ARTIGO
ORIGINAL
Efeito
de sessão aguda de Pilates no solo e na água sobre a glicemia de mulheres
portadoras de diabetes tipo 2
Effect of an acute Mat and Water Pilates session upon blood glucose in
women with type 2 diabetes
Érika Maurício do
Prado Macêdo*, Suélle Fernandes das Neves*, Marco Aurélio Palma**, Daisy
Motta-Santos***, Suliane Beatriz Rauber****, Pierre Soares Brandão****, Maria
Ludmila M. de Freitas****, Carmen Silvia Grubert Campbell****
*Graduação
em Fisioterapia, Universidade Católica de Brasília (UCB), **Especialista em
Neurologia e Docente da UCB, ***Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG),
****Pós- Graduação em Educação Física na UCB
Recebido em 17 de
janeiro de 2015; aceito em 5 de dezembro de 2016.
Endereço
para correspondência:
Pierre Soares Brandão, Laboratório de Apoio a Instrumentalização Científica,
Centro Universitário Luterano de Palmas/TO, Av. Teotônio Segurado, 1501 Sul,
77019-900 Palmas TO, E-mail: pierrebrandao@gmail.com; Érika Maurício do Prado
Macêdo: erikinhamp@hotmail.com; Suélle Fernandes das Neves:
suelle5@hotmail.com; Marco Aurélio Palma: marcop@ucb.br; Daisy Motta Santos:
dfmotta@gmail.com; Suliane Beatriz Rauber: suliane.edfisica@gmail.com; Pierre
Soares Brandão: pierrebrandao@gmail.com; Maria Ludmila M. de Freitas:
mludmilafreitas@gmail.com; Carmen Silvia Grubert Campbell: campbellcsg@gmail.com
Resumo
Objetivo: Comparar o efeito
de exercícios de Pilates realizados no solo (PS) e na água (PA) sobre a
glicemia de mulheres portadoras de diabetes tipo 2
(DM2). Métodos: Oito voluntárias
(62,4 ± 7,9 anos) realizaram uma sessão de PS, PA e controle (CO) com duração
de 30 min. A glicemia foi mensurada durante o repouso pré-sessão, imediatamente
após (IA), aos 15 e 30 min da sessão e aos 15 min de recuperação após a sessão
(15’rec). Resultados: Redução
significativa (p < 0,05) da glicemia foi observada na sessão PA nos momentos
IA (-41 mg/dl) e aos 15’rec (-57 mg/dl) quando
comparada com o repouso pré-sessão. Porém, o mesmo não foi observado na sessão
PS. Conclusão: A sessão de PA durante
30 min promoveu redução da glicemia capilar durante e nos primeiros 15’rec em
mulheres portadoras de DM2, enquanto que a sessão PS não.
Palavras-chave: diabetes mellitus,
Pilates, glicemia.
Abstract
Objective: To compare
the effect of Mat Pilates performed on the ground (MP) and Pilates performed in
the water (WP). Methods: Eight
volunteers (62.4 ± 7.9 years old) performed a MP, WP and control (CO) session
lasting 30 minutes. Blood glucose was measured in the pre-session rest,
immediately after (IA), at 15 and 30 min of the session and at 15 min of
recovery after the session (15'rec). Results:
A significant reduction (p < 0.05) in blood glucose was observed in WP
session IA (-41 mg/dl) and 15'rec (-57 mg/dl) compared with the pre session
rest. However, the same was not observed in the MP session. Conclusion: The PA session proved to be effective in reducing
blood glucose in women with T2DM in the first 15'rec compared to the MP
session.
Key-words: diabetes
mellitus, Pilates, blood glucose.
O Diabetes Mellitus
(DM) é uma doença crônica que necessita de cuidados contínuos e estratégias
para o controle da glicemia e redução dos riscos multifatoriais de curto e
longo prazo [1]. Segundo a Federação Internacional do Diabetes (IDF) [2], o DM
atinge mais de 382 milhões de pessoas em todo o mundo, sendo 90% destas
portadoras do tipo 2 (DM2) [3]. A Pesquisa Nacional de
Saúde (PNS) sobre a prevalência de diagnóstico médico de diabetes em adultos
realizada em 2013 estimou que cerca de 9 milhões de pessoas são
portadores dessa doença no Brasil, sendo 3,5 milhões delas com idade igual ou
superior a 65 anos [4].
A hiperglicemia
crônica observada em DM2 geralmente está associada à hipertensão arterial (HAS),
dislipidemia e disfunção endotelial [5-8] podendo resultar em complicações
importantes como a insuficiência renal, cegueira e amputação de membros
inferiores devido ao estresse oxidativo induzido pela hiperglicemia.
Estes fatores de
risco podem ser reduzidos com a prática regular de exercício físico (EF),
prevenindo complicações associadas à doença por meio do aumento da
sensibilidade à insulina e melhor controle glicêmico [9,10]. Sabe-se que a
prática do EF promove um aumento da captação de glicose pelas fibras musculares
ativas, mesmo na ausência ou deficiência da ação da insulina, pois estimula a
translocação da proteína transportadora de glicose intracelular do tipo 4 (GLUT-4) para a parede da membrana facilitando sua
captação [11]. O exercício físico moderado, mesmo que realizado por apenas
10-20 minutos, foi eficaz na redução da glicemia pós-prandial em indivíduos com
DM2 [5], contribuindo assim para o controle da doença [12].
A recomendação de
exercício físico para o DM2 é de, pelo menos, 150 min por semana de exercício
aeróbio associado ao resistido, em intensidade moderada a vigorosa, por pelo
menos três dias na semana; ou, para os casos extremos, que se realize tanto
quanto suas habilidades e condições os permitam [13].
O Pilates é uma
técnica de exercício criada na época da 1ª Guerra mundial por Joseph Pilates,
que vem sendo empregada para prevenção e reabilitação de lesões [14], melhora
do condicionamento físico [14,15], da flexibilidade muscular [15,16], redução
dos sintomas de estresse [15], no tratamento de alterações posturais [17],
espondilite anquilosante [18], da amplitude de movimento de mulheres
mastectomizadas [19] e síndrome dolorosa de membro superior [15]. Porém
investigações do emprego deste método para o controle da glicemia em diabéticos
são escassas.
A técnica tradicional
do Pilates é realizada em exercícios no solo, também conhecida como Pilates no
solo (PS) ou Mat Pilates, podendo ser
também realizado em aparelhos com molas para oferecer resistência ou assistência
[20]. Já o Pilates na água (PA) ou Water
Pilates, uma técnica mais recente, adapta os exercícios do PS, para o meio
líquido, mudando-se os planos para manter-se a cabeça fora da água [21]. O PA é
um método que une os princípios de Pilates com os benefícios dos exercícios
aquáticos [15].
Apesar dos benefícios
à saúde promovidos pelo método PA e PS, não há registros na literatura de
estudos que comparem o efeito dos mesmos sobre a glicemia de mulheres
portadoras de DM2. O objetivo do presente estudo foi comparar os efeitos dos
exercícios de Pilates realizados no solo e na água sobre a glicemia e pressão
arterial de mulheres portadoras de DM2.
O estudo foi
transversal, realizado no laboratório de cinesioterapia da Clínica Escola de
Fisioterapia da Universidade Católica de Brasília (UCB) e na piscina
terapêutica do setor de hidrocinesioterapia do Hospital da mesma instituição
(HUCB). O estudo teve início após aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa
(CEP) da UCB, sob o protocolo experimental nº. CEP/UCB 025/2010. As voluntárias
foram orientadas sobre os objetivos e procedimentos da pesquisa e assinaram um
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).
Amostra
Participaram do
estudo 8 voluntárias diagnosticadas com DM2,
assistidas pelo programa de controle de Diabetes do curso de Fisioterapia da
UCB. As voluntárias foram convidadas a participar de três sessões
experimentais, em ordem randomizada: Pilates no solo (PS), Pilates na água (PA)
e sessão controle sem exercício (CO). As voluntárias (62,4 ± 7,9 anos; 28,9 ±
3,7 kg/m²; 7,4 ± 7,9 anos de diagnóstico da doença) eram praticantes de
exercício físico orientado como musculação, Tai Chi Chuan e caminhada na UCB,
uma vez por semana entre 6 meses e 3 anos. As
voluntárias faziam uso de hipoglicemiantes orais metformina ou Diamicron, porém
nos dias das sessões experimentais foi solicitado, após consentimento médico,
que não tomassem a medicação anteriormente a cada sessão. Neste caso a glicemia
foi monitorada durante as sessões e nenhum caso de descontrole da glicemia foi
observado. As voluntárias foram orientadas a não realizar nenhum tipo de
exercício físico durante as 24 h precedentes às sessões experimentais, bem como
manter suas rotinas durante o período de coleta de dados.
Os critérios de
exclusão adotados foram: osteoporose severa; úlcera; dermatites; doenças
cardiovasculares graves (infarto agudo do miocárdio, angina instável); trombose
venosa profunda; amputação; epilepsia, convulsão; sequelas neurológicas que
impedissem a execução dos exercícios.
Procedimentos
Após apresentação do
atestado médico para realização de exercício físico pela
voluntária, foram realizadas anamnese clínica, avaliação médica e física
composta por ausculta da pressão arterial em repouso, eletrocardiograma de
repouso e avaliação da marcha. As sessões ocorreram entre 9
e 10 h da manhã e tiveram uma duração de 30 min. Trinta minutos antes do início
das sessões foi oferecida uma pequena refeição, padronizada por nutricionista,
composta por barra de cereal light da marca Nutry sabor Aveia, Banana e Mel de
22 g (84 calorias), sendo 1,1 g de gorduras, 18 g de carboidratos e 1 g de
proteína. A Figura 1 apresenta um esquema representativo da metodologia
utilizada no estudo.
Figura
1 - Esquema representativo dos procedimentos
metodológicos utilizados no estudo.
PAS = Pressão arterial
sistólica; PAD = Pressão arterial diastólica; GLIC = Glicemia capilar.
Após receber a
refeição padrão, as voluntárias permaneceram em repouso, na posição sentada em
cadeira confortável durante 30 min. Ao final desse período foi mensurada a
pressão arterial pelo método auscultatório (Esfigmomanômetro BD aneróide -
Brasil; Estetoscópio BD aneróide – Brasil) e glicemia capilar (Accu-Chek
Advantage - Roche®, Mannheim, Alemanha) para registro dos valores de repouso
pré-exercício. Posteriormente, a sessão de exercício PS, PA ou controle (CO)
foi iniciada. Para controlar a intensidade de
exercício foi utilizada a Escala Subjetiva de Esforço (PSE) de Borg de 6 a 20
[22]. As voluntárias foram orientadas a permanecerem entre as PSE 9 a 13 na
escala durante as sessões PS e PA. Na sessão CO as voluntárias permaneceram na
posição sentada durante 30 minutos. Imediatamente após as sessões PA e PS as
voluntárias se dirigiram a uma cadeira próxima ao local da sessão para
mensuração da pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD).
Para se verificar a
glicemia foi coletado sangue capilarizado do dedo médio após punção por lanceta
descartável nos momentos pré-sessão, imediatamente após a sessão e aos 15
minutos de recuperação após o término da sessão. As sessões experimentais foram
aplicadas de forma randomizada e em dias distintos, pela manhã, com um
intervalo mínimo de 48 a 92 h entre elas.
A sessão PA foi
realizada na piscina terapêutica do setor de Hidroterapia do HUCB com 1 m de
profundidade e temperatura da água mantida em torno de 32ºC. A tabela I
apresenta maiores detalhes sobre os exercícios empregados nas sessões PA e PS.
A técnica de PA
consistiu na aplicação de movimentos para todo o corpo, organizados por região.
Os exercícios empregados em ambas as sessões estão apresentados na tabela I,
sendo realizados na mesma velocidade, número de repetições (2x
10 repetições) e intensidade (9 a 13 na escala de Borg).
Antes e durante a
execução dos exercícios, as participantes foram
orientadas a realizarem
respiração diafragmática com a
expiração na fase concêntrica e a
inspiração na
fase excêntrica, bem como a manter consciência corporal e a
ativação do core.
Tabela
I - Planejamento dos exercícios das sessões
intervenção Pilates na água (PA) e Pilates no solo (PS).
A sessão de PS foi
realizada no laboratório da clínica escola de fisioterapia da UCB. As mesmas
orientações sobre a respiração, consciência corporal e ativação do core foram
realizadas em ambas as sessões (PS e PA).
Todos os princípios
do Método Pilates foram utilizados nas sessões PS e PA, sendo os movimentos
realizados sempre na expiração. Na sessão controle foram empregadas as mesmas
aferições nos mesmos momentos das sessões PS e PA, porém sem a aplicação de
técnicas de exercício (Figura 1), permanecendo as voluntárias na posição
sentada, em repouso, até o final da sessão.
Análise
estatística
Os dados estão
expressos em média e desvio padrão. Testes de normalidade de Kolmogorov-Smirnov
e Shapiro-Wilks foram realizados. ANOVA mista Split Plot foi utilizada para
comparação entre as sessões. O programa SPSS versão 20.0 foi utilizado para a
análise dos dados. O nível de significância adotado no estudo foi de p ≤
0,05.
A tabela II apresenta
os dados de caracterização da amostra.
Tabela
II -
Caracterização da amostra (média ± DP) n
= 8.
Não foi observada
diferença significativa na PAS, PAD e PAM entre os momentos pré e pós sessão em cada sessão, bem como em todos os momentos
entre as sessões (Tabela III).
Tabela
III
- Valores médios (± DP) da pressão
arterial sistólica (PAS), diastólica (PAD) e média (PAM) nos momentos de
repouso e imediatamente após sessão (IA) (n = 8).
PS = Pilates no solo;
PA = Pilates na água; CO = Controle sentado sem exercício.
A sessão PA resultou
em redução significativa da glicemia (p < 0,05) em todos os momentos
avaliados (durante a sessão, após sessão e aos 15 min de recuperação após
sessão) quando comparados ao valor de repouso (Tabela IV).
Tabela
IV -
Valores médios (±DP) da glicemia (mg/dl) nos momentos de repouso, durante a sessão, pós
sessão, e aos 15 min de recuperação após sessão.
CO = Controle sentado
sem exercício; PS = Pilates no solo; PA = Pilates na água; DS = Aos 15 min
durante a sessão; IA -= Imediatamente após a sessão; Rec 15’ = 15 minutos de
recuperação após sessão. *p = 0,05 em relação ao repouso intra
sessão; †p = 0,01 em relação ao repouso da sessão CO.
Figura
2 - Valores médios (± DP) da glicemia (mg/dl) durante as sessões.
PA = Pilates na água;
PS -=- Pilates no solo; CO = Controle sentado sem exercício; Rep = Repouso; DS
= Aos 15 min durante a sessão; IA = Imediatamente após a sessão; Rec 15’ = 15
minutos de recuperação após sessão. *p = 0,05 em relação ao repouso intra sessão; †p = 0,01 em relação ao repouso da sessão CO.
O objetivo do estudo
foi comparar os efeitos dos exercícios de Pilates realizados no solo (PS) e na
água (PA) sobre a glicemia e pressão arterial de mulheres portadoras de DM2. O
principal achado deste estudo foi que a sessão PA à intensidade entre 9-13 na
PSE promoveu redução significativa da glicemia imediatamente após a sessão e
aos 15 minutos de recuperação em mulheres portadoras de DM2, enquanto que o
mesmo não foi observado na sessão PS.
Vancea et al. [8] observaram uma tendência de
redução da glicemia imediatamente após uma sessão de 30 min de caminhada (70%
FCmax), indicando um efeito agudo do exercício físico sobre a captação de
glicose. No entanto, a redução significativa das glicemias de jejum e
pós-prandiais em torno de 27% e 10% respectivamente ocorreu apenas após 20
semanas de treinamento no grupo que realizou exercício físico 5x na semana. No
presente estudo, apenas uma sessão de PA resultou em redução significativa da
glicemia imediatamente após o exercício e aos 15 minutos de recuperação.
Resultado semelhante
foi observado por Praet et al. [23] em estudo sobre efeito de uma
única sessão aguda de exercício resistido para membros inferiores (50% de 1RM)
sobre a glicemia mensurada por um sistema de monitoração contínua em portadores
de DM2. Foi possível observar uma redução da glicemia para valores mais baixos
que o repouso durante aproximadamente 3 horas após o término do exercício. Para
estes autores, a redução mais rápida da glicemia observada pós-prandial após o
exercício agudo pode ser atribuída à melhora da sinalização à insulina
relacionada a uma maior translocação de GLUT4.
A redução média da
glicemia da ordem de 30% (-51mg/dl) aos 15 min de recuperação após uma sessão
aguda de PA quando comparado ao repouso está em conformidade com os achados de
Vancea et al. [10].
A redução
significativa da glicemia proporcionada pelo PA pode ser explicada, ao menos em
parte, pela pressão hidrostática exercida pela água. A pressão hidrostática
favorece um maior fluxo sanguíneo para os tecidos e um maior consumo de glicose
pelos músculos para a manutenção da temperatura corporal por meio da ativação
do metabolismo [24], porém esses mecanismos não foram investigados no presente
estudo.
Cabe considerar que o
benefício da sessão PA sobre a redução da glicemia poderia ter se estendido por
tempo maior do que os 15 min de recuperação já que o benefício do exercício
físico prévio na redução da glicemia foi observado ocorrer até 72 h após o
mesmo [25], porém um maior tempo de avaliação da glicemia não pôde ser
realizado no presente estudo.
Diferentemente da
sessão PA, a sessão PS não promoveu a redução significativa da glicemia como
era esperado, porém o tempo de avaliação da glicemia após exercício foi curto.
A ausência de redução na glicemia na sessão PS pode ser explicada pelas
respostas hormonais decorrentes do aumento da atividade simpato-adrenérgico
durante o exercício.
Não foram encontrados
estudos agudos abordando os efeitos do Pilates sobre a glicemia, mas sim um
estudo crônico de 8 semanas de intervenção. Nele,
Marinda et al. [26] observaram, em idosas sem
controle dietético, aumento significativo da glicemia de jejum após intervenção
no grupo Pilates (+14 mg/dL) bem como no controle (+9 mg/dL). A elevação
significativa da glicemia em ambos os grupos pode ter sido resultado da última
refeição prévia, assim como da forma de locomoção das voluntárias até o local
do estudo, e da medicação prévia que as mesmas tenham utilizado anteriormente à
sessão. Para evitar este tipo de interferência os pesquisadores do presente
estudo optaram por padronizar a refeição prévia para todas as voluntárias e
suspender a utilização do medicamento nas últimas 24h que antecediam as
sessões, autorizada pelo médico.
De maneira oposta, em
estudo crônico de Kasprzak e Pilaczyńska-Szcześniak [27] observou-se
redução significativa da glicemia e insulinemia de jejum em torno de 10% após
três meses de intervenção com hidroginástica (3x/sem, 60 min, 65-75% da FCmax) em mulheres com obesidade abdominal. No presente
estudo a redução significativa da glicemia ocorreu imediatamente após a sessão
e aos 15 minutos de recuperação somente após a sessão PA. Neste caso sugere-se
um estudo crônico com PA e PS e monitoramento da glicemia por um tempo maior
após o exercício.
Apesar do PS não ter
resultado em redução significativa da glicemia nas participantes do presente
estudo, os efeitos do mesmo sobre a resposta da glicemia para além dos 15 min
de recuperação precisam ser investigados. Deve-se considerar que o exercício
físico é bastante reconhecido para a redução e controle da glicemia [28], sendo
considerado um eficiente controlador não farmacológico da glicemia em
indivíduos diabéticos. Daí a importância de investigações sobre o controle da
glicemia por meio do exercício físico.
Neste sentido, Zinker
et al. [29] verificaram que o grupo de
diabéticos que realizou exercícios físicos foi o que mais melhorou a
sensibilidade à insulina (43%) quando comparado com os grupos que apenas
utilizaram metformina (16-25%) ou tioglitazona (20%). Isso pode ser explicado
devido a uma maior captação de glicose por mecanismos insulino-não dependentes
que ocorrem durante o exercício físico [7].
Segundo Crepaldi,
Savall e Fiamoncini [30], o exercício físico aumenta a sensibilidade à insulina
auxiliando o controle da glicemia de indivíduos com DM2, por meio da contração
muscular que estimula o aumento da expressão e a translocação do GLUT4 para a
membrana. Esse mecanismo é acionado por meio da ativação da enzima proteína
cinase 5'-AMP [12], resultando em aumento da captação
de glicose reduzindo assim a glicemia.
Estes diferentes
achados na literatura científica têm reforçado que diversos mecanismos
neuroendócrinos e metabólicos podem influenciar a resposta glicêmica durante e
após o exercício no solo ou na água. Sabe-se que resposta da glicemia a
exercícios depende da intensidade e duração dos mesmos [31-33] de modo que o
exercício em intensidade moderada apresenta um equilíbrio entre produção e
utilização da glicose, enquanto que no exercício de alta intensidade há um
aumento da produção hepática de glicose [34-36]. Além desses fatores
intervenientes na glicemia após o exercício, fatores como tipo do exercício, a
natureza do exercício se agudo ou crônico, o tipo e horário da última refeição
prévia, tipo de dosagem e momento de coleta da glicemia, estado emocional dos
participantes, assim como tipo, concentração e momento de ingestão de medicação
para o controle da glicemia precisam ser considerados na análise e discussão
dos resultados. Estes diferentes fatores implicam na alteração da glicemia e
merecem ser considerados ao serem analisados na literatura. A intensidade em
ambas as sessões de exercício resultou em elevação da PAS, PAD e PAM de maneira
semelhante, o que nos permite concluir que as intensidades de esforço foram
semelhantes em ambas as sessões.
A redução da glicemia
nas sessões PS e PA, sendo significativa nesta última, sugere que a suspensão
da medicação hipoglicemiante nos dias das sessões não causou descontrole da
glicemia nestas mulheres, além de sugerir que um maior tempo de análise da glicemia
no período de recuperação após sessão PS pode ser necessária para poder se
verificar alteração significativa da mesma.
O presente estudo
apresenta algumas limitações como o não registro do recordatório alimentar e a
não avaliação do estresse do dia anterior, o tempo curto para observação da
glicemia durante o período de recuperação após o exercício, bem como o controle
da intensidade ter sido realizado por escala de percepção subjetiva de esforço
(PSE). Por outro lado, o uso da PSE mostrou-se efetiva o que foi demonstrado
pela elevação da pressão arterial de forma semelhante em ambassessões.
Em relação ao tempo de observação da
recuperação após o exercício,
sugerimos que trabalhos futuros ampliem a análise da glicemia
para
aproximadamente 1/2h após o exercício.
Uma sessão aguda do
Método Pilates realizado na água induziu redução significativa da glicemia
capilar imediatamente após o exercício e aos 15 min de recuperação após o
exercício, enquanto que o mesmo não foi observado na sessão Pilates no solo.