ARTIGO ORIGINAL
Efeitos da bandagem funcional elástica sobre a
dismenorreia primaria em universitárias
Effects of elastic bandage on primary dysmenorrhea in college students
Joana Hasenack Stallbaum*,
Bianca Ineu Kelling*, Fabrício Santana da Silva*, Melissa Medeiros Braz**
*Acadêmicos do Curso de Fisioterapia da Universidade
Federal de Santa Maria, Santa Maria/RS, **Professora Adjunta do Curso de
Fisioterapia da Universidade Federal de Santa Maria, Santa Maria/RS
Recebido em 24 de
abril de 2015; aceito em 12 de setembro de 2016.
Endereço para correspondência: Joana Hasenack
Stallbaum, Rua José Bonifácio, 2660/01, Santa Maria RS, E-mail:
jo.hs@hotmail.com, melissabraz@hotmail.com
Resumo
Introdução: Apesar de a dismenorreia primária ser
bastante incidente e ter impacto negativo na vida de mulheres, terapêuticas
para o seu tratamento, tais como a bandagem funcional elástica, são pouco
elucidadas pela literatura. Objetivo:
Avaliar os efeitos da bandagem funcional sobre a dor e as atividades de vida
diária (AVD) de estudantes universitárias com dismenorreia primária. Material e métodos: Ensaio clínico
randomizado, realizado com 22 mulheres com dismenorreia primária, divididas
aleatoriamente em dois grupos (A e B), acompanhadas durante dois ciclos
menstruais. O grupo A recebeu intervenção no primeiro mês e, no segundo, fez-se
o monitoramento dos sintomas. No grupo B fez-se o contrário. Resultados: Houve diminuição
estatisticamente significativa na média geral de dor percebida pelos sujeitos,
no grupo B, no terceiro (p = 0,01) e quarto dias (p = 0,02), a favor da
intervenção. Também foi observada redução na intensidade da dor - de moderada e
intensa para leve - de 72,7% dos sujeitos. Não houve diferença significativa
entre a distribuição dos locais de dor e as AVD, exceto em uma delas. Conclusão: A bandagem é benéfica na
dismenorreia primária em universitárias, com efeitos positivos sobre a redução
da intensidade e a duração da dor.
Palavras-chave: bandagens, dismenorreia, Fisioterapia.
Abstract
Introduction: Despite of primary dysmenorrhea be very incident and have a negative
impact in women’s life, therapeutic techniques for the treatment, like kinesio taping, are little elucidated by the literature. Objective: To evaluate the effects of kinesio taping on pain and activities of daily living
(ADLs) of university students with primary dysmenorrhea. Methods: Clinical randomized trial with 22 women with primary
dysmenorrhea, allocated into two groups (A and B), followed for two menstrual
cycles. The group A received the intervention on the first month and was
monitored on the second month. In the group B were made the opposite. Results: There was a statistically
significant reduction in the general average pain perceived by the women, in
group B, in third (p = 0.01) and fourth days (p = 0.02), in favor to the
intervention. It was also observed reduction in pain intensity of 72.7% of the
subjects from moderate and intense to light. The pain distribution in body and
the influence in ADLs did not have statistically difference, except in one ADL.
Conclusion: The kinesio
taping method is beneficial in primary dysmenorrhea in college students, with
positive effects in reduction of pain intensity and duration.
Key-words: bandages, dysmenorrhea, Physical Therapy Specialty.
Dismenorreia
é definida como qualquer episódio doloroso percebido durante a menstruação,
especialmente na região abdominal inferior. Quando ocorre na ausência de doença
pélvica, é classificada como dismenorreia primária. É uma das condições
ginecológicas mais presentes entre as mulheres em idade fértil, e sua
prevalência varia entre 54,5% e 88% [1-7].
Muitos
estudos determinaram que a prevalência de dismenorreia primária tem seu auge na adolescência tardia, entre 20 e 24 anos, e
logo descende progressivamente [3,8].
A
dismenorreia gera um impacto negativo no desempenho cotidiano de quem sofre com
ela. A apresentação clínica é de grande variabilidade e pode chegar a ser
incapacitante, o que ocasiona problemas de absenteísmo, diminuição do
rendimento acadêmico e alterações no estado de ânimo, o que pode afetar as
relações interpessoais [5].
Apesar
da alta prevalência e do impacto social da dismenorreia em adolescentes e
mulheres jovens, grande parte delas não busca tratamento médico ou encontra-se
subtratada. Podem ser utilizados métodos não farmacológicos, tais como o calor,
para alívio dos sintomas [9].
Desse
modo, uma alternativa de tratamento para a dismenorreia primária é a bandagem
elástica funcional (BEF), método não invasivo e sem efeitos adversos
comprovados [9]. A bandagem elástica funcional é uma fita elástica adesiva e
porosa de diferentes cores, com espessura semelhante à da pele humana,
desenvolvida em 1973 por Kenzo Kase e popularizada em todo o mundo após os
Jogos Olímpicos de Verão realizados em Pequim, China, em 2008 [10,11].
Em
relação à dor, a BEF age por meio de dois mecanismos, a teoria do portão e a
melhora da circulação local que gera a depuração das substâncias inflamatórias
[12]. Relacionando a BEF e seu uso na dismenorreia, foram encontradas na
literatura apenas três publicações científicas [13-15], as quais tiveram
metodologias distintas, porém resultados homogêneos quanto aos efeitos
benéficos sobre a dor. A escassez de estudos que investiguem essa temática
aponta para a necessidade de mais pesquisas, abordando diferentes grupos
populacionais. Considerando-se a magnitude da dismenorreia entre adolescentes e
mulheres jovens, justifica-se a realização da pesquisa com estudantes
universitárias.
Dessa
forma, o objetivo deste estudo foi avaliar os efeitos da bandagem funcional
sobre a dor e sobre as atividades de vida diária de estudantes universitárias
com dismenorreia primária.
Esta
pesquisa caracteriza-se como experimental, de caráter transversal, com
abordagem quantitativa, realizada no Ambulatório de Fisioterapia do Hospital
Universitário de Santa Maria, durante o período de julho a outubro de 2014,
aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Santa
Maria (CAAE: 24103113.1.0000.5346, de 10 de junho de 2014), parecer número
659.750, conforme a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde sobre
pesquisa envolvendo seres humanos.
Foram
incluídas no estudo, mulheres com idade entre 18 e 35 anos, nuligestas,
sedentárias, que fizessem uso de anticoncepcional oral de forma não contínua,
que apresentassem a condição de dismenorreia primária. Foram excluídas do
estudo as mulheres que tivessem doenças pélvicas diagnosticadas, estivessem
recebendo algum tipo de intervenção da Fisioterapia e também aquelas que
manifestassem sintomas alérgicos à bandagem elástica funcional.
O
cálculo amostral foi estimado para obtenção de um nível de significância (alfa)
de 5% (p < 0,05) e poder (beta) de 0,90. A avaliação deveria então ser
realizada em uma amostra de pelo menos 21 sujeitos, conforme cálculo realizado
pelo software GPower versão 3.1, baseado nos
resultados de Chaegil et al. [14],
considerando os escores obtidos na Escala Visual Analógica (EVA) para dor, no
conjunto bandagem funcional, como desfecho primário.
A
amostra foi, portanto, composta por 22 mulheres, separadas em
dois grupos (A e B), divididos de forma aleatória e acompanhados durante
dois ciclos menstruais. O grupo A recebeu a intervenção por meio da bandagem no
primeiro mês e, no segundo mês, foi monitorado quanto aos sintomas associados
ao ciclo menstrual. O grupo B foi monitorado no primeiro mês quanto à presença
e intensidade dos sintomas relacionados ao ciclo menstrual e recebeu a
intervenção no segundo mês.
Para
a realização da pesquisa foram utilizados os seguintes instrumentos:
Questionário de Avaliação, Escala Visual Analógica
(EVA) e mapa corporal. O Questionário de Avaliação foi adaptado de Barbosa [16]
e Rodrigues et al. [1], e contemplou informações como
características pessoais, história ginecológica e medicamentosa, bem como
características da dismenorreia. Além disso, serviu para avaliar o impacto da
dismenorreia sobre as atividades de vida diária, visto que nele as voluntárias
deveriam assinalar em uma lista quais destas atividades eram limitadas na
presença da dor menstrual. A EVA e o mapa corporal visaram investigar a
intensidade e a distribuição da dor nos grupos estudados.
Procedimentos
Os
procedimentos foram divididos em etapas, na qual a primeira foi o contato com
as acadêmicas por meio das redes sociais, e-mails e divulgação nos seus
ambientes acadêmicos, ocasião em que foram explicados todos os procedimentos da
pesquisa. Mediante esse processo, aquelas que se interessaram e procederam a assinatura do Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE) responderam ao questionário de avaliação.
Posteriormente
a essa avaliação inicial, as mulheres foram divididas por sorteio nos grupos A
e B, de forma aleatória.
As
acadêmicas foram contatadas no segundo dia após a parada da ingesta do último
comprimido anticoncepcional para a aplicação da EVA e do mapa corporal para
quantificar a intensidade da dor referida na dismenorreia e identificar os
locais onde ela acontece, questionando-se a paciente sobre qual o nível da dor
que a mesma sentia no momento.
Para
o grupo A, a EVA e o mapa corporal foram aplicados imediatamente antes da
intervenção com a bandagem, e as pesquisadas foram orientadas a respondê-los em
casa durante os três dias em que estiveram com ela. No dia da retirada, os
pesquisadores reaplicaram os instrumentos. No grupo B, não houve a intervenção
com a bandagem, mas as pesquisadas foram orientadas a responder a EVA e o mapa
corporal durante os mesmos dias que o grupo A. No mês subsequente, foram
invertidos os procedimentos entre os grupos.
Previamente
à aplicação da bandagem, foi realizado um teste em cada participante para
verificar se elas apresentavam reações alérgicas ao material da mesma. Para
isso, utilizou-se uma pequena tira na região dos músculos flexores do antebraço
de cada uma delas. Quando não havia sinal de reação alérgica (eritema,
prurido), a bandagem era aplicada na região lombossacra, de L5 a S1, com
extensão de uma crista ilíaca à outra, de modo que uma tensão de 100% ficasse
na região central da bandagem. Outras duas tiras foram aplicadas na região
abdominal inferior, no formato de uma cruz, dois dedos abaixo da cicatriz
umbilical até a sínfise púbica, também com tensão total no centro da fita e sem
tensão nas extremidades [17]. A área de aplicação foi limpa com algodão e
álcool, sendo realizada leve fricção, com objetivo de facilitar a sua aderência
à pele e potencializar o efeito da bandagem. Foi utilizada a bandagem da marca
K-Tape em todas as pacientes.
Figura 1 - Forma
de aplicação da bandagem para dismenorreia primária.
Fonte: Kumbrink [17]
p. 86.
Foram
fornecidas orientações às mulheres sobre o uso da bandagem, como: não colocar
secador ou água muito quente em contato com a fita, pois ela é sensível ao
calor. As pacientes foram orientadas a permanecer por 72 horas com a bandagem
[18]. Foi realizada uma única aplicação da bandagem.
Ao
final do tratamento, todas as participantes foram submetidas à reavaliação, por
meio dos mesmos procedimentos.
Análise estatística
Para
análise estatística dos dados foi utilizado o programa SPSS versão 17.0 para
Windows. Os dados de caracterização da amostra foram apresentados em média e
desvio padrão e foram calculados utilizando estatística descritiva, por meio do
teste de Shapiro-Wilk.
A
influência da bandagem sobre a intensidade e duração da dor, o local de dor e
as atividades de vida diária foram comparados entre o grupo controle e o grupo
experimental, utilizando-se o teste Wilcoxon. O nível de significância foi
afixado em α = 0,05.
Resultados
Um
total de 22 universitárias foi incluído no presente estudo, das quais 11 (50%)
no grupo A e 11 (50%) no grupo B. A Figura 2 mostra o fluxograma relativo ao processo
de seleção das participantes.
Figura 2 - Fluxograma
da seleção da amostra.
As
características dos sujeitos de ambos os grupos estão descritas na Tabela I. Os
grupos foram homogêneos em todas as particularidades analisadas, tanto a respeito
dos dados demográficos quanto sobre a história ginecológica.
Tabela I - Caracterização
da amostra e história ginecológica.
Dados avaliados pelo
teste de normalidade de Shapiro-Wilk, seguidos por uma comparação entre os
grupos pelos testes t de Student e Mann-Whitney. Dados expressos em média,
desvio padrão, n e p. IMC = índice de massa corporal; Grupo A=intervenção e
depois controle; Grupo B = controle e depois intervenção.
Na
Figura 3, está demonstrada a análise intergrupo das médias de dor percebidas,
segundo a EVA, pelos sujeitos nos quatro dias e nos dois ciclos de
acompanhamento do estudo. Houve diferença estatisticamente significativa no
grupo B, no terceiro (p = 0,01) e quarto dias (p = 0,02) e na média geral (p =
0,04), a favor da intervenção.
Figura 3 - Média
da dor em estudantes universitárias com dismenorreia dos grupos A e B
acompanhados por dois ciclos menstruais, nos momentos controle e intervenção.
Dados expressos em
média e avaliados intragrupos pelo teste de Wilcoxon. Grupo A = intervenção e
depois controle; Grupo B = controle e depois intervenção. *p < 0,05 comparado o
valor do grupo controle com o grupo experimental.
Na
Tabela II, são apresentados os dados referentes à influência da bandagem
elástica funcional sobre o ciclo menstrual e a distribuição da dor. Foi
observada uma influência significativa dessa intervenção sobre o número de dias
com dismenorreia em ambos os grupos (A: p = 0,02 e B: p = 0,04). Com respeito à
intensidade da dor, na maioria dos sujeitos observa-se uma redução de moderada
e intensa para leve, quando comparados os momentos de controle e intervenção
dos dois grupos.
Tabela II - Influência
da Bandagem Elástica Funcional sobre o ciclo menstrual e a distribuição da dor.
Dados comparativos
entre os grupos pelo teste de Wilcoxon. Dados expressos em média, desvio
padrão, n, porcentagem e p.Grupo A = intervenção e
depois controle; Grupo B = controle e depois intervenção; *p < 0,05
comparado o valor do grupo controle com o grupo experimental.
A
Tabela III apresenta a influência da utilização da bandagem sobre as AVD.
Somente a variável ‘permanência na cama por longos períodos’ apresentou
diferença significativa (p = 0,046) quando comparado o momento intervenção com
o momento controle, resultado encontrado no grupo A.
Tabela III - Influência
da Bandagem Elástica Funcional sobre as atividades de vida diária de
universitárias com dismenorreia primária.
Dados comparativos
entre os grupos pelo teste de Wilcoxon. Dados expressos n, porcentagem e p. Grupo
A = intervenção e depois controle; Grupo B = controle e depois intervenção; *p < 0,05 comparado
o valor do grupo controle com o grupo experimental.
O
objetivo deste artigo foi explorar os benefícios da bandagem funcional elástica
aplicada no abdômen e na região lombossacra como terapia de quatro dias sobre a
dor durante a menstruação, em estudantes universitárias com dismenorreia
primária, na faixa etária de 18 a 35 anos. Nossos resultados sugeriram que essa
intervenção foi eficaz para reduzir a intensidade da dor (p = 0,04) e os dias
de duração da mesma (p = 0,02).
Na
pesquisa de Garzón-Rodríguez [15], realizada com 20 sujeitos, foram comparados
os efeitos da massagem abdominal com os produzidos pela bandagem funcional em
mulheres com dismenorreia. Ambos os tratamentos apresentam-se como uma
alternativa terapêutica para a dismenorreia. A bandagem, no entanto, apresentou
efeito contínuo na redução da dor (EVA pré-teste 5,42; EVA pós-teste 0,53),
durante os quatro dias de avaliação.
Em
outro estudo [14], foi comparada a efetividade de dois métodos de bandagem
distintos (KinesioTaping e Spiral Taping) em 34
mulheres com idade média de 22,6 ± 1,5, visando avaliar tanto a dor (avaliada
pela Escala Visual Analógica) quanto os sintomas da síndrome pré-menstrual
(avaliada pelo Menstrual Distress
Questionnaire). Os resultados dos autores revelaram que tanto a KinesioTaping quanto a Spiral Taping (p < 0,05) tiveram
efeitos significativos sobre a dor; além disso, a última também foi eficaz para
alívio dos sintomas da síndrome pré-menstrual.
Fisiopatologicamente,
a explicação mais comum e clássica para a cólica menstrual é a superprodução de
prostaglandinas no interior do endométrio, o que produz contrações uterinas
anormais. As contrações diminuem o fluxo sanguíneo e produzem hipóxia, o que se
manifesta finalmente em dismenorreia [8].
Diante
disso, a técnica da bandagem elástica funcional facilita a circulação mediante
a elevação da pele e do tecido subcutâneo, aumentando o espaço intersticial. O
resultado é que a pressão e a irritação são retiradas dos receptores neurais e
sensoriais, aliviando a dor. A pressão é gradualmente retirada do sistema
linfático, permitindo que os fluidos escoem mais facilmente, melhorando também
a circulação [10,19,20].
Em
relação à duração média da dor, em dias, no estudo de Wefers et al. [13] houve uma diminuição significativa (média de 0,41 dias, p
= 0,07). Esse dado corrobora os do presente estudo. Os resultados desta
investigação, no entanto, demonstraram-se ainda mais relevantes, pois no grupo
A existiu uma redução média de 1,0 dia (p = 0,02) e,
no grupo B, uma redução média de 0,8 dias (p = 0,04).
A
literatura descreve [21,22] que a presença de sintomas associados foi referida
por 59,9% das estudantes universitárias na faixa etária de 17 a 26 anos com
dismenorreia. Segundo Usal et al. [3] e
Castro & Galleguillos [8], os sintomas associados mais frequentes foram
mastalgia (49,5%), cefaleias (16,5%), dor nas costas (46,1%) e dor na cintura
(43,3%). No presente estudo, foram encontrados como principais locais de dor:
abdômen inferior (100%), coluna lombar (63,7%), cabeça (27,3%), membros
inferiores (18,2%) e mamas (9,1%). No grupo A, a bandagem reduziu a dor no
abdômen inferior e nas mamas, enquanto no grupo B, além de reduzir nesses
mesmos locais, também diminuiu nos membros inferiores e na cabeça, após a
intervenção. Já a dor na coluna lombar reduziu no grupo A, porém aumentou no
grupo B. Observou-se também que a bandagem reduziu o número de locais de dor em
ambos os grupos. No entanto, nenhum desses resultados foi significativo na
análise estatística.
Somam-se
a isso os resultados de Rodrigues et al. [1], nos
quais foram reportadas limitações das atividades diárias por 65,7% das
mulheres. As limitações apontadas incluíram ansiedade/depressão (42,5%),
anorexia (32,7%), perturbações do sono (26,6%), concentração diminuída durante
as aulas (24,8%), permanência na cama por longos períodos (20,4%),
interferência nas atividades desportivas/físicas
(19,5%), interferência no relacionamento com amigos/colegas (17,7%),
interferência no estudo e na realização de trabalhos de casa (11,5%),
interferência nas atividades laborais (2,7%) e piores resultados nos exames
(1,8%).
Os
dados encontrados no presente estudo foram coerentes com os apontados por Rodrigues et al. [1],
conferindo que a dismenorreia afeta as seguintes atividades de vida diária
(AVD): ansiedade/depressão (78,3%), diminuição da concentração nas aulas
(65,2%), permanência na cama por longos períodos (56,5%), interferência com o
estudo e com a realização dos trabalhos em casa (43,5%), interferência no
relacionamento com amigos/colegas (26,1%), compromisso da participação em
atividades físicas (26,1%), diminuição do apetite (13%). A bandagem funcional
elástica, tanto no grupo A quanto no grupo B, demonstrou tendência à redução na
interferência da dismenorreia na maioria das AVD. Essa diferença, porém, não
foi estatisticamente significativa, exceto na permanência na cama por longos
períodos, resultado encontrado apenas no grupo A.
Como
limitação deste estudo, aponta-se o dia inicial de aplicação da bandagem
funcional: a data de início poderia ser postergada por mais um dia ou o
procedimento poderia ser iniciado quando da primeira queixa de dor das
mulheres, visto que, no momento da aplicação, nem sempre as universitárias
relatavam os sintomas da dismenorreia.
O
efeito da bandagem elástica sobre algumas das variáveis estudadas não foi
suficientemente aprofundado nesta pesquisa, podendo ser este estudo um dos
caminhos para novas investigações sobre o tema, empregando-se metodologia
semelhante e maior número amostral.
Os
resultados deste estudo demonstram os efeitos benéficos no uso da bandagem
elástica funcional como procedimento terapêutico na dismenorreia primária em
universitárias, com redução da intensidade da dor e sua duração. Assim, esta
proposta de tratamento, não-invasiva e com poucos
efeitos colaterais, deve ser considerada para a dismenorreia primária,
prevenindo a interferência desta condição sobre as atividades diárias e sobre o
aparecimento de condições ginecológicas crônicas nas mulheres que a possuem.