, it was observed that muscle pain and back pain were even
more prevalent than joint pain. The presence of these two musculoskeletal
complaints is still strongly associated with complaints of joint pain in these
individuals. These findings may alert healthcare professionals to a more
rigorous monitoring of individuals with multiple musculoskeletal conditions
after CHIK, with the aim of preventing the possible chronicity of joint complaints.
Keywords: Chikungunya fever; epidemiology;
joints; musculoskeletal pain.
A
febre de Chikungunya (FCHIK), uma arbovirose tropical, causada pelo vírus
Chikungunya (VCHIK) da família Togaviridae e do
gênero Alphavirus, transmitido pela picada mosquito
Aedes Aegypti e Aedes Albopictus [1,2] se transformou
em uma problemática de saúde global e recorrente devido aos inúmeros casos em
regiões endêmicas e continua uma grande questão de saúde pública na Amazônia.
Além
da febre, que é típica da fase inicial da febre Chikungunya (FCHIK), os
indivíduos frequentemente apresentam outros sintomas característicos do sistema
musculoesquelético (ME), tais como inchaço nas articulações, dores articulares
bilaterais generalizadas, dores musculares e também na pele, como erupções
cutâneas. A dor articular é o sintoma mais proeminente e prevalente da doença
de Chikungunya, e, juntamente com a artrite, pode persistir em aproximadamente
60% dos casos [3]. O vírus não foi cultivado a partir do líquido sinovial, mas
o RNA viral pode ser detectado na sinóvia, sugerindo
que o vírus pode não apenas invadir como permanecer no ambiente articular [4] o
que favoreceria quadros persistentes da moléstia, conhecidos como atrite
crônica por Chikungunya.
Há
indícios, ainda, de que a gravidade da doença na fase aguda também está
relacionada ao risco de desenvolver artralgia crônica. Outros fatores
correlacionados à cronicidade dos sintomas, como a gravidade da dor articular e
a presença de edema nas articulações tem sido mencionados na literatura [5,6].
No
contexto da região Amazônica, em particular o estado do
Amapá, identificado
como porta de entrada do VCHIK e que sustenta surtos da doença
[7-9], apresenta
carências socioeconômicas e estruturais profundas
relacionadas à saúde, além
disso, a região oferece condições
climáticas favoráveis à proliferação
do
mosquito transmissor, como altas temperaturas médias, alto
índice pluviométrico
e de umidade.
No
entanto, apesar do número significativo de infectados, atualmente não há
estudos epidemiológicos que permitam a compreensão da prevalência e perfil dos
doentes no Amapá, bem como a sua gravidade e seus impactos na saúde física da
população local, cenário que pode retardar o reconhecimento de situações
sanitárias relevantes e dificultar o desenvolvimento de políticas públicas de
saúde direcionadas para essa população, bem como a implementação de estratégias
eficazes de prevenção, tratamento e reabilitação de pessoas atingidas pela
doença.
Procurando
preencher essa lacuna, estudo tem por objetivo identificar a prevalência de
manifestações musculoesqueléticas e fatores associados à dor articular em
indivíduos com febre de Chikungunya no estado do Amapá, Brasil.
Tipo
de estudo e aspectos éticos
Estudo
transversal e retrospectivo, desenvolvido segundo as recomendações do Strengthening the Reporting of Observational
Studies in Epidemiology
(STROBE) [10]. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade Federal do Amapá sob número de parecer: 3.390.405, CAEE:
10785119.7.0000.0003
Fonte
de dados e amostra
Os
dados analisados são provenientes da Superintendência de Vigilância em Saúde
(SVS) do estado do Amapá, Brasil. Inicialmente foram selecionados indivíduos
acometidos pelo vírus CHIKV. A SVS forneceu acesso aos dados do Sistema de
Informação de Agravos de Notificação (SINAN NET), permitindo aos pesquisadores
responsáveis acesso integral aos dados pessoais e de saúde de pacientes
notificados no sistema. Os dados foram coletados e organizados a partir das
fichas de notificação do Ministério da Saúde para Dengue e Chikungunya.,
cadastrados por ano de infecção em planilhas no programa Microsoft Office 2019
Excel®.
Critérios
de elegibilidade
Foram
incluídos dados de indivíduos do sexo feminino e masculino, sem limite de idade
que tenham sido infectados e desenvolvido a doença de Chikungunya entre os anos
de 2016 e 2021, cujas informações acerca das afecções musculoesqueléticas
estivessem devidamente preenchidas de acordo com a ficha de notificação e
diagnóstico do Ministério da Saúde (MS). Os critérios de exclusão foram para
indivíduos cujos dados de afecções musculoesqueléticas não estavam
completamente preenchidas de acordo com a ficha de notificação oficial.
Instrumento
de coleta
As
informações desejadas foram extraídas da ficha de investigação de Dengue e
Febre de Chikungunya padrão utilizada pelo MS do Brasil
(http://portalsinan.saude.gov.br/sinan-dengue-chikungunya) armazenadas no banco de dados da SVS do Amapá.
Os dados gerais (Agravo/Doença opção: 2 – Chikungunya, município de notificação
e data de notificação); dados de notificação individual (Idade, gênero, raça e
escolaridade); e os dados Clínicos (febre, mialgia, cefaléia,
exantema, dor nas costas, artrite e artralgia intensa) registrados como SIM
para presença ou NÃO para ausência, de cada paciente foram organizados e
posteriormente analisados.
Análise
estatística
A
estatística descritiva foi utilizada para caracterizar a amostra com a
distribuição em frequência, cálculo de medida de tendência central (média) e de
dispersão (desvio-padrão e intervalo de confiança). Os dados foram tabulados no
Microsoft Office Excel, versão 2019 e transferidos para o Software Jamovi Versão 2.2, que realizou todas as análises, adotando
o nível de significância estatística de 5%. Para testar a normalidade dos
dados, usou-se o teste de Shapiro-Wilk, para análise de associação entre as
variáveis categóricas utilizou-se o teste Qui-quadrado.
Foram
encontrados os dados de oitocentos e setenta e três indivíduos diagnosticados
com Chikungunya entre os anos de 2016 e 2021, porém quatro fichas
insuficientemente preenchidas foram excluídas. Totalizando 869 registros, 485
do sexo feminino e 384 do sexo masculino, com uma média de idade foi de 31,9 +
19,4 anos.
Observou-se
que o perfil desses indivíduos é composto por pessoas que se autodeclaram
pardos (77,5%), tendo estudado ensino fundamental incompleto (16,8%) e
residindo na zona urbana (82,8%). A tabela I apresenta as características
sociodemográficas dos indivíduos da amostra.
Tabela
I – Características
sociodemográficas da amostra analisada. Amapá, Brasil. (n = 869)
N
= número de indivíduos; M = média; DP = desvio padrão
Entre
os dados analisados, identificou-se uma alta prevalência de manifestações
musculoesqueléticas sendo a principal queixa a mialgia, presente em 75,4% dos
casos e a artralgia, relatada por 50,3% dos casos. Os sintomas clínicos mais
encontrados foram a febre (94,7%), cefaleia (83,8%) e exantema (44,8%). A
tabela II apresenta as características das condições musculoesqueléticas dos
indivíduos infectados.
Foi
possível identificar também associação positiva entre a artralgia, principal
manifestação musculoesquelética mencionada na literatura e outras manifestações
tanto clínicas quanto musculoesqueléticas na amostra avaliada do Amapá. A
tabela III apresenta as análises de associação entre a artralgia (variável
dependente) e as demais manifestações musculoesqueléticas e clínicas
apresentadas (variáveis independentes), com suas razões de chance (OR) e os
respectivos intervalos de confiança (IC) a 95%.
Tabela
II – Prevalência,
distribuição e apresentação clínica de sinais e sintomas musculoesqueléticos
dos indivíduos infectados. Amapá, Brasil (n = 869)
*Cada
indivíduo poderia manifestar mais de uma queixa musculoesquelética
Tabela
III – Análise de
associação entre a artralgia e outras queixas e condições registradas. Amapá,
Brasil, (n = 869)
N
= número de sujeitos, OR = Odds Ratio,
IC 95% = intervalo de confiança a 95%, p* < 0,05
Os
achados deste estudo indicam uma prevalência de alta de dor muscular, relatada
por mais de dois terços dos indivíduos com FCHIK, seguido de dor nas costas
(57,3) e artralgia com 50,3%. Nossos resultados se assemelham aos obtidos por Hayd et al. [11] que em Roraima, também na Amazônia,
observaram a prevalência de febre (98%); dor articular (98%); dor de cabeça
(93%) e mialgia em 85% dos casos analisados. Cardoso Pereira et al. [7],
conduzindo um estudo observacional em três cidades da região Amazônica, no
estado do Pará, apontaram a artralgia como a principal queixa dos pacientes com
CHIK na fase aguda, presente em 100% dos casos avaliados, maior inclusive que a
febre 91%, e a mialgia referida por 29% dos indivíduos avaliados. Sabe-se
atualmente que, dentre as queixas musculoesqueléticas, a dor nas juntas tem
sido mencionada como umas das mais prevalentes ao redor do mundo, tanto em fase
aguda e particularmente na fase crônica [3,9,12-14].
Uma
possível explicação para uma prevalência mais alta de dor muscular e menor de
dores articulares, em nossa amostra, seria o fato de que indivíduos na faixa
etária dos 30 anos, mais economicamente ativos, majoritariamente residentes em
zona urbana, podem relatar sintomas musculares mais enfaticamente por uma sobreposição
da fadiga e do dolorido muscular tardio relacionado ao próprio trabalho diário,
muitas vezes braçal destes indivíduos, aumentando assim sua percepção
consciente de dor muscular, inclusive para a dor nas costas como observado
nesta pesquisa.
Ainda
que com algumas flutuações nos valores de prevalência, nossos achados, com
exceção da mialgia, convergem com a literatura e estão dentro da faixa citada
pelo Plano de Preparação e Resposta para Chikungunya nas Américas da
Organização Pan-Americana da Saúde de 2011, que sugere uma frequência esperada
de sintomas para casos de infecção aguda de 76% a 100% para febre; 71% a 100%
para poliartralgia; 17% a 74% para cefaleia; no caso
da mialgia variando de 46% a 72% e a dor nas costas e exantema variando entre
34%–50% e 28%–77%, respectivamente [11,15,16].
Entre
os anos de 2015 a 2017, a região Nordeste do Brasil apresentou o maior número
de casos notificados, compreendendo mais de 76% do total de notificações e uma
taxa de incidência de 250,1 casos/100.000 habitantes. Neste período, um estudo
conduzido com dados púbicos do estado do Ceará mostrou uma prevalência de
manifestações semelhantes ao nosso estudo, febre (88,6%), cefaleia (72,9%),
artralgia intensa (69,5%) e mialgia (65,6%) da amostra de mais de 180 mil
notificações [17].
Os
resultados na análise inferencial demonstraram que há associação entre a
artralgia e as outras manifestações musculoesqueléticas como artrite, mialgia e
dor nas costas, e até mesmo com outras manifestações clínicas, como a febre, o
exantema e cefaleia. Indicando que a presença de quadros agudos de inflamação
pode influenciar na percepção dolorosa dos pacientes, resultando e dor
articular, nas costas e eventualmente espalhada por todo o corpo.
Para
Chow et al. [3], os sintomas agudos,
acompanhados de grandes quantidades de citocinas pró-inflamatórias (alfa-interferon
e IL-6, IL 1Ra, IL-12, IL-15, IP-10 e MCP-1), estão ligados à reação inata do
sistema imune à rápida e violenta invasão viral que ocorre nos quatro primeiros
dias da infecção. Essa resposta inflamatória ao ataque viral, apesar de durar
poucos dias, deixaria sequelas. Sintomas de dor articular nos membros e na
região da coluna vertebral, seriam consequências clínicas da fuga e permanência
do VCHIK de monócitos para o interior de macrófagos localizados na membrana
sinovial das articulações [18].
A
migração de células direcionadas aos tecidos sinoviais contribui
significativamente para um quadro de inflamação persistente nas articulações
periféricas e centrais, mesmo após a ausência do vírus na corrente sanguínea
[9,19-21]. Desta forma, uma explicação plausível seria a de que a dor articular
percebida pelos doentes, poderia ser ocasionada pela irritação tecidual
intra-articular, com consequente agressão nociceptiva periférica, produzindo a
sensação dolorosa na articulação, ou artralgia persistente pós-Chikungunya.
Nesta
perspectiva, cabe cogitar e refletir acerca da associação entre a presença de
artrite e seu potencial papel da dor articular pós infeção pelo vírus
Chikungunya. Em estudo prévio, a dor articular persistente esteve
associada à sinovite em 64,2% dos indivíduos e quando a sinovite foi
observada, associou-se com oligoartrite em 108
pacientes (54,8%), poliartrite em 56 pacientes (28,4%) e monoartrite
em 33 pacientes (16,8%), reforçando a presença frequente das dores articulares
no quadro clínico destes pacientes [14], indicando que condições
pró-inflamatórios guardam algum tipo de correlação com os mecanismos
responsáveis pela dor nas articulações desses pacientes.
O
presente estudo não está livre de limitações inerentes ao seu desenho
metodológico, trata-se de um levantamento retrospectivo, baseado em dados
registrados nas fichas de Dengue e Chikungunya preenchidas, em geral, em
ambiente clínico de postos de saúde e unidades básicas de saúde UBS, por
profissionais diferentes e com experiencias distintas no diagnóstico da FCHIK.
Ainda
assim, consideramos que os resultados que podem ajudam a identificar e
compreender o perfil de indivíduos diagnosticados com Chikungunya no Amapá,
podendo assim responder lacunas na informação epidemiológica ou nos métodos de
coleta de dados e manejo destes indivíduos nessa região, além de direcionar
para uma avaliação mais específica. Podendo, ainda, auxiliar na avaliação dos
mesmos, para assim direcionamento do melhor manejo voltado para a
sintomatologia musculoesquelética. Novas pesquisas devem ser conduzidas na
tentativa de identificar intervenções terapêuticas eficazes nesses indivíduos que
persistem com os sintomas musculoesqueléticos.
O
Brasil é um país protagonista em casos de Chikungunya e
estudos epidemiológicos
e clínicos sobre o impacto de suas afecções
físicas, como a artralgia crônica
no CHIKV ainda são poucos. Portanto, estudos adicionais com
amostras maiores e
avaliações específicas poderão apoiar
políticas de saúde e estratégias clínicas
para áreas endêmicas, visando melhorar a qualidade de vida
e a função física da
população infectada.
Os
sinais e sintomas musculoesqueléticos são altamente frequentes em indivíduos
com Chikungunya no estado do Amapá, Brasil. Na amostra analisada, a dor
muscular apresentou a maior prevalência, acometendo três em cada quatro casos.
Identificou-se que há forte associação positiva entre a dor articular e outras
queixas ME, principalmente com a dor muscular e a dor nas costas. Os achados da
pesquisa podem alertar os profissionais de saúde para um monitoramento mais
rigoroso de casos de Chikungunya com queixas múltiplas condições musculoesqueléticas,
visando evitar a possível cronificação das queixas articulares.
Conflito
de interesses
Os
autores declaram não haver conflitos de interesse.
Fontes
de Financiamento
Não
houve financiamento externo para desenvolvimento da pesquisa.
Contribuição
dos autores
Concepção
e desenho do estudo:
Santos CEC, Barros DP, Matos AP; Coleta e organização de dados: Santos
CEC, Barros DP, Matos, AP; Análise e interpretação dos dados: Matos AP; Pegorari MS, Matos AP, Landre CB,
Iosimuta NCR; Redação do manuscrito: Santos
CEC, Barros DP, Matos AP; Revisão crítica do manuscrito quanto ao
conteúdo intelectual importante: Matos AP, Iosimuta
NCR, Landre CB, Pegorari
MS.