ARTIGO
ORIGINAL
Função
sexual feminina, desgaste emocional por insatisfação sexual e inteligência emocional
Female sexual function, wear for emotional sexual dissatisfaction and
emotional intelligence
Jhonatan Zimmermann
Antônio*, Andreia da Silva*, Patrícia Pereira Bucco da Costa*, Daysi Jung,
Ft.**, Caroline Funchal Pereira, Ft.***, Erica Feio Carneiro Nunes, M.Sc.****, Gustavo Fernando Sutter Latorre, Ft. M.Sc.
*Acadêmico do curso de fisioterapia, Faculdade Uniban Anhanguera, São José/SC, **Docente do Curso
de Fisioterapia da UNISUL, Palhoça/SC, ***Fisioterapeuta Pélvica,
Florianópolis/SC, ****Docente da Universidade do Estado do Pará, Belém/PA,
*****Fisioterapeuta pélvico, Faculdade Uniban Anhanguera, São José/SC
Recebido em 17 de
julho de 2015; aceito em 31 de outubro de 2016.
Endereço
para correspondência:
Gustavo Sutter Latorre, Rua Silva Jardim 307, 88020-200 Florianópolis SC,
E-mail: gustavo@perineo.net, jhonnzimmer@gmail.com, deia_silvaduda1@hotmail.com,, patybucco@hotmail.com, daysijung@gmail.com,
caroline_funchal@hotmail.com, ericarneiro@yahoo.com.br
Resumo
Introdução: A disfunção sexual
feminina (DSF) é condição prevalente e que impacta negativamente sobre o
emocional e a qualidade de vida. Apesar dos apontamentos da relação da DSF com
o desgaste emocional por insatisfação sexual (DEIS) e inteligência emocional
(EI), a associação entre eles não é clara. Objetivo: Estudar a função sexual
feminina e sua associação com DEIS e EI. Métodos:
Convite em redes sociais e cartazes para maiores de idade. Avaliação da função
sexual com o FSFI, o DEIS com o Female
Sexual Distress Scale – Revised (FSDSr) e EI com o
AES, além de um questionário sociodemográfico; associações pelo Teste-T ou
Chi-quadrado. Resultados: Das 39
mulheres sexualmente ativas que responderam aos questionários, 25,6% apresentou
DSF, sendo 58,9% no domínio orgasmo, 56,4% nos domínios dor e excitação, 51,3% no satisfação, 43,5% no desejo e 41% no lubrificação. Idade
e uso de anticoncepcionais hormonais estiveram associados à DSF. IE esteve
inversamente relacionada à DSF, e houve forte associação entre DSF e DEIS. Conclusão: DSF está associada ao DEIS e
a menores escores de EI, além de idades mais jovens e o uso de
anticoncepcionais hormonais.
Palavras-chave: sexualidade, estresse
emocional, inteligência emocional, prevalência.
Abstract
Background: Female sexual dysfunction (FSD) is a prevalent condition and impacts
negatively on emotional and quality of life. Despite the suppose relation
between FSD sexual distress (SD) and emotional intelligence (EI), the
association between them remains unclear. Objective:
To study the female sexual function and its association with SD and EI.
Methods: Invitation on social networks and posters for assessment of sexual
function with the FSFI, SD with Female Sexual Distress Scale – Revised (FSDSr) and EI with the AES, and a sociodemographic
questionnaire; associations by T-test or Chi-square. Results: Of the 39 sexually active women who answered the
questions, 25.6% presented DSF, with 58.9% in the orgasm domain, 56.4% in the
domains pain and excitement, 51.3% satisfaction, 43.5% desire and 41%
lubrication. Age and use of hormonal contraceptives were associated with DSF.
IE was inversely related to the DSF, and there was a strong association between
DSF and SD. Conclusion: DSF is
associated with the SD and lowest scores of EI, and younger ages and the use of
hormonal contraceptives.
Key-words: sexuality, emotional stress, emotional intelligence,
prevalence.
A sexualidade é parte
integrante da saúde, qualidade de vida e bem-estar geral do ser humano. Ela
reflete todo um patrimônio biológico de experiências do desenvolvimento sexual,
de características da personalidade e da avaliação que o indivíduo faz de si
próprio [1].
A resposta sexual se
expressa através de uma sucessão de fases, que se manifestam fisiologicamente
de forma sequenciada e interligadas entre si, o que dá origem ao ciclo da
resposta sexual humana. Este ciclo pode ser desencadeado por vários tipos de
estímulos: fantasias, pensamentos eróticos, carícias, masturbação e coito [2].
As fases dos ciclos da resposta sexual humana feminina podem ser descritas
como: desejo, excitação, orgasmo e resolução. Uma perturbação num destes
estágios ou ainda a presença de dor associada ao ato sexual caracteriza o que
se chama de disfunção sexual [3].
Particularmente a
disfunção sexual feminina (DSF) é um problema multifatorial que envolve
determinantes biológicos, como anatômicos, vasculares, neurológicos e
hormonais, além de psicológicos e interpessoais [1]. Estima-se que entre 40 e
45% das mulheres possuem algum grau de disfunção sexual [4].
O impacto emocional
das DSF pode ser um agravante ao problema, de forma que a mulher não se sinta
preparada para enfrentá-lo [5]. De fato, a curto prazo,
as DSF provocam perturbações emocionais que afetam negativamente vários
aspectos da vida da portadora de DSF, como os familiares e os de trabalho [6].
Por exemplo, a maioria das mulheres que possuem o transtorno do orgasmo,
segunda doença sexual mais prevalente em mulheres, escolhem termos como
“frustrada” para descrever suas dificuldades com o orgasmo [7].
A função sexual,
portanto, está intimamente relacionada à saúde emocional feminina [8,9], de
modo que a avaliação do desgaste emocional por insatisfação sexual (DEIS) é
imprescindível quando se avalia função sexual [10], pois o interesse e a
satisfação sexual estão ligados à expressividade emocional, a autoestima das
mulheres, sentimentos de depressão e solidão, assim como a função cognitiva
destas.
A palavra “disfunção”
está associada à noção de que algo não se comporta como deveria, o que sugere
que há uma norma na função. No entanto, no que diz respeito à DSF, essa norma
ainda não foi estabelecida. Dos estudos relativos à função sexual, poucos são os
que tratam dos cuidados de saúde primária ou aqueles relativos a mulheres
saudáveis ou da população em geral [1], embora o problema seja prevalente mesmo
em mulheres, à priori, hígidas [11].
Além da influência da
DSF na funcionalidade geral da mulher e do DEIS, outras variáveis precisam ser
avaliadas, como a inteligência emocional (IE). Foi demonstrado recentemente
que, para a população em geral, o risco de DSF é inversamente proporcional aos
índices de IE [12,13]. A IE parece ter impacto direto sobre a função sexual
feminina, uma vez que ela inabilita a mulher de comunicar seus desejos e
expectativas ao parceiro, resultando, por fim, em estresse emocional e/ou DEIS
[13]. Em relação ao DEIS, apesar do impacto sobre a função sexual feminina, ele
é considerado um conceito multidimensional e necessita maior estudo [14].
Apesar de haver
estudos que analisam a saúde sexual feminina com a IE, há uma lacuna no tocante
a estudos que avaliem a função sexual feminina em relação à IE e ao DEIS [13].
Diante disto, o presente estudo objetivou verificar as associações entre a
função sexual de mulheres com a IE e o DEIS.
Trata-se de um estudo
observacional transversal, aprovado pelo comitê de ética e pesquisa em seres
humanos da Faculdade Anhanguera (Parecer nº 921.650/2014), respeitando-se as
normas da resolução 466/12.
Foram incluídas na
pesquisa mulheres sexualmente ativas, acima dos 18 anos, e excluídas as que
tivessem doença neurológica e que não tivessem tido relação sexual nas últimas 4 semanas.
A amostragem se deu
por conveniência a partir de convite público efetuado em redes sociais e
cartazes, nos quais havia o e-mail criado para a pesquisa. Assim, as mulheres
que aceitassem participar da pesquisa, respondiam a esse e-mail, confirmando
sua participação.
As voluntárias,
então, eram orientadas a se dirigem nas datas e horários disponíveis para uma
sala particular, discreta e individual, exclusivamente reservada para este fim
nas dependências da Faculdade Anhanguera, em São José. Nestes dias elas liam, e
em caso de concordância, assinavam o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido. Em seguida, elas passavam por uma avaliação fisioterapêutica para
colher dados sociodemográficos e respondiam aos questionários de avaliação da
função sexual feminina (FSFI), de inteligência emocional (AES) e de desgaste
emocional (FSDSr). Todos os questionários foram
anônimos.
O FSFI (Female Sexual Disfunction Index)
[15] é
um questionário traduzido e validado para língua
portuguesa, consistindo de uma
escala breve, específica e multidimensional que avalia a
função sexual de
mulheres. Possui escores de corte para disfunção sexual
em geral, bem como para
disfunção nos domínios desejo sexual,
excitação, lubrificação, orgasmo,
satisfação
sexual e dor.
O AES (Assessing Emotions Scale) é uma escala
de 33 questões, que quantifica linearmente a IE feminina, que foi traduzida
para o português, para esta pesquisa.
E por último, o FSDSr (Female Sexual
Distress Scale – Revised) é um instrumento também largamente utilizado
internacionalmente e capaz de apontar, com 13 questões, a existência de
desgaste emocional por insatisfação sexual, ou seja o escore de desconforto com
a vida sexual, ou o quanto o sexo te estressa, que se traduz em uma escala
linear: quanto mais alto o valor, maior o estresse.
O software Excel 2010
foi adotado para tabulação dos dados e confecção das tabelas. A análise
estatística foi realizada no software BioEstat 5.0. As
variáveis categóricas foram apresentadas como frequências e as numéricas por
meio de medidas de tendência central e dispersão. A significância dos dados foi
avaliada pelo teste ANOVA e Qui-Quadrado. Todos os resultados foram
considerados estatisticamente significantes no nível de significância de 5% (p ≤
0,05).
Dos convites
efetuados, 43 mulheres demonstraram interesse em participar do estudo, destas,
todas responderam aos questionários e não houve questões em branco. No entanto,
quatro delas estavam sexualmente inativas no último mês, o que levou à exclusão
das mesmas na análise estatística, totalizando ao final do estudo 39 mulheres.
As características
demográficas das 39 voluntárias que compuseram o estudo são apresentadas na
Tabela I.
Tabela
I - Características demográficas da amostra.
*média e desvio
padrão.
Em relação aos
resultados do FSFI, das 39 mulheres, dez (25,6%) obtiveram escores abaixo do
valor de corte, o que revelou presença de DSF. E assim, dividiu-se a amostra em
dois grupos, para melhor análise dos resultados: o grupo DSF+ (as voluntárias
que pontuaram abaixo de 26) e DSF (voluntárias que pontuaram acima de 26). À
exceção da idade, não houve diferenças significativas nas características
demográficas das mulheres com DSF em comparação com o grupo sem a disfunção.
Todas as participantes
do DSF+ apresentaram problemas no domínio excitação, nove no domínio orgasmo
(90%) e o domínio dor apresentou uma prevalência de 80%, seguido por
lubrificação e satisfação (70%). Estes dados estão disponíveis na Tabela II.
Tabela
II -
Domínios do FSFI para a amostra total e
para o DFS+.
Na
tabela III está descrita a relação da idade, da IE entre os grupos. A média de
idade do DSF+ foi menor quando comparada à média do DSF- (p = 0,04). Não houve
diferença significativa entre as médias de IE do DFS+ quando comparado ao DSF-
(p = 0,4).
Tabela III - Médias de idade e IE do DSF+ e DSF–.
**Teste ANOVA, p ≤
0,05.
Quanto ao DEIS medido
pelo FSDSr, 12 mulheres da amostra total (30,7%)
apresentaram escores compatíveis com disfunção neste aspecto. Contudo, ao se
comparar a frequência de DEIS entre os grupos DSF+ e DSF-, notou-se que, 90% do
grupo DFS+ também apresentaram escores do FSDSr
preditivos de DEIS, contra apenas 24,1% de DEIS das mulheres do DSF-.
Das 16 voluntárias
que usavam anticoncepcional hormonal (oral, injetável, anel vaginal, etc.),
61,5% apresentaram escores do FSFI compatíveis à DSF, o que demonstrou forte
associação entre o uso de anticoncepcional e a presença de DSF (p = 0,01).
Nenhuma das 12 mulheres que não usava anticoncepcional hormonal ou não
(preservativo, DIU) apresentou escores preditivos de DSF.
Não houve relação
entre DSF e desconforto sexual, tempo das preliminares, orientação sexual,
gestação, uso de antidepressivo, paridade ou via de parto. Também não estiveram
relacionados DEIS e IE.
A DSF é um problema
multifatorial que afeta um terço da população feminina mundial, podendo
ultrapassar os 90% de prevalência para populações específicas, inclusive as
mais jovens, e em virtude do domínio sexual analisado [11]. Dentre os fatores
influentes na DSF estão à IE e o DEIS, situações pouco
estudadas atualmente [13].
O presente estudo
objetivou verificar as associações entre a função sexual feminina, IE e DEIS em
mulheres da população em geral. Das 43 participantes com média etária 23 ± 4,5
anos, 39 (95,1%) estiveram sexualmente ativas no último mês. Destas, 25,6%
apresentaram escores preditivos de disfunção sexual. Estes dados de prevalência
estão de acordo com outros estudos recentes em amostras de idade semelhante à
do presente [11,16,17].
À exceção da idade,
não houve diferenças significativas quanto às características demográficas das
mulheres com ou sem DSF, corroborando os dados obtidos por Prado et al. [16]. As mulheres mais jovens (média etária 19,7 ± 8)
apresentaram maior propensão à DSF do que as ligeiramente mais velhas (média
etária 26,8 ± 9). Estes dados estão de acordo a estudos prévios [11], em que
idades menores estiveram associadas à DSF. O mesmo estudo apontou uma relação
entre a DSF com relacionamentos mais recentes, e os autores apontaram a pouca
experiência relativa ao início da vida sexual como um dos fatores possivelmente
responsáveis pelo problema, particularmente quando nas mulheres mais jovens o
domínio mais afetado foi dor. Estas evidências, de que a população feminina
mais jovem ou no início da vida sexual, apresenta maior risco de DSF,
especialmente por dor, é tema relevante e merece maior estudo, uma vez que
estratégias preventivas importantes poderão ser traçadas no intuito de evitar o
sofrimento de milhares de jovens nesta situação de risco em potencial.
Outra revelação
importante foi observada quanto à inatividade sexual das poucas voluntárias
nesta situação. Das quatro mulheres (4,9%) sexualmente inativas no último mês,
duas apresentaram bons escores de satisfação com a vida sexual, enquanto duas
outras não. Todas tinham 21 ou 22 anos de idade. Dentre as inativas que
referiram insatisfação sexual, uma pontuou duas questões do domínio dor
sugerindo dor na relação sexual, o que leva a inferência de que residiria aí a
possível razão para sua inatividade. A outra voluntária inativa e insatisfeita
com sua sexualidade não deixou indícios do motivo. Curiosamente nenhuma das
quatro inativas apresentou escores correspondentes a DEIS associado. De
qualquer forma é importante ressaltar que, nem sempre, a inatividade sexual
pode ser interpretada como escolha da mulher. Situações disfuncionais, físicas
ou emocionais, podem levar ao problema e, portanto, a simples exclusão das
mulheres sexualmente inativas de estudos a partir de índices de função, como o
FSFI, pode acabar em negligenciar indivíduos de potencial interesse,
especialmente terapêutico.
Quando a análise
funcional foi efetuada por meio dos domínios específicos do FSFI, apenas 10,2%
da amostra apresentaram todos os escores dentro dos parâmetros normais. Todos
os domínios específicos apresentaram de 41% a 58,9% das mulheres com escores
preditivos de disfunção específica. Apesar da grande parte destas mulheres
estarem abaixo da faixa de corte para DSF pelo escore total do FSFI, há que se
frisar que se há um domínio com escore abaixo do esperado, há uma parte da
função sexual passível de tratamento.
A frequência de DEIS
no grupo de mulheres com DSF foi quase quatro vezes maior do que a mesma no
grupo de mulheres sem DSF. Estas observações corroboram a relação direta entre
DSF e DEIS, de modo que a utilização desta variável em estudos de sexualidade
deve ser estimulada. Talvez ainda mais relevante seja o fato de que, para as
pacientes com DSF, mas sem DEIS, a base do tratamento deveria ser eminentemente
física. Por outro lado, para aquelas que o DEIS é mais elevado, o enfoque
terapêutico deveria residir no tratamento psicológico. De fato, a abordagem
multidisciplinar no tratamento das disfunções sexuais em geral é hoje altamente
recomendada [18]. Uma interação mais estreita, por exemplo, do fisioterapeuta
pélvico ao abordar os componentes cinesiológico-funcionais da DSF, e do
psicólogo ao abordar os distúrbios emocionais do mesmo problema, pode
potencialmente promover resultados mais céleres e eficientes.
Quanto à IE, a média
do quociente para o grupo com DSF foi significativamente menor do que a do
grupo sem o problema, evidenciando novamente a importância da inteligência
emocional na função sexual feminina, dados em consonância com a literatura
atual [12,13,19,20]. Novamente a avaliação clínica da
inteligência emocional pode reconhecer mulheres em situação de risco para a
DSF, permitindo dessa forma o traçado de estratégias preventivas neste sentido.
O mesmo pode ser
concluído com relação ao uso de anticoncepcional hormonal, que também esteve
fortemente associado à DSF. Das mulheres que não o usavam, nenhuma possuía DSF.
Ao contrário, no grupo das que utilizava a modalidade, quase dois terços das
voluntárias apresentaram DSF. Considerando a popularidade dos métodos
anticoncepcionais hormonais atualmente, medidas preventivas importantes podem
ser tomadas neste sentido.
A disfunção sexual é
condição prevalente em 25,6% das mulheres entre 18 e 43 anos, estando
diretamente associada ao desgaste emocional por insatisfação sexual, além de
associada de modo inversamente proporcional à inteligência emocional. Idades
mais jovens e o uso de anticoncepcionais hormonais são fatores de risco para o
problema.
O conhecimento claro
das inter-relações entre DSF, desconforto emocional por insatisfação sexual e
inteligência emocional poderão guiar a abordagens terapêuticas e preventivas
mais eficazes, na medida em que o risco sexual de populações, como, por
exemplo, aquelas sob situações de estresse emocional,
pode ser identificado precocemente. De modo semelhante, a DSF de algumas
mulheres pode ser originária da carência de inteligência emocional e,
identificada a relação entre estes dois fatores, o tratamento de alguns casos
particulares de DSF pode ser potencializado.